Notícias

23 de fevereiro de 2012

Inscrições abertas

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Física, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) torna pública as inscrições para 1ª etapa do processo de seleção do Exame Unificado dos Programas de Pós-Graduação (EUF), entre os dias 13 de fevereiro e 16 de março de 2012.

As áreas de concentração são Física Aplicada e Física Básica, para os cursos de mestrado e doutorado do 2º semestre de 2012.

A aprovação no EUF é pré-requisito para inscrição no Programa de Pós-Graduação do IFSC/USP, bem como para matrícula, nos termos do Edital ATAc-4, de 13.02.2012.

Para acessar o edital completo da 1ª etapa, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

 

23 de fevereiro de 2012

Pós-graduação do IFSC

Entre 13 de fevereiro e 16 de março de 2012, estão abertas as inscrições para o processo de seleção de candidatos aos cursos de mestrado e doutorado do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), para o 2º semestre de 2012 nas áreas de Física Aplicada, opção biomolecular, e Física aplicada, opção computacional.

Para acessar o edital completo, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

 

19 de fevereiro de 2012

Jovens Talentos para a Ciência

A Capes – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior e o CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico acabam de criar, como projeto piloto a ter inicio ainda em 2012, uma nova modalidade de bolsa destinada aos estudantes que ingressaram este ano nas universidades federais e institutos federais de educação, ciência e tecnologia.

A princípio, o projeto denominado Jovens Talentos para a Ciência prevê a concessão de 6 mil bolsas de estudo que serão oferecidas pelas duas agências de fomento à pesquisa, sendo que nos próximos anos esta modalidade de bolsa será estendida para os alunos ingressantes em universidades estaduais e também não públicas.

Estas bolsas têm o objetivo de identificar, precocemente, os melhores jovens talentos brasileiros, entre os ingressantes universitários, por forma a estimulá-los no interesse e dedicação plena ao aprendizado acadêmico e a prática em ciência e tecnologia.

Por forma a receber estas bolsas já a partir do segundo semestre de 2012, os alunos serão selecionados internamente em cada universidade e, adicionalmente, os resultados obtidos poderão também ser utilizados como critérios de prioridade nos Programas Institucionais de Bolsas de Iniciação Científica e no Programa Ciência sem Fronteiras.

 

Assessoria de Comunicação

17 de fevereiro de 2012

Dos mistérios da transmissão de informação ao teletransporte

Para a maioria das pessoas, o teletransporte não passa de um fruto do imaginário, criado por produções de ficção científica que passam longe do mundo real. Baseado em fenômenos e técnicas que têm aplicações na promissora Computação Quântica, e nutrindo esperanças a partir da esperada descoberta da polêmica “partícula de Deus”, o teletransporte pode estar um passo à frente na evolução das tecnologias de comunicação que nos cercam dia e noite

Como sabemos, a forma mais simples de comunicação é através da expressão vocal. Nela, as cordas vocais geram uma onda de pressão que é transmitida pelo ar até chegar ao receptor – o ouvido – que vibra e codifica a mensagem no seu caminho até o cérebro, órgão que já tem um algoritmo específico para gerar essa compreensão.

Mas, a informação também pode ser visual. Por exemplo, um sinal gestual de positivo, já significa que “está tudo bem” sem a necessidade de dados complementares. Aqui, da mesma forma, a transmissão se dá através de uma onda eletromagnética – neste caso, a luz. A luz da lâmpada reflete no dedo e o torna visível, e o olho é o receptor da mensagem.

Com o decorrer do tempo, formas artificiais de transmissão de informação foram criadas. Como fazer para se comunicar com uma pessoa que está em outra cidade? No século XIX, o pesquisador alemão H. Hertz constatou que ondas eletromagnéticas se propagam no espaço, sem a necessidade de um meio físico específico para tanto. Este foi o início da comunicação à longa distância. Rapidamente, descobriu-se que é possível gerar e receber energia eletromagnética contendo informações através de duas antenas. A primeira forma desenvolvida para a troca de informações, através de ondas eletromagnéticas, foi o telégrafo, ao qual se seguiu o rádio, o telefone e a televisão, fazendo evoluir o conteúdo da informação transmitida por sinais, passando por áudio até imagens.

Atualmente, a evolução se dá meramente na forma de transmissão: as imagens são de alta resolução, a velocidade da transmissão não para de crescer… Mas a sede pela informação em massa também não tem fim: então, qual seria o próximo passo da evolução da informação? Transmitir objetos físicos, talvez?

Ficção ou realidade?

startrekNa série de tevê “Jornada nas Estrelas”, que, inclusive, previu a tecnologia dos telefones celulares através do uso constante dos famosos comunicadores, os personagens tinham também uma forma muito particular de se locomover para outros planetas ou outras naves espaciais – o teletransporte. Inicialmente proposto como uma maneira de economizar os custos de filmagem de inúmeros cenários e poupar tempo dos episódios com cenas de pouso e voo das naves, o “transporter“, como era chamado na série, acabou criando em toda uma geração grandes expectativas sobre esta tecnologia. Ao entrar na câmara ou no espaço reservado ao transporter, com alguns comandos, os personagens desapareciam, em um processo chamado desmaterialização, e rapidamente apareciam em seu destino, rematerializados.

Isso é possível no mundo real? Cientificamente, fisicamente, o teletransporte é possível? Segundo o Professor Dr. Euclydes Marega Junior, do Instituto de Física de São Carlos, sim. “Einstein já nos ensinou que energia e matéria são a mesma coisa”, explica ele, “então, provavelmente a função da máquina em Jornada nas Estrelas era transformar a matéria humana em uma forma de energia que contivesse toda a informação daquela pessoa, desde o número de células que possui no corpo até seu DNA e seu conjunto de memórias e vivências”. Contudo, este processo é a parte surreal de todo o projeto. Segundo o pesquisador, esta conversão teria como resultado uma quantidade de energia absurdamente alta. Se a energia é a massa multiplicada pela velocidade da luz ao quadrado (E=mc²), o cálculo da desmaterialização de toda a informação contida em um ser humano de 80 kg, convertida em energia eletromagnética, seria o equivalente à produção de energia da Usina Hidrelétrica de Itaipu, em um dia.

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Macroscópico VS microscópico

“Se é possível teletransportar um átomo, é possível teletransportar uma pessoa, que nada mais é que um conjunto de átomos, mas este é um processo realmente complexo”, refere Marega. Ele explica que as coisas funcionam de uma maneira bastante distinta no universo macroscópico e no universo microscópico. “O nosso mundo, macroscópico, funciona de forma determinística, ou seja, podemos prever as consequências de um fenômeno antes mesmo dele acontecer”, ele compara, explicando que o mundo microscópico, atômico, estudado pela Mecânica Quântica, não são determinísticas do nosso ponto de vista.

“Aqui, podemos dizer com facilidade onde está uma caneta, uma folha de papel, uma mesa. Porém, todas as coisas do universo têm uma dualidade, porque se comportam ora como onda, ora como partícula. Uma pessoa pode apresentar comportamento ondulatório e também de partícula, mas por ser algo muito grande, sua localização é muito fácil. Um elétron, muito menor que um átomo, tem um comportamento essencialmente quântico, e sua localização é indefinida. Não é possível determinar, com simples observações, a posição do elétron”, explica.

A Mecânica Quântica postula que, para definir a localização de um elétron, é necessário abrir mão de outras informações complementares. Isso porque a determinação de uma partícula depende de duas informações básicas: posição e velocidade. Ao definir sua posição, perde-se a informação sobre sua velocidade, e vice-versa. Este é o chamado “Princípio da Incerteza de Heisenberg”.

Se o elétron tem dois lugares possíveis de posição, onde ele está? Segundo as leis da Mecânica Quântica, em nenhum dos dois, pois ele está emaranhado entre as duas posições, e a função que o representa é não determinística. Contudo, ao determinar a localização do elétron, ele entra para o mundo determinístico e nunca mais sairá deste mesmo local. “É como se nunca tivesse saído de lá”, comenta o docente. Esse fato é relacionado ao conceito de “entrelaçamento”, que é uma superposição de estados em Mecânica Quântica, desfeita a partir do momento em que se cruza a barreira entre o universo não determinístico e o universo determinístico.

A luz

A chave para a transmissão de informação no mundo quântico é a luz. Qual é a massa da luz? Zero. “Luz é composta por fótons, e estas partículas de luz têm massa zero, é por isso que a luz consegue viajar em velocidades tão altas”, explica Marega. Outro aspecto interessante é que, para a luz, o tempo não passa. “A luz é a mesma desde sempre. Coisa estranha, não?”, reflete o docente, contando que, para viajar na velocidade da luz, é preciso se tornar essencialmente luz. Segundo a Teoria da Relatividade de Einstein, se você viaja na velocidade da luz, o tempo fica parado, do seu ponto de vista. Por essas razões, é mais fácil teletransportar a luz. Na verdade, experiências de teletransporte são mais comuns com esta partícula de energia.

A primeira experiência bem-sucedida de teletransporte, realizada em 1997 pelo austríaco Anton Zeilinger e pelo italiano Francesco de Martini, baseia-se na réplica do spin – movimento de rotação ao redor de si mesmo – de um fóton. Para isso foram criadas duas partículas a partir de um mesmo fóton chocado contra um cristal, e posicionadas em pontos bem distantes. Segundo a Física Quântica e conforme exposto por Marega, as partículas não têm nenhuma propriedade até que sejam medidas, ou seja, para nós, é como se os fótons só começassem a girar quando o cientista percebe o giro. E, nestas experiências, quando os pesquisadores mediram o spin do fóton mais próximo, adivinhe o que aconteceu? O outro fóton começou a girar na direção oposta. Não importa a que distância, não importa quantos movimentos faz o primeiro fóton: o segundo fóton sempre repete estes giros instantaneamente. Também, em 1998, físicos do California Institute of Technology conseguiram replicar um fóton através de um cabo coaxial de 1 metro, contornando o desafio do Princípio da Incerteza de Heisenberg justamente através do fenômeno do entrelaçamento em três fótons. O fóton A, a ser teletransportado, fora do entrelaçamento, poderia sofrer uma colisão e ser modificado caso os pesquisadores tentassem determiná-lo. Os fótons B e C, se entrelaçados, poderiam fornecer algumas informações sobre o fóton A, e o resto das informações seria transferido para o fóton B através do entrelaçamento e, depois, para o fóton C. Quando essas informações do fóton A passam para o fóton C, tem-se uma réplica exata do fóton A, mas este fóton nunca mais existirá da forma como existia antes.

TransporterDito isso, temos que o teletransporte não é um simples transporte de partículas, mas de informação quântica. A informação se materializa em outros átomos, ou seja, após o teletransporte, o que passa a existir é uma “cópia” do corpo original. Em outras palavras, no caso de Jornada nas Estrelas, quando o Capitão Kirk se teletransporta para outros planetas, é como se o transporter fizesse uma análise de sua estrutura atômica e a enviasse para o local de destino, onde uma réplica dele é criada, e o original é destruído. O pesquisador norte-americano Charles H. Bennett afirma que o grande desafio do teletransporte, da maneira como imaginamos, é a forma apropriada de lidar com a delicadeza e a complexidade das partículas que formam os átomos sem interferência alguma, ou seja, como imprimir a informação em átomos de maneira idêntica ao original. A única maneira para lidar com este problema, segundo o físico, é estabelecer uma comunicação instantânea entre as partículas, mesmo sem nenhuma ligação entre elas, como uma energia eletromagnética que comunique a segunda partícula sobre o comportamento da primeira, construindo um sistema. E isto é possível, através do fenômeno de entrelaçamento, que permitiria a criação de partículas com propriedades idênticas a qualquer distância. O inglês Samuel Braunstein, da Universidade de York, provou a teoria no final da década de 90, teletransportando um feixe de raio laser em laboratório, utilizando a teoria criada por Bennett. Mas, segundo Marega, os elementos luminosos são muito menos complexos que um átomo e a quantidade de informações contidas em um ser humano é milhões de vezes maior, ou até mais. “Essa quantidade é imensurável, e é difícil saber quando a ciência poderá lidar com tudo isso”, afirma o pesquisador do IFSC-USP.

A partícula de Deus

Teletransporte é possível, via luz, mas tem uma série de empecilhos. Basicamente, seria necessária a existência de duas antenas quânticas, uma para enviar e uma para receber informação, em forma de luz, sem nenhuma interferência material entre elas, para transformar o que houvesse no local da antena receptora naquela mesma coisa que houvesse no local da antena emissora. O problema é que a informação que existe numa pessoa, convertida, por exemplo, em gigabytes, é incalculável. Além disso, a energia é algo totalmente fugaz e ainda não foi descoberta uma forma de transformá-la em matéria. A resposta para isso, segundo Marega, está intimamente relacionada com a existência do bóson de Higgs, a famosa “partícula de Deus”, que ainda não foi encontrada mas tem grande potencial de representar o elo perdido entre energia e matéria.

Para viabilizar o teletransporte, a matéria precisa ser desintegrada, de alguma forma, para se transformar em energia. O pesquisador dá o exemplo de uma reação nuclear, em que o urânio, que tem uma radioatividade natural e núcleo instável, se desintegra quase totalmente, ou seja, quebra suas ligações nucleares e libera nêutrons. O interessante é que a massa que resulta desse processo é menor do que a massa do urânio original, porque a diferença é justamente energia, que estava armazenada nas ligações nucleares. “É esta energia que unia o núcleo do urânio”, esclarece o professor. “Mas transformar nêutron em fóton é uma tarefa nunca antes realizada” completa, a tempo.

Na busca pelas partículas mais elementares do Universo, constatou-se, em séculos de investigação, que grandes quantidades de energia as mantém unidas. Mas, em algum ponto, resta apenas matéria; e é aqui que reside a grande descoberta da “partícula de Deus”. Esta é a intenção dos grandes aceleradores de partículas do mundo: chocar as partículas e desintegrá-las o máximo possível até que reste apenas um elemento, responsável pela existência de todos os outros. A partícula comprovaria a existência do “campo de Higgs”, uma energia que preenche o vácuo do Universo e pode ser responsável por dar massa às partículas subatômicas. Crê-se que, após o “Big Bang”, nenhuma partícula teria massa a não ser que entrasse em contato com o campo de Higgs. Exceto pelos fótons, que não têm massa, todas as partículas que formam a matéria têm íntima relação com este campo. “Quanto mais perto chegamos da desintegração total das partículas que conhecemos, mais perto chegamos a descobrir como a energia é transformada em massa e vice-versa, e podemos ficar mais próximos de entender como tiveram origem todas as coisas do Universo tais quais conhecemos atualmente”, explica ele.

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Com estas reflexões, fica fácil não ficar desapontado com a distância que ainda existe entre realidade e ficção. O teletransporte pode ser o ápice do desenvolvimento tecnológico com o qual a humanidade sonha, mas a maior parte do planeta não consegue nem imaginar os avanços científicos e benefícios práticos que a pesquisa e a discussão sobre o tema tem gerado, e ainda podem gerar em nosso cotidiano. E quem diria que a chave para o pleno desenvolvimento do teletransporte poderia abrir portas que levam a uma nova percepção da natureza e, por consequência, incontáveis novidades tecnológicas? O transporter de Jornada nas Estrelas seria, então, considerado coisa do passado. Pode-se dizer que, mesmo estando muito longe da nossa realidade, esta técnica, aparentemente sobrenatural, pode estar, ao mesmo tempo, muito, muito perto de nós.

Assessoria de Comunicação

17 de fevereiro de 2012

Entenda, de uma vez, a (revolucionária) partícula de Deus

Se ela existir de fato, uma coisa é certa: é onipresente. Mas ainda teremos que esperar pelo menos um ano para que os cientistas divulguem se a partícula de Deus existe ou não. Tudo será uma questão de fé… no método científico

Particula-1Descrever com os mínimos detalhes aquilo que nos rodeia é história velha, de precisamente 400 anos a.C., quando os gregos tentavam definir o que formava os corpos- vivos ou não-, incluindo o próprio corpo humano.

Sem chegar a grandes conclusões, eles acreditavam em uma coisa: tudo o que existe no Universo pode ser dividido em subconstituintes, ou seja, elementos menores que, unidos, eram capazes de formar qualquer outra coisa, como estrelas, pessoas, mesas e cadeiras etc. “Os gregos, por muito tempo, acreditaram que os quatro elementos fundamentais da natureza, terra, água, ar e fogo, seriam os constituintes de qualquer elemento, ideia que sobreviveu por mais tempo do que imaginamos”, conta o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e membro do Observatório de Raios Cósmicos “Pierre Auger”, Luiz Vitor de Souza Filho.

Paralelo a essa definição mística, existia uma teoria que já definia o átomo como partícula fundamental- e, até então, indivisível. Mas, dessa vez, o místico manteve seu espaço até por volta do século XVII, quando só então passou a reinar o modelo atômico. “O átomo era visto como uma partícula indivisível e, a partir dele, as outras coisas eram formadas. Mas, isso ainda não era muito bem estabelecido. É como se o átomo fosse um tijolinho, mas sem cimento, ou seja, não havia uma explicação para como esses átomos mantinham-se grudados”, explica Vitor. “Não se sabia como eles se combinavam, se tinham, ou não, constituintes. Só havia a ideia do átomo”.

Foi quando entrando no século XX, apareceu um modelo mais detalhado do átomo, onde passou a explicar-se como ele era formado. Neste período o átomo passou a ser descrito por dois subconstituintes: núcleo e elétrons. “Por muito tempo, ainda, ficou uma ‘nuvem’, no sentido literal da palavra, em que o átomo era explicado por um modelo que recebeu o nome de ‘pudim de passas’: uma massa sem forma definida (núcleo – pudim) com os elétrons (passas) incrustrados nela”.

Mas, é só em 1932 que o átomo ganha o “formato” atual, com direito a prótons e nêutrons. A partir desse momento, foi possível explicar o “cimento” que os mantinha ligados: moléculas que, por sua vez, formavam todo resto.

Não parece grande coisa, à primeira vista, mas o desenvolvimento tecnológico muito acelerado, pelo qual passamos no século XX, tem tudo a ver com isso. “Os computadores são feitos com silício e esse elemento tem uma propriedade semicondutora, ou seja, em algumas circunstâncias conduz energia elétrica, em outras não. Isso é usado no computador o tempo todo, fazendo parte de seu funcionamento básico. Ou seja, só foi possível montar computadores depois que entendemos como o silício funciona e esse entendimento só foi possível através do estudo das propriedades dos átomos e da matéria”, justifica o docente. “Antes de 1930, não sabíamos exatamente como o átomo era formado, e isso fechou as portas para qualquer tipo de desenvolvimento tecnológico que, posteriormente, conseguimos alcançar”.

A confecção de fármacos e a cura de algumas doenças, como tuberculose e sarampo, também só foi possível graças a esse conhecimento. “Entender o funcionamento das microestruturas de nosso corpo faz parte dos desenvolvimentos da explicação dos constituintes da matéria. Hoje, têm-se propostas de fabricação de remédios em escalas, praticamente, atômicas. Isso também só é possível pelo conhecimento das propriedades dos átomos”.

Mas, os físicos ainda não estavam satisfeitos. Uma vez explicado o funcionamento do átomo, a curiosidade tomou outro rumo: como funcionam os constituintes dos átomos, ou seja, será que prótons, elétrons e nêutrons poderiam ser formados por algo ainda mais fundamental?

O quark é o novo tijolo

Partculas_fundamentais-_classesPara os físicos de partículas, sim! Grosseiramente explicando, reza o modelo padrão da física de partículas que há algo “abaixo” do átomo. Embora o elétron mantivesse seu status de partícula fundamental, prótons e nêutrons não: eles são formados por quarks. “A física de partícula elementar tem duas classes de tijolos: quarks e léptons. Nesta última classe estão os elétrons, outras partículas menos comuns, o múon e tau (no mesmo nível dos elétrons) e os neutrinos”, esclarece Vitor. “A diferença entre essas duas classes é o tipo de interação que elas têm. Léptons não têm a mesma interação que os quarks”.

Sendo as novas partículas fundamentais, léptons e quarks formam tudo o que conhecemos. Mas, eis que entra em cena um terceiro personagem na história: o bóson. Fazendo o papel de cimento entre as partículas fundamentais, os bósons transmissores de interações seriam responsáveis por estabelecer a ligação entre elas. “Os quarks atraem-se muito fortemente, para formar o próton. Para descrever essa força, existe outra classe de partículas, que é, justamente, um bóson”.

Mas, existem vários tipos de bósons que, fundamentalmente, são responsáveis pelas interações entre as partículas fundamentais. Mas, a pergunta principal que tem sido feita há pouco tempo é: como essas partículas ganham massa? “O que caracteriza um quark é sua carga elétrica, sua massa etc. É possível explicar a massa do átomo, somando os prótons, nêutrons, elétrons e suas interações. No caso do próton, soma-se o número de quarks que o compõe e suas interações . Mas, e quanto aos quarks? Como saber qual é sua massa?”.

No céu, na Terra e em todo Universo

Esse “buraco teórico” tem ocupado o intelecto dos físicos há alguns anos. A maioria deles acredita que tal massa é conseguida via interação, que veio a ser chamada de bóson de Higgs*.

Agora é que entra em foco a partícula elementar que, nos últimos meses, tem feito parte de toda matéria… jornalística: o bóson de Higgs, ou partícula de Deus, nada mais é do que um mecanismo, dentro da teoria de partículas, para dar massa aos “tijolos” elementares.

Mas, a polêmica se instala, justamente, porque esse não é o único mecanismo que explica a massa de um quark. Vários outros foram propostos, mas a atenção é voltada, exclusivamente, ao primeiro, por ser o mais simples de todos. “É o que melhor combina com aquilo que já temos na teoria, é o mais básico”.

Particula-2Embora carregue um nome místico, o bóson de Higgs é um engenho simples, sem muito mistério ou religiosidade. O apelido que ganhou se justifica por ser um mecanismo ainda não comprovado e muito difícil de ser encontrado. Mas, se na mídia, essa partícula é novidade, o enorme time de pesquisadores que trabalha no LHC não pode dizer o mesmo: eles tentam encontrar o bóson de Higgs desde que o acelerador de partículas foi montado. “O LHC tem como principal foco encontrar essa partícula, embora tentativas semelhantes, feitas no FERMILAB**, já buscam a partícula misteriosa há muito mais tempo”.

O apelido “espiritual” adquirido pelo bóson de Higgs, na realidade, é por acaso: Leon Lederman, físico ganhador do prêmio Nobel, em um livro que escreveu sobre o assunto, apelidou o bóson em questão de “partícula maldita”, mas o editor ficou temeroso com as reações ao nome e por questões de ética- e talvez religiosas- trocou-o.

O blá-blá-blá repentino sobre o assunto, no entanto, pode não passar de uma estratégia política (e midiática) para justificar o dinheiro investido no LHC, com vistas a procurar a tão acuada partícula. “A comunidade de física de partículas escolheu essa como a pergunta mais importante a ser respondida nos próximos anos: qual o mecanismo que dá massa às partículas elementares”.

Uma vez encontrado, esse mecanismo poderá explicar, com mais precisão, aquilo que os gregos se perguntam há 400 anos a.C e saberemos, ainda com mais detalhes, como grande parte daquilo que nos rodeia é composto. Essa onipresença da partícula se for, de fato, comprovada, será mais um motivo para explicar seu transcendental apelido.

A perseguição deve continuar

Investir tanto tempo e dinheiro para encontrar a partícula de Deus (bóson de Higgs ou o mecanismo que dá massa a partículas elementares, complicando a linguagem) pode parecer bobagem e perda de tempo para os mais descrentes. No entanto, se essa partícula for, de fato, encontrada, um novo mundo pode ser colocado a nossa frente. Se no passado tivemos a cura de doenças e um desenvolvimento tecnológico que nenhum pensador grego poderia imaginar, tudo se deve a descobertas como essa.

Até o presente momento, se fôssemos fazer um comparativo, poderíamos dizer que os dedicados pesquisadores do assunto têm buscado uma agulha no palheiro e, embora ainda não tenham a encontrado, já é possível ver o seu brilho. “Há dois experimentos separados, no LHC, para medir a mesma coisa. Existe um intervalo grande onde o [bóson de] Higgs pode estar e os experimentos vão varrendo esse intervalo. Boa parte dele já foi eliminada, onde o bóson não está, com certeza. Sobrou um intervalo muito pequeno e nele apareceu uma pequena evidência de que pode haver algo ali. Isso não é uma descoberta, embora tenha aumentado os ânimos entre os pesquisadores”, explica Vitor.

Ainda de acordo com o docente, se esse indício for verdadeiro, levará mais um ano, pelo menos, para que a famosa partícula seja, efetivamente, encontrada. Mas, uma coisa é certa: para conclusão desse experimento, será necessária muita dedicação, pesquisa e, por que não, muita fé por parte dos estudiosos.

*predita, em 1964, pelo físico Peter Higgs, trabalhando as ideias do físico estadunidense, Philip Anderson

**Fermi National Accelerator Laboratory é um laboratório especializado em física de partículas de alta energia dos EUA, localizado em Chicago, Illinois

Assessoria de Comunicação

15 de fevereiro de 2012

Agência USP de Inovação: um impulso ao desenvolvimento nacional

A Universidade é um dos setores mais bem organizados do Brasil em termos de produção científica e tecnológica. Ao longo de muitos anos, recursos foram investidos na criação de uma infraestrutura que, hoje, permite a colheita de muitos frutos de desenvolvimento. Isso é resultado de uma sequência de gerações que investiram pesadamente em recursos humanos e materiais para a academia brasileira, acreditando na possibilidade de produzir, internamente, a solução de problemas que atormentam a realidade de países do terceiro mundo.

marketing_innovation_1Atualmente, uma forma diferente de transferir o conhecimento de dentro para fora dos muros da universidade tem apresentado muitos resultados positivos no que diz respeito à acessibilidade da produção científica e tecnológica. Isso quer dizer que, agora, os resultados da pesquisa acadêmica brasileira estão mais visíveis na sociedade, através de posturas empreendedoras e inovações voltadas especificamente para as necessidades da população. As ideias dos pesquisadores não ficam mais apenas no papel – hoje é uma obrigação do profissional da academia gerar conhecimento de cunho tecnológico, benefício direto para a sociedade, e uma obrigação da Universidade apresentar resultados de desenvolvimento nacional e geração de empregos. Desde 2005, a Agência USP de Inovação funciona como um intermédio para esta transformação, otimizando todo o processo e facilitando a aceleração da produção científica.

A agência acompanha os movimentos acadêmicos nacionais e aproveita as tendências que observa para a estruturação da sua ação. Segundo Vanderlei Bagnato, professor titular do Instituto de Física de São Carlos e coordenador da agência há quase um ano, o Brasil, o Estado de São Paulo e a Universidade de São Paulo estão em condições de contribuir significantemente, agora, no setor da inovação tecnológica a nível mundial. Mas esta não é uma tarefa fácil, porque realizar inovação tecnológica apenas dentro da Universidade de São Paulo é uma tarefa que já envolve diversos eixos. O coordenador explica em detalhes cada um destes eixos e oferece uma visão mais ampla sobre o trabalho que está sendo realizado pela agência no último ano e alguns planos para o futuro.

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O primeiro eixo de ação é a comunidade acadêmica: estudantes, funcionários, docentes. O objetivo primeiro é a cultura da inovação tecnológica, de modo que os pesquisadores em patentesgeral aprendam que sua função dentro da universidade é produzir ciência de boa qualidade e estar atento para o potencial de suas ideias e resultados na contribuição com o desenvolvimento nacional. Essa é a missão zero da Agência USP de Inovação. A tecnologia
consequente da produção do conhecimento científico – a chamada tecnologia spin-off – é incentivada e encaminhada pela agência de diversas formas: toda a questão da propriedade intelectual, a obtenção de patentes, a elaboração de contratos com serviço público, divulgação de resultados de pesquisas e cursos sobre inovação tecnológica tanto em meio acadêmico como em empresas. A agência se encarrega de atender e assessorar a comunidade de pesquisadores da USP nas questões que envolvam a proteção do conhecimento, efetuando todos os procedimentos necessários para a proteção da Propriedade Industrial, do Direito Autoral, no Brasil e em outros países.

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A segunda frente de trabalho é a cooperação com o setor produtivo. “A Universidade tem condições de contribuir com a solução de problemas que o setor produtivo vem enfrentando”, afirma Bagnato. Todo semestre, a agência lança uma ação de específica de inovação tecnológica. Neste semestre, a ação é chamada de “Tecendo a Inovação”, uma colaboração com a indústria têxtil. Vanderlei já adianta que a próxima atividade será conjunta com a área médica. A proposta atual, integrada ao Programa de Pós-Graduação em Têxtil e Moda, inclui o intercâmbio de pesquisadores deste curso de mestrado e de grandes centros de pesquisa ao redor do mundo, já dispondo de convênios com países como Portugal, Itália, Espanha, Argentina e Estados Unidos. Atualmente, o setor têxtil apresenta uma forte concorrência em nível mundial, o que torna o esforço para a inovação e desenvolvimento em produtos, tanto em processos como em design, urgentíssimo. O Brasil é um importador de produtos e tecnologias têxteis e de moda, mas é capaz de se tornar um grande exportador de produtos e serviços. Esta é um caminho que o projeto pretende começar a trilhar.

Um outro eixo é um trabalho em conjunto com o Governo do Estado de São Paulo, no sentido de atrair grandes centros de pesquisa para o Estado. “Nós estamos aqui para fornecer ao governo os recursos humanos e a infraestrutura necessários para a atração de centros internacionais”, explica o coordenador, que conta atualmente ter parcerias bem estabelecidas com a Braskem, com a L’Oréal e com a Boeing, por exemplo. “Estas grandes empresas têm visto no Brasil uma grande oportunidade de instalação de seus centros de pesquisa e desenvolvimento, e para isso elas precisam de apoio das Universidades e recursos humanos específicos, observa ele.

Finalmente, há um quarto eixo de ação, que Bagnato considera mais o perfil de sua gestão. “Nós, trabalhadores da USP, que é uma Universidade pública, somos pagos pela sociedade, com o objetivo de gerar pesquisa e avanço, por isso considero que temos uma responsabilidade para com a sociedade”, explica ele. Com base neste pensamento, foi lançada a Inovação com Responsabilidade Social, que é o trabalho de identificação de problemas sociais por parte da Universidade, seguido do desenvolvimento de inovações que solucionem o problema. “Por exemplo, já nos empenhamos com sucesso no tratamento do câncer de pele, da onicomicose, facilidades para de deficientes físicos etc, coisas que podem ser pelo menos parcialmente resolvidas através de tecnologias das quais a Universidade dispõe”, comenta. “Me sinto honrado de poder implementar um projeto que tenha a minha cara, mas conforme vamos identificando as necessidades da comunidade e resolvendo estes problemas com sucesso, o projeto acaba tomando mais a cara da população brasileira”, observa Bagnato.

O Brasil ainda tem baixa expressividade no que diz respeito à cultura da inovação, mas caminha a largos passos em direção a uma nova geração tecnológica. “Isso é a criação de uma nova cultura, leva tempo, dá trabalho”, comenta Bagnato. “Temos que pensar, primeiro, em colaborar com o setor produtivo, acelerando, aumentando, facilitando o sucesso da indústria brasileira”, reflete ele. A agência continuará funcionando como uma agência intelectual para a promoção da inovação tecnológica em todos os seus aspectos dentro da Universidade de São Paulo. A atual administração tem colaborado muito com isso, inclusive com apoio do Governo Federal através do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Para maiores informações, você pode acessar o site http://www.inovacao.usp.br/ ou entrar em contato através do Disque Tecnologia, sistema de atendimento online que constrói e disponibiliza respostas técnicas demandadas por micro-empresários de todos os setores industriais e de serviços, clicando aqui.

Assessoria de Comunicação

14 de fevereiro de 2012

Fotógrafo registra pontos tecnológicos da cidade e IFSC está entre eles

National

Há cerca de um mês, o fotógrafo da edição brasileira da revista “National Geographic”, Izan Petterle, veio a São Carlos, para fazer fotografias da “Cidade da Tecnologia”.

Entre os locais visitados, Izan passou pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e fez alguns registros daquilo que considerou como representação da tecnologia na cidade. Para ver as fotos, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

10 de fevereiro de 2012

Mini-curso de docentes do IFSC é destaque

QuimicaA “X Semana de Química” da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), realizada entre os dias 21 e 26 de agosto do ano passado, contou com palestras, mini-cursos, visitas técnicas a empresas, mesas-redondas e apresentação de painéis.

Seis meses após sua realização, um dos mini-cursos mais elogiados e destacados da Semana, de acordo com informativo do “All química”, consultoria júnior responsável pelo evento, foi o “Modelagem molecular e as Estratégias Modernas de Planejamento de Fármacos”, ministrado pelos docentes do Grupo de Cristalografia do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Adriano Andricopulo e Rafael Guido.

Para acessar o informativo do “All química”, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

10 de fevereiro de 2012

Os desafios da Física nas escolas brasileiras: inovação curricular e formação de professores

Nas últimas décadas, a inovação curricular tem feito parte de grandes reformas de ensino em países ao redor de todo o globo. No que diz respeito à Física, a inserção de tópicos de Física Moderna e Contemporânea (FMC) para alunos do Ensino Médio parece ser um grande avanço na revitalização do ensino básico brasileiro, e uma solução para sintonizar a produção científica com o interior da sala de aula, ambiente do qual temas atuais como a clonagem, o teletransporte, a nanotecnologia ou a energia nuclear passam longe. A discussão sobre a inserção destes tópicos se estendeu por anos, mas foi finalmente oficializada, pelo menos em São Paulo, em 2007. No entanto, este foi um passo relativamente simples quando comparado ao desafio de adequar, na prática, o processo de ensino-aprendizagem a estes novos conteúdos. A prática de ensino tem se revelado resistente a estas mudanças, devido à grande dificuldade sentida pelos professores no trabalho com tópicos com os quais eles mesmos não tiveram contato quando estudantes. Para mudar este quadro, é essencial que todo o estado atual da formação de professores seja analisado e reconfigurado de acordo com as novas necessidades do ensin

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o nacional. O perfil do professor, agora, deve ser o perfil da inovação.

No caso do Brasil, durante os últimos quinze anos, com a implementação dos Parâmetros Curriculares Nacionais e das Orientações Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, por parte do Ministério da Educação e do Ministério da Cultura, já há uma proposição de se inserir conteúdos da Física Moderna e Contemporânea durante o Ensino Médio. No Estado de São Paulo, particularmente, houve a inovação curricular de 2007 que, entre outras áreas, elaborou uma reestruturação do ensino de Física, a partir da qual a FMC figura como um conteúdo a ser trabalhado nos terceiro e quarto bimestres do último ano. Neste sentido, há um aparente avanço no que toca à renovação curricular do ensino de Física, apontando para uma abordagem e uma aplicação mais recentes da disciplina, remontando de fato às pesquisas e descobertas dos séculos XX e XXI. Bons exemplos são tópicos que abordam a teoria da relatividade, mecânica quântica e física de partículas elementares.

A despeito deste movimento de renovação curricular, e da crescente tendência de grandes vestibulares (como a Unicamp) abordarem a Física Moderna, bem como iniciativas de editoras que, percebendo a transformação dos currículos, investem na publicação de material relacionado à FMC – sempre figurando nos últimos capítulos das coleções de Ensino Médio –, a prática é uma realidade bastante distinta. “A gente sabe que o professor acaba não ensinando”, conta o Professor Marcelo Alves Barros, docente do Instituto de Física de São Carlos especialista em Educação, dedicado à formação de professores de Física e inovação curricular. “Na prática isso é difícil porque passa pela questão da formação do professor, que é um processo muito tradicional e não prevê o trabalho com conteúdos inovadores”, explica. Segundo ele, o conjunto de crenças que o professor adquire quando de sua vivência como aluno e ao longo de sua formação acaba impedindo ou dificultando a eficácia de sua didática. Um exemplo clássico destas crenças cristalizadas é o fato de muitos professores considerarem a Física Moderna como “complexa e abstrata”, enquanto a Física Clássica é vista como “concreta e simples”. Isso os leva a crer que o ensino da FMC é impossível, devido a questões como o formalismo matemático, que parece um obstáculo intransponível no caso dos tópicos mais modernos, sendo já bastante difícil no caso da Física Clássica. “A vivência do professor em formação influencia sua prática de ensino, e sua formação começa quando ele ainda é um aluno”, observa o docente, que também atua como avaliador de cursos de graduação do Ministério da Educação e Instituto Nacional de Pesquisas e Estudos Educacionais (Inep).

E quando o aluno dos cursos de licenciatura não teve contato algum com estes tópicos no ensino básico? Como prepará-lo para esta experiência?

Marcelo conta que, atualmente, alguns bons resultados vêm surgindo de cursos de licenciatura de universidades como a Federal do Rio Grande do Sul, e também no próprio IFSC-USP, que surgem com a iniciativa de trabalhar os conteúdos da FMC durante um dos estágios supervisionados de prática de ensino. Porque o problema atual, segundo ele, é que “o aluno cursa uma disciplina chamada ‘Introdução à Física Moderna’, mas essa disciplina não tem uma relação direta com a prática real em sala de aula, com metodologias de ensino específicas e mais envolvimento na parte pedagógica em si”. Desta forma, fica muito difícil para este professor se desvincular das imagens que ele carrega consigo desde seus tempos de estudante sobre o que é ensinar, o que é aprender e o que é ser um bom professor. A tendência, a partir daqui, é perpetuar o modelo de ensino que ele vivenciou quando era um aluno. A estruturação da grade curricular do professor em formação não consegue atingir essa mudança pedagógica e não parece ser eficiente para influenciar a cultura de ensino que a vivência escolar solidificou. “Uma mudança curricular não é só a inserção de novos tópicos de uma disciplina, é também uma mudança pedagógica, de metodologias e abordagens inovadoras”, observa Marcelo.

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No entanto, a proposta não é uma substituição completa dos conteúdos da Física Clássica pela Física Moderna, é claro. O objetivo principal é desfazer a ideia de que o ensino de uma disciplina deve se dar com base em uma sequencia pré-determinada de conteúdos, como se houvesse pré-requisitos necessários para cada etapa da aprendizagem, o que é também, obviamente, herança da cultura de ensino brasileira, que importou modelos de ensino estrangeiros pouco adequados à realidade do hemisfério sul. Segundo Marcelo, os temas de Física Moderna podem ser inseridos ao longo do Ensino Médio, desde as séries iniciais, ao invés de concentrados nos últimos quatro meses de vida escolar. “Por exemplo, nós poderíamos inserir o tema ‘raios cósmicos’ nas aulas de Mecânica, no trabalho com os conceitos de conservação de energia e de momento, de velocidade, trajetória, posição, ou temas de relatividade… São inúmeras as possibilidades de se trabalhar com a Física Moderna conjuntamente com os tópicos já tradicionalmente abordados no Ensino Médio”, propõe o pesquisador.

A raiz do problema, aqui, vai além do ensino da Física Moderna e Contemporânea no Ensino Médio – o problema é o ensino da Física em si. O reflexo disso é que os temas mais recorrentes na mídia, como o Grande Colisor de Hádrons (LHC, na sigla em inglês), a clonagem, o teletransporte, ou as terapias com células-tronco, são estrangeiros às salas de aula do Brasil, pois os conteúdos tradicionais não abrangem sua totalidade. “Os conteúdos abordados hoje nas escolas são modelos do século XVI e XVII, então o aluno formado no Ensino Médio terá conhecimentos científicos defasados, quando tiver algum”, avalia o professor.

aplicativos_fmcMas, ao contrário do que se pode pensar, o apego a metodologias de ensino tradicionais não é uma tendência dos mais velhos. O professor Marcelo, que tem experiência de prática pedagógica no ensino básico, na formação inicial de professores e também na formação de professores em serviço, conta que observa em todos os casos um nível alto de interesse e procura pelo aperfeiçoamento da didática no que diz respeito ao trato destes novos conteúdos. Ele ressalta, no entanto, que a causa do problema é mais profunda: a desvalorização da profissão tem aumentado, continuamente, a estatística dos alunos que cursam uma licenciatura sem a intenção de virem a se tornar professores. “Nós estamos formando futuros professores que não vão exercer a profissão, e isso é um reflexo triste do apagão educacional que estamos vivendo”, observa ele. “Continuamos a crescer quantitativamente, no que diz respeito à ampliação do acesso ao ensino superior, mas qualitativamente vivemos uma regressão”, completa.

E, neste sentido, uma inovação que poderia revitalizar o sistema de ensino foge um pouco da questão dos conteúdos para entrar na questão da infraestrutura disponível para utilização nas escolas brasileiras. “Hoje, os professores têm de trabalhar com lousa e giz, unicamente”, comenta Marcelo. Muitas escolas nem ao menos possuem uma sala de informática com acesso à internet e, frequentemente, quando a têm, não podem usufruir de suas potencialidades devido a processos burocráticos e outros motivos. “Vem daí em grande parte que o professor não saiba como trabalhar com novas tecnologias”, entrevê ele.

Uma das justificativas mais comuns para a recusa do ensino de FMC é que, segundo alguns profissionais, este conteúdo deve ser ensinado de maneira prática e experimental, em laboratórios sofisticados e muito bem equipados. Entretanto, atualmente, há muitos recursos computacionais, multimídia, como softwares e simuladores, através dos quais podem ser realizados “experimentos virtuais”, dispensando o uso do aparato físico em mãos. Alguns exemplos bastante simples podem ser encontrados na web, como este simulador em flash relacionado ao conceito de interferência por fendas duplas de Young, ou este laboratório virtual em Mecânica Quântica.

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A interação entre comunidade escolar e Universidade têm sido muito benéfica, tanto no trabalho criativo para aplicar os novos conteúdos em sala de aula buscando alternativas para a necessidade da tecnologia inexistente ou inacessível, quanto na motivação de professores e alunos, no sentido de atrair novos talentos para carreiras científicas. Segundo Marcelo, a nova geração apresenta uma grande deficiência na visão que tem (na verdade, na visão que lhes é oferecida) sobre a ciência no mundo, porque o Brasil segue um modelo de ensino muito atrasado.

“O discurso hoje é outro, mas a prática do ensino ainda é jesuítica e propedêutica. Esse tipo de ensino atendia uma demanda e se alinhava a uma ordem social específica que hoje já se transformou – estamos na era da globalização e da internet, a informação está em todos os lugares e não mais concentrada apenas nas escolas. A questão, hoje, é como elaboramos essa informação na sala de aula”, opina o professor Marcelo. Ele reitera que, no que diz respeito a parâmetros curriculares, o Brasil está avançado, até mesmo em sintonia com países de primeiro mundo, mas é a prática que está defasada e estagnada com maneirismos didático-pedagógicos secularizados. “O professor é ‘conteudista’, ou seja, mesmo no tratamento de novos tópicos, como é o caso da Física Moderna, ele continua a dinâmica de ensino da Física Clássica: conteúdo, memória, repetição”, conclui.

Mas por que ensinar Física para um adolescente?

Nas escolas, o ensino é oferecido com base na possibilidade do aluno vir a tornar-se um cientista, o que nem sempre é o caso. E, de fato, atualmente, o ensino das ciências exatas no ensino básico não supre as necessidades dos alunos que aspiram outras carreiras e têm outras pretensões profissionais. Qual é a Física, então, que deve ser ensinada para estes jovens? O caráter finalista do ensino básico, ou seja, a ideia de que o Ensino Médio é o fim da formação de um cidadão, fez com que o ensino se horizontalizasse – a quantidade de aulas é menor para cada disciplina, que são mais extensas ao longo de toda a vida escolar. Se antes havia cinco aulas de Física por semana, hoje há duas, no máximo, em meio a inúmeras outras disciplinas, da mesma maneira que ocorreu com a Língua Portuguesa e a Matemática. “Por ser um ensino finalista, tem-se a impressão que se deve ensinar TUDO, mas será que precisamos de tudo isso? De todas estas disciplinas? De todo esse conteúdo em Física? Não há tempo suficiente”, reflete o professor.

“A chave para sermos um país com educação de primeiro mundo é conseguir atrair cada vez mais jovens talentosos para as carreiras científicas e para a docência. Inserir-se em uma sociedade do século XXI envolve uma formação científica e cultural que depende da transformação do professor. A responsabilidade da escola é a formação de cidadãos, e a Física é um instrumento privilegiado de esclarecimento dos mecanismos de produção nacionais de tecnologia, por exemplo, o que envolve economia e política e facilita a inserção do aluno nas discussões dos grandes veículos de comunicação mundiais, o que é uma premissa das inovações curriculares nacionais mais recentes”, conclui Marcelo.

Assessoria de Comunicação

8 de fevereiro de 2012

Os LEDs e a saúde bucal

Os diodos emissores de luz, popularmente conhecidos como LED, marcam forte presença em nosso cotidiano, hoje. Mas, há doze anos, suas vantagens e utilização eram conhecidas, somente, por um grupo seleto de pesquisadores.

Alessandra-2Quando a atual docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alessandra Nara de Souza Rastelli, iniciou seu Mestrado, em 2000, ela foi além: passou a pesquisar como os LEDs poderiam ser utilizados nas restaurações dentárias. Por uma parceria que ela desenvolve, desde então, com o Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), através do docente, Vanderlei Salvador Bagnato, muitos méritos acadêmicos foram conseguidos pela docente, incluindo a utilização de LEDs na área de saúde. “Quando iniciei minha pós-graduação em Dentística, na Unesp (Faculdade de Odontologia de Araraquara), a faculdade já tinha convênio com o IFSC. Naquela época, eu nunca imaginava que desenvolveria alguma coisa relacionada à Física”, relembra Alessandra.

A proposta inicial de seu trabalho tinha como tema “foto ativação de materiais restauradores”. Paralelamente, o Grupo de Óptica tinha acabado de desenvolver um sistema para foto ativação de materiais por LED. “Eu cumpria as disciplinas de pós-graduação na Unesp, mas as pesquisas eram desenvolvidas aqui no IFSC. Minha dissertação de Mestrado foi o primeiro trabalho apresentado na Unesp, que utilizou o sistema LED para foto ativação e, por isso, acabou sendo um trabalho inovador para aquela época”, conta. “Gostei muito dessa interação entre áreas da saúde e ciências básicas, e percebo, cada dia mais, a importância dessa interdisciplinaridade”.

Direto para boca

AlessandraA foto ativação com materiais restauradores, como o próprio nome sugere, está relacionada ao seguinte aspecto: quando é necessário substituir uma restauração ou mesmo colocar uma nova, é preciso que se faça uso de um material que endureça por intermédio de uma fonte de luz. “Esse material tem um ‘foto iniciador’ em sua composição, que é sensível a um determinado tipo de luz. Em contato com a luz, o material restaurador endurece e adquire propriedades mecânicas adequadas, as quais terão uma vida útil de cinco a seis anos na cavidade oral”, explica a docente.

O referido material é feito à base de polímeros, utilizados em Odontologia. São as populares resinas compostas, hoje as mais utilizadas para restaurações nos dentes, e suas propriedades ópticas assemelham-se às propriedades das estruturas dentárias. “Essa técnica é muito sensível, mas não tem nenhuma restrição ou contraindicação. No entanto, esse material não é tão resistente em restaurações muito grandes”, conta.

Além da vantagem estética que esse material oferece, a melhor adesão às estruturas dentais também é um diferencial. “Ele une-se micromecanicamente às estruturas do dente, o que não acontecia com o amálgama dental, uma vez que se tratava de um material metálico”.

Dessa forma, é possível preparar uma cavidade em tamanho menor, ou seja, não é preciso deixar um grande “curativo odontológico” em nossos dentes, como antigamente. “Com o amálgama, tínhamos que fazer um preparo com características específicas, para que ele ficasse, de fato, retido nos interior da cavidade, mecanicamente”, elucida Alessandra.

Fama estendida

Mesmo que já utilizado há algum tempo, esse tipo de restauração, até hoje, é a mais popular entre os cirurgiões-dentistas e, consequentemente, entre os pacientes. Novos tipos de LEDs são estudados para, também, viabilizar outros tratamentos. “Meu mestrado foi o primeiro trabalho ou talvez um dos primeiros a apresentar o uso do LED na foto ativação, mas, se fizermos um comparativo daquela época, em 2000, até os dias de hoje, houve uma evolução muito grande e os sistemas de LED são aperfeiçoados, continuamente”, afirma Alessandra.

Alessandra-1O trabalho da Docente não só visa cura, mas também a prevenção. Atualmente tem trabalhado também com a Técnica da Terapia Fotodinâmica para redução antimicrobiana.” A idéia é que a técnica da terapia fotodinâmica tenha outras aplicações na Odontologia, quem sabe de uma forma mais preventiva de doenças bucais. Acreditamos que sim”.

Nesse meio tempo, a parceria entre Alessandra e o IFSC não só continua como foi ampliada. Além dos trabalhos desenvolvidos com o Grupo de Óptica, ela também colabora com o Grupo de Crescimento de Cristais e Materiais Cerâmicos (CCMC), através do docente, Antonio Carlos Hernandes, onde seu foco é voltado ao desenvolvimento de novos materiais, com vistas à aplicação de nanotecnologia em materiais odontológicos. “A ideia futura é continuar os estudos, sempre tendo em vista novos horizontes, tanto através da terapia fotodinâmica, com o aperfeiçoamento das técnicas que já temos e aplicação das mesmas em pacientes, como pelo desenvolvimento dos novos materiais, podendo apresentar materiais com propriedades antimicrobianas, por exemplo”, conta. “As perspectivas são as melhores possíveis e estaremos trabalhando com um grande grupo de pessoas para o desenvolvimento disso tudo, não perdendo de vista o acesso de todos a esses benefícios”, finaliza a docente.

Assessoria de Comunicação

7 de fevereiro de 2012

Seminário em Nanoplasmônica do Grupo de Óptica recebe presença internacional

Os elogios à pesquisa realizada no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), vindos dos pesquisadores internacionais, que têm se apresentado no IFSC para palestras, seminários ou colóquios, não é uma novidade. Podendo ser comparados a renomadas Instituições de Ensino Superior do Brasil e do mundo, tanto o corpo intelectual, quanto a infraestrutura do IFSC não deixam a desejar para docentes, estudantes e visitantes que passam por aqui anualmente, vindos de todas as partes do mundo.

No dia 6 de fevereiro, foi a vez dos pesquisadores Nader Engheta, docente da University of Pennsylvania e Masud Mansuripur, docente da University of Arizona comparecerem ao “Seminário em Nanoplasmônica”, realizado pelo Grupo de Óptica.

NaderNader, atuando em diversas linhas de pesquisa (entre elas física e engenharia ondulatória, metamateriais e óptica em nanoescala), já participou de outros seminários no IFSC. “Sou amigo de John Weiner* há muito tempo e ele sempre teve muita vontade de fazer um workshop e colocar os pesquisadores juntos, para ministrar palestras. Em 2009, eu estive nessa mesma sala de aula, e estou de volta, dois anos e meio depois, para ministrar uma nova palestra. Há muitos centros científicos aqui e interesses em ciência com todos os pesquisadores daqui”, afirma o pesquisador.

Masud, com linhas estudos sobre a força de ondas eletromagnéticas e interação entre luz e matéria, que completa sua quarta visita ao Brasil e terceira ao Instituto, também foi intermediado por John Weiner. “Tenho outros amigos aqui, no Brasil, que sempre mantém contato conosco”, conta.

Depois de algumas visitas e participações em palestras, os professores, obviamente, focam sempre mais parcerias com o Brasil e, obviamente, com o IFSC. Quando questionados sobre tais parcerias, eles não são hesitantes. “Certamente! É maravilhoso ter interações! Há dois anos e meio, quando eu vim para o Brasil, ministrar uma palestra na Universidade de Campinas [Unicamp], um dos estudantes que estava na plateia, hoje trabalha comigo”, conta Nader. “Ainda não temos nenhuma parceria. Mas, duas semanas atrás, o professor [Vanderlei] Bagnato convidou-me para fazer parte do Conselho do novo Centro de Pesquisa que ele está fundando aqui no Brasil. Esperançosamente teremos mais colaborações no futuro”, complementa Masud.

MasudSobre as pesquisas realizadas no IFSC, como um todo, a voz dos pesquisadores é uníssona. Ambos dizem que tudo o que vem sendo estudado por aqui é atual. “As pesquisas daqui são fantásticas em áreas muito excitantes em óptica, área com a qual estou familiarizado”, elogia Nader. “O que se estuda aqui também se estuda nos Estados Unidos ou Europa. Temos muito professores brasileiros brilhantes ministrando aulas em Harvard e no MIT [Massachusetts Institute of Technology]. E a qualidade da pesquisa que tive a oportunidade de observar aqui pode ser comparada com a das melhores universidades do mundo”, finaliza Masud.

*bolsista pesquisador visitante do CEPOF/INOF

Assessoria de Comunicação

7 de fevereiro de 2012

Atualização da Produção Científica do IFSC

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica, cadastradas no mês de Janeiro, clique aqui ou acesse o quadro em destaque (em movimento) do lado direito da página principal do IFSC.

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente por pesquisadores do IFSC, no periódico “Langmuir“.

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Assessoria de Comunicação

7 de fevereiro de 2012

USP oferece curso de capacitação para servidores

Entre 6 de fevereiro e 9 de março estarão abertas as inscrições para o curso “Gestão da política municipal de Educação”.

O curso será ministrado a distância e podem participar funcionários e docentes da Universidade de São Paulo (USP).

O curso, que oferece 45 vagas, terá início em 19 de março e término em 16 de maio de 2012.

Para maiores informações, acesse http://polaris.ifsc.usp.br/sistemas/columba/repositorio/20120201174444.pdf.

Assessoria de Comunicação

6 de fevereiro de 2012

Campanha solidária

Para prestar ajuda aos recém-desalojados moradores do Pinheirinho (São José dos Campos), durante esta semana (6 a 10 de fevereiro), estará sendo feita uma campanha de arrecadação em favor das famílias desabrigadas.

Em algumas Unidades do campus (incluindo o Instituto de Física de São Carlos), haverá caixas de papelão para arrecadar donativos, que serão levados a São José dos Campos nos dias 11 e 12 de fevereiro.

Os itens de maior necessidade são:

-Brinquedos;

-Roupas em boas condições;

-Alimentos- em geral-, sobretudo prontos, como bolachas, biscoitos;

-Produtos de higiene pessoal (fraldas, absorventes, sabonete, creme dental);

-Remédios;

-Produtos de limpeza.

Essa campanha, em São Carlos, está sob responsabilidade da mestranda do Instituto de Ciências Matemática e de Computação (ICMC/USP), Pamela M. Cândida Cortez. Em caso de dúvidas ou informações adicionais, entrar em contato com a aluna pelo telefone (11)8420-5719 ou e-mail pamicortez@gmail.com.

Assessoria de Comunicação

6 de fevereiro de 2012

Pesquisadores desenvolvem técnica para rastrear células-tronco

Revolucionária, eficaz, polêmica. Essas são algumas das características que uma quantidade incansável de críticos já escolheu para definir a terapia feita por célula-tronco.

Controvérsias à parte, embora esteja se mostrando eficiente (mesmo tendo seu custo elevado), o tratamento com célula-tronco apresenta seus riscos: alojadas em regiões “impróprias”, as células podem causar tumores (benignos ou malignos).

A solução para isso já vem sendo estudada por uma tríade de pesquisadores da Faculdade de Medicina (FM-USP), Instituto de Física (IF-USP) e Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP). “A medicina traz o problema, que é o monitoramento de células-tronco depois do implante. A física traz a técnica de visualização, com a ressonância magnética, e a nanotecnologia produz o material que possibilita essa visualização, que são as nanopartículas superparamagnéticas”, explica o responsável pelo Laboratório de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Grupo de Biofísica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Valtencir Zucolotto.

A pesquisa, perfil da nanomedicina atual, é recente. E, junto à terapia com células-tronco, tem revolucionado a medicina e, consequentemente, a maneira de tratar pacientes.

No que se refere à parte médica, a terapia celular já teve grandes avanços. “Muitas coisas já são compreendidas, hoje. A parte de bioquímica das células, por exemplo, que possibilita que uma célula-tronco transforme-se em uma célula de outro tecido, ou a biotecnologia, que possibilita o implante dessas células no corpo humano, já estão praticamente bem conhecidas e estabelecidas”, afirma o docente.

O problema

Celula-troncoPorém, enquanto as técnicas citadas acima já são de conhecimento da grande maioria dos estudiosos e profissionais que lidam com ela, aparece um novo- velho- desafio: embora tenham destino certo, quando injetadas no corpo, as células-tronco podem seguir qualquer direção. E é, justamente, quando podem gerar uma série de problemas, incluindo o aparecimento de tumores pelo corpo.

É aí que entra a pesquisa da tríade citada no começo da matéria: ela será responsável por desenvolver técnicas capazes de monitorar as células, depois que o implante é feito, para saber, tanto se estão percorrendo o caminho que deveriam, como se estão se transformando no tecido para o qual foram designadas.

A tarefa não é fácil. Se rastrear telefones móveis, por exemplo, já é difícil, imagine uma célula! Mas, a tecnologia, voltada à saúde, tem feito mais do que isso: as nanopartículas superparamagnéticas, produzidos no laboratório de Zucolotto, terão como fim alojarem-se nas células-tronco. Depois disso, o imageamento por ressonância magnética será capaz de rastreá-las.

Nesse estudo específico, onde a parceria foi feita junto ao Instituto do Coração, ligado ao Hospital das Clínicas (HC-USP) da FM-USP, o monitoramento será das células-tronco implantadas no coração. “Quando uma pessoa tem um enfarto, parte das células coronarianas morre. A ideia é que as células-tronco injetadas ali possam criar novos tecidos coronarianos saudáveis. O problema, em princípio, é como monitorar se essas células estão desenvolvendo novos tecidos do coração. Essa é a problemática chave”, explica Zucolotto.

O papel de cada um

Box-celulas-troncoDepois que a equipe de Zucolotto produz e caracteriza (entende como funciona o sistema) as nanopartículas em questão, estas são enviadas ao Incor, onde o docente José Eduardo Krieg, responsável pela pesquisa na FM-USP, injeta-as em células-tronco in vitro. A próxima etapa é o envio ao IF-USP, onde o docente responsável por essa parte, Said Rabbani, tenta encontrar as nanopartículas por ressonância magnética. “O grande problema é que as células são muito pequenas, com 10-6m. Não era possível vê-las sozinhas, pela ressonância. Mas, o sinal emitido pelas nanopartículas, sim”, conta Zucolotto.

Depois dos muito bem-sucedidos testes in vitro, o próximo passo é injetar células-tronco com nanopartículas no coração de um porco isquêmico. Depois disso, o animal será levado ao equipamento de ressonância, para que se tente visualizar as nanopartículas. Com o monitoramento sendo bem-sucedido em porcos, o próximo teste será feito em ratos. Tendo sucesso nas duas cobaias, o experimento já poderá ser aplicado em humanos. “Só injetaremos essas nanopartículas nos humanos quando soubermos muito bem para onde elas vão”, afirma Zucolotto.

Sabendo o caminho que elas percorrem, as nanopartículas podem, no futuro, ser induzidas. Elas serão revestidas com uma molécula específica, para ser ligada a um órgão específico. “Já estamos desenhando uma cobertura para nanopartícula. Pode ser um receptor, um anticorpo, que se ligue a uma proteína que só tem no coração, por exemplo”, explica.

O grande risco atual

Embora a pesquisa esteja caminhando com rapidez, os passos são cautelosos.

Supondo que uma nanopartícula seja utilizada para levar uma droga para dentro de um tumor. Mesmo que ela não fique totalmente alojada naquela região, não há grandes riscos ao paciente, pois a droga será eliminada. “O problema da quimioterapia, hoje, é que o remédio vai para o corpo todo, por isso as quedas de cabelo, baixa imunidade, ânsia de vômito naqueles que recebem o tratamento. O remédio é muito tóxico. No caso de célula-tronco, o cuidado deve ser redobrado, pois se não houver garantias de que ela está no local correto, ela não será eliminada pelo corpo, como um remédio, e ainda pode causar mais tumores”, reforça Zucolotto.

O trabalho em conjunto já trouxe diversos experimentos bem-sucedidos. A parceria entre medicina e física, nesse caso específico, teve início em 2011. O próximo passo- teste com porcos- está previsto este ano.

Depois disso, é só aguardar mais resultados. E, por eles, não estarão ansiosos somente os pesquisadores, mas os milhares de brasileiros que veem nesse espantoso avanço da tecnologia sua única possibilidade de cura.

Assessoria de Comunicação

3 de fevereiro de 2012

Pesquisadores internacionais falam sobre a ciência no Brasil e vislumbram parcerias

Durante as duas últimas semanas, o IFSC sediou a 13ª edição da Escola de Verão José Swieca de Ótica Quântica e Ótica Não Linear, recebendo cerca de vinte pesquisadores de várias partes do mundo para integrar sua programação que envolveu mini-cursos, seminários e aulas experimentais. Os participantes inscritos, que ultrapassaram uma centena, tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos nas áreas em questão através do contato com pesquisadores de instituições renomadas internacionalmente, como a Harvard University (EUA), o Georgia Institute of Technology (EUA), Max Planck Society (Alemanha), National Institute of Standards and Technology (EUA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a própria Universidade de São Paulo (USP).

Na manhã de sexta-feira (3), a programação foi encerrada de uma maneira bastante caseira e local, com a apresentação de dois seminários ministrados por docentes do próprio IFSC: Paulo Barbeitas Miranda, do Grupo de Polímeros, e Phillipe W. Corteille, do Grupo de Fotônica.

Internacional

Entre os convidados internacionais da Escola de Verão, estavam alguns pesquisadores que já têm, há alguns anos, um vínculo especial com o IFSC, como os estadunidenses, Paul Lett e Eric Mazur, pesquisadores do NIST e da Universidade de Harvard, respectivamente. Ambos têm relações profissionais e pessoais com pesquisadores de São Carlos, mais especificamente no que diz respeito ao intercâmbio de alunos de pós-graduação, que são enviados pelos seus orientadores para desenvolver pesquisas nos laboratórios internacionais. Eles relataram a experiência do contato científico com brasileiros e suas impressões sobre o IFSC.

Segundo Paul Lett, a ideia das Escolas de Verão não é uma tendência nos EUA, especialmente no tipo de instituição em que ele trabalha – um laboratório federal de pesquisa –, onde não há muitos estudantes, de fato. “Normalmente nós temos um tipo de curso voltado para pesquisadores teóricos ao invés de estudantes, algo mais específico e avançado, desenvolvido por institutos especializados em ensino”, conta ele, afirmando que as únicas escolas das quais participou foram sediadas no Brasil ou na Europa. “Mas certamente é uma ótima oportunidade para os estudantes e para o resto de nós, para que possamos conversar e trocar ideias sobre nossas pesquisas recentes, e este é o protocolo do avanço”, completa.

E, neste sentido, os pesquisadores concordam. Ambos afirmaram estar impressionados, principalmente Eric Mazur, que costuma viajar ao redor do mundo a trabalho, o que lhe oferece uma boa panorâmica do desenvolvimento global da ciência e da academia. E, segundo ele, que o Brasil está no topo. “Se você viaja pela América Latina, você vê que a maioria dos países não possuem doutores e, os países que os têm, como a Argentina, o Chile e a Colômbia, não têm, por outro lado, o nível de atividade de pesquisa que vemos por aqui”, explica ele.

Paul Lett, por sua vez, já esteve no Brasil, há aproximadamente uma década, e conta que o crescimento do Instituto durante este período é exemplar, o que ele acredita ser fruto do aumento que os investimentos em Física sofreram nos últimos cinco anos.

“A quantidade de equipamentos e atividades de pesquisa cresceu muito. Não vejo tanto as pessoas lutando em busca de dinheiro, o que torna as coisas mais possíveis e deixa as pessoas trabalharem sem grandes preocupações. Os pesquisadores estão mais ativos e mais envolvidos, e isso significa que os tipos de experimentos que podem ser desenvolvidos aqui já não são tão limitados. Logo, teremos mais competição”, brinca o pesquisador.

emazurEm concordância com o colega, Eric Mazur faz uma comparação do IFSC com sua própria instituição, a onipotente Harvard: “Pense nas dimensões desta instituição brasileira. Quero dizer, oitenta físicos? Em Harvard nós temos vinte e sete! E nem chegamos perto do número de conexões interdisciplinares, algo que me surpreendeu quando cheguei”, constata ele, assegurando sua ansiedade em conhecer os laboratórios e entender como estas conexões se dão na prática.

Colaborações

Quanto aos trabalhos de colaborações entre laboratórios, os norte-americanos dizem que pretendem dar prosseguimento às parcerias já existentes, especialmente ao sólido intercâmbio de alunos entre as instituições.

“Nós sempre ficamos muito satisfeitos com os pós-doutorandos que chegam até nós, pois eles vêm estudar por um curto prazo, e mesmo assim apresentam bons resultados”, confirma Lett.

Ele também conta que, atualmente, não há um contrato oficial de colaboração, no sentido de haver recursos financeiros liberados para o desenvolvimento de algum projeto científico, mas que a relação entre laboratórios será uma das prioridades nos próximos anos. “É certo que continuemos a receber os pós-docs daqui e muito provável que esta troca se intensifique em breve”, conta ele. Já Eric Mazur diz que, além de receber estudantes brasileiros da USP e de outras universidades, também tem a ambição de levar docentes do IFSC para uma temporada de trabalhos na Universidade de Harvard. “Meu primeiro contato daqui foi com o professor [Roberto Mendonça] Faria, e tivemos uma parceria muito produtiva por lá. Agora o plano é convencer o professor Cléber [Renato Mendonça], estou realmente interessado nisso e já pesquisei algumas maneiras de conseguir financiamento para isso”, revela.

plettNeste clima de grande disposição e dedicação, os pesquisadores deixam o Brasil com a certeza de que estarão a trabalhar em parcerias contínuas com o IFSC por um bom tempo. “Vamos nos ajudar como pudermos”, conclui Mazur e, sem destoar muito de seu colega, Lett finaliza: “Sei que vou embora com uma visão restrita pois conheço apenas uma pequena parte daquilo que realmente ocorre nessa Universidade, mas sei também que há um grande número de pessoas com quem eu poderia conversar e interagir profissionalmente, o que me dá a certeza de que voltarei em breve”.

 

 

Assessoria de Comunicação

3 de fevereiro de 2012

Criptografia baseada no caos é promessa de segurança online

Uma equipe de pesquisadores do IFSC trabalha no desenvolvimento e aprimoramento de um novo sistema de criptografia baseado na teoria do caos, mais eficiente que os métodos convencionais e que pode oferecer maior segurança a transações financeiras online, por exemplo, com a vantagem de operar em alta velocidade até mesmo em aparelhos que têm hardwares limitados e pouca capacidade de processamento.

Um pouco de história

Alan Turing, um matemático inglês e cientista da computação, considerado atualmente um dos pais da computação moderna, marca a primeira brecha histórica para o desenvolvimento de sistemas de criptografia e da inteligência artificial. Pioneiro na exploração de sistemas de dinâmica não-linear já nas primeiras décadas do século XX, Turing pensou uma metodologia matemática chamada autômato celular – um conjunto de entidades isoladas que, interagindo entre si, realizam alguma tarefa específica. Desta forma, este método é bastante vinculado à natureza, mas também pode ser abordado do ponto de vista da matemática pura (conforme as duas abordagens propostas por Turing).

Já na década de 80, um renomado matemático chamado Stephen Wolfram

criptografia

, empresário que atua no desenvolvimento de softwares para resolução de problemas das mais diversas áreas do conhecimento, que dedicou grande parte de sua vida à pesquisa da metodologia proposta por Turing, abriu espaço para a possibilidade de que todos os processos aleatórios do Universo possam ser gerados pelos autômatos celulares.

Criptografia

Ocorre que a geração de números aleatórios, por exemplo, tem inúmeras aplicações na ciência, desde soluções para experimentos em Física até a segurança tecnológica – a criptografia. A proposta do projeto de pesquisa é uma nova utilização dos autômatos celulares, que serviriam para gerar números pseudo-aleatórios muito fortes e, assim, uma criptografia forte. A vantagem deste sistema de criptografia é a velocidade em que opera, além da facilidade de ser implementado em celulares ou equipamentos que não possuem hardware de grande capacidade. “Nós temos um sistema que pode ser implementado por hardware porque não é um algoritmo pesado”, explica Odemir Bruno, docente do Grupo de Computação Interdisciplinar do IFSC e responsável pelo desenvolvimento do projeto.

De uma forma geral, o principal benefício deste desenvolvimento é a promessa de maior segurança em transações bancárias e comércio via internet, o que nos traz à memória um projeto semelhante dos mesmos pesquisadores, divulgado em 2010, que ganhou notoriedade por aliar de maneira inovadora o método tradicional de criptografia à teoria do caos. “De alguma forma, vemos uma contínua batalha entre pessoas que geram criptografia e pessoas que quebram essa criptografia, por isso precisamos estar à frente no desenvolvimento constante de novos métodos”, explica Odemir.

Mas desta vez os hackers e espiões virtuais terão menos chances contra o dispositivo de segurança. De acordo com o pesquisador, para decodificar a mensagem gerada pelo dispositivo, seria necessário utilizar um sistema caótico idêntico àquele do qual o dispositivo se utilizou para codificá-la em primeiro lugar. “A chance deste sistema ser quebrado é infinitamente menor do que a chance de quebrar senhas convencionais que utilizamos hoje em dia na internet, porque o número de combinações utilizadas para gerar aquele padrão específico de codificação é muito maior do que as combinações possíveis nos métodos atuais, que são baseados em aritmética e em uma matemática mais básica”, comenta ele. De fato, muitos pesquisadores da área afirmam que, ao enviar uma mensagem sobreposta por um sinal caótico e por ele criptografada, a codificação é aleatória e essencialmente impossível de ser diferenciada da aleatoriedade natural.

fractalnature

O método desenvolvido pela equipe do IFSC é uma maneira potencial de tornar ilegível essencialmente qualquer tipo de dados na computação. “Nós podemos criptografar uma fotografia, um filme, um texto, um HD… na verdade, podemos criptografar qualquer coisa”, conclui Odemir. Veja abaixo um exemplo de fotografia codificada:

criptografada

O artigo, de autoria de Marina Jeaneth Machicao, Anderson G. Marco e Odemir Bruno, pode ser acessado na íntegra aqui.

Você também pode entender melhor o projeto de reconhecimento de plantas aqui.

Assessoria de Comunicação

2 de fevereiro de 2012

USP é considerada “bastião do ensino superior internacional”

 

Segundo reportagem publicada pela revista internacional Foreign Policy, edição de referente a 01 de fevereiro do corrente ano, a USP – Universidade de São Paulo está entre as oito instituições de ensino superior localizadas fora dos Estados Unidos e consideradas como “bastiões do ensino superior internacional”.


Segundo informações da Exame (edição de dia 02 de fevereiro), a USP aparece como única representante do Brasil e da América-Latina, de entre outras sete instituições de quatro continentes.


Ainda segundo a Exame, os valores apresentados para se estudar nessas oito instituições superiores são bem menores, quando comparados aos preços praticados pelas faculdades norte-americanas.


Clique no link abaixo para ter acesso à matéria original publicada pela Foreign Policy.

http://www.foreignpolicy.com/articles/2012/01/31/the_harvard_of_hong_kong_and_8_other_great_international_schools?page=0,0


Assessoria de Comunicação


30 de janeiro de 2012

A representação do IFSC em materiais e nanotecnologia a nível internacional

A sétima edição do Simpósio Internacional em Materiais Avançados e Nanoestruturas acontecerá em Sorocaba, localizada a 87 km da capital paulista. Entre os dias 20 e 23 de maio deste ano, pesquisadores de todo o mundo discutirão as tendências mais fortes na área, desde nanoestruturas e biossensores até computação quântica. E, mesmo quatro meses antes do encontro, os trabalhos já começam para os comitês organizacionais e científicos, e o Instituto de Física de São Carlos tem grande participação nesta edição, mantendo a tradição dos eventos anteriores.

Desde a primeira edição do evento, realizada em 2006, o IFSC exerce um papel de significativa importância na coordenação do evento, tendo presenciado seu nascimento em Santiago, na Universidade do Chile. Segundo o Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, integrante do comitê de organização e, em outras edições, do comitê científico, o Simpósio surgiu a partir de uma ideia conjunta entre o Brasil, o Chile, o Canadá e a Espanha, que já tinham alguns projetos em colaboração e buscavam uma maneira de estreitar os laços da cooperação internacional na área de materiais e nanotecnologia entre si e com outros países do globo. “Isso porque esta área de pesquisa é extremamente multidisciplinar, e exige que tenhamos grandes equipes de trabalho; tanto em pesquisa básica quanto aplicada, temos participação de físicos, químicos, engenheiros, biólogos, entre outros”, explica o docente.

Devido a esta grande necessidade, unir profissionais com as mais diversas formações e, sobretudo, vindos dos quatro cantos do mundo se tornou uma prioridade. Dentre os dezoito palestrantes convidados para a semana do Simpósio, onze são estrangeiros, o que significa mais de sessenta por cento do número geral. Além dos brasileiros, Sorocaba receberá visitantes de países como Japão, Canadá, Estados Unidos, Espanha, China, França e Reino Unido. E, para aqueles que podem se enganar com a falsa idéia de que o Brasil não pode competir com os movimentos científicos mundiais, Osvaldo conta que o IFSC tem, atualmente, uma grande vantagem na liderança nacional na área de materiais. “Nosso instituto é reconhecido principalmente pela abordagem da pesquisa básica, pela exploração de novos modelos teóricos, alem de possuir laboratórios muito preparados para o trabalho prático da pesquisa”, conta.

No entanto, nesta edição do evento, os representantes do IFSC apresentarão desenvolvimentos e resultados de suas pesquisas aplicadas, mostrando a força que o instituto tem adquirido em inovação e tecnologia. O Prof. Tito J. Bonagamba, do Grupo de Ressonância Magnética, apresentará o projeto de pesquisa que desenvolve em parceria com a Petrobrás, tratando de novas aplicações da Ressonância Magnética Nuclear e da informação quântica. Já o professor Cleber R. Mendonça, do Grupo de Fotônica, falará sobre os diversos usos de lasers de alta potência no trabalho com materiais.

Ainda segundo o Prof. Osvaldo, essas apresentações demonstram que o IFSC desenvolve trabalhos muito alinhados com as maiores tendências mundiais na área de materiais e nanotecnologia: a primeira, relacionada à união de projetos experimentais com projetos teóricos; a segunda seria o trabalho com materiais biológicos, já que a ciência tende a buscar modelos de estrutura e funcionamento na natureza; e a terceira, no que diz respeito à nanotecnologia, o trabalho com sistemas complexos (sistemas cujas partes estabelecem uma relação não-linear entre si). “O Brasil tem avançado muito neste sentido, ganhando cada vez mais reconhecimento, e o IFSC é exemplo disso. Nossa preocupação, agora, é que o Brasil precisa produzir mais tecnologia”, comenta Osvaldo.

chu2Dentre as atividades de palestra, o docente destaca, em especial, a participação do pesquisador José Nelson Onuchic , graduado em Física pela USP, onde também completou um mestrado em Física Aplicada. Hoje, Onuchic é professor de Física na Universidade da Califórnia, em San Diego (EUA), e co-diretor do renomado Center for Theoretical Biological Physics (CTBP). Os interesses de pesquisa do físico envolvem, principalmente, modelos teóricos e computacionais para a biofísica molecular e reações químicas em matéria condensada, temas que mesclam muito a pesquisa básica com a experimental e que, com certeza, empolgará os participantes do evento.

Além das sessões de palestras, a sessão de pôsteres servirá como uma forma de estabelecer novos vínculos entre os novos pesquisadores, fortalecendo os projetos de colaboração e enriquecendo a perspectiva sobre os objetos de pesquisa emergentes. Podem participar pesquisadores de todos os níveis de formação. Para maiores informações sobre o envio de resumos, clique aqui. O prazo final para o envio é 31 de janeiro.

Além do IFSC, o evento é organizado também pelo Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia de Materiais (POSMAT) da UNESP de Bauru, juntamente com o campus Sorocaba da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

Para maiores informações, acesse o link http://samba-df.fc.unesp.br/isamn/.

Assessoria de Comunicação

30 de janeiro de 2012

Novo centro de excelência para pesquisa em física teórica será inaugurado no próximo mês

No próximo dia 6, São Paulo contará com um novo Instituto sul-americano de Pesquisa Fundamental (SAIFR, em inglês) em física teórica.

O Instituto, que será sediado no campus de São Paulo da Universidade Estadual Paulista (Unesp), será a primeira Unidade da América do sul do Centro Internacional de Física Teórica (ICTP, em inglês), vinculado à Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), localizado em Trieste (Itália).

De acordo com o diretor do novo Instituto, Nathan Berkovits (professor do Instituto de Física Teórica (IFT) da Unesp), o objetivo principal é tornar a Unidade um centro de excelência em física teórica do continente.

Além da pesquisa, em si, o Centro- que conta com o apoio da FAPESP para sua instalação- organizará Escolas Avançadas e workshops internacionais, receberá pesquisadores visitantes e pós-doutores, além de promover um intenso intercâmbio entre alunos e pesquisadores do Brasil e exterior.

Entre os eventos programados no novo Centro, está a Escola Avançada sobre Relatividade Geral: Astrofísica e Cosmologia Relativísticas, que será coordenado pelo docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Daniel A. Vanzella, e realizado entre 16 e 27 de junho de 2012.

Em 5 de fevereiro, véspera do lançamento oficial do ICTP-SAIFR, haverá uma palestra de divulgação científica, às 16 horas, intitulada “Explicando as origens do Universo”, que será ministrada em espanhol pelo professor argentino, Matias Zaldarriaga, do Instituto de Estudos Avançados de Princeton (Estados Unidos).

Já a abertura oficial do Instituto será no dia seguinte (6/2), às 16 horas.

Para maiores informações, basta acessar o endereço http://www.ictp-saifr.org/

(Com informações da agência FAPESP)

Assessoria de Comunicação

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