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8 de fevereiro de 2012

Os LEDs e a saúde bucal

Os diodos emissores de luz, popularmente conhecidos como LED, marcam forte presença em nosso cotidiano, hoje. Mas, há doze anos, suas vantagens e utilização eram conhecidas, somente, por um grupo seleto de pesquisadores.

Alessandra-2Quando a atual docente da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Alessandra Nara de Souza Rastelli, iniciou seu Mestrado, em 2000, ela foi além: passou a pesquisar como os LEDs poderiam ser utilizados nas restaurações dentárias. Por uma parceria que ela desenvolve, desde então, com o Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), através do docente, Vanderlei Salvador Bagnato, muitos méritos acadêmicos foram conseguidos pela docente, incluindo a utilização de LEDs na área de saúde. “Quando iniciei minha pós-graduação em Dentística, na Unesp (Faculdade de Odontologia de Araraquara), a faculdade já tinha convênio com o IFSC. Naquela época, eu nunca imaginava que desenvolveria alguma coisa relacionada à Física”, relembra Alessandra.

A proposta inicial de seu trabalho tinha como tema “foto ativação de materiais restauradores”. Paralelamente, o Grupo de Óptica tinha acabado de desenvolver um sistema para foto ativação de materiais por LED. “Eu cumpria as disciplinas de pós-graduação na Unesp, mas as pesquisas eram desenvolvidas aqui no IFSC. Minha dissertação de Mestrado foi o primeiro trabalho apresentado na Unesp, que utilizou o sistema LED para foto ativação e, por isso, acabou sendo um trabalho inovador para aquela época”, conta. “Gostei muito dessa interação entre áreas da saúde e ciências básicas, e percebo, cada dia mais, a importância dessa interdisciplinaridade”.

Direto para boca

AlessandraA foto ativação com materiais restauradores, como o próprio nome sugere, está relacionada ao seguinte aspecto: quando é necessário substituir uma restauração ou mesmo colocar uma nova, é preciso que se faça uso de um material que endureça por intermédio de uma fonte de luz. “Esse material tem um ‘foto iniciador’ em sua composição, que é sensível a um determinado tipo de luz. Em contato com a luz, o material restaurador endurece e adquire propriedades mecânicas adequadas, as quais terão uma vida útil de cinco a seis anos na cavidade oral”, explica a docente.

O referido material é feito à base de polímeros, utilizados em Odontologia. São as populares resinas compostas, hoje as mais utilizadas para restaurações nos dentes, e suas propriedades ópticas assemelham-se às propriedades das estruturas dentárias. “Essa técnica é muito sensível, mas não tem nenhuma restrição ou contraindicação. No entanto, esse material não é tão resistente em restaurações muito grandes”, conta.

Além da vantagem estética que esse material oferece, a melhor adesão às estruturas dentais também é um diferencial. “Ele une-se micromecanicamente às estruturas do dente, o que não acontecia com o amálgama dental, uma vez que se tratava de um material metálico”.

Dessa forma, é possível preparar uma cavidade em tamanho menor, ou seja, não é preciso deixar um grande “curativo odontológico” em nossos dentes, como antigamente. “Com o amálgama, tínhamos que fazer um preparo com características específicas, para que ele ficasse, de fato, retido nos interior da cavidade, mecanicamente”, elucida Alessandra.

Fama estendida

Mesmo que já utilizado há algum tempo, esse tipo de restauração, até hoje, é a mais popular entre os cirurgiões-dentistas e, consequentemente, entre os pacientes. Novos tipos de LEDs são estudados para, também, viabilizar outros tratamentos. “Meu mestrado foi o primeiro trabalho ou talvez um dos primeiros a apresentar o uso do LED na foto ativação, mas, se fizermos um comparativo daquela época, em 2000, até os dias de hoje, houve uma evolução muito grande e os sistemas de LED são aperfeiçoados, continuamente”, afirma Alessandra.

Alessandra-1O trabalho da Docente não só visa cura, mas também a prevenção. Atualmente tem trabalhado também com a Técnica da Terapia Fotodinâmica para redução antimicrobiana.” A idéia é que a técnica da terapia fotodinâmica tenha outras aplicações na Odontologia, quem sabe de uma forma mais preventiva de doenças bucais. Acreditamos que sim”.

Nesse meio tempo, a parceria entre Alessandra e o IFSC não só continua como foi ampliada. Além dos trabalhos desenvolvidos com o Grupo de Óptica, ela também colabora com o Grupo de Crescimento de Cristais e Materiais Cerâmicos (CCMC), através do docente, Antonio Carlos Hernandes, onde seu foco é voltado ao desenvolvimento de novos materiais, com vistas à aplicação de nanotecnologia em materiais odontológicos. “A ideia futura é continuar os estudos, sempre tendo em vista novos horizontes, tanto através da terapia fotodinâmica, com o aperfeiçoamento das técnicas que já temos e aplicação das mesmas em pacientes, como pelo desenvolvimento dos novos materiais, podendo apresentar materiais com propriedades antimicrobianas, por exemplo”, conta. “As perspectivas são as melhores possíveis e estaremos trabalhando com um grande grupo de pessoas para o desenvolvimento disso tudo, não perdendo de vista o acesso de todos a esses benefícios”, finaliza a docente.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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