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3 de fevereiro de 2012

Pesquisadores internacionais falam sobre a ciência no Brasil e vislumbram parcerias

Durante as duas últimas semanas, o IFSC sediou a 13ª edição da Escola de Verão José Swieca de Ótica Quântica e Ótica Não Linear, recebendo cerca de vinte pesquisadores de várias partes do mundo para integrar sua programação que envolveu mini-cursos, seminários e aulas experimentais. Os participantes inscritos, que ultrapassaram uma centena, tiveram a oportunidade de aprofundar seus conhecimentos nas áreas em questão através do contato com pesquisadores de instituições renomadas internacionalmente, como a Harvard University (EUA), o Georgia Institute of Technology (EUA), Max Planck Society (Alemanha), National Institute of Standards and Technology (EUA), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a própria Universidade de São Paulo (USP).

Na manhã de sexta-feira (3), a programação foi encerrada de uma maneira bastante caseira e local, com a apresentação de dois seminários ministrados por docentes do próprio IFSC: Paulo Barbeitas Miranda, do Grupo de Polímeros, e Phillipe W. Corteille, do Grupo de Fotônica.

Internacional

Entre os convidados internacionais da Escola de Verão, estavam alguns pesquisadores que já têm, há alguns anos, um vínculo especial com o IFSC, como os estadunidenses, Paul Lett e Eric Mazur, pesquisadores do NIST e da Universidade de Harvard, respectivamente. Ambos têm relações profissionais e pessoais com pesquisadores de São Carlos, mais especificamente no que diz respeito ao intercâmbio de alunos de pós-graduação, que são enviados pelos seus orientadores para desenvolver pesquisas nos laboratórios internacionais. Eles relataram a experiência do contato científico com brasileiros e suas impressões sobre o IFSC.

Segundo Paul Lett, a ideia das Escolas de Verão não é uma tendência nos EUA, especialmente no tipo de instituição em que ele trabalha – um laboratório federal de pesquisa –, onde não há muitos estudantes, de fato. “Normalmente nós temos um tipo de curso voltado para pesquisadores teóricos ao invés de estudantes, algo mais específico e avançado, desenvolvido por institutos especializados em ensino”, conta ele, afirmando que as únicas escolas das quais participou foram sediadas no Brasil ou na Europa. “Mas certamente é uma ótima oportunidade para os estudantes e para o resto de nós, para que possamos conversar e trocar ideias sobre nossas pesquisas recentes, e este é o protocolo do avanço”, completa.

E, neste sentido, os pesquisadores concordam. Ambos afirmaram estar impressionados, principalmente Eric Mazur, que costuma viajar ao redor do mundo a trabalho, o que lhe oferece uma boa panorâmica do desenvolvimento global da ciência e da academia. E, segundo ele, que o Brasil está no topo. “Se você viaja pela América Latina, você vê que a maioria dos países não possuem doutores e, os países que os têm, como a Argentina, o Chile e a Colômbia, não têm, por outro lado, o nível de atividade de pesquisa que vemos por aqui”, explica ele.

Paul Lett, por sua vez, já esteve no Brasil, há aproximadamente uma década, e conta que o crescimento do Instituto durante este período é exemplar, o que ele acredita ser fruto do aumento que os investimentos em Física sofreram nos últimos cinco anos.

“A quantidade de equipamentos e atividades de pesquisa cresceu muito. Não vejo tanto as pessoas lutando em busca de dinheiro, o que torna as coisas mais possíveis e deixa as pessoas trabalharem sem grandes preocupações. Os pesquisadores estão mais ativos e mais envolvidos, e isso significa que os tipos de experimentos que podem ser desenvolvidos aqui já não são tão limitados. Logo, teremos mais competição”, brinca o pesquisador.

emazurEm concordância com o colega, Eric Mazur faz uma comparação do IFSC com sua própria instituição, a onipotente Harvard: “Pense nas dimensões desta instituição brasileira. Quero dizer, oitenta físicos? Em Harvard nós temos vinte e sete! E nem chegamos perto do número de conexões interdisciplinares, algo que me surpreendeu quando cheguei”, constata ele, assegurando sua ansiedade em conhecer os laboratórios e entender como estas conexões se dão na prática.

Colaborações

Quanto aos trabalhos de colaborações entre laboratórios, os norte-americanos dizem que pretendem dar prosseguimento às parcerias já existentes, especialmente ao sólido intercâmbio de alunos entre as instituições.

“Nós sempre ficamos muito satisfeitos com os pós-doutorandos que chegam até nós, pois eles vêm estudar por um curto prazo, e mesmo assim apresentam bons resultados”, confirma Lett.

Ele também conta que, atualmente, não há um contrato oficial de colaboração, no sentido de haver recursos financeiros liberados para o desenvolvimento de algum projeto científico, mas que a relação entre laboratórios será uma das prioridades nos próximos anos. “É certo que continuemos a receber os pós-docs daqui e muito provável que esta troca se intensifique em breve”, conta ele. Já Eric Mazur diz que, além de receber estudantes brasileiros da USP e de outras universidades, também tem a ambição de levar docentes do IFSC para uma temporada de trabalhos na Universidade de Harvard. “Meu primeiro contato daqui foi com o professor [Roberto Mendonça] Faria, e tivemos uma parceria muito produtiva por lá. Agora o plano é convencer o professor Cléber [Renato Mendonça], estou realmente interessado nisso e já pesquisei algumas maneiras de conseguir financiamento para isso”, revela.

plettNeste clima de grande disposição e dedicação, os pesquisadores deixam o Brasil com a certeza de que estarão a trabalhar em parcerias contínuas com o IFSC por um bom tempo. “Vamos nos ajudar como pudermos”, conclui Mazur e, sem destoar muito de seu colega, Lett finaliza: “Sei que vou embora com uma visão restrita pois conheço apenas uma pequena parte daquilo que realmente ocorre nessa Universidade, mas sei também que há um grande número de pessoas com quem eu poderia conversar e interagir profissionalmente, o que me dá a certeza de que voltarei em breve”.

 

 

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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