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2 de maio de 2019

Tadas Pyragious fala sobre “A Voigt Effect 3d Vector Magnetometer”

O Dr. Tadas Pyragious, estudante de doutorado da Universidade de Nottingham, atuando no Grupo de Matterwave and Quantum Optics, foi o palestrante convidado em mais um seminário do Grupo de Óptica do IFSC/USP realizado no dia 02 de maio, subordinado ao tema “A Voigt Effect 3d Vector Magnetometer”

O palestrante começou por demonstrar e sublinhar que o magnetismo desempenha um papel fundamental na natureza, existindo em quase todos os domínios concebíveis do mundo físico, desde as estrelas e planetas até nossos cérebros e corações.

Alguns fenômenos magnéticos são fáceis de observar e medir, enquanto outros são muito pequenos e sutis, tornando-se quase impossível detetá-los. A evolução da magnetometria de precisão, utilizando a natureza quântica dos átomos, permitiu o acesso à compreensão de sinais no cérebro e no coração, além de ampliar as fronteiras do conhecimento das forças fundamentais da natureza.

Nesta palestra, Tadas descreveu um método para detetar dispersivamente todos os três componentes do vetor de um campo magnético externo, usando átomos alcalinos cobertos de radiofrequência, com base no efeito Voigt.

Para conseguir isso, mediu-se a birrefringência linear do meio atômico em radiofrequência, via homodonização por polarização. Isto dá origem a sinais de polarização modulados na primeira e segunda harmônicas da frequência de dressagem. Os componentes vetoriais do campo magnético externo são mapeados nas quadraturas desses harmônicos. Esse esquema tem uma geometria de feixe de eixo único simples, tornando-se vantajoso para sensores de campo magnético em miniatura.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

30 de abril de 2019

Seminário na UFSCar apresenta o “Torneio Internacional dos Físicos”

No próximo dia 2 de maio,  quinta-feira,  às 16h30, na Sala de Seminários ”Swieca Nova” (UFSCar), o Programa de Pós-Graduação em Física daquela Universidade apresenta o oolóquio subordinado ao tema “O Torneio Internacional dos Físicos que será ministrado pelo Prof. Dr. Antonio Alvaro Ranha Neves, da Universidade Federal do ABC

Nos últimos anos, 18 equipes formadas por alunos de graduação e mestrado de várias universidades no mundo, competiram para discutir alguns dos 17 problemas em aberto. Os problemas foram e continuam, sendo complexos, envolvendo vários conceitos de física, sendo que a equipe precisou tentar solucioná-los através de experimentos e/ou simulações.

Esta atividade promove o conhecimento adquirido na graduação, além de trabalhar os “soft-skills” para a futura carreira de físicos.

O palestrante discutirá a experiência vivida com a equipe brasileira nos torneios de 2017 e 2018, além da primeira seletiva nacional promovida pela UFABC.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

30 de abril de 2019

Jovem cientista brasileira participa de primeira imagem de buraco negro

A pesquisadora brasileira Lia Medeiros, do Steward Observatory, da University of Arizona, nos E.U.A, participou da equipe do EHT (Event Horizon Telescope) que fez  a primeira imagem de um buraco negro situado na galáxia M87.

A entrevista que segue foi conduzida por José Clóvis de Medeiros, da Assessoria de Comunicação do Instituto de Física da USP (IFUSP)

Onde você nasceu? Onde estudou antes de ir para os E.U.A? Conte um pouco sobre sua família, que formação tem/tinham seus pais? Fale um pouco sobre sua origem, formação inicial, etc.

“(…) Eu nunca morei mais do que 4 anos em um mesmo lugar.”

Eu nasci no Rio de Janeiro, fui para a Inglaterra com 2 anos, voltei para o Rio com 5 anos, morei em São Carlos por 6 meses, e morei em Belo Horizonte entre os 06 e os 10 anos de idade. Fui para a Califórnia, nos E.U.A., com 10 anos e morei em 4 cidades diferentes na Califórnia durante 14 anos. Eu nunca morei mais do que 4 anos em um mesmo lugar.

Fiz graduação em Berkeley e estudei física e astrofísica. Fiz doutorado na Universidade da Califórnia em Santa Bárbara onde eu obtive uma bolsa da NSF (National Science Foundation). Com essa bolsa eu pude passar alguns anos em outras universidades durante meu doutorado. Nos E.U.A. doutorados em física/astrofísica duram de 5 a 6 anos e incluem também o mestrado. Passei os dois primeiros anos em Santa Bárbara; o terceiro, na Universidade do Arizona; o quarto, em Harvard, o quinto e o sexto anos, na Universidade do Arizona. A supervisora da minha tese é professora na Universidade do Arizona.

Meu pai é professor da USP, em São Carlos, e eu acho que a experiência de crescer perto de pesquisa teve um grande impacto em mim. Meu pai sempre incentivou minha curiosidade científica. Minha mãe fez faculdade em psicologia.

Como foi a decisão de estudar no exterior? Por que Física? O que a motivou a pesquisar o Cosmos?

“(…) Percebi desde pequena que a matemática era universal (…)”.

Para mim não foi uma escolha estudar no exterior. Eu já estava morando nos E.U.A. e era até mais fácil ir para uma universidade no mesmo sistema escolar e na mesma língua em que eu já estava estudando. Eu me mudei muito quando era pequena e troquei de língua entre o inglês e o português 3 vezes até os 10 anos. Percebi desde pequena que a matemática era universal, e se eu focasse na matemática isso seria útil em qualquer lugar.

Quando eu estudei Cálculo, Física e Astronomia ao mesmo tempo no ensino médio, eu fiquei maravilhada em descobrir como a matemática pode ser usada para explicar, e até fazer previsões sobre o universo. Buracos negros e a relatividade geral me fascinaram ainda mais, especialmente o fato de que velocidades altas e campos gravitacionais podem dilatar o tempo. Lembro-me de perguntar para um professor qual matéria que eu deveria cursar na universidade se eu quisesse estudar buracos negros e relatividade. Ele disse que física ou astrofísica seriam boas opções, então eu estudei as duas.

No contexto dos seus estudos/trabalho como você avalia a formação obtida no Brasil?

“(…) Só estudei no Brasil até os 10 anos, e quando cheguei nos E.U.A. estava bem avançada em comparação com meus colegas (…)”.

Isso é um pouco difícil de responder para mim porque eu não tenho um bom conhecimento sobre a formação obtida no Brasil. Só estudei no Brasil até os 10 anos, e quando cheguei nos E.U.A.  estava bem avançada em comparação com meus colegas, mas não sei como comparar o ensino superior que obtive nos E.U.A. com o ensino no Brasil.

Quais são os principais temas de pesquisas/estudos que você está realizando atualmente? Onde?

“(…) Já fiz mais de 12.000 simulações de buracos negros diferentes, e calculei o que o EHT (Event Horizon Telescope) iria ver se olhasse para um buraco negro como cada um destes (…)”

https://eventhorizontelescope.org/

Créditos: Lia Medeiros e E C. K. Chan – University of Arizona (USA)

Atualmente estou fazendo simulações de buracos negros que são diferentes do que esperamos baseado na teoria da relatividade geral. Estou usando teoria de perturbação para adicionar perturbações à geometria de Kerr (a solução das equações de Einstein que esperamos que descreva buracos negros reais). Já fiz mais de 12.000 simulações de buracos negros diferentes, e calculei o que o EHT (Event Horizon Telescope) iria ver se olhasse para um buraco negro como cada um destes. https://eventhorizontelescope.org/

Estou usando Análise de Componentes Principais (“Principal Components Analysis – (PCA)”), um algoritmo que determina uma autobase para uma base de dados. A autobase é escolhida de forma que o menor número de autovetores seja necessário para descrever grande parte da variabilidade que existe na base de dados original. Descobri que é possível reconstruir todas as 12.000 imagens de buracos negros diferentes usando apenas 4 ou 6 autovetores dependendo do nível de precisão necessário. Atualmente, eu estou pesquisando na Universidade do Arizona e esse projeto foi realizado aqui, mas vou começar um postdoc no Instituto de Estudos Avançados (Institute for Advanced Study – IAS), no primeiro dia de junho deste ano.     

Há colaboração entre a instituição em que está atuando e a USP? Se sim, por favor, descreva.

“(…) Eu acho que ser exposta à pesquisa desde criança (na USP) ajudou a despertar em mim a curiosidade científica.”

Acho que não, mas a USP teve um impacto significativo na minha vida, pois eu ficava muito tempo na USP quando visitava meu pai. Eu acho que ser exposta à pesquisa desde criança ajudou a despertar em mim a curiosidade científica.

Quais são os seus projetos para 2020? E na área em que você atua quais são as inovações que você consegue antever?

“(…) O foco principal da minha tese foi usar simulações de buracos negros e seus discos de acreção turbulentos para entender melhor como a variabilidade da fonte, que vem do fluxo de acreção turbulento, afetaria os observáveis do EHT (…)”

Foto: NASA

O EHT (Event Horizon Telescope) tem dois alvos principais, o buraco negro da galáxia M87 e o buraco negro no centro da nossa galáxia, Sgr A*. Até agora só divulgamos uma imagem do buraco negro em M87. Sgr A* é uma fonte significativamente mais difícil de imagear, já que é cerca de 1.000 vezes menor do que o buraco negro em M87. Como está também cerca de 1.000 vezes mais perto de nós, parece ser do mesmo tamanho no céu, mas o menor tamanho estabelece uma escala de tempo de Sgr A* 1.000 vezes menor que a de M87. Isso significa que a estrutura de emissão do Sgr A* pode mudar ao longo do tempo que se leva para obter a imagem, e esta variabilidade torna esse problema muito mais complexo. O foco principal da minha tese foi usar simulações de buracos negros e seus discos de acreção turbulentos para entender melhor como a variabilidade da fonte, que vem do fluxo de acreção turbulento, afetaria os observáveis do EHT. Mostrei que a variabilidade esperada afetaria significativamente nossa capacidade de criar uma imagem usando métodos convencionais e propus um novo algoritmo baseado na Análise de Componentes Principais para resolver esse problema. Atualmente estou trabalhando na finalização deste algoritmo e aplicando-o aos dados do Sgr A*. Espero poder reconstruir uma série temporal de imagens para o Sgr A*.

O número de telescópios envolvidos no projeto EHT já aumentou dos 8 telescópios que foram usados para fazer as observações de abril de 2017 que resultaram na imagem M87 publicada na semana passada. Hoje, 11 telescópios estão prontos para participar das próximas observações do EHT. Esperamos continuar a expandir este projeto e até mesmo consideramos a possibilidade de lançar uma antena no espaço para participar das observações do EHT.

Avaliando a sua experiência quais são as vantagens e desvantagens de trabalhar e realizar pesquisas no exterior?

“(…) Eu acho que a disponibilidade de financiamento científico para projetos dessa magnitude é uma vantagem significativa na realização de pesquisas científicas nos Estados Unidos.”

O EHT recebeu 28 milhões de dólares de financiamento ao longo de vários anos para tornar possível este recente resultado. Eu acho que a disponibilidade de financiamento científico para projetos dessa magnitude é uma vantagem significativa na realização de pesquisas científicas nos estados Unidos.

Pretende voltar e continuar a realizar suas pesquisas no Brasil? Se sim, por quê?

“(…) Eu tenho muito orgulho de ser brasileira (…)”.

Eu gosto muito do Brasil, me sinto mais em casa no Brasil do que nos E.U.A., e tenho muito orgulho de ser brasileira. Atualmente não tenho nenhum plano específico de voltar, mas já pensei muito sobre isso em várias etapas da minha vida. Eu já estou fora do Brasil há bastante tempo e, portanto, eu estou meio sem prática em português, o que dificulta um pouco voltar a fazer pesquisa no Brasil.

(Entrevista conduzida por José Clóvis de Medeiros – Instituto de Física da USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

30 de abril de 2019

Aula especial para ingressantes do Curso de Engenharia Aeronáutica

A chegada de novas alunas e novos alunos em nossas Unidades de Ensino e Pesquisa é sempre um momento muito especial para a Universidade de São Paulo. Após êxito no vestibular, elas e eles se apresentam aos cursos da USP com enorme orgulho e muita motivação, sendo responsabilidade dos docentes atuar de forma profissional, didática e acolhedora nas salas de aula, com destaque para as disciplinas que são oferecidas para outras Unidades. Este é o caso dos cursos de física oferecidos pelo IFSC/USP para as alunas e aos alunos da EESC/USP.

No caso específico do Laboratório de Física Geral I, os temas das primeiras práticas desta disciplina, caso não sejam bem explorados, podem trazer monotonia às aulas, desmotivando os alunos logo nos primeiros dias na USP.

Com o intuito de motivar alunas e alunos de Engenharia Aeronáutica do Curso de Laboratório de Física Geral I, foi oferecida uma aula especial no dia 22 de abril de 2019.

Entre as práticas já realizadas, foi abundantemente discutido o tema “Medidas Físicas”. Ciente da importância deste tema para a Aeronáutica, o docente deste curso, Prof. Tito J. Bonagamba (IFSC/USP), convidou o Prof. Jorge Henrique Bidinotto, do Departamento de Engenharia Aeronáutica (EESC/USP), para proferir uma palestra sobre “Medidas Físicas em Aviões”. O título escolhido para a palestra foi “Unidades de Medida”.

Durante agradáveis duas horas, o Prof. Bidinotto, de forma bastante integrada com as aulas que as alunas e os alunos tiveram com o Prof. Bonagamba, discorreu didaticamente e de forma abundante sobre vários tópicos associados a medidas físicas na aviação. Foi um momento de grande importância para as alunas e os alunos, pois puderam ouvir de um docente experiente da área a relevância dos tópicos apresentados no Curso de Laboratório Geral de Física I, que são usados em sistemas de controle de voo de aeronaves modernas.

A experiência foi um sucesso, pois o Prof. Bidinotto foi muito aplaudido.

Para o sucesso da atividade, o Prof. Bonagamba contou com o apoio do técnico Carlos Nazareth Gonçalves e do monitor Adriano Fernandes. Também prestigiou a aula especial o Prof. Jean Claude M’Peko, do IFSC/USP.

Para o Prof. Jorge Henrique Bidinotto “O contato do aluno com áreas mais específicas da engenharia já nos primeiros meses do curso é fundamental para o amadurecimento do estudante e uma melhor formação acadêmica, expondo-o a atividades mais próximas àquelas que ele vai encarar nos últimos anos do curso e na própria vida profissional. Iniciativas como essa podem ajudar ainda na redução da evasão, que é um grave problema em todos os cursos de engenharia na atualidade”.

O Prof. Bonagamba lembra que este tipo de atividade já foi realizado duas vezes no semestre passado, com o mesmo êxito (confira AQUI e AQUI).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de abril de 2019

Após sucesso da primeira edição: vem aí o “IFSCão – 2nd. Dog Therapy”

Depois do sucesso obtido no “IFSCÃO – 1ª Dog Therapy, ocorrido no passado dia 30 de março, nas instalações do IFSC/USP, onde a interação com cães selecionados permitiu avaliar a sensibilidade e o estado de espírito das pessoas que conviveram de perto com os animais, a Comissão de Graduação do IFSC/USP vai organizar o segundo encontro, marcado para o dia 01º de maio, a partir das 16 horas, no gramado do Edifício E-1 da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) – defronte ao Edifício Administrativo do IFSC/USP (entrada pela portaria lateral – R. Miguel Petroni).

Em contraste com a primeira edição, este “IFSCÃO 2nd. Dog Therapyvai acolher todos aqueles que queiram levar seus cachorros – desde que sejam sociáveis – para que a troca de experiências possa ser mais lata e benéfica para todos, contando-se novamente com a participação da psicóloga que se encontra ao serviço do IFSC/USP, Drª Bárbara Kolstock, que uma vez mais elaborou um questionário que será entregue a cada participante, no final do evento. Esta edição contará também com a presença de uma adestradora, que terá a missão de “acalmar” os cachorros mais nervosos, ensinando alguns truques a seus donos.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de abril de 2019

Da infância “rebelde” à posição de pesquisador de alto nível

Blurring the boundaries between topological and non-topological physical phenomena dots foi o título da defesa de doutorado realizada no final de 2018, assinada por Denis Ricardo Candido, aluno de pós-graduação de nosso Instituto, baseado no trabalho da autoria do próprio (VER AQUI), conjuntamente com Michael E. Flatté, e José Carlos Egues de Menezes, docente e pesquisador do IFSC/USP, seu orientador, e que mereceu destaque especial em noticia publicada pela Sociedade Brasileira de Física – clique AQUI para conferir.

Entre os anos de 2005 e 2007 foram descobertos os denominados isolantes topológicos, que possuem uma característica muito interessante: embora sejam isolantes, eles são metálicos na superfície, diferentes dos isolantes normais, ou seja, eles conduzem corrente na superfície. Para destacar a importância desse novo ramo da Física, o Prêmio Nobel de Física de 2016 foi dado recentemente aos pioneiros teóricos que iniciaram em meados de 1980 toda a base para esse novo campo de estudo. O que torna esses materiais tão especiais, a ponto de se distinguirem dos restantes, é o fato dos elétrons da superfície transportarem corrente sem resistência, sem perda de energia. Tal perda de energia gera como consequência um aumento da temperatura em semicondutores, o que por sua vez limita os avanços de microprocessadores. Neste trabalho, Denis além de ter estudado pequenos pedaços desses materiais, também estudou pequenos pedaços dos semicondutores usuais: “Descobrimos que para pequenas porções de materiais – como pontos quânticos – não existe nenhuma diferença entre estes tão distintos tipos de semicondutores. Essa é a razão do ‘Blurring the Boundary’: descobrimos que para sistemas pequenos, a diferença entre esses tipos de materiais pode não existir! Foi basicamente essa a ideia do nosso trabalho. Existe uma afirmação expressa na literatura que isolantes topológicos são muito diferentes de isolantes ordinários, e o que demonstramos é que para sistemas pequenos, como pontos quânticos, isso não corresponde à verdade, uma vez que nos diversos materiais que estudamos nós encontramos as mesmas similaridades”, pontua Denis.

O nome “topológico” já agradava a Denis, que sabia antecipadamente que haveria muita matemática envolvida – como conceito de topologia e cálculos de invariantes topológicos. “Como um amante de matemática e física, fui para esse campo porque envolvia duas coisas que eu gosto muito, especificamente o tema desse trabalho, já que em meados de 2013, no doutorado, comecei a estudar isolantes topológicos de forma geral. Nessa época, um projeto do Prof. Carlos Egues (IFSC/USP) foi aceito pela Sociedade Americana de Física (American Physical Society), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Física, ao abrigo do programa Brazil-U.S. Exchange Program. Isso resultou na visita do Prof. Michael Flatté para ministrar palestras e mini-cursos durante uma semana no nosso Instituto – ver notícia AQUI.

Em um desses eventos, o Prof. Flatté apresentou um trabalho envolvendo Quantum Dots. Durante essa palestra, eu pensei ‘porque não tentar resolver os postos quânticos para os isolantes topológicos?’, material esse que já estávamos estudando há bastante tempo? E isso foi onde tudo começou. Hoje trabalho com o Prof. Prof. Flatté, em Chicago (EUA). A conclusão que eu tiro disso é a importância de eu ter entrado em um grupo internacional, com importantes colaborações e contatos ao redor do mundo. Muito provavelmente, se o Prof. Egues não conhecesse o Prof. Flatté, essa colaboração talvez nunca tivesse surgido e eu não estaria em Chicago, neste momento”, sublinha Denis. Esse “network” é muito importante no meio da Física. É difícil se manter atualizado perante todos os novos estudos se você está isolado. E como consequência, é ainda mais difícil fazer ciência “nova” sem tudo isso, como explica Denis. “Nesse sentido, acho que a visão do Prof. Egues é muito boa. Enfim, eu conheci o prof. Flatté nessa instância. Após isso, comecei a gerar resultados a partir da minha ideia, discuti e interagi muito com o Prof. Egues e achamos os resultados interessantes. Posteriormente, mostramos e discutimos os resultados com o Prof. Flatté, isso gerou uma colaboração e publicamos no “PRL”. Depois da publicação e no final do meu doutorado ele me propôs um pós-doutorado nos Estados Unidos e eu aceitei”.

A cidade de Chicago (EUA)

Denis enfatiza o quanto se sentiu feliz e orgulhoso ao publicar seu trabalho de doutorado na revista de física de prestigio Physical Review Letters (PRL). “PRL é uma das revistas de maior tradição na Física e muito dos trabalhos premiados pelo Nobel de Física foram (continuam sendo) publicados nela. É uma revista que leva em conta a originalidade e o  impacto dos resultados para a Física. Então, eu sinto muito orgulho do trabalho que fizemos, fiquei realmente muito feliz. Vale enfatizar também que uma grande parte dos trabalhos enviados para essa revista são rejeitados, então eu tenho a certeza de que fizemos realmente um trabalho diferenciado”, pontua nosso entrevistado.

Um garoto “bagunceiro”

Denis tem 29 anos, nasceu na cidade de Leme, interior do estado de São Paulo, onde fez seu ensino fundamental e médio, confessando que sempre foi um jovem “agitado”. “Tive muita dificuldade na escola, principalmente em termos de comportamento – desatento, de alguma forma indisciplinado – e não foram raras as vezes em que fui mandado para fora da sala de aula. Foi difícil porque, inclusive, quando cheguei à sétima série os professores praticamente me odiavam. Para complicar ainda mais as coisas, minha mãe era professora na escola em que eu estudava, então para ela era terrível. Para o meu pai, menos, mas era ruim também. Eu levava muita bronca, eles não reagiam bem – e com razão -, porque eu não apresentava nenhum interesse pelo ensino. Contudo, entre a sétima e a oitava série algo aconteceu comigo. Parece que houve um clique na minha cabeça e eu comecei a melhorar na escola: acho que tive consciência que queria ser alguém na vida: não ser taxado de “bagunceiro” para sempre, recorda Denis.

Esta súbita inversão de comportamento, segundo Denis, deu-se a partir da sétima série, principalmente por ele ter começado a se relacionar com mais pessoas, a entender mais o mundo adulto. “Comecei a reparar nas diferenças que haviam entre as pessoas: aquelas que eram, digamos, minimamente escolarizadas, com outras que, infelizmente, não conseguiam ter uma vida equilibrada. Foi quando a “ficha caiu” e acabei decidindo que era a hora de estudar porque queria ter uma vida saudável, uma vida boa, ser um exemplo e orgulho para os meus pais, para meus futuros filhos, amigos, esposa e para meu país. Eu vi que precisava fazer diferente”, comenta nosso entrevistado, acrescentando que seu súbito interesse pela ciência teve algo a ver com a “falta” de espiritualidade. “É importante acrescentar que eu sempre tive um problema com a palavra e a figura de Deus. Quando isso acontece, você é obrigado a achar uma alternativa para explicar as coisas e esse foi outro motivo para ter buscado a ciência como uma melhor amiga, entender realmente o que está por trás do mundo, sem simplesmente colocar a palavra “Deus” para tentar explicar tudo. Acho que vale acrescentar que, independente de meu péssimo comportamento até à sétima série, o meu gosto pela matemática talvez venha de berço, porque minha mãe é professora de matemática”.

Eis que, de repente, Denis se vê dentro de uma Universidade (USP). Segundo nosso entrevistado, durante os primeiros meses de faculdade ele já sentia que era aquilo mesmo que queria, dentro de um curso apaixonante. “Você realmente investiga tudo que tem por trás do mundo, tentando entender as leis que regem tudo. Então foi, para mim muito bom. Eu fiquei maravilhado, realmente apaixonado quando entrei na faculdade”, esclarece Denis, que acrescenta que sua escolha pelo IFSC/USP se deu de forma natural, primeiro porque a Universidade de São Paulo é uma das melhores universidades do país, e segundo porque o Instituto de Física de São Carlos estava sediado em uma cidade pequena e muito perto de sua residência. No que concerne às dificuldades encontradas durante seu bacharelado, Denis comenta que graças ao ensino de base muito forte que teve na sua escola Coopel, em Leme, sua base ficou formada. “O mais difícil foi a falta de maturidade que eu tinha para entender e interpretar todos os resultados, leis e consequências das leis físicas. A matemática era mais fácil, mas a interpretação da parte física ainda era difícil, porque dependendo do campo que você segue, a física é muito abstrata. Você precisa ter um poder de abstração muito apurado para poder interpretar e lidar com todos os resultados, então, acho que a maturidade para ter isso foi uma das coisas mais difíceis para mim”, sublinha Denis.

A decisão pela Física e seu gabarito com pesquisador

Denis já tinha decidido qual seria a trilha que seguiria rumo ao seu futuro profissional – a Academia -, pois segundo nosso entrevistado ele nunca gostou do meio corporativo. “Eu acredito em um lugar melhor, em fazer a diferença na educação, então porque não melhorar a ciência e a pesquisa de base no Brasil? Isso eu não conseguirei fazer se estiver no meio corporativo; então, me enquadro melhor na Academia, pois é um lugar que eu sei que posso fazer a diferença”.

Depois de ter ultrapassado a graduação, Denis não parou mais e lançou-se no mestrado no IFSC/USP. Durante esse período, Denis conta que teve suas primeiras experiências internacionais. “A primeira vez que viajei para fora do Brasil foi para fazer Física!”, ressalta Denis. “A convite do Prof. Egues, fomos para a Universidade de Basel, na Suíça, passar um mês no grupo do Daniel Loss, fazendo colaborações, contatos e atualizando sobre os mais recentes avanços no nosso campo”, comenta. Depois disso, Denis conta que a experiência internacional só aumentou durante seu Doutorado, também realizado no IFSC/USP. “A participação em conferências internacionais é uma coisa muito visada pelo Prof. Egues, e sempre se dava um jeito para que um número máximo de participantes do grupo conseguisse atender a um evento internacional”.

Denis tem participações em 16 conferências internacionais, acumulando 11 palestras e 11 posters apresentados nas mesmas. Além de todas essas experiências, Denis foi pesquisador visitante duas vezes na Universidade de Basel, no grupo dos Prof. Daniel Loss e Dominik Zumbühl. Sob o financiamento da Prof. Ewelina Hankiewicz e do projeto FAPESP-BAYLAT, Denis foi pesquisador visitante na Universidade de Wurzburg (Alemanha), instituição que realizou pela primeira vez a confirmação experimental dos Isolantes Topológicos. Durante esta estadia, um outro trabalho envolvendo Isolantes Topológicos foi publicado como sugestão do Editor na Revista Physical Review B (leia AQUI).

Denis conta que dentre todas suas experiências internacionais nunca se sentiu inferior aos estudantes locais e, por consequência, nunca teve timidez em levantar perguntas e discussões durante todas suas viagens, não só pela forte educação recebida no IFSC/USP, como também pela dinâmica do grupo de pesquisa o qual entrou. “Eu tive muita “sorte” de entrar em um grupo como o do Prof. Egues. Durante os primeiros anos já era claro que os trabalhos do grupo tinham níveis internacionais. E quando os trabalhos tem esse nível, as discussões que circulam no grupo também são de alto nível, com temas novos e relevantes para o cenário da física atual. Lembro, também, que a ideia do grupo não era só gerar e entender resultados, mas também entender de fato todos os fundamentos por trás das teorias abordadas. Enquanto tudo não era entendido, o trabalho não era publicado. Isso pode parecer chato a princípio, mas o resultado dessa prática foi fundamental para criar no grupo um conhecimento sólido e profundo sobre os tópicos, gerando assim a habilidade de conseguir questionar e discutir de igual para igual com os principais grupos do exterior”, salienta Denis.

No entanto, Denis encarou alguns desafios, como o sistema que se encontra implementado nas universidades: “Não posso deixar de fazer uma crítica ao sistema das universidades, como um todo. Em minha opinião, nós estudamos muito conteúdo, mas quando você vira um físico pesquisador – no mestrado e doutorado – a gente começa a participar de um meio que gira em torno da pesquisa e isso é uma coisa que, infelizmente, a gente não tem bem estruturado no curso de graduação, mestrado e doutorado. Eu posso dizer que saí Físico de um curso de graduação, sem ter sabido o que é uma pesquisa de verdade. Aprendemos a resolver problemas, mas isso não resume a pesquisa: é achar e criar um problema interessante e só depois resolvê-lo. Nas matérias de graduação, mestrado e doutorado, a gente só aprende a entender e resolver os problemas, mas nunca criar. Essa foi a minha maior dificuldade durante minha vida de pesquisador; como pesquisador, você não só precisa saber resolver o problema, mas criar um para ser resolvido. Em qualquer matéria, o professor passa o conteúdo, nós treinamos com exercícios em casa e depois tem a prova. Tudo que a gente aprende a fazer é resolver exercícios (problemas), mas quando a gente pesquisa, você tem que criar o próprio problema para ser resolvido, tem que ver o que vai atacar. A decisão de qual problema atacar é algo que eu tive de aprender “sozinho”, no mestrado e doutorado, porque não tive a base para isso”, comenta Denis.

O testemunho do Mestre

Prof. Dr. José Carlos Egues de Menezes

Já devidamente estabilizado em Chicago, com um contrato de dois anos – renovável -, Denis afirma que sua vida como pesquisador é completamente diferente daquela que se vive no Brasil. “A primeira coisa é que o incentivo que se vê aqui é impressionante; são em média dois seminários diferentes por semana. Fica muito mais fácil se manter atualizado, pois além do contato com o trabalho, você também pode ter contato com os autores. Ao meu ver, isso acaba estimulando muito meu trabalho. Você acaba tendo mais ideias e mais criatividade.” Denis acrescenta: “Aqui, a gente também trabalha em projetos interessantes e de alta relevância no cenário internacional, então isso tem me deixado bastante feliz. Estamos trabalhando com bastantes grupos experimentais, o que está sendo uma experiência nova e muito interessante. Hoje, vejo que essa proximidade teoria-experimento é uma coisa que infelizmente parece estar em falta no Brasil. Uma coisa importante de mencionar é que estou aqui com a minha esposa, então é tudo mais fácil, pois tenho uma pessoa em quem confio, com a qual converso, peço opiniões e divido experiência, então isso acaba facilitando tudo. Embora seja tudo diferente, sou bastante feliz, pois é tudo novo, gostoso: estamos ainda no momento eufórico”, enfatiza Denis, manifestando desejo de fazer outros pós-doutorados com a finalidade de aprender outras coisas, acrescentar mais bagagem para quando voltar para o Brasil ter uma “musculatura” legal para prosseguir sua vida como pesquisador. “Eu gostaria muito de fazer pós-doutorado na Suíça, na Universidade de Basel. A ideia é tentar passar um tempo lá, aprendendo algo novo e também me especializando”. Denis também expressa preocupações com o cenário da política atual, uma vez que o descaso com a educação, pesquisa e ciência só tem aumentado.

O Prof. Dr. José Carlos Egues de Menezes, docente e pesquisador do IFSC/USP – e orientador de Denis – é a principal testemunha do amadurecimento científico de nosso entrevistado. “Durante os anos de mestrado e doutorado, testemunhei o amadurecimento científico (e pessoal  arrisco dizer) de Denis. O mesmo se tornou um pesquisador independente, extremamente crítico e capaz de produzir trabalhos sólidos de alto nível – características que tentamos despertar/estimular nos alunos do meu grupo de pesquisa. Nosso grupo sempre foi – e continua sendo – um ambiente de muita discussão e onde promovemos/estimulamos/encorajamos o entendimento profundo de ideias e conceitos e não apenas o rigor matemático/teórico, “tem que entender a física” eu sempre enfatizo. Foi dentro deste espírito que Denis foi “educado” durante o seu mestrado e doutorado, tornando-se um ávido e lúcido questionador e promotor de “discórdia” – no bom sentido.  Este estágio pós-doutoral em um grupo de excelência nos EUA que ora Denis realiza, sem dúvida deverá contribuir para que ele expanda ainda mais os seus (já amplos) horizontes científicos e de vida.  Tenho certeza que ele terá grande êxito como pesquisador/professor ou em qualquer outra atividade profissional futura.  Desejo-lhe muito sucesso, Denis!”, conclui o docente.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de abril de 2019

“Laboratório de Difusão Científica (LaDiC): 19 anos de uma história”

Ariane Baffa Lourenço, pesquisadora colaboradora com pós-doutorado em Educação pela Universidade de São Paulo e Universität des Saarlandes (Alemanha), foi a palestrante de mais um seminário promovido pelo Grupo de Pesquisa em Nanomateriais e Cerâmicas Avançadas do IFSC/USP (NACa), realizado no último dia 26 do corrente mês, subordinado ao tema Laboratório de Difusão Científica (LaDiC):  19 anos de uma história.

Em seu colóquio, Ariane começou por apresentar o Laboratório de Difusão Científica (LaDiC), criado no ano de 2000 pelo Prof. Dr. Antonio Carlos Hernandes no grupo de Pesquisa Crescimento de Cristais e Materiais Cerâmicos (CCMC-IFSC). Sua criação adveio da necessidade do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CDMC), vinculado ao CEPID-FAPESP, de ter um laboratório responsável pela disseminação de conhecimento científico aos diferentes segmentos da sociedade.

Desde a sua criação, o LaDiC desenvolve e implementa ações de diferentes naturezas, voltadas à divulgação e disseminação do conhecimento, envolvendo a formação continuada de estudantes da Educação Básica, do Ensino Superior, profissionais autônomos, dentre outros públicos.

Neste seminário, a Ariane apresentou uma síntese das ações desenvolvidas pelo LaDiC nos seus 19 anos de existência, os desdobramentos dessas ações na culminação de projetos em diferentes

instituições de ensino, os projetos de pesquisa a elas desenvolvidos e as perspectivas de ações futuras.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

26 de abril de 2019

Prof. Daniel Magalhães fala sobre o “Sistema Internacional de Medidas”

No último dia 26 deste mês, o programa Colloquimum Diei teve como palestrante o Prof. Daniel Varela Magalhães (EESC),  que apresentou o tema “O que muda no novo sistema internacional de unidades?”.

O palestrante explanou sobre a mudança formal no Sistema Internacional de Unidades – SI, marcada pela data comemorativa do Dia Internacional da Metrologia, 20 de maio próximo. Ele afirmou que essa mudança reflete uma atualização importante das nossas Unidades de Medidas, pois as define em termos de constantes fundamentais da natureza,  ao invés de usar artefatos, como padrões de referência.

O palestrante esclareceu a evolução do SI, tendo abordado elementos motivadores para suas alterações e seus pré-requisitos, principalmente, as Unidades de Base para tempo, comprimento e massa, sendo a última a mais chamativa para essa reestruturação.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de abril de 2019

IFSC/USP: Bolsa FAPESP – PD em Planejamento de Fármacos

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) oferece uma (1) oportunidade para pesquisador de Pós-Doutorado, com bolsa FAPESP. O pesquisador irá integrar um grupo multidisciplinar de pesquisadores em colaboração com a unidade de planejamento de fármacos da University of Dundee – Escócia, Reino Unido (http://www.drugdiscovery.dundee.ac.uk/home), para estudar novos compostos ativos contra T. cruzi e Leishmania spp., a partir de fontes naturais, para o tratamento da doença de Chagas e da leishmaniose.

Trata-se de um projeto temático intitulado “Converting natural product leads into structure- and ligand-based drug discovery campaigns against leishmaniasis and Chagas’ disease” (Processo FAPESP 2018/14268-9), fruto do acordo com o Medical Research Council do Reino Unido (MRC/UKRI), com apoio do Fundo Newton.

O pós-doutorando será responsável pelo planejamento e execução de (i) ensaios fenotípicos in vitro contra Trypanosoma cruzi e Leishmania, e (ii) estudos in vitro de farmacocinética e metabolismo (solubilidade, permeabilidade, lipofilia e estabilidade metabólica). A iniciativa visa também o estudo do mecanismo de ação (MoA) por meio da deconvolução do alvo para os compostos bioativos identificados.

Requisitos

Os candidatos devem possuir título de doutor obtido há no máximo 7 (sete) anos, no país ou no exterior, e experiência na condução de ensaios in vitro de parasitologia e/ou farmacocinética/ADME in vitro. Fluência em inglês e capacidade de trabalhar em equipes interdisciplinares são obrigatórios.

Inscrições

O prazo de inscrição se encerra em 23 de maio de 2019. Os interessados devem enviar curriculum vitae, carta de interesse e duas cartas de recomendação para o Prof. Adriano D. Andricopulo (aandrico@ifsc.usp.br), coordenador do projeto.

Informações sobre a bolsa

O selecionado receberá bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica, que equivale a 15% do valor anual da bolsa e se destina à utilização em atividades estritamente relacionadas com o projeto de pesquisa da Bolsa, no período de vigência da mesma. Bolsistas que precisem se mudar para São Carlos/SP podem solicitar o benefício de Auxílio Instalação, quando houver deslocamento por distância superior a 350 km (trezentos e cinquenta quilômetros). Esse benefício precisa ser aprovado pela FAPESP.

Mais informações sobre a bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP: www.fapesp.br/270.

Para conferir o processo nº 2018/14268-9 da FAPESP, clique AQUI.

(Foto: OMS)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de abril de 2019

Em Santa Catarina: XVIII Brazil MRS Conference – XVIII B-MRS

Realiza-se entre os dias 22 e 26 do próximo mês de setembro, em Balneário Camburiú (SC), o XVIII Brazil MRS Conference  – XVIII B-MRS, numa organização da Sociedade Brasileira de Pesquisa e, Materiais, um fórum inteiramente dedicado aos avanços e perspectivas recentes em ciência e tecnologia de materiais, contando-se com a participação de diversas sociedades latino-americanas de pesquisa em materiais, que apresentarão, através de seus representantes,vinte e três simpósios nas mais variadas áreas de interesse.

A conferência de abertura será apresentada pela Profª Yvonne Primerano Mascarenhas, docente e pesquisadora do IFSC/USP, que ocorrerá no conhecido “Complexo Cristo Luz”, e que se subordinará ao tema Cristalografia no Brasil: origem e panorama atual.

Dia 30 de abril é data limite para a submissão de “abstracts”.

Para mais informações sobre este evento, e/ou para se inscrever, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de abril de 2019

Catalin Toma dá seminário no “Journal Club/General Relativity”

No último dia 25 de abril, o Seminário do “Journal Club/General Relativity” contou com a participação do aluno de pós-graduação do IFSC/USP, Catalin Toma, oriundo da Universidade de Jacobs (Alemanha).

O palestrante dissertou sobre o tema Spontaneous scalarization of black holes and compact stars from a Gauss-Bonnet coupling, uma palestra que congregou vários jovens pesquisadores do IFSC/USP.

Os seminários integrados no “Journal Club/General Relativity” são da responsabilidade dos docentes e pesquisadores do nosso Instituto, Profs. Daniel Vanzella e Betti Hartmann, contando sempre com a participação de pesquisadores convidados e de alunos de pós-graduação que desenvolvem temas e pesquisas relacionadas com a área específica de conhecimento.

 

 

 

Asssessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de abril de 2019

Ingressante no IFSC/USP com foco em pesquisas na área de data-science

Existem aqueles que são conquistados por uma graduação específica do dia para a noite. Outros, que ao longo dos anos sabem exatamente o que esperar do futuro. No caso de Augusto Sousa Nunes (18), ingressante do Curso de Física Computacional do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), a decisão por aquilo que queria cursar foi uma grande mistura – quase uma salada russa.

Natural de São João da Serra Negra, distrito de Patrocínio (MG) – onde fez os ensinos fundamental e médio – Augusto começou a interessar-se por ciências exatas desde muito cedo, mas foi apenas no 5º ano do ensino fundamental que teve o primeiro contato com o que descobriria mais tarde ser Física. “Foi só no final do ano, em uma aula de ciências, que experimentei a noção básica de Física. As últimas aulas tratavam do sistema solar e uma base para o estudo de eletromagnetismo. Tudo bem simples, mas já o suficiente para me interessar, juntamente com alguns colegas”, comenta Augusto. “As aulas motivaram-nos a desmembrar carrinhos de brinquedo e montar uma maquete com os vários motores que conseguimos retirar: tudo funcionando. Foi bem legal!”, menciona, com nostalgia, relatando a primeira interação com a disciplina que retornaria ao seu convívio apenas quatro anos depois, já no 9º ano.

Finalizado o ensino fundamental, Augusto foi aprovado no concurso do Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), que permitia aos ingressantes cursar o ensino médio conjugado ao técnico – no caso – em Manutenção e Suporte em Informática. Segundo o estudante, a realização do técnico, em paralelo ao estudo da grade comum, foi fundamental para consolidar o gosto pela disciplina e expandir a visão dele quanto à sua futura área de atuação. “O curso técnico proporcionou logo de cara o estudo de matérias em Física que eu veria apenas no 3º ano do ensino médio, em uma escola comum, mas como precisávamos da noção de eletrônica para realizar os projetos propostos, a grade foi adiantada. Essa ‘inversão’ de matérias agregou muito para o entendimento daquilo que me agradava”, destaca Augusto.

Além do desenvolvimento dos conhecimentos em Física, o curso técnico escolhido por Augusto permitiu a interação com outro grande interesse do estudante: computação. “Eu sempre gostei muito de computadores, então, logo no primeiro ano procurei uma iniciação científica. Foi assim que comecei a trilhar o caminho que queria seguir: a Computação”, afirma.”Mesmo assim, no 3º ano eu ainda não tinha plena certeza do que queria. Minha dúvida era: Engenharia da Computação ou Ciência da Computação? Foi só quando saiu o aplicativo do SISU que me decidi por Física Computacional”, completa.

Em janeiro do corrente ano, após a abertura do aplicativo do Sistema de Seleção Unificada (SISU), Augusto procurava cursos relacionados à sua área de interesse quando se deparou com o curso de Física Computacional do IFSC/USP. “Eu achei um curso com nome interessante e resolvi pesquisar um pouco mais sobre a grade e área de atuação. Achei um curso bem legal, com área de atuação ampla e relacionada com aquilo que eu queria, então coloquei como primeira opção. No final das contas, passei”, narra o ingressante sobre a escolha do curso.

Porém, a calma e simplicidade com que conta a trajetória até o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) não significa que a espera pelo resultado tenha sido simples. Para o mineiro, havia apenas duas opções possíveis: Física Computacional, na Universidade de São Paulo (USP) – que realmente interessava – ou Ciência da Computação, na Universidade Federal de Uberlândia (UFU) -, o curso mais próximo de casa. Decidido a arriscar, Augusto investiu na universidade paulista, mas não foi aprovado logo de cara. “Eu estava entre colocar Uberlândia ou São Carlos no SISU, mas acabei decidindo pela USP. Nem falei nada para os meus pais, mas quando percebi que não tinha passado pela chamada regular, comentei: ‘e pensar que se eu tivesse colocado UFU eu teria passado’. A minha mãe ficou muito brava”, comenta, divertido, sobre a reação da mãe.

Mesmo incerto quanto ao futuro, Augusto estava determinado a vir para a cidade de São Carlos, fosse para a graduação, ou para um possível ano de cursinho. “Eu queria vir de todo jeito. Acabei convencendo minha mãe de que os gastos que eu teria em Patrocínio, com o cursinho particular, seriam quase tão grandes quanto a despesa para me manter em São Carlos, onde estudaria no cursinho popular da UFSCar: a vantagem de São Carlos seria o contato mais próximo com a ciência, através de cursos e palestras que eu já poderia assistir, e passar pela fase de adaptação mais cedo”, explica. “Por sorte, nada disso foi necessário porque logo na primeira lista de espera o meu nome apareceu como aprovado. A minha mãe até chorou de emoção, “tadinha”, comemora o calouro de nosso Instituto.

Momento de maior tensão dos adolescentes, prestar vestibular não foi tão estressante para Augusto, no final das contas. A tranquilidade no momento, que para outros seria de caos, veio, segundo o estudante, de muito planejamento e autoconhecimento. “Todo mundo se espanta quando eu falo que foi um período tranquilo, mas quando chegou o começo do terceiro ano eu tomei certas decisões: não iria fazer iniciação científica pelo terceiro ano seguido e aquilo que eu estudei no 1º e 2º ano do ensino médio não deveria ser reestudado. O curso técnico já me tomava tempo extra, então decidi não me saturar mais. Mesmo assim, é inevitável continuar se cobrando mais e mais”, relata. “Isso tudo mudou muito quando eu comecei a ouvir podcasts. Entre a minha cidade e o Instituto Federal eram uns 40 minutos de viagem, tempo que eu passava ouvindo músicas. Acontece que durante esses quarenta minutos, ouvindo todos os dias as mesmas músicas, começaram a cansar; então, em uma dessas viagens comecei a ouvir um podcast que falava justamente sobre sair de casa e o quanto nos agarramos à ilusão de que temos apenas um ano de nossas vidas para nos preparar para o vestibular e entrar na faculdade, enquanto, na verdade, não é bem assim. Ouvir isso me deu a tranquilidade de que eu precisava em 2018”, completa.

Quanto às expectativas para a Graduação, Augusto prioriza para 2019 o foco nas disciplinas da grade do primeiro ano, embora não descarte um futuro de projetos de pesquisa e iniciação científica. “Agora estou focado em me empenhar e compreender as disciplinas. Logo nas primeiras aulas os professores enfatizaram algumas orientações de estudo pré-aula e pós-aula, e é nisso que eu vou focar por enquanto. Além disso, todos os veteranos mencionam que não é interessante pegar uma iniciação científica logo no primeiro ano, mas não descarto essa possibilidade para o futuro próximo”, revela. “Quero seguir carreira como pesquisador na área de data science, – motivo pelo qual escolhi a Física Computacional – por isso acredito que ter uma iniciação nessa área ou participar de um grupo de pesquisa seria muito produtivo”, projeta Augusto, que no momento está envolvido em no Data ICMC, grupo de data science do Instituto de Ciências Matemáticas e da Computação (ICMC/USP).

Sobre as necessidades de formação de bons profissionais, Augusto enfatiza a maestria do IFSC. “No geral, toda universidade que ministra cursos da minha área de conhecimento deve ter bons grupos de pesquisa e um amplo apoio de ensino para formar profissionais capazes; e isso o IFSC/USP já nos fornece. Para saírem bons profissionais do Instituto, cabe o envolvimento em iniciação científica e esforço individual: faz toda a diferença”, declara.

Para os futuros ingressantes do Curso de Física Computacional, Augusto deixa a sabedoria e a curiosidade como mensagem. “Pesquisas, muito além de inovar, trazem ao pesquisador uma nova visão de mundo e a oportunidade de conhecer questões com mais profundidade. Foi o que me motivou a seguir a Física Computacional e se isso é o que te motiva também, então siga seus sonhos; mas faça iniciação só depois do primeiro ano!”, brinca.

(Carolina Falvo – Estag. Jornalismo – Com Superv. Rui Sintra)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de abril de 2019

Sangue novo refresca Academia Brasileira de Ciências (ABC)

Os professores Tiago Pereira, docente e pesquisador do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP) e Diogo de Oliveira Soares Pinto, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), são os novos membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC), para o período de 2019/2023, cuja formalização se realizou em cerimónia ocorrida no dia 14 de março último, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (USP), em São Paulo.

A notícia foi acolhida com bastante regozijo, não só no Campus USP de São Carlos, como também e principalmente nas Unidades onde os jovens docentes desenvolvem seus trabalhos – Instituto de Física de São Carlos e Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação.

Características comuns aos dois jovens pesquisadores: humildade, amor pela ciência, amor por seus alunos, sentido de responsabilidade e visão futura, o que faz com que esta entrevista tenha a fragrância de um futuro que certamente será promissor para o País.

Professor associado do ICMC na área de Matemática aplicada desde 2015, Tiago Pereira obteve seu bacharelado em Física (2004) pela USP, doutorado em Matemática (2007) pela Universidade de Potsdam, na Alemanha, e a livre-docência em Matemática (2015) pela USP. O tema central de sua pesquisa é o comportamento coletivo que emerge de forma espontânea em sistemas dinâmicos que interagem. Em particular, o foco de estudo é como a estrutura de interação infere com a dinâmica individual para gerar novos comportamentos dinâmicos. Com pós-doutorado em matemática feito igualmente na Alemanha e mais tarde, já no Brasil, no Instituto de Matemática Pura Aplicada (IMPA), Tiago afirma que sempre se manteve na mesma área, exceto quando regressou ao nosso país.

“Eu trabalhava no sentido de entender como a ordem emerge naturalmente em sistemas. Isso é mais tratado pela Física, mas a matemática pode ajudar muito nesse direcionamento. Sempre foi um grande interesse meu. Por exemplo, você vê uma revoada de pássaros voando, mas de fato aquelas verdadeiras nuvens de pássaros não tem um líder, ou seja, eles alcançaram uma ordem sem ter um líder. No nosso coração acontece a mesma coisa. Cada célula tem seu próprio ritmo, mas se elas não conversarem entre si, a gente vai ter uma arritmia”, exemplifica Tiago. Grande parte de seu trabalho de pesquisa foi no sentido de traduzir o exemplo acima em contextos matemáticos e a partir das equações tentar prever o comportamento de várias situações, algo que criou robustez em todo estado da arte de suas pesquisas.

Chanceler alemã Angela Merkel em visita a um dos laboratórios na Universidade de Berlim

Relativamente à sua indicação para a ABC, Tiago Pereira considera – com humor – que foi um ótimo antidepressivo. “Acho que o reconhecimento é importante, porque é indicação de que o que fazemos está certo. É também uma forma de reconhecer uma área de pesquisa, porque o que eu fazia aqui não era exatamente main streaming, mas emerge de várias áreas; pegamos uma parte da matemática – grafos aleatórios -, juntamos com sistemas dinâmicos e tentamos resolver. É, em suma, o conjunto de todo o conhecimento que consegui adquirir e colocar em prática” sublinha o jovem cientista.

Dedicação e formação de bons professores

Com uma experiência riquíssima na Europa, Tiago Pereira compara a pesquisa que é feita no exterior com a que é feita em nosso país, considerando que o gap está na “qualidade uniforme”. “No Brasil, a pesquisa é boa, você tem alguns dos melhores grupos do mundo, mas conforme viaja pelo país você vai notando uma queda na qualidade; por exemplo, você vai a uma universidade vizinha da sua e lá tem um “apagão” de mão de obra. Essa disparidade gera uma desqualificação grande do estudante e isso impede o nosso crescimento. Veja o que acontece na Alemanha, por exemplo: você vai a uma universidade distante da capital (Berlim) e o nível de trabalho é exatamente igual. Na Europa, tem também algumas disparidades: eu trabalhei na Inglaterra e comparar o top 10 britânico com as outras universidades na própria Inglaterra era irreal; mas no Brasil a disparidade é gritante. Na Inglaterra, de seis em seis anos eles avaliam os professores a nível nacional e você só pode enviar quatro trabalhos para essa avaliação. Não é numérico! Eles preferem que você faça três coisas boas em quatro anos, do que você “atirar para todo lado”. Lá, eles pegam os grupos de pesquisa, leem os trabalhos e “ranqueiam” os departamentos”, pontua Tiago, que acrescenta faltar uma grande integração de áreas de pesquisa no Brasil, por forma a diminuir o citado gap.

Centro de Pesquisa na London Metropolitan University – Investimento de 30 milhões de libras

Dando como exemplo uma frase de Confúcio “Se você quer sustentar a pessoa por um dia, dê comida a ela, se quiser sustentá-la pela vida toda, tem que educar”, Tiago Pereira afirma que o que falta para alavancar a pesquisa nacional é eliminar o gargalo que existe na área da educação, ou seja, formar bons professores. “Tudo isso remete a Sócrates, que morreu por querer educar. Consultei recentemente a estatística do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa INEP) e os piores alunos viraram professores de ensino médio”. Questionado sobre qual a sua principal preocupação perante os alunos, Tiago Pereira aponta que dar treinamento é essencial e, relativamente à sua área, não se trata só de ensinar matemática, mas apresentar uma cultura do problema. “Por exemplo, fazer um doutorado tem efeitos quando a pessoa percebe que o problema é dela. O grande desafio é apresentar o problema ao aluno e ele resolvê-lo sozinho. O meu desafio é manter a neutralidade”, sublinha o pesquisador. Para os alunos, Tiago Pereira deixa uma pequena mensagem. “O conhecimento é bonito quando você se esforça; você verá essa beleza intrínseca ao longo dos vários anos de estudo. Mas isso requer uma dedicação”.

A informação quântica

Diogo de Oliveira Soares Pinto é graduado em Física (2003) pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com doutorado em Física (2009) pelo Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF). Suas pesquisas são principalmente em informação quântica, tendo contribuído para a caracterização de correlações quânticas em sistemas de ressonância magnética nuclear (RMN) e em materiais magnéticos. Dedica-se à melhoria de protocolos de estimativa de parâmetros a partir da teoria quântica (metrologia quântica) e se estende à geometria da informação, dinâmica de sistemas abertos e termodinâmica de sistemas fora de equilíbrio.

Diogo ingressou no pós-doutorado no IFSC/USP em meados de 2009, sob a orientação do Prof. Tito José Bonagamba, após ter concluído uma etapa de seu doutorado na cidade de Aveiro (Portugal). Depois de quatro anos no nosso Instituto, o pesquisador conseguiu uma oportunidade para prestar concurso e acabou contratado. “Estava no Grupo de Ressonância Magnética até agora, no final do meu probatório, e a partir daí criei uma identidade forte na área da informação quântica, que proporcionou a abertura de um grupo de pesquisa nessa área, em 2018”, recorda o pesquisador.

Questionado sobre o que é informação quântica, Diogo Soares Pinto alega que até podia responder sobre o que é informação e, nesse capítulo, arrisca-se a contar uma história. “Claude Shannon – o pai da teoria da informação – foi o primeiro a estudar esse problema, a entender o que era um computador e como você poderia manipular “bits”. A partir daí, ele propôs uma maneira de quantificar informação, sem de fato dizer o que ela era. Ele quantificou com uma função matemática inventada por ele  e reza a lenda que foi se consultar com o matemático John Von Neumann – o grande teórico da época –, mostrando suas conclusões. Von  Neumann terá dito: ‘Em primeiro lugar, eu acho que esse seu quantificador de informação deveria se chamar de entropia, porque essa função já existe em física e o nome dela é esse mesmo – entropia. Em segundo lugar, porque você tem uma vantagem em uma eventual discussão com qualquer físico, ou seja, você sabe o que ela está quantificando e o físico, em geral, não sabe”, relata Diogo, sorrindo perante nossa momentânea confusão. Em suma, segundo nosso entrevistado, informação é algo onde você consegue pegar toda e qualquer coisa e decodificar nessa quantidade de “bits” que carrega a identidade de algo a ser trocado e que podemos quantificar com a entropia ou com famílias de entropias. “A informação quântica surge quando você permite não lidar mais com bit 0’s e 1’s e passa a querer codificar essa informação em sistemas quânticos (partículas). Houve uma evolução grande na área e hoje existe uma espécie de distanciamento entre o que a teoria propõe e o que vai ser quantificado. Hoje, discute-se independente do sistema físico em que se vai quantificar, e manipulam-se informações. Essa é uma visão um pouco particular sobre o que é, mas, no fundo, tudo é informação quântica. É como você quantifica e manipula isso”, destaca Diogo Soares Pinto.

O impacto de entrar para a Academia Brasileira de Ciências

Claude Shannon (Foto de: Stanley Rowin)

O fato de ter sido indicado para a Academia Brasileira de Ciências foi algo que impactou o jovem cientista. “Como  estudei no Rio de Janeiro, tive a oportunidade de ter como meu mestre o Prof. Luiz Davidovich, que é o presidente da Academia. Sempre ouvimos dizer que é na Academia que os grandes mestres se reúnem para discutir diretrizes, que participa quem tem destaques de uma forma ou de outra, quem tem a oportunidade de lidar de forma mais ampla com o meio académico, com outras áreas do conhecimento, discutir políticas, até mesmo para propor políticas de estado. Isso sempre permeou o meu pano de fundo, porque convivi com isso; agora, ser indicado foi impactante, porque é uma chance de fazer parte desse grupo, é uma coisa que você sabe que está ali, mas que nunca teve contato. Por isso, vejo que realmente estou conseguindo construir uma carreira e esse ingresso na Academia é um reconhecimento de anos de trabalho”, comenta Diogo.

Já com um encontro geral dos membros da Academia marcado para o próximo mês de junho, Diogo afirma que sua preocupação se irá centrar no combate às inúmeras tentativas feitas recentemente – em nível mundial – para a desconstrução de conhecimentos e das ideias científicas já adquiridas, como, por exemplo, a defesa de um “terraplanismo e de movimentos contrários às vacinas. “A Internet é muito importante, agentes sociais são muito importantes, mas ultimamente eles têm dado voz a uma desconstrução de conhecimentos e ideias. As pessoas estão preferindo acreditar mais em discursos vagos, porque acham que tudo pode ser questionado e que pouco ou nada deve ser entendido à luz da Ciência: não foi de um dia para o outro que um cientista ou pensador acordou e simplesmente disse que a partir daquele momento determinado conceito funcionaria de determinado jeito. Existem métodos científicos, existem séculos e séculos de conhecimento acumulado, de análises de casos, de estruturação de ideias. Eu ouvi recentemente alguém dizer uma frase curtinha, bem interessante, que fala mais ou menos assim: “Toda pessoa que nasce, já nasce com conhecimento acumulado de séculos, porque séculos antes de seu nascimento, pessoas trabalharam no desenvolvimento do conhecimento; quando ela nasceu, não nasceu um mundo, mas entrou em um mundo que já existe”. Então, as pessoas questionarem ideias sem saber a origem delas é perigosíssimo, pois isso começa a afetar a saúde pública, questões de segurança, privacidade, etc.”, pontua Diogo, acrescentando que a Academia vai certamente trabalhar para mostrar à sociedade como realmente funcionam as coisas e desmistificar determinados conceitos e afirmações falsas.

A pesquisa no mundo e no Brasil

Semana Nacional de Ciência e Tecnologia – Brasil

Em relação ao mundo, a pesquisa tem evoluído muito rapidamente, segundo Diogo Soares Pinto. Nas últimas décadas houve uma disseminação do conhecimento científico, principalmente nas universidades, principalmente devido a um aumento de entrada de alunos nos programas de pós-graduação. “A minha área de conhecimento – informação quântica – tem sido de alguma forma privilegiada, com muitos investimentos por parte dos governos, no mundo, atendendo a que existe uma perspectiva de realização e avanço tecnológico: comunicação segura através de satélites, criptografia, computadores quânticos, etc., isso fomenta pesquisa de alta qualidade, da básica à aplicada, e houve um impulso da área nas últimas décadas. Com relação ao Brasil, curiosamente tem-se vivido um retrocesso brutal em questão de investimentos, o que tem impactado na pesquisa brasileira. Aqueles que trabalham com pesquisa teórica, como eu, sentem um pouco menos, mas quem trabalha com experimental, sente mais. Agora, a pesquisa académica tem uma coisa boa, que é o fato de que quando você começa um trabalho, ele não para, ele avança sempre, quer esse trabalho tenha um índice maior ou menor de dificuldade”, pontua Diogo.

No final da entrevista, o Prof. Diogo Soares Pinto deixa uma mensagem aos alunos: “Tenham criatividade e curiosidade. Essas duas componentes são extremamente importantes. Se você é curioso, tenaz, ou seja, insiste em fazer algo, se dedica a isso, inevitavelmente você será capaz de construir algo com o conhecimento adquirido e, na perspectiva da academia, é fazer com que todo o mundo entenda que o que ele recebe vem sendo construído ao longo de séculos e não saiu simplesmente da cabeça de um professor; é um conhecimento de longo prazo que precisa ser aprendido com profundidade, dedicação e curiosidade. Então, primeiro, devagar, que você precisa passar alguns anos ainda aprendendo. E, para formar um bom aluno – não quero dizer um que apenas publique muitos artigos –, um cara que entende o problema que está lidando, tem ferramentas para lidar com os problemas, administrar, manipular e construir coisas novas. A maior satisfação de um professor é quando chega ao final de um doutorado e percebe que conseguiu fazer isso com um estudante, que ele conseguiu independência, mantendo a curiosidade e a criatividade dele – aí, você fez um bom trabalho. Já para os alunos de graduação, o objetivo é formar pessoas para chegarem à pós-graduação, apresentando ferramentas e ao longo de todo o caminho falar que é difícil, mas estimular sempre a curiosidade para um dia eles a utilizarem com criatividade. Acho que é um ponto importante para quem está no meio académico e é um trabalho que dá um enorme prazer: você depender de si mesmo para criar. É um trabalho criativo e talvez assemelhado à arte”, finaliza o docente.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de abril de 2019

“Oficiência” – Carregando a bateria do celular no sapato enquanto caminha

O chamado Efeito Piezoelétrico é a propriedade que alguns materiais apresentam de se polarizarem ao serem pressionados mecanicamente.

Os exemplos mais corriqueiros são os conhecidos isqueiros eletrônicos, os tênis que acendem leds, ou os relógios de quartzo.

Por mais incrível que pareça, você pode, inclusive, colocar a bateria de seu celular no sapato e enquanto caminha, salta, corre ou dança, por exemplo, a bateria carrega automaticamente e estará pronta para ser usada novamente, em pouco tempo.

Quer saber como funciona tudo isso e muito mais? Assista ao programa “Oficiência” na TV-USP/CEPOF (Canal 10 da Net São Carlos) ou no Youtube, apresentado pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Luiz Antônio de Oliveira Nunes.

Clique na imagem abaixo e assista ao Efeito Piezoelétrico.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de abril de 2019

Instituto de Física de São Carlos e seu serviço de apoio psicológico

A USP disponibiliza à sua comunidade acadêmica um serviço de acolhimento para prevenção de sofrimentos, orientação e acolhimento por meio do Escritório de Saúde Mental. Além dessa iniciativa institucional, algumas unidades também oferecem um atendimento similar, como é o caso do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), que possui uma psicóloga que trabalha para dar apoio imediato a quem apresenta sintomas relacionados a doenças mentais.

Bárbara Kolstock Monteiro, psicóloga que coordena o atendimento no nosso Instituto, já realizou cerca de cem atendimentos e traçou um perfil do público que tem buscado o serviço.

“A depressão e a ansiedade são os quadros que mais aparecem no instituto, não tanto entre funcionários, mas, principalmente, entre alunos de graduação e pós-graduação. Aliados a esse quadro, temos situações com abuso de álcool, ingestão de medicamentos e drogas, que contribuem para um agravamento do estado depressivo”, analisa Bárbara.

Drª Bárbara Kolstock Monteiro

As mulheres são maioria nos atendimentos e a idade dos que mais procuram o serviço oscila entre 21 e 25 anos. “O número de mulheres é superior ao dos homens, embora esse índice não represente apenas um maior adoecimento por parte delas, mas a maior facilidade em solicitar ajuda. A literatura aponta que mulheres cuidam mais da saúde do que os homens”, esclarece a psicóloga.

A profissional aponta que problemas financeiros, dramas familiares, isolamento e frustração no rendimento escolar são algumas das causas que levam a situações extremas, como, por exemplo, o suicídio. “A metodologia aplicada é, em primeiro lugar, fazer o acolhimento, escutar e validar o sentimento da pessoa, dando seguimento aos problemas considerados mais graves, como é o caso da tendência ao suicídio e é aí que nossas forças têm que estar conjugadas.”

O trabalho da Bárbara também inclui a prevenção. Ela realiza palestras de esclarecimento sobre doenças mentais na ação IFSC e Bem-Estar de sua Comunidade. A partir do mês de janeiro, ela pretende criar grupos terapêuticos com alunos de graduação, pós-graduação e funcionários, além de tentar fazer parceria com o Centro de Educação Física, Esportes e Recreação (Cefer) da USP a fim de promover atividades físicas específicas para melhorar a saúde mental das pessoas.

“Eu acredito muito no trabalho da psicologia neste sentido de ajudar a ultrapassar dificuldades, que essas pessoas comecem a ter um olhar diferente em relação ao instituto, que não é um lugar de sofrimento, mas de prazer, de promoção da saúde e do convívio saudável”, destaca a psicóloga.

Bárbara lembra que sua missão é identificar o que está causando sofrimento, adoecimento, e buscar as modificações necessárias para se atingir o bem-estar individual e coletivo. Uma das iniciativas que contribuem para esse equilíbrio é o Momento Bem-Estar, na biblioteca do IFSC/USP, com práticas de meditação. “Todos nós precisamos ter vários pilares no nosso dia-a-dia, não podemos apenas trabalhar, ou estudar, ou ser só pai, só mãe. Precisamos diversificar os nossos dias para ter equilíbrio”, conclui.

Para contatar Bárbara Kolstock Monteiro, utilize o e-mail barbarakmpsico@gmail.com

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

23 de abril de 2019

SBI/IFSC: Como sobreviver sem assinar revistas científicas

Universidades de vários países estão criando novos arranjos para ampliar o acesso à literatura científica, depois de suspender contratos de assinaturas com grandes editoras, considerados caros e abusivos.

Para atender, ao menos em parte, as necessidades de informação de seus alunos e pesquisadores, as instituições apostam em ferramentas que ajudam a localizar na internet cópias de papers disponíveis em acesso aberto e no apoio de redes de bibliotecas e de mídias sociais para obter artigos de conteúdo restrito.

A Universidade da Califórnia (UC), nos Estados Unidos, por exemplo, anunciou em fevereiro o rompimento com a editora holandesa Elsevier, por meio do qual, a um custo de quase US$ 11 milhões por ano, seus 273 mil estudantes e 68,4 mil docentes e pesquisadores podiam ler documentos publicados em 2,4 mil periódicos.

Responsável por cerca de 10% de toda a produção científica norte-americana, a UC pressionava a Elsevier a aceitar um novo acordo, em que fariam parte de um único pacote o preço das assinaturas e as taxas pagas pelos pesquisadores da universidade para publicar seus artigos em acesso aberto em títulos da editora.

A Elsevier insistiu em manter o esquema tradicional para a maioria de seus periódicos, cobrando assinaturas e taxas de publicação de artigos e exigindo quantias extras quando o autor quer divulgar seu paper livremente na web.

Mais informações ver texto completo: http://revistapesquisa.fapesp.br/2019/04/15/como-sobreviver-sem-assinar-revistas-cientificas/

(Serviço de Biblioteca e Informação / SBI/IFSC/USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

23 de abril de 2019

Produção Científica do Instituto de Física de São Carlos em março de 2018

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica, cadastradas no mês de  Março  de 2019, clique aqui ou acesse o quadro em destaque (em movimento) no final da página principal do IFSC.

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente por pesquisador do IFSC, no periódico:

Pattern Analysis and Applications, v. 22, n. 1, p. 89-98, Feb. 2019

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

23 de abril de 2019

No PPGF/UFSCar: Absorção e espalhamento de Raios-X moles no SIRIUS 

No próximo dia  25 de abril, pelas 16h30, na sala de Seminários Swieca Nova, o Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade Federal de São Carlos (PPGF/UFSCar) levará a efeito mais um colóquio, desta vez ministrado pelo Prof. Dr.  Pedro Schio, do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron / Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais, que desenvolverá o tema Possibilidades em absorção e espalhamento de Raios-X moles no SIRIUS 

Neste colóquio, Pedro Schio mostrará como a utilização de Raios-X para estudo de materiais tem evoluído desde sua descoberta. O avanço tecnológico dos aceleradores de partículas, produzindo Raios-X mais brilhantes e de comprimento de onda selecionáveis, impulsionou uma profunda expansão no escopo de estudos relacionados.

Na primeira parte deste colóquio, o palestrante irá descrever de forma breve alguns dos princípios de funcionamento dos aceleradores de partículas modernos, bem como alguns aspectos da interação de radiação e matéria, apresentando, também, o projeto SIRIUS, o novo acelerador de partículas de quarta geração que se encontra em fase final de construção em Campinas.

A segunda parte do colóquio será dedicada às possibilidades existentes no SIRIUS, no que diz respeito a técnicas utilizando Raios-X moles, com a apresentação das possibilidades de estudos em (i) absorção de raios-X (XAS), incluindo possibilidade de investigação de propriedades magnéticas dos materiais com seletividade ao elemento químico (XMCD); (ii) espectroscopia de fotoelétrons com resolução angular (XPS, XPD, ARPES) ou espacial (microscópio PEEM).

Além destas técnicas relacionadas com radiação síncrotron,  Pedro Schio descreverá a infraestrutura disponível para estudos in-situ de superfícies e filmes finos, que consiste em câmaras para evaporação de filmes finos metálicos por epitaxia de feixes moleculares (MBE), câmara de crescimento de materiais complexos por deposição a laser pulsado (PLD) e microscópio de sonda de varredura nos modos força a atômica e tunelamento conectados por túnel de ultra-alto vácuo nas câmaras experimentais disponíveis.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

23 de abril de 2019

Romain Dubessy apresenta seminário no Grupo de Óptica (IFSC/USP)

O Grupo de Óptica do  IFSC/USP realizou no dia 23  do corrente mês mais um seminário, desta vez com o Dr. Romain Dubessy (Univ. Paris 13), que explanou o tema Superfluid Dynamics and Collective Excitations of a Quasi-Two Dimensional Bose Gas.

Dubessy apresentou os recentes resultados experimentais obtidos no Grupo Condensado de Bose-Einstein, da Universidade Paris 13, tendo discorrido sobre a configuração experimental baseada em átomos Rb87 super-esfriados presos em um potencial revestido de radiofrequência.

Neste seminário, foram discutidas as excitações de baixa energia do gás quântico e mostradas como elas podem ser reveladas usando um processamento de dados conhecido como Análise de Componentes Principais, relacionadas com suas propriedades e com a dinâmica do super-fluido. Também foram apresentados resultados preliminares sobre gases super-fluidos de rotação rápida, bem como quais os direcionamentos das pesquisas atuais e futuras no grupo do pesquisador.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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