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10 de outubro de 2024

Atualização da produção científica do IFSC/USP em setembro de 2024

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica cadastradas no mês de setembro de 2024, clique AQUI, ou acesse o Repositório da Produção USP  (AQUI).

As atualizações também podem ser conferidas no Totem “Conecta Biblio”, em frente à Biblioteca.

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente, por pesquisador do IFSC, no periódico “Water Research” (VER AQUI).

10 de outubro de 2024

Em Ciência da Computação – Doutorando da USP São Carlos conquista medalha de ouro no “Global Undergraduate Award – 2024”

Com a apresentação da pesquisa intitulada “Bioprediction PPI, Predict Interactions Between Biological Sequences”, o doutorando da USP São Carlos, Bruno Rafael Florentino, conquistou recentemente a Medalha de Ouro “Thomas Clarkson”, elevando-o como o melhor do mundo na categoria “Ciência da Computação”, do “Global Undergraduate Award – 2024” – Irlanda.

O “Global Undergraduate Awards” é o principal programa de premiação de graduação do mundo que reconhece os melhores trabalhos de graduação, compartilhando esses trabalhos com um público global e conectando alunos de diferentes culturas e disciplinas, sendo uma organização sem fins lucrativos e sob o patrocínio do Presidente da Irlanda, Michael D. Higgins, desde 2012.

O “Global Undergraduate Awards” foi fundado em 2008, em Dublin, Irlanda, sendo que a iniciativa foi originalmente chamada de “Irish Undergraduate Awards” e estava aberta apenas a estudantes das sete universidades da Irlanda. Em 2012, a instituição se expandiu para aceitar inscrições de todas as instituições de ensino superior da Ilha da Irlanda, bem como das vinte melhores universidades da Grã-Bretanha, EUA e Canadá. Atualmente, a “Gobal Undergraduate Awards” aceita inscrições de estudantes de qualquer instituição de ensino superior do mundo.

Todos os anos a instituição coordena um programa de premiação para estudantes de graduação do penúltimo e último ano, bem como para estudantes que se formaram no ano do programa. Os participantes podem enviar seus trabalhos para uma das 25 categorias disponíveis, que representam uma ampla gama de disciplinas acadêmicas. Este trabalho é então avaliado anonimamente por um painel de acadêmicos internacionais e líderes da indústria. Os 10% melhores trabalhos são então pré-selecionados como “Altamente Recomendados” e a melhor inscrição em cada categoria é considerada a ”Vencedora Global”.

O grupo de juízes – por categoria – do “Global Undergraduate Awards” que avaliou os trabalhos

Bruno Rafael Florentino (22) é natural de Guaxupé – Sul de Minas Gerais – e iniciou sua graduação no IFSC/USP, no Curso de Bacharelado em Física, tendo mudado, ao final do primeiro ano, para o Curso de Ciências Físicas e Biomoleculares, onde se apaixonou definitivamente por Biologia Molecular Computacional. Por sugestão do docente do IFSC/USP, Prof. Alessandro Nascimento, Bruno Rafael transitou para o Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), sob a orientação do Prof. André Ponce de Leon, tendo iniciado aí seu caminho na área de Bioinformática, incentivado pelo doutorando Robson Bonidia, que já trabalhava nessa área com uma pesquisa dele. “Através dessa pesquisa, ele me indicou fazer um estudo separado, uma espécie de complemento de sua própria pesquisa. Foi aí que iniciei esse trabalho com o foco de predizer se duas proteínas interagem ou se uma RNA e uma proteína podem interagir, ou não. A pesquisa de Robson era mais sobre classificar proteínas entre os diferentes tipos”, explica Bruno.

Com efeito, André Ponce de Leon e Robson Bonidia são exímios na parte de consolidar o estado da arte, até porque hoje em dia muito se fala sobre a democratização da Inteligência Artificial (IA), já que existem centenas de artigos falando de predição de interações, só que muitos apenas dialogam com outros especialistas em aprendizado de máquina. “São muitas descrições acerca do que você pode fazer para predizer, mas está surgindo essa nova discussão sobre democratização, de como os biólogos podem estar à frente do processo de construção de modelos, atendendo a que eles têm os problemas, enquanto a parte da computação tem as soluções, por isso devemos trazê-las.”, enfatiza Bruno. A pesquisa desenvolvida por Bruno Florentino é de predição de interação, mas de uma forma automatizada, sendo que no seu modelo ele está tentando criar algo que consiga performar e predizer bem novas interações, independentemente do conjunto de dados usados para treinar. A aplicação criada é chamada “fim-a-fim”, que irá fazer todo o processo de construção de um modelo de aprendizado de máquina completamente automatizado.

“A ferramenta que desenvolvi tem o nome de “Bioprediction PPI”, e ela trabalha com interações entre sequências biológicas, sendo o foco proteína-proteína. Nessa pesquisa, lancei a primeira versão dessa ferramenta para predição de interações de forma completamente automatizada. Então, eu valido a minha ferramenta com vários modelos criados por especialistas, e o que ela mostra é que é possível criar um modelo geral que consiga ser competitivo com modelos criados por especialistas de forma automatizada, ou seja, é possível criar um modelo que possa competir com um especialista sem a necessidade de programação. Resumidamente, a ideia é criar uma ferramenta que permita ao biólogo treinar os seus próprios modelos preditivos. Com esse artigo escrito durante sua graduação, Bruno Florentino decidiu concorrer ao “Global Undergraduate Awards”, na área de Ciência da Computação, uma premiação que nunca ninguém ainda tinha conquistado na América do Sul, até ao momento em que ele se tornou o vencedor global nessa categoria com a premiação que classificou seu trabalho como o melhor do mundo.

Com a cerimônia de entrega do prêmio programada para entre os dias 10 e 13 de novembro, na cidade Dublin – Irlanda, Bruno Florentino, que atualmente frequenta o seu primeiro ano de doutorado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), segue firme na mesma linha de pesquisa, avançando agora para conseguir parcerias de biólogos com o foco de conseguir testar a ferramenta “in vivo”. “Pretendo ter esse diferencial de várias ferramentas do Estado da Arte, porque nunca encontrei nenhuma ferramenta que tenha sido proposta e validada ‘in vivo’: mesmo sendo validadas pelas metodologias da ciência da computação, elas nunca foram aplicadas realmente em problemas reais. Então, estou procurando isso”, conclui o premiado.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de outubro de 2024

Nobel de Física vai para pesquisadores de modelos de Inteligência Artificial

Os cientistas John J. Hopfield, da Universidade de Princeton (USA) e Geoffrey E. Hinton, da Universidade de Toronto, no Canadá, foram laureados com o Prêmio Nobel de Física de 2024 tendo em consideração seus trabalhos na consolidação do conhecimento necessário para o desenvolvimento de modelos de Aprendizado de Máquina, considerados suportes para a introdução da Inteligência Artificial (IA).

John Hopfield criou uma memória associativa que pode armazenar e reconstruir imagens e outros tipos de padrões em grandes bases de dados, enquanto Geoffrey Hinton um método que pode encontrar propriedades em dados, de forma autônoma e, assim, executar tarefas como identificar elementos específicos em imagens de maneira autônoma.

Curiosamente, o Prof. John Hopfield foi orientador/supervisor de doutorado do docente e pesquisador da USP – Professor Honorário do IFSC/USP – Prof. José Nelson Onuchic, grau acadêmico concluído no Caltech (USA) em 1987.

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de outubro de 2024

Meditação e práticas corporais na Biblioteca do IFSC/USP abertas a toda a sociedade

Inseridos em um projeto apresentado à Comissão de Inclusão e Pertencimento do IFSC/USP, relativamente ao Edital PRIP no 04 / 2023 – Bem-Estar e Pertencimento, da Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento da Universidade de São Paulo, a Biblioteca do IFSC/USP está realizando até o próximo mês de dezembro do corrente ano uma série de encontros curtos de meditação e também de yoga subordinados ao tema “Meditação e práticas corporais na Biblioteca do IFSC/USP: Promovendo o bem-estar de sua comunidade”, com a finalidade de contribuir para a saúde e bem-estar dos participantes e, também, trazer ensinamentos para que as pessoas compreendam e tenham mais consciência sobre como é importante o autoconhecimento para a melhoria da qualidade de vida.

Sessão de Meditação

Os objetivos destas atividades, que se iniciaram nos passados meses de junho (Meditação) e agosto (Yoga), gratuitas e abertas a toda a comunidade do Campus USP de São Carlos e à sociedade são-carlense em geral, têm como base a divulgação da meditação enquanto técnica autoaplicável de relaxamento e regulação emocional, favorecendo sentimentos positivos e de bem-estar, bem como práticas corporais – neste caso a yoga – para prevenir e/ou amenizar sintomas de estresse, ansiedade e depressão.

Estas duas ações fazem parte de estratégias que têm em comum a melhoria da atenção e concentração necessárias ao estudo e trabalho, e que estão diretamente relacionadas com a capacidade de aquietar a mente, focando no presente e afastando qualquer distração, proporcionando relaxamento da mente e do corpo.

As ações contribuem para que os participantes tenham autonomia e motivação para inserir essas práticas em sua vida, ajudando a reduzir a ansiedade, aumentando a estabilidade emocional e a criatividade, trazendo ensinamentos para que as pessoas compreendam e tenham mais consciência sobre como é importante o autoconhecimento para a melhoria da qualidade de vida.

Sessão de Yoga

Este projeto é coordenado por Ana Mara Prado, responsável pela Biblioteca do IFSC/USP, tendo como cocoordenadoras as bibliotecárias Célia Diegues e Gracielli Pepe, com toda a equipe ocupando as responsabilidades de organização geral.

Sendo assim, os interessados poderão participar destas ações todas as segundas-feiras, à 12h30, para Yoga, e todas as quartas-feiras, igualmente às 12h30, para as sessões de Meditação, bastando estar presente na Biblioteca do IFSC/USP nos dias e horários informados.

Estas ações vão ao encontro dos ODS 03 – boa saúde e bem-estar.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de outubro de 2024

“Prêmio Alumni USP 2024” e “Prêmio Alumni Unidades”

O Programa Alumni USP, com o apoio da Reitoria da Universidade de São Paulo, torna público o “Prêmio Alumni USP 2024”, que tem como objetivo reconhecer e premiar os egressos(as) diplomados(as) da USP que se destacaram por suas contribuições nas áreas de atuação profissional, e que impactaram positivamente na sociedade, conforme edital (VER AQUI).

Também é anunciado o “Prêmio Alumni USP Unidades”, que tem como objetivo reconhecer e premiar as Unidades/Institutos da USP com maiores números de egressos/as cadastrados/as anualmente na plataforma “Alumni USP” -, conforme o edital (VEJA AQUI);

A cerimônia de premiação ocorrerá no dia 25/11, às 18h30, na Sala do Conselho Universitário – Butantã, localizado na Cidade Universitária.

O Regulamento pode ser consultado AQUI, sendo que as inscrições poderão ser feitas até dia 22 de outubro.

Os interessados em participar deverão realizar inscrição no link (VER AQUI)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

6 de outubro de 2024

GNano-IFSC/USP conquista prêmio “Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica”

Um trabalho de pesquisa do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do IFSC/USP conquistou no decurso deste mês um dos oito prêmios atribuídos pela revista “Veja” e inseridos no “Veja Saúde & Oncoclínicas de Inovação Médica”, distinções que foram concedidas a avanços em genômica, diagnóstico, prevenção, tratamento, saúde digital e coletiva.

Este prêmio visa distinguir, anualmente, iniciativas que, pela sua relevância, abrangência ou disruptividade, podem mudar, hoje ou amanhã, a eficiência, a assertividade e a sustentabilidade dos cuidados direcionados aos pacientes.

O trabalho do GNano, intitulado “Terapias e tratamentos inovadores: nanotecnologia para administrar medicamentos via nasal” é assinado pelos pesquisadores Natália Noronha Ferreira Naddeo e Prof. Dr. Valtencir Zucolotto. Nesse trabalho é destacada a informação de que o glioblastoma, um tipo de câncer cerebral, oferece uma série de desafios a médicos e pacientes, sendo que um  deles é que a quimioterapia-padrão, via oral, que exige altas doses para superar a barreira hematoencefálica, cobrando o preço de muitos efeitos colaterais.

Pesquisadores Prof. Dr. Valtencir Zucolotto e Natália Noronha Ferreira Naddeo

Para mitigar o problema, os cientistas do GNano criaram um sistema baseado em nanotecnologia que promete servir como um atalho mais seguro para o tratamento, um acesso pelo nariz. Para isso, foram criadas nanopartículas com o quimioterápico, recobertas por membranas de células retiradas do tumor.  O truque faz com que essas estruturas, ao penetrarem os nervos olfativos, sejam atraídas pela região acometida pela doença no cérebro.

Testes in vivo, em modelos animais, demonstraram que o fármaco mantém sua configuração intacta e é capaz de acessar, combater e reduzir o tumor.  A plataforma inédita abre portas para futuras pesquisas na aplicação da nanotecnologia na oncologia. (Sistemas nanoestruturados bioinspirados e biomiméticos para administração via nasal: uma nova perspectiva para a terapia de glioblastoma)

Outros prêmios:

*“Telemedicina e Plataformas Digitais: um programa de assistência remota a crianças com câncer” – Instituição: Instituto do Câncer Infantil (ICI) (RGS);

*”Inteligência Artificial na Transformação em Saúde: a plataforma que detecta e perfila o câncer de mama”  – Instituição: A.C. Camargo Cancer Center ;

*”Medicina Social: o projeto que capacita professores para identificar o autismo” –  Instituição: Instituto Jô Clemente (IJC);

*”Engajamento e Empoderamento do Paciente: um aplicativo contra a incontinência após a cirurgia da próstata” –  Instituições: Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e Universidade Federal de Goiás (UFG);

*”Medicina de Precisão e Genômica: a descoberta do mecanismo de escape do coronavírus” – Instituições: Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Harvard Medical School e Ragon Institute of MGH e MIT;

*”Prevenção e Promoção à Saúde: o mapa para prevenir sequelas da Covid-19” – Instituição: Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP);

*”Tecnologias Diagnósticas: à caça da hanseníase com um exame de sangue” – Instituição: Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FMRP/USP);

Os vencedores

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

2 de outubro de 2024

Reitor da USP participa da reunião plenária na Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano

Nos dias 23, 24 e 25 de setembro, o Reitor da USP, Prof. Carlos G. Carlotti Jr, participou da Reunião Plenária da Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, um encontro que foi centralizado em diversos aspectos, com ênfase na Inteligência Artificial (IA) e em seu uso adequado para as grandes questões da atualidade, como sustentabilidade e energia dentro da nova era do Antropoceno.

A apresentação do Reitor incidiu sobre o compromisso que a Universidade de São Paulo (USP) tem com o Brasil, com a América Latina e o mundo nos temas que constituem grandes desafios para a humanidade. Juntamente com o Reitor da USP, a presidente da TWAS (The Word Academy of Science for the Developing countries – UNECO), o secretário geral da Volkswagen Foundation, a editora-chefe da revista Nature e o presidente da AAAS ( American Association for the Advancement of Science) falaram na mesma sessão, tendo abordado aspectos diferentes e importantes dentro do mesmo tema.

A presença de diversos membros da academia – incluindo oito laureados com o Prêmio Nobel – contribuiu de forma marcante para as discussões. A participação da USP demonstra seu papel de referência na América Latina e a responsabilidade que existe com relação aos compromissos educacionais assumidos. As ações da USP para preparar os profissionais, tendo em vistas os desafios futuros que se enfrenta, ficou bem clara e apoiada por todos os participantes.

Reitor da USP, prof. Carlos Gilberto Carlotti Junior, acompanhado pelo representante do Brasil na Pontifícia Academia de Ciências do Vaticano, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP)

O Papa Francisco, que tinha uma audiência marcada com os participantes, foi impedido de participar por motivos de saúde, pelo que fez questão de endereçar um texto especial que foi lido na reunião. A posição do Papa com relação à IA fica caracterizada pelo recente pronunciamento do Papa, transcrito abaixo.

“Como sabemos, a inteligência artificial é uma ferramenta extremamente poderosa, empregada em muitos tipos de atividade humana: da medicina ao mundo; da cultura ao campo das comunicações; da educação à política. Agora, é seguro assumir que seu uso influenciará cada vez mais a maneira como vivemos, nossas relações sociais e até mesmo a maneira como concebemos nossa identidade como seres humanos. A questão da inteligência artificial, no entanto, é frequentemente percebida como ambígua; por um lado, gera entusiasmo pelas possibilidades que oferece, enquanto por outro dá origem ao medo pelas consequências que prenuncia. A esse respeito, poderíamos dizer que todos nós, embora em graus variados, experimentamos duas emoções: ficamos entusiasmados quando imaginamos o avanços que podem resultar da inteligência artificial, mas, ao mesmo tempo, ficamos com medo quando reconhecemos os perigos inerentes ao seu uso. Afinal, não podemos duvidar de que o evento da inteligência artificial representa uma verdadeira revolução industrial cognitiva, que contribuirá para a criação de um novo sistema social caracterizado por complexas transformações de época. Por exemplo, a inteligência artificial poderá permitir uma democratização do acesso ao conhecimento, o avanço exponencial da pesquisa científica e a possibilidade de dar trabalho exigente e árduo às máquinas. Mas, ao mesmo tempo, poderá trazer consigo uma injustiça maior entre nações avançadas e em desenvolvimento, ou entre classes sociais dominantes e oprimidas, aumentando a perigosa possibilidade de que uma “cultura do descarte” seja preferida a uma “cultura do encontro”. O significado dessas transformações complexas está claramente ligado ao rápido desenvolvimento tecnológico da própria inteligência artificial… É precisamente esse poderoso progresso tecnológico que torna a inteligência artificial ao mesmo tempo uma ferramenta emocionante e assustadora, e exige uma reflexão sobre se está à altura do desafio que ela apresenta. Nesse sentido, talvez pudéssemos partir da observação de que a inteligência artificial é, acima de tudo, uma ferramenta. E nem é preciso dizer que os benefícios ou malefícios que ela trará dependerão de nós”. (Papa Francisco, com mensagem original endereçada para a Sessão G-7 sobre Inteligência Artificial, realizada entre os dias 13 e 15 de junho do corrente ano).

Confira AQUI o programa que foi estipulado para as reuniões onde o Reitor da USP participou.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de outubro de 2024

Morrendo de calor – Qual é a temperatura máxima suportada pelo ser humano?

Figura 1 – Muito calor e alta umidade relativa do ar são ingredientes que favorecem a hipertermia. Por outro lado, quanto mais seco o ar tanto melhor para a nossa transpiração

Artigo: Prof. Roberto N. Onody *

Afinal de contas, qual é a temperatura máxima suportada pelo ser humano?

Uma temperatura interna (retal) acima de 43oC por mais de 6 horas é mortal para 99,9% dos seres humanos. 

O caso mais extremo e excepcional conhecido foi registrado no ano de 1980 em Atlanta, Georgia (EUA). Willie Jones deu entrada no hospital com temperatura interna de 46,5oC, ficou 24 dias internado, mas, sobreviveu.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, morrem cerca de 489.000 pessoas por ano devido ao calor extremo. Claro, é muito difícil ter os números exatos (ou mesmo aproximados) uma vez que nos atestados de óbito constam apenas as causas imediatas da morte como ataque cardíaco e AVC.

Para se determinar os efeitos do calor ou do frio sobre toda uma população, devemos analisar a taxa média de mortalidade registrada para uma mesma temperatura média diária. Em artigo publicado na revista The Lancet em 2015, pesquisadores analisaram mais de 74 milhões de mortes em 384 cidades de dezenas de países. Para cada cidade, eles calcularam a média do número de mortos para uma mesma temperatura média (média ao longo de 24 horas). Alguns resultados estão mostrados na Figura 2.

Figura 2 – Risco Relativo como função da temperatura média (o C). Em RR = 1, tem-se a Temperatura que Minimiza a Mortalidade (TMM). Ela está indicada pela barra vertical verde. Seus valores são: 22,6 para Sydney; 21,5 para São Paulo; 19,5 para Londres e 23,1 para Nova Iorque. Embaixo de cada curva, temos os histogramas do número médio de mortes por dia para cada temperatura. Há mais mortes quando a temperatura está abaixo de TMM. O frio mata mais do que o calor. Fonte: The Lancet, volume 386, página 369 (2015)

Em todos os gráficos vemos que existe uma temperatura ótima na qual a mortalidade apresenta um mínimo. Se, para cada temperatura, dividirmos o número de mortos pela mortalidade mínima teremos o Risco Relativo (RR), que mede o crescimento do número de mortes seja pelo aumento ou pela diminuição da temperatura média.

O estudo publicado na revista The Lancet se refere aos efeitos do calor sobre toda uma população. Mas, qual o efeito do excesso de calor sobre um indivíduo? Uma pessoa com hipertermia produz mais calor do que o seu corpo consegue dissipar. Se essa situação se mantiver por algumas horas, haverá falência múltipla dos órgãos, podendo até mesmo levar à desnaturação das proteínas do corpo.

A temperatura do corpo humano gira em torno de 36,5o C. Mantemos essa temperatura gerando calor através do nosso metabolismo.

Em repouso, o metabolismo do corpo humano produz 100 joules de calor por segundo. Somos uma máquina de 100 watts de potência.

Deve-se acrescentar ainda o calor proveniente da radiação solar. Juntos, todo esse calor é então eliminado por condução térmica e evaporação (suor).

O nosso regulador térmico fica no hipotálamo, uma pequena estrutura que fica no encéfalo e envia sinais para todo o corpo controlando tanto a produção de calor quanto a sua dissipação.

O nosso principal órgão de dissipação de calor é a pele. Ela é mantida a uma temperatura um pouco mais baixa do que aquela do interior do nosso corpo para que ela possa receber calor e, através das glândulas sudoríparas, transformá-lo em suor. Ao evaporar, o suor retira calor resfriando nosso corpo.

Figura 3 – Quantidade máxima de vapor d´água (em gramas por metro cúbico) presente no ar em função da sua temperatura (em graus Celsius) na pressão de 1 atmosfera. Quando essa umidade máxima é atingida, o suor não mais evapora deixando de refrigerar nosso corpo. Quanto mais seco o ar tanto melhor para a nossa transpiração

O quanto nós suamos depende da umidade do ar. A atmosfera aceita vapor d´água até uma certo valor máximo de saturação. Esse valor máximo depende da temperatura do ar (veja Figura 3). Atingido esse valor, o excesso do vapor d´água se condensa – é o ponto de orvalho (ou geada, se a temperatura estiver abaixo de 0oC) .

Define-se a umidade relativa do ar (em %) como sendo a quantidade de vapor d´água presente no ar dividida pela quantidade máxima (saturação) de vapor d´água àquela temperatura.

A tolerância humana ao calor depende da temperatura e umidade do ar e da radiação solar. Nos estudos que investigam os limites humanos ao excesso de calor, utilizam-se os  termômetros de bulbo úmido. Enquanto o termômetro comum de mercúrio (de bulbo seco) mede a temperatura do ar, o termômetro de mercúrio de bulbo úmido (Figura 4) mede a temperatura levando em conta a umidade do ar.

No termômetro de bulbo úmido, o bulbo fica em contacto permanente com uma malha porosa (em geral, algodão) embebida em água destilada. Ao evaporar, a água retira calor do bulbo do termômetro, abaixando a sua temperatura. É o mesmo processo de resfriamento que acontece nos filtros de barro. A água contida no interior desses filtros mantém o material poroso (barro) sempre úmido e, ao evaporar, resfria a água do filtro.

Figura 4 – (a) Um psicrômetro é composto por um termômetro de bulbo seco (à esquerda) e um termômetro de bulbo úmido (à direita). Medindo-se as duas temperaturas pode-se calcular a umidade relativa do ar e o seu ponto de orvalho. (b) Um termômetro de globo de bulbo seco e úmido além de ter as funcionalidades do psicrômetro, mede também o calor de radiação. É muito utilizado para medir as temperaturas e o calor em ambientes industriais e garantir o conforto térmico dos trabalhadores. Ele determina o IBUTG (índice de bulbo úmido termômetro de globo), criado pela norma regulamentadora (NR15) do Ministério do Trabalho e que trata da insalubridade e segurança no trabalho

A temperatura medida pelo termômetro de bulbo úmido é sempre menor ou igual àquela medida pelo termômetro de bulbo seco. Quanto mais seco o ar tanto maior será a diferença das temperaturas medidas pelos termômetros de bulbo seco e úmido. Elas são exatamente iguais quando a umidade relativa do ar é de 100%.

Em 2010, um estudo seminal investigou os limites humanos ao excesso de calor. No experimento, um grupo de voluntários em posição de repouso e sem roupa, foi submetido a aumentos de temperatura até que tivesse início a hipertermia. Os pesquisadores encontraram uma temperatura crítica de bulbo úmido acima da qual a morte é inevitável

Ttemperatura crítica de bulbo úmido = Tc = 35 o C

Para entendermos melhor as consequências dessa temperatura crítica precisamos lembrar que ela é uma isoterma de temperatura de bulbo úmido.  Há que se considerar, então, sua relação com a temperatura do ar (bulbo seco) e com a umidade relativa do ar. Isso é mostrado na Figura 5.

Quanto maior for a umidade relativa do ar tanto pior, mais difícil fica a sobrevivência. Por exemplo, se a umidade relativa está próxima de 100% basta uma temperatura do ar da ordem de 35oC para dar início a hipertermia. Se a umidade relativa do ar é baixa, a situação melhora. No mês de setembro, na cidade de São Carlos, a umidade relativa do ar girou em torno de 20%, o que significa que poderíamos suportar temperaturas de até 60oC!

Em 2023, na revista Nature, foi feita uma investigação mais aprofundada na qual vários aspectos fisiológicos que afetam a hipertermia foram levados em conta.

Figura 5 – Isoterma crítica: umidade e temperatura do ar para que a leitura no termômetro de bulbo úmido seja igual à temperatura crítica de 35oC. Quanto menor a umidade relativa do ar, maior a probabilidade de sobrevivência. Por exemplo, se a umidade relativa do ar for de 35%, nós podemos sobreviver até uma temperatura máxima do ar de 50oC. Gráfico feito com o auxílio do Wet Bulb Calculator

Nesse estudo, pessoas voluntárias foram separadas em 2 grupos: jovens (18 a 40 anos) e idosos (acima de 65 anos). Cada um desses grupos foi dividido em 2 subgrupos: aqueles que permaneceriam na sombra e aqueles que ficariam expostos ao sol. Os resultados estão mostrados na Figura 6.

Analisando esses novos resultados concluímos que o cenário piorou, pois, as temperaturas de hipertermia diminuíram!

No trabalho de 2010, quando a umidade relativa do ar estava próxima de 20% a temperatura de início da hipertermia era de 60oC. Agora elas caíram para: 51oC (jovens na sombra), 47oC (jovens expostos ao Sol), 46oC (idosos na sombra) e 41oC (idosos expostos ao Sol).

*Físico, Professor Sênior do IFSC – USP

e-mail: onody@ifsc.usp.br

 

 

 

 

 

Figura 6 – Gráficos da umidade relativa do ar (%) versus a temperatura do ar (o C): (a) jovens na sombra; (b) idosos na sombra; (c) jovens expostos ao sol; (d) idosos expostos ao sol. Em todos eles, a linha preta grossa marca o limite de sobrevivência. A linha preta fina é a mesma em todos eles e corresponde à isoterma crítica de 35o C mostrada em detalhes na Figura 5. Fonte: J. Vanos et al, Nat Commun 14, 7653 (2023)

 

(Imagem de destaque na home – Onlymyhealth)

(Meus agradecimentos ao Sr. Rui Sintra da Assessoria de Comunicação do IFSC/USP)

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Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

30 de setembro de 2024

12 Pesquisadores do IFSC/USP estão entre os mais influentes da ciência mundial

Através de um levantamento feito pela Universidade de Stanford e publicado pela “Elsevier”, doze pesquisadores do IFSC/USP foram reconhecidos como os mais influentes da ciência mundial, nomeadamente em duas categorias: “Mais influentes no ano de 2023” e “Mais influentes ao longo da carreira”.

Este reconhecimento é a demonstração da excelência da pesquisa que é feita em nosso Instituto, impactando nos resultados obtidos pela ciência mundial.

 

 

(Serviço de Biblioteca e Informação – IFSC/USP / Jornal da USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de setembro de 2024

Alunas da USP São Carlos aproximam público de temas científicos em podcast

Em sua terceira temporada, projeto aborda temas como matemática, física, computação e o dia a dia na Universidade

Depois da pandemia de Covid-19, quando os avanços científicos começaram a influenciar ainda mais diretamente o cotidiano das pessoas, ficou claro que não basta apenas produzir ciência no Brasil – é fundamental divulgá-la de forma acessível. Em uma iniciativa para enfrentar esse desafio, duas estudantes de pós-graduação da USP São Carlos estão descomplicando a ciência por meio de bate-papos descontraídos, em que falam não só sobre suas áreas de pesquisa, mas também sobre temas como fake news, saúde mental na academia e os desafios do dia a dia de pesquisadoras e pesquisadores. E tudo isso acontece por meio de um podcast, formato que conquistou os brasileiros ao permitir que o ouvinte aproveite o conteúdo enquanto realiza outras atividades.

Comandado por Julia Jaccoud, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), e Julia Marcolan, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), o podcast Qual Julia disse isso? estreou em março de 2021, quando as duas apertaram o play nos gravadores improvisados na sala da casa que dividiam. Além do nome, as estudantes compartilhavam o mesmo entusiasmo pela divulgação científica. Jaccoud, que já acumulava experiência com seu canal no YouTube, A Matemaníaca, onde conquistou centenas de fãs por sua maneira única de explicar matemática, foi quem convenceu Marcolan a se aventurar na frente dos microfones. Marcolan, que até então preferia os bastidores, organizando eventos de divulgação científica, nunca havia pensado em “dar a cara e a voz” para criar conteúdo. No entanto, com um empurrãozinho de Jaccoud, decidiu se juntar à amiga e encarar esse novo desafio. Foram 36 episódios na primeira temporada e 8 na segunda, acumulando cerca de 7 mil plays até que, em maio de 2022, as dificuldades de conciliar a vida acadêmica e pessoal fizeram com que a produção do podcast fosse interrompida.

No entanto, retornar ao projeto era um desejo das criadoras que, neste ano, descobriram a possibilidade de contar com o apoio da infraestrutura física e técnica da Superintendência de Tecnologia da Informação (STI) da USP São Carlos. “Enviamos uma proposta para o STI com o aval do professor Guilherme Matos Sipahi, do IFSC, que se tornou nosso mentor e parceiro no projeto”, explica Marcolan.

Com o projeto aprovado, elas passaram a contar com o estúdio de gravação e o suporte técnico de um profissional dedicado à edição dos episódios, que são lançados semanalmente, às terças-feiras, e acompanharão o semestre letivo da universidade, totalizando 18 episódios ao final do ano. Uma novidade desta temporada é a possibilidade de acompanhar as Julias não apenas em áudio, mas também em vídeo. Os episódios estão disponíveis no Spotify, e também podem ser assistidos no canal  A Matemaníaca no YouTube, oferecendo uma experiência mais interativa ao público. Para Jaccoud, que já se desafiou inúmeras vezes a explicar questões da matemática sem o auxílio de ferramentas visuais, o novo recurso é interessante. Já Marcolan brincou sobre não gostar de aparecer em vídeo: “Temos que pensar na roupa que vamos usar, antes gravávamos de qualquer jeito.”

As Julias também destacam que o momento atual de suas vidas foi essencial para o retorno do podcast. Jaccoud afirma que o avanço na carreira acadêmica trouxe mais confiança para abordar temas complexos. “Eu me sinto muito mais preparada e segura para falar de matemática, já que voltei ao ambiente acadêmico, algo que sempre desejei para fortalecer minhas ações de divulgação científica”, explica.

Para Marcolan, o impacto foi inverso. “O podcast fortaleceu a minha trajetória acadêmica. Antes, eu tinha muita dificuldade em me comunicar e entrava em pânico quando precisava falar em público. Agora, aprendi a me expressar muito melhor”, relata a aluna do IFSC.

Conteúdos mais qualificados

De acordo com as pesquisadoras, o apoio institucional da USP trouxe um nível mais elevado de profissionalismo ao podcast Qual Julia Disse Isso?. Com uma equipe técnica qualificada e uma estrutura de gravação moderna, o som e a edição dos episódios ganharam qualidade, permitindo que elas dediquem mais tempo à criação de conteúdos aprofundados. Cada episódio é cuidadosamente planejado com pelo menos três semanas de antecedência, e os temas são escolhidos levando em consideração o que está acontecendo no mundo e os pilares principais do podcast: matemática, física, vida acadêmica e o bem-estar dos pós-graduandos. Os dois últimos, em particular, aproximam tanto os calouros quanto os que estão em níveis avançados de formação. “Quando o Sipahi acompanhou a gravação do primeiro episódio, ele comentou que foi a primeira vez que ouviu alguém falar sobre a vida acadêmica por uma hora inteira sem sentir vontade de chorar. Ele ficou entusiasmado em participar de uma conversa sobre ciência de forma tão leve e descontraída,” lembra Marcolan.

A produção do podcast é colaborativa. Uma das Júlias pesquisa e organiza os tópicos de cada episódio, enquanto a outra revisa e complementa o conteúdo, garantindo uma abordagem mais completa e diversa. Além disso, o professor Sipahi desempenha um papel fundamental no processo, revisando os roteiros e oferecendo novas ideias. “O Sipahi se tornou um grande parceiro nesta temporada, trazendo insights que enriquecem o conteúdo e garantem a precisão durante as gravações”, destaca Jaccoud.

No primeiro episódio da nova temporada, que foi ao ar em 6 de agosto, as Julias fizeram algo especial: cada uma apresentou a pesquisa da outra, proporcionando ao público uma visão mais pessoal sobre suas áreas de estudo. Desde então, o podcast já explorou temas como as Olimpíadas, fake news e Alan Turing, o pai da computação moderna. O feedback do público foi extremamente positivo, com muitos comentários no Instagram @qualjuliadisseisso. “No episódio sobre Turing, recebemos vários elogios. Um dos ouvintes, que está escrevendo uma dissertação sobre ele, disse que o episódio foi muito bem articulado”, conta Jaccoud. No YouTube, o episódio sobre Emmy Noether também recebeu ótimos feedbacks.

Há quase 10 anos, quando criou o canal A Matemaníaca, Julia Jaccoud não imaginava o papel central que a divulgação científica ganharia na sociedade. Apesar do crescimento de canais voltados à ciência, ela ainda vê grandes desafios, principalmente na matemática, porque o interesse do público não costuma surgir de forma natural. “A matemática ainda está atrás de outras ciências, como astronomia ou biologia, que têm um espaço consolidado na mídia. Nosso trabalho é despertar essa curiosidade nas pessoas”, afirma a aluna do ICMC.

Outro desafio que as Julias enfrentam é a falta de reconhecimento acadêmico da divulgação científica, uma vez que incluir essas atividades no Lattes ou utilizá-las como critério em concursos, bolsas e editais costuma não trazer um benefício concreto. “Muitas vezes, a divulgação é vista como um ‘dom’, mas, na verdade, ela exige formação e profissionalização. No fim das contas, estamos produzindo conhecimento financiado pelo público, e esse conhecimento precisa ser devolvido de forma acessível à sociedade”, reforçam.

Por meio do podcast Qual Julia Disse Isso?, as Julias consolidam sua visão de que a divulgação científica no Brasil precisa ser mais forte, profissionalizada e, acima de tudo, feita com empatia. Para elas, o podcast não é apenas um meio de compartilhar conhecimento, mas também uma plataforma para dar voz a questões importantes que impactam a sociedade.

(Denise Casatti – Analista de Comunicação / Seção de Apoio Institucional – Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação – ICMC)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de setembro de 2024

Em minicurso no IFSC/USP – Dr. Mike Zaworotko alerta para uma ciência que contribua para um desenvolvimento sustentado

“Na verdade,  com o passar dos anos foram descobertas novas propriedades nos cristais, nunca antes detectadas. O que nós queremos é materiais com melhores propriedades e que sejam mais baratos. Ou seja, uma ciência mais ambiciosa que se sustente em novas tecnologias para aplicações robustas com desenvolvimentos sustentáveis, como, por exemplo, na área farmacêutica ou na de materiais porosos, e que promovam uma verdadeira revolução no conhecimento”

O Dr. Mike Zaworotko (Universidade de Limerick – Irlanda) foi o cientista convidado para a realização de um minicurso no IFSC/USP subordinado ao tema “Principles of crystal engineering”, tendo como anfitrião o docente e pesquisador de nosso Instituto, Prof. Dr. Javier Ellena.

Entre os dias 17 e 23 de setembro, o Dr. Zaworotko teve a oportunidade de introduzir temas que, embora inseridos numa temática já bastante conhecida, encaminharam os participantes a realidades e circunstâncias atuais rumo a um novo entendimento e atuação, tendo em vista as alterações climáticas que surgiram recentemente e que continuam a pautar as preocupações e agendas dos cientistas em todo o mundo.

Desde 1990 que as atividades de pesquisa de Mike Zaworotko têm se destacado nos aspectos fundamentais e aplicados da engenharia de cristais. Atualmente, seu maior interesse se situa  em materiais metal-orgânicos (MOMs), especialmente fisissorventes microporosos e ultramicroporosos, bem como em materiais farmacêuticos multicomponentes (MPMs), como cocristais.

Através desses novos materiais, o Prof. Zaworotko junta-se a um seleto número de cientistas cujas preocupações se centralizam em vários desafios globais, como, por exemplo, a captura de carbono, purificação de água, energias renováveis e melhores fármacos.

Membro da Royal Society of Chemistry, da Learned Society of Wales e do Institute of Chemistry of Ireland e da Royal Irish Academy, Mike Zaworotko considera ultrapassado o entendimento de que a engenharia de cristais é uma área multidisciplinar da química e da ciência dos materiais que envolve o design e a síntese de estruturas cristalinas com propriedades específicas. Para ele, o mais importante é a aplicação de todos os conceitos.

Minicurso no IFSC/USP com o Dr. Mike Zaworotko

“Na verdade,  com o passar dos anos foram descobertas novas propriedades nos cristais, nunca antes detectadas. O que nós queremos é materiais com melhores propriedades e que sejam mais baratos. Ou seja, uma ciência mais ambiciosa que se sustente em novas tecnologias para aplicações robustas com desenvolvimentos sustentáveis, como, por exemplo, na área farmacêutica ou na de materiais porosos, e que promovam uma verdadeira revolução no conhecimento”, afirma o cientista irlandês.

Prof. Javier Ellena com o Dr. Mike Zaworotko

Além das matérias obrigatórias relativas ao minicurso apresentado pelo Prof. Zaworotko, todas elas se consubstanciaram no fato de que a teoria ficou para trás, sendo que o caminho que agora se percorre é no sentido de que em algum momento no futuro existam modelos pré-determinados nas propriedades estruturais dos materiais, embora, segundo o cientista “Ainda estejamos longe desse momento. No entanto, quando a ciência chegar nessa meta a engenharia de cristais conseguirá fazer melhores fármacos, materiais inovadores para a captação de carbono, novas energias renováveis e, acima de tudo, a existência de água pura em quantidade suficiente para a humanidade”, sublinha o Dr.  Mike Zaworotko.

Para o cientista, não é mais uma expectativa dos cientistas para conseguir tudo isso, mas sim uma obrigação de se chegar lá rapidamente, tendo em vistas as rápidas e severas mudanças climáticas que se têm observado. “As características climáticas mudaram num curto espaço de tempo. Repare como as temperaturas subiram em cerca de 1,5º em muitas partes do mundo, em pouco tempo. Repare como a Europa tem vindo a ser castigada com essas mudanças, atendendo a que as condições atmosféricas vêm agora de África e não do Atlântico Norte, como era usual desde já centenas de anos atrás. Inundações na Polônia – nunca antes vistas -, temperaturas de mais de 36º na Itália – nunca antes observadas”, pontua o cientista.

O Prof. Zaworotko adverte que as pessoas pensam que estas afirmações são um exagero, mas o certo é que se as temperaturas continuarem a aumentar nos próximos cinco anos, haverá possibilidade do clima ficar fora de controle. “Isso pode não acontecer, mas existe essa forte possibilidade e não será no tempo dos meus filhos ou dos meus netos, mas sim ainda no meu tempo de vida; e isso será um grande problema que poderá ser irreversível”, conclui o cientista.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de setembro de 2024

“É um dever fazer ciência que extrapole fronteiras: Somos cientistas da Humanidade e não de um país ou de uma cidade”

Não tem como falar sobre pioneirismo na ciência do Brasil sem mencionar a USP de São Carlos e tudo o que tem sido feito ao longo de décadas no Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e no Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), um CEPID da FAPESP alocado nesse Instituto, restando aprofundar de onde surgiu a ideia de se criar essa infraestrutura dedicada à óptica, dedicada aos estudos e aplicações da luz, principalmente na área da saúde.

O cientista e docente, Prof. Vanderlei Salvador Bagnato, coordenador do Grupo de Óptica do IFSC/USP e do CEPOF, dedica o seu trabalho a utilizar a luz para investigar processos fundamentais, tais como, as formas dos átomos interagirem entre si e como as moléculas “conversam” entre elas, sendo que tudo isso acaba tendo uma relevância enorme para as ciências da vida. Para o cientista, se a luz é indicada para se investigar átomos e moléculas, também será eficiente para diagnosticar doenças e depois interagir, interferir. “Muitas das moléculas que existem em nosso metabolismo são responsáveis por reações químicas e por vezes a luz é capaz de promover a reação para um lado ou para o outro. Então, essa interação é que transportamos para a ciência da vida, sendo que, com isso, você acaba desenvolvendo técnicas que dão suporte não só à vida do próprio Homem, tornando-a melhor, como também à vida do meio ambiente, enfim, a toda a vida que nos rodeia. Então, toda vez que tem uma chance, o cientista explora-a, e a ótica, que chamamos fotônica, de um modo geral permite isso”, sublinha o cientista, sendo que a ideia é continuar estudando o que já era estudado em meados do século XX – e mesmo antes – para tentar interferir na área da saúde, combatendo e procurando tratamento e cura para doenças que ainda hoje são uma preocupação e um desafio para a sociedade.

O que os cientistas fazem, atualmente, é entender, com profundidade, como a luz interfere e como modifica reações, de forma a conseguirem penetrar em uma célula tumoral – ou mesmo dentro de uma bactéria – e produzir uma reação química que leva ela à morte, ou então regenerá-la, como no caso das doenças degenerativas.

Equipamentos fundamentais para aplicação dos protocolos

Prof. Bagnato em um de seus laboratórios (Créditos – TV Brasil)

Por outro lado, quando se fala em pioneirismo na ciência desenvolvida no IFSC/USP também é necessário verter um olhar atento para os equipamentos e tecnologias inovadoras que são desenvolvidas nesse Instituto, com o intuito de repassar para a sociedade todo o conhecimento. Para Vanderlei Bagnato “existe ciência excelente, que é aquela que avança o conhecimento, e existe a ciência relevante, que é aquela que resolve problemas”, confirmando que em seu Instituto se procura combinar as duas. Fazer o melhor que se pode, atingindo o maior avanço do conhecimento, mas em todas as oportunidades levar esse conhecimento com o intuito de resolver algum problema que atinja a sociedade e essa é a relevância, segundo o cientista. Para ele, não adianta um cientista tentar resolver um problema, como é o caso do câncer, se não é apresentada uma solução. “As evidências de que se pode chegar a uma solução para isso é um primeiro passo, mas quando existe apenas um degrau não podemos subir uma escada. Então, procuramos, sim, fazer um trajeto, fazer realmente uma pesquisa que prove o princípio, que seja possível chegar lá e que mostre como é possível fazer um protótipo que quase chegue ao formato de um produto. Nós não fazemos produtos, já que para chegar a esse ponto nós contamos com parcerias com empresas e é bom salientar que nos nossos laboratórios já nasceram mais de quarenta empresas, muitas delas desconhecidas do público e que estão aí fornecendo equipamentos de toda a natureza que nasceram nos laboratórios de pesquisa. Então, entregamos um desenvolvimento na ponta para que as empresas possam – aí sim – transformá-lo em um produto que tenha alguns requisitos extras e entregá-lo para a sociedade”, pontua Bagnato.

De fato, o IFSC/USP tem uma preocupação muito grande e ela não é só resolver um problema: é resolver um problema dentro da realidade econômica do Brasil, já que não adianta fazer uma tecnologia que seja cada vez mais cara para quem necessite dela, sendo que essa realidade econômica é parte da solução dos problemas.

Tratamento do câncer de pele não-melanoma: A primeira tecnologia desenvolvida em uma universidade pública chegando ao SUS

A descoberta e aplicação de um novo protocolo para o tratamento do câncer de pele não-melanoma, já aprovado e prestes a ser introduzido no Sistema Único de Saúde (SUS), foi uma grande vitória para os pesquisadores do IFSC/USP, até porque esse trabalho constituiu a primeira tecnologia desenvolvida por uma universidade que efetivamente chegou a esse patamar. No Brasil, continuam a surgir anualmente várias centenas de milhares de novos casos desse tipo de câncer e o sistema não dá conta de dar uma resposta eficaz a todos eles, pois está congestionado, sendo que, se existirem técnicas rápidas alternativas às cirurgias pode-se chegar a um índice alto no tratamento da doença, “desafogando” o pessoal médico para outras situações clínicas.

Levar a ciência brasileira para fora do país

O pioneirismo científico do IFSC/USP quebrou recentemente um outro paradigma ao levar para o exterior suas experiências, pela mão de Vanderlei Bagnato, que foi convidado por uma universidade do estado norte-americano do Texas a montar um laboratório, uma espécie de filial do seu grupo de pesquisa que se encontra instalado no Instituto. Para o cientista são-carlense, a ciência brasileira é relevante e ela tem que ir para todo lugar. Para ele, a ciência não tem predominância local, já que raramente ela resolve um problema de uma comunidade.

Campus da Texas A&M University (USA)

“A ciência resolve problemas globais e todo mundo tem os mesmos problemas. Até em países como os Estados Unidos existem comunidades carentes que estão com complicações relativas ao câncer de pele e lá não existe SUS, ou seja, as pessoas têm que pagar para serem atendidas. Então, fazer ciência que extrapole as fronteiras é um dever. Nós somos cientistas da Humanidade, não somos cientistas de um país ou de uma cidade”, destaca Bagnato.

Para Bagnato, existe a necessidade de o cientista ser humilde sobre aquilo que fala e em tudo aquilo que faz: contudo, não pode ser humilde nas suas pretensões desde que elas sejam legítimas. Para ele, o que se pretende é realmente desenvolver coisas que sirvam o mundo, independente dos prêmios e homenagens que são atribuídas. “Sermos homenageados pela relevância da ciência que fazemos ou pela transformação da ciência básica em bem-estar para a sociedade é um orgulho. É claro que nunca merecemos os prêmios que nos dão, por isso sou uma pessoa que me posiciono ao contrário do que seria de esperar, já que eu não me acomodo com prêmios. Eu fico incomodado é com o prêmio que ainda não dei às pessoas, ou seja, um retorno daquilo que elas ainda estão esperando de mim”, destaca o Prof. Bagnato.

Como já salientamos acima, o cientista está criando no Texas um laboratório associado, uma espécie de filial de seu grupo de pesquisa no Instituto de Física de São Carlos, na USP de São Carlos, que servirá como uma espécie de ponte para que qualquer pesquisa, tanto proposta pelo Texas como pelo Brasil, possa ser realizada nos laboratórios do IFSC/USP quanto nos laboratórios do Texas, atendendo a que ambos os países estão determinados a financiar ciência relevante. “A nossa chance de nos encaixarmos no mundo, no primeiro time científico, não é combatendo a Rússia ou a China, nem os Estados Unidos ou a Europa, mas sim estando do lado de todos eles, nos associando com eles em pé de igualdade. É isso que eu acho. Então eu quero um laboratório que seja comum. Isso é o que eu chamo de um centro associado. O meu centro, aqui em São Carlos, vai ter o nome do Texas e o centro do Texas vai ter o nosso nome”, sublinha Bagnato.

Ciência versus religião

Vanderlei Salvador Bagnato foi eleito no ano de 2012 pelo Papa Bento como membro da Pontíficia Academia de Ciências do Vaticano e o cientista soube dessa nomeação através de uma notícia transmitida pelo JN da “Globo”. “Eu tinha recebido a carta de nomeação alguns dias antes, mas não consegui dar a atenção necessária. Assinada pelo Papa Bento, eu pensei que aquela carta era um anúncio ou algo parecido e foi com espanto que ouvi meu nome na televisão. Eu sou uma pessoa cristã e para mim isso é importante, embora o fundamental seja falar sobre ciência com os cerca de oitenta cientistas, sendo que mais de quarenta foram já distinguidos com o Prêmio Nobel. É um lugar privilegiado para estar, para eu aprender e, quem sabe, até ensinar um pouco. Diz-se que ninguém sabe tão pouco que não possa ensinar, e nem sabe tudo que não possa aprender. Então, eu estou fazendo os dois e isso para mim é um orgulho”, destaca o cientista.

Vaticano – Encontro entre o Prof. Vanderlei Bagnato e o Papa Francisco (Créditos: Vaticano News)

Para Vanderlei Bagnato, as pessoas têm que entender que a religião trata do espírito e a ciência trata de conseguir explicar a natureza, entender as leis básicas, constituir uma forma de interagir com a natureza, sempre construtivamente, em benefício dela. Para o cientista são-carlense não existe nenhuma contradição entre uma coisa e outra. “Eu sempre digo que não vejo nada no cristianismo que torne alguém pior. Ser solidário, tentar ir além com o seu conhecimento, tentar reconhecer o que você tem, dividindo, isso não parecem ser conceitos errados, mas sim construtivos, através de um compromisso com a verdade – e eu tenho isso em mim. Eu acho que todo cientista deveria ser um bom religioso – seja qual for a religião -, porque só faz sentido se o seu compromisso for com a verdade”, afirma o cientista.

Inspiração para os mais jovens

Vanderlei Bagnato considera que é necessário incentivar os mais jovens a seguirem a carreira da ciência, pois ela impele a querer levantar cedo e a encarar o mundo para se poder vencer sempre uma etapa em cada dia. E é nesse trabalho, nessa aposta, que reside o fato de a ciência ser um bem da humanidade, já que o conhecimento é de todos. “Eu costumo dizer uma frase – que não é da minha autoria: nós temos tempo para amar, temos tempo para perdoar, tempo para pesquisar, tempo para escrever artigos científicos e orientar alunos: nós temos tempo para tudo, só não temos tempo a perder. E, o que me motiva é o fato de que eu não posso deixar de ser útil durante a minha vida. Não posso!… E isso é o que tem que motivar qualquer cidadão. Não importa o que você faça. Eu sou cientista, escolhi este caminho!… Então, eu não posso deixar de ser útil. Eu não canso de ser útil. Essa é a minha motivação…”, conclui Bagnato, verdadeiramente emocionado.

Rui Sintra & Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de setembro de 2024

“Série Concertos USP” – “206º Concerto da USP Filarmônica” – 25 de setembro

Dia 25 de setembro, às 20h00, o Saguão do Teatro (Centro de Convenções) da Área-2 do Campus USP de São Carlos recebe mais uma edição da “Série Concertos USP” com o “206º Concerto da USP Filarmônica”, contando com a participação do solista, o saxofonista Samuel Pompeo.

Sob a regência do Maestro Prof. José Gustavo Julião de Camargo, serão interpretadas as obras dos seguintes autores:

 

José Gustavo Julião de Camargo (Vista Alegre do Alto, 1961)

– Na Esquina, Outono Dança Folhas

Concerto para Saxofones e Orquestra

 

Samuel Pompeo (Americana, 1972)

Dodecafonando

Arranjo de Maurício Laws de Souza e Samuel Pompeo para saxofone e orquestra

– Rio Acima

Arranjo de Rafael Piccolotto de Lima para saxofone e orquestra

– Choro Pro Meu Veínho

Arranjo de Dino Barioni para saxofone e orquestra

 

Alfredo da Rocha Vianna Filho ( Pixinguinha)

(*Rio de Janeiro, 1897 + Rio de Janeiro, 1973)

– Naquele Tempo

Arranjo de Maurício Laws de Souza e Samuel Pompeo para saxofone e orquestra

Samuel Pompeo

Domingos Pecci

(*Santos, 1898 +Santos 1976)

– De Cachimbo

Arranjo de Paulo Malheiros para saxofone e orquestra

 

Com entradas livres e gratuitas, este concerto insere-se nas comemorações do 30º aniversário do IFSC/USP, contando com os apoios da USP, Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Centro Cultural da USP São Carlos, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP-USP), Núcleo de Pesquisa, Ciências da Performance e Música (FFCLRP-USP), Grupo Coordenador das Atividades de Cultura e Extensão do Campus USP de São Carlos (GCACEX) e USP Filarmônica.

Os convites para este concerto estarão sendo distribuídos nos dias 23 e 24 de setembro, na Assessoria de Comunicação do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) – Área 1  do Campus USP de São Carlos -, entre as 08h00/11h00 e 14h00/17h30, e no próprio dia do concerto (25/09), a partir das 18h30 na entrada para o Saguão do Teatro (Centro de Convenções) – Área-2 do Campus USP de São Carlos, com entrada pela Avª. José Antônio Santilli, 1050, Bela Vista São-Carlense.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

23 de setembro de 2024

Projeto pedagógico desperta o interesse das crianças pela investigação científica – Creche e Pré-Escola São Carlos – Campus USP São Carlos

A iniciativa levada a cabo pela Creche e Pré-Escola São Carlos, localizada no Campus USP de São Carlos em maio do corrente ano, levou este estabelecimento de ensino a promover uma interessante ação pedagógica junto das crianças, tendo como objetivo sensibilizá-las para o combate dos criadouros do mosquito da dengue, conforme reportagem publicada no portal da USP de São Carlos (VER AQUI). Contudo, a importância dessa ação vai além do tema proposto e do seu enquadramento geral, sendo por isso considerada uma das formas eficazes para despertar o interesse das crianças em idade pré-escolar pela investigação científica.

Criando alfabetização e letramento científico

Com efeito, a ação acima citada reflete um trabalho que está sendo realizado desde o ano de 2018, através de uma parceria estabelecida entre o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), a Prefeitura do Campus USP de São Carlos e a Creche e Pré-Escola do Campus, exatamente com o foco de desenvolver atividades relativas às ciências da natureza com as crianças em ambiente pré-escolar.

Desde então, estão sendo envolvidos neste projeto estudantes de graduação do campus, especialmente os vinculados às licenciaturas, incluindo os alunos do Curso Interunidades de Ciências Exatas do IFSC/IQSC/ICMC da USP. Neste projeto amplo, o Educador Prof. Dr. Herbert Alexandre João (IFSC/USP) explica que os trabalhos se iniciam primeiramente investigando o ambiente da pré-escola, para depois se realizar o planejamento, a produção e a testagem de materiais que são empregados nessa ação, como, por exemplo, os brinquedos científicos ou ações educativas que envolvem ciência, bem como o conteúdo das histórias infantis que envolvem a linguagem científica, tudo isso para promover o interesse das crianças pela investigação científica de uma forma simples – a brincar.

Prof. Dr. Herbert Alexandre João

“Essa parceria com a Creche da USP São Carlos, é extraordinariamente produtiva porque a metodologia utilizada baseia-se no desenvolvimento de atividades pedagógicas que são sempre pautadas no interesse das crianças. E, partindo desse pressuposto e observando os interesses dessas crianças, nós começamos a contribuir com a creche, produzindo os materiais e atividades pedagógicas que pudessem contribuir para que elas ficassem imersas nesse mundo da ciência, utilizando, desde a primeira infância, uma linguagem científica que evite analogias muito pobres ou incorretas, buscando criar e fazer essa alfabetização e letramento científico, o brincar e o explicar”, pontua Herbert João.

Entre as inúmeras atividades desenvolvidas, contam-se demonstrações experimentais na área de eletrostática, partindo do interesse das crianças – por exemplo, de onde vem os raios e os trovões a chuva -, ou atividades na área de óptica, com a construção de câmaras escuras. “Outras atividades incluem a observação e investigação de diferentes folhas de árvores e plantas com a finalidade de compreender a diferença entre as espécies, ou, ainda, observar o céu para compreender o movimento do sol, levando em consideração os tópicos de astronomia, mas sempre tendo em consideração que o objetivo principal é que as crianças tenham contato com a ciência a partir do brincar. Essa é a proposta da creche e que respeitamos, a intencionalidade pedagógica respeita o direito de brincar, não existe uma proposta de ensino no modelo verticalizado tradicional, como temos no ensino fundamental e médio” explica Herbert.

Investigação científica nos primeiros anos de alfabetização

Seguindo essa proposta da creche, o projeto trouxe isso para as Ciências da Natureza, essa forma de cooperação, de ensino e de aproximação com as crianças da Creche e Pré-Escola, que faz com que o professor proponha e realize essas ações dentro de um modelo horizontalizado, onde as crianças criam interesse, bastando ao professor observar esse interesse, planejar e aplicar as propostas e, a partir do sucesso – ou dos possíveis ajustes -, desenvolver os materiais que, hoje, constituem um banco que reúne um conjunto de ferramentas extremamente úteis para a formação continuada de professores, especialmente os da educação infantil, creche e pré-escola.

Crianças conscientes de sua ação

Atualmente, o projeto proposto e liderado pelo Prof. Dr. Herbert João, que igualmente é orientador dos bolsistas, conta com o apoio da Prefeitura do Campus, do IFSC/USP e da Creche, através das participações do atual prefeito do campus, Prof. Dr. Luís Fernando Costa Alberto e pelo Prof. Dr. Marcelo Alves Barros (IFSC/USP) – responsáveis pelos projetos PUB; a bolsista do projeto, Paloma Emanuele dos Santos Sobrinho (Estudante de Graduação em Química no Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP); Liliane Terra Pereira Araújo (Supervisora Técnica do Serviço de Creche e Pré-Escola), além de outros membros da equipe pedagógica e técnicos da creche.

Atividades realizadas em 2024

Com muito sucesso ao longo dos anos, este projeto continua o seu caminho e os resultados obtidos neste ano de 2024 refletem o êxito. Nesse sentido, a equipe produziu histórias em quadrinhos e atividades pedagógicas, tendo dado suporte também em atividades que foram solicitadas pelas professoras da Creche. Os destaques no decurso deste ano foram muitos, como, por exemplo, como é formado o corpo humano, como se faz o tratamento das águas e os cuidados que se deve ter com a água no planeta Terra. Mas, talvez, o principal destaque dentre todos tenha sido a visita monitorada que foi feita ao laboratório de ensino de biologia do Instituto de Física de São Carlos, (LEF-IFSC/USP), cujo foco foi explicar às crianças como são desenvolvidas as pesquisas relacionadas à dengue, tendo em consideração que a doença se manifesta, atualmente, de forma muito intensa no Estado de São Paulo, principalmente em São Carlos e em cidades da região. Esta atividade, iniciativa da Profª Margarete Marchetti (Creche e Pré-Escola São Carlos e idealizadora da atividade “Investigando o ciclo do mosquito da dengue”), teve o intuito de engajar as crianças para que elas contribuíssem no combate à disseminação da doença da dengue a partir da eliminação das larvas do mosquito transmissor, e o resultado foi muito expressivo, conforme sublinha o Prof. Herbert João. “As crianças produziram diversos materiais, inclusive – e especialmente – um cartaz que foi colado em diversas unidades do Campus, uma ação que, para mim, é muito relevante, pois essas crianças protagonizaram a ação, propiciando que internalizassem os conceitos e, claro, acabam reproduzindo isso em casa com os familiares, contribuindo para que se reforce o combate a essa doença”, pontua Herbert João.

Percorrendo o campus para conscientizar a comunidade

 

Distribuição dos cartazes dentro dos departamentos e laboratórios do IFSC/USP

A importância da investigação científica nos primeiros anos de alfabetização e o papel do professor

Iniciar a investigação científica nos primeiros anos de alfabetização é crucial e os professores têm um papel fundamental nessa ação, já que introduzir esse tema desde cedo ajuda as crianças a desenvolverem habilidades de pensamento crítico. Elas aprendem a questionar, observar, experimentar e refletir sobre o mundo ao seu redor, o que fortalece a capacidade de análise e resolução de problemas. Sendo naturalmente curiosas, a investigação científica alimenta essa curiosidade nas crianças, encorajando-as a explorar e buscar respostas por conta própria. Com o trabalho dos professores, isso pode promover um interesse duradouro por aprender e descobrir.

O cartaz produzido e distribuído pelas crianças

Por outro lado, a prática de investigar cientificamente permite que as crianças construam uma base sólida para o entendimento de conceitos mais complexos no futuro. Ao entenderem os processos básicos de causa e efeito, observação e experimentação, elas estão mais bem preparadas para os desafios acadêmicos que surgirão ao longo de sua vida. A integração multidisciplinar e a promoção de autoconfiança são também dois fatores que deverão ser levados em linha de conta. Nesse sentido, a investigação científica levada até às crianças nas primeiras fases da educação não se limita apenas às ciências naturais, já que ela integra também a matemática, a linguagem e até mesmo as artes, promovendo uma aprendizagem mais holística e conectada. Os professores têm, em todo este processo, uma importância vital, já que quando as crianças participam de atividades de investigação científica, elas têm a oportunidade de fazer descobertas por si mesmas, o que pode aumentar sua autoconfiança e o senso de realização. Por último – e não menos importante -, quando os professores levam até às crianças os primeiros conceitos de investigação científica, eles acabam por ensinar também um conjunto de valores essenciais, como a importância da evidência, o respeito pelas diferentes opiniões baseadas em dados e o papel da ciência na sociedade, tudo isso contribuindo para a formação de cidadãos mais conscientes e informados. Incorporar essas práticas no início da alfabetização, tendo como exemplo o projeto desenvolvido na Creche e Pré-Escola de São Carlos – Campus USP, pode influenciar positivamente o desenvolvimento intelectual e social das crianças, preparando-as para serem pensadores críticos e solucionadores de problemas no futuro.

Rui Sintra / Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

19 de setembro de 2024

Vaga no projeto IFSC/USP – “Cherenkov Telescope Array: construção e primeiras descobertas”

Liderado pelo Grupo de Física de Astropartículas do IFSC-USP, o projeto “Cherenkov Telescope Array: construção e primeiras descobertas” está com uma vaga disponível de treinamento técnico nível cinco (TT-5), com bolsa da FAPESP, sendo que o prazo de inscrição termina no dia 30 de setembro.

Esta vaga está dedicada a candidatos com bacharelado em engenharia, física, astronomia ou áreas afins, que tenham pelo menos cinco anos de experiência profissional ou com doutorado completo, possuindo proficiência em softwares e redes de computadores, com bom domínio do idioma inglês.

O trabalho do bolsista compreenderá sua participação na tão aguardada construção do “Observatório Cherenkov Telescope Array”, através do desenvolvimento de estruturas mecânicas para os telescópios e do comissionamento dos primeiros telescópios já instalados na ilha de La Palma, no arquipélago das Ilhas Canárias (Espanha).

O valor da Bolsa TT-5 é de R$ 9.320,00 mensais, sendo essa voltada para profissionais graduados, com pelo menos cinco anos de experiência após a graduação ou título de doutorado (preferível doutor em computação), com dedicação de quarenta horas semanais às atividades de apoio ao projeto de pesquisa.

Para conferir esta oportunidade, se atente às informações disponibilizadas pela FAPESP (AQUI).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

13 de setembro de 2024

Atualização da produção científica do IFSC/USP em agosto de 2024

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica cadastradas no mês de  agosto  de 2024, clique AQUI, ou acesse o Repositório de Produção, USP (AQUI).

As atualizações também podem ser conferidas no Totem “Conecta Biblio”, em frente à Biblioteca.

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente, por pesquisador do IFSC, no periódico “Nature Communications” (VER AQUI).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

11 de setembro de 2024

Inscrições abertas para o “Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher” (SBPC)

Estão abertas até dia 31 de outubro do corrente ano as inscrições para a 6ª edição do Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher”, uma iniciativa da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Este prêmio mantém os mesmos objetivos das edições anteriores, ou seja, reconhecer jovens talentosas cujas pesquisas de iniciação científica demonstrem criatividade, rigor metodológico e potencial para contribuir com o futuro da ciência no país, sendo que a edição deste ano é dedicada a estudantes do ensino médio e de nível superior que tenham a intenção de seguir a carreira científica.

As interessadas em participar deste prêmio – cujas indicações deverão ser feitas por seus professores, orientadores, coordenadores de escola ou organizadores de olimpíadas e feiras científicas nacionais – deverão se inscrever no formulário online disponibilizado para o efeito (AQUI), devendo, contudo, consultar todas as informações que se encontram disponíveis no edital do prêmio (VER AQUI).

A organização deste prêmio selecionará seis vencedoras – três alunas do ensino médio e outras três do ensino superior -, sendo que as alunas do ensino superior poderão escolher qual a área onde pretendem competir – Exatas e Ciências da Terra, Humanidades, Biológicas e Saúde, e Engenharias.

As vencedoras serão conhecidas no dia 20 de janeiro do próximo ano, sendo que a cerimônia de premiação acontecerá no dia 11 de fevereiro, data em que é comemorado o “Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência”.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de setembro de 2024

Empresa de tecnologia americana – “Turing” – com vagas abertas para estudantes e pesquisadores

A “Turing” (VER AQUI), empresa de tecnologia americana sediada em Palo Alto (CA/USA), está recrutando estudantes em formação, pesquisadores e/ou profissionais já formados para trabalharem em projetos de inteligência artificial, principalmente na área de Física, para trabalho totalmente remoto.

A “Turing” tem como missão ajudar empresas a alavancar seus processos, aprimorar e treinar grandes modelos de linguagem, e entregar uma ampla gama de projetos tecnológicos.

As inscrições para a candidatura às vagas disponíveis deverão ser formalizadas no respectivo formulário (VER AQUI).

Confira os requisitos para as candidaturas das vagas relativas à área de Física (AQUI).

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de setembro de 2024

Físicos têm um enorme mercado de trabalho à sua disposição

“Os alunos devem se aventurar para descobrirem novas fronteiras”

Docente aposentado do IFSC/USP apela para que alunos de graduação se aventurem por novos caminhos.

A palestra proferida pelo Prof. Sylvio Goulart Rosa, Diretor Presidente da Fundação Parque Tecnológico de São Carlos (ParqTec), no dia 23 de agosto do corrente ano, no âmbito da apresentação intitulada “Geradores de conhecimento, poder e riqueza”, integrada na Disciplina de Direcionamento Acadêmico, foi um enorme exercício de conscientização dirigido aos alunos de graduação do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), alertando-os para o fato de que existe um enorme mercado de trabalho disponível para eles, e não apenas a expectativa única de virarem professores universitários. Enfaticamente, a apresentação de Sylvio Goulart Rosa teve a particularidade de despertar consciências e de estimular os alunos a fazerem muito mais coisas rumo a expectativas profissionais que talvez eles ainda não tenham vislumbrado.

Atuando há cerca de vinte e sete anos nas áreas de empreendedorismo, inovação, transferência de tecnologia e desenvolvimento regional, o Prof. Sylvio Goulart Rosa carrega em seu vasto curriculum vitae uma das missões que, segundo ele, mais prazer desempenhou: docente no antigo Instituto de Física e Química de São Carlos (IFQSC), instituição que viria a se desmembrar nas atuais e prestigiadas unidades da USP – Instituto de Física e Instituto de Química de São Carlos. Para ele, se um ex-aluno falar para alguém que foi formado pela USP, as portas do mercado automaticamente se escancaram. “Essa particularidade, esse prestígio que existe não só na USP como nas melhores universidades do mundo, facilita enormemente os resultados de uma entrevista de emprego, no início da carreira de um aluno de física, principalmente no momento atual em que o mercado se dilatou. Há alguns anos atrás, quando a rede de universidades federais no Brasil estava crescendo, havia uma demanda muito grande por físicos, principalmente para serem professores universitários. Agora, esse crescimento abrandou muito e a taxa de reposição desses profissionais é muito baixa e lenta, embora continuem a ser formados contingentes de físicos no país”, pondera o Prof. Sílvio Goulart Rosa. Para o docente, o mercado de trabalho, como se apresenta atualmente, retirou a quase obrigatoriedade que os físicos tinham em desenvolver unicamente suas atividades dando aulas. “Agora, o físico pode trabalhar onde quiser, inclusive nas áreas industrial e financeira, só para dar dois exemplos, ou criar sua própria empresa, já que ele pode beneficiar de inúmeros apoios e financiamentos com riscos mínimos – SEBRAE, FAPESP, CNPq e FINEP, entre outros agentes”, pontua o professor.

Aluno tem que ser “egoísta” – Ciência é um instrumento de poder

Para Sylvio Goulart Rosa, o aluno de física tem que ser “egoísta”, tem que querer o melhor de tudo para ele mesmo, para que possa desbravar horizontes. Para o docente, por vezes um aluno passa por um laboratório e não conversa com o professor, fica intimidado pela situação, não tem a coragem de se aproximar, de dialogar, tirar dúvidas. “Os alunos têm que ser mais agressivos, mais atrevidos, mais curiosos, sendo que é obrigação do professor acatar e educar a curiosidade desses alunos e não ter qualquer medo de investir neles – muito pelo contrário. É bom convidar o professor para beber uma cerveja ou um café e trocar opiniões com ele fora da sala de aula, porque dessa forma fica feito um vínculo de relacionamento diferente, mais próximo, mais salutar, mais descontraído”, sublinha o professor, acrescentando que tudo isso orbita no fato de se poder exercer a ciência de uma forma aberta, desinibida, até porque essa ciência é um instrumento de poder e de riqueza, que caracteriza a própria história da humanidade.

Prof. Sylvio Goulart Rosa sempre a instigar os alunos durante sua palestra

O Prof. Sylvio Goulart Rosa enfatiza que o conhecimento começou com os sábios, sublinhando o exemplo de Portugal e de sua epopeia marítima. “Poder e riqueza! Veja o que aconteceu com Portugal, que criou e desenvolveu a arte das ciências náuticas, a formação de cartógrafos, marinheiros e pilotos, tudo isso ministrado na Escola de Sagres, um importante centro de estudos de navegação e cartografia localizado na região do Algarve, em Portugal, durante o século XV. Foi fundada pelo Infante Dom Henrique, conhecido como “O Navegador”, e teve como objetivo principal o desenvolvimento de técnicas de navegação, aprimoramento de embarcações e estudos astronômicos. A Escola de Sagres desempenhou um papel crucial no período das Grandes Navegações, contribuindo para a expansão marítima portuguesa, para o desenvolvimento do comércio e de descobertas de novas terras”, pontua o professor, salientando o fato de a ciência continuar a avançar muito rapidamente.  Dos descobrimentos marítimos à inteligência artificial (IA) foi um “pequeno salto” e o Prof. Sylvio Goulart afirma que os avanços não param. “Por exemplo, reparem que vocês já vestem tecnologia: é a invenção das roupas inteligentes, dos óculos inteligentes, dos sapatos que geram energia. Estamos vivenciando uma era de mudanças muito rápidas e se vocês não participarem nesta geração de conhecimento serão apenas meros consumidores”, enfatiza o docente.

O IFSC e o ParqTec como exemplos

Para o Prof. Sylvio Goulart Rosa, o Brasil tem um poder científico extraordinário, sendo que o exemplo de primeira linha é a ciência aplicada no agronegócio, com a EMBRAPA a marcar a cadência e a aumentar o nível competitivo com o resto do mundo. “A par com a EMBRAPA se posicionam outras instituições científicas de prestígio, entre elas o IFSC/USP, com novos desenhos de fármacos, vacinas, medicação, combate a diversos tipos de câncer e o desenvolvimento de fármacos personalizados. O Brasil é um “monstro” entre os seus pares no mundo inteiro e o Instituto de Física de São Carlos e a Universidade de São Paulo são os maiores exemplos disso”, argumenta o docente.

Considerando que nos últimos setenta anos foram investidos no IFSC/USP muitos recursos estaduais e federais, Sylvio Goulart Rosa recorda que tudo começou com a criação da Escola de Engenharia de São Carlos. “Foi montada, ao longo dos anos, uma superestrutura de ciência e tecnologia. Laboratórios, programas de graduação e de pós-graduação, colaborações internacionais, o despontar de pesquisas de qualidade, de prestígio e a formação de cientistas de prestígio mundial. Então, o IFSC/USP foi se armando e agora começa a dar os frutos. Foram investimentos feitos em pessoas e em educação de qualidade desde a base. E, toda essa riqueza tem que ser empregada para resgatar a periferia, puxá-la para dentro, tornar a sociedade mais simétrica: essa é a nova riqueza – a inovação tecnológica que geramos. As características e potencialidades científicas e tecnológicas da cidade de São Carlos já estão sendo copiadas por outras instituições, em outros locais, tendo em consideração que o ParqTec é o grande laboratório mestre. E é ele que dá o exemplo de como se devem criar interfaces entre a academia e o mercado, oferecendo a oportunidade aos jovens que se formam em física de poderem vir a ser empresários, serem donos de seu próprio negócio, de ultrapassarem fronteiras e aplicarem todo o seu conhecimento científico ao serviço de sua cidade, de seu estado e de seu país”, finaliza o docente.

(Fotos: Brás José Muniz / Anderson Muniz)

Rui Sintra & Adão Geraldo – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

3 de setembro de 2024

“Prêmio CAPES de Tese – 2024” é conquistado por Gabriela Dias Noske, aluna do Programa de Pós-Graduação do IFSC/USP

Gabriela Dias Noske, aluna do Programa de Pós-Graduação do IFSC/USP, conquistou no último dia 27 do corrente mês o “Prêmio CAPES de Tese”, na 19ª edição deste prêmio relativo ao ano de 2024, na área de “Astronomia e Física”.

A tese de Gabriela Noske foi subordinada ao tema “Caracterização estrutural e busca por inibidores das proteases dos vírus emergentes: Vírus da Febre Amarela e SARS-CoV-2”, tendo como orientador o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Glaucius Oliva.

Gabriela Dias Noske possui graduação em Ciências Físicas e Biomoleculares pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), durante o qual fez iniciação científica na área de cristalografia, com enfoque no estudo estrutural e funcional da protease de febre amarela.

É Doutora pelo IFSC/USP, onde desenvolveu projeto de pesquisa em cristalografia e crio-microscopia eletrônica, com enfoque na descoberta e desenvolvimento de fármacos para a febre amarela baseados na estrutura do complexo NS2B-NS3 protease, sob orientação do Prof. Dr. Glaucius Oliva.

A premiada fez parte do projeto colaborativo, também sob supervisão do Prof. Dr. Glaucius Oliva, que teve como objetivo a descoberta e desenvolvimento de candidatos antivirais contra o SARS-CoV-2, baseado nas suas proteínas não estruturais, particularmente tendo como alvo as proteases virais.

Entre 2022-2023, realizou estágio de pesquisa no exterior (BEPE-FAPESP) no Centre for Structural System Biology (Desy, Hamburgo, Alemanha) onde trabalhou com as técnicas de crio-microscopia eletrônica e crio-tomografia (cryo-EM e cryo-ET), sob orientação do prof. Dr. Kay Grünewald. Atualmente trabalha como pesquisadora em crio-microscopia eletrônica, no Laboratório Nacional de Nanotecnologia, Centro Nacional para Pesquisa em Energia e Materiais (LNNao/CNPEM) (Fonte: Currículo Lattes).

Recordamos que o Prêmio CAPES de Tese – 2024” é considerado o Óscar da Ciência Brasileira, reconhecendo os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos no Brasil em 2023.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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