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9 de abril de 2012

Pontas de cristal na termoterapia

A cura de lesões através de aquecimento ou resfriamento de corpos, a termoterapia, não é novidade. Na literatura, existem relatos afirmando que, desde a Roma e Grécia antigas, a técnica já é conhecida e utilizada pela humanidade.

Sergio-2Mas, como qualquer tipo de tratamento que tem sua origem datada de muitos anos, a evolução e melhora são uma consequência. Sendo assim, falar em termoterapia, hoje, é pensar em aparelhos bem sofisticados. Os modelos mais modernos utilizam-se de laser para o tratamento termoterápico e são capazes de curar, até mesmo, tumores superficiais.

A termoterapia a laser, notória a partir da década de 90, utiliza-se da radiação emitida por raio-laser para fazer uma interação com os tecidos do corpo. O contato é direto. A fibra óptica, que também passou a fazer parte do dia a dia dos pesquisadores, serve de intermediário entre a radiação e o tecido humano, sendo o local por onde passa a radiação.

Mesmo que o tratamento já tenha evoluído expressivamente, a busca por sua eficiência prossegue, através do aprimoramento de seus componentes ou do desenvolvimento de novos materiais. Exemplo disso é a pesquisa desenvolvida pelo aluno de doutorado do Grupo Crescimento de Cristais e Materiais Cerâmicos (CCMC) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Sérgio Marcondes.

Sob orientação do docente, Antonio Carlos Hernandes, e co-orientação do pesquisador, Marcello Andreeta, o aluno produziu, em laboratório, pontas cristalinas micrométricas para serem utilizadas na termoterapia pontual a quente, feita com raio laser.

Pontas de dimensões milimétricas e sub-milimétricas já existem e são utilizadas, inclusive, por profissionais da saúde, para outros tipos de termoterapia a quente. No entanto, são feitas de metais ou carbono e apresentam algumas desvantagens. No caso das feitas de metal, pode ser facilmente danificada e quimicamente corroída. No caso do carbono, pode reagir com a atmosfera e esgotar-se no ar ou tornar-se frágil.

A evolução das pontas

No caso da termoterapia a quente com laser, cristais podem substituir esses materiais nas pontas, apresentando inúmeras vantagens. No caso do material produzido por Sérgio, a ponta é fabricada a partir de dois componentes químicos diferentes- alumina (Al2O3) e óxido de neodímio (Nd2O3) -, que abrem um leque maior de possibilidades e, consequentemente, trazem mais eficiência ao sistema. “Se eu fabrico um material eutético [duas fases cristalinas, obtidas a partir de uma fase líquida], de alumina e zircônia, por exemplo, o primeiro possui propriedades ópticas e o segundo propriedades mecânicas. Assim, essas diferentes propriedades ampliam as aplicações. No caso de nossa pesquisa, as pontas cristalinas produzidas são mais maleáveis e geram calor devido à ação da radiação do laser de maneira mais eficiente, aproveitando-se das propriedades da alumina e do neodímio”, explica o pesquisador.

Sergio-1Para produzir as pontas cristalinas, o doutorando prepara, inicialmente, uma mistura dos dois componentes químicos – alumina e óxido de neodímio – na forma de um bastão cerâmico que será aquecido com radiação de um laser de CO2 de alta potência, para atingir-se a temperatura da ordem de 2.000 graus Celsius, necessário para a obtenção da fase líquida que será transformada em um material eutético – a ponta cristalina. O formato e a dimensão da ponta são controlados alterando-se os parâmetros de fabricação.

O diâmetro da ponta de cristal é de 300 a 600 micra (1 mícron equivale a 10-6m) e, em testes realizados pelo pesquisador, com a ponta acoplada a uma fibra óptica bombeada com um laser de comprimento de onda de 808 nm, conseguiu-se atingir temperaturas superiores a 200º Celsius, muito acima do necessário para tratar o tecido humano. Para fazer as demonstrações e medições do tamanho do local que será aquecido, um elemento inusitado entra na experiência: claras de ovo. Elas serão utilizadas para dar um feedback aos pesquisadores, em relação à dimensão visual da região que pode ser aquecida. “O uso da clara de ovo facilita a visualização do campo de aquecimento produzido por cada ponta e sua relação com a potência do laser usado para acoplar com a fibra. Esse procedimento experimental é rápido, simples e permite definir qualitativamente o efeito de cada ponta cristalina”, afirma Hernandes.

Dos laboratórios às clínicas e hospitais

A pesquisa já toma novo rumo: depois do protótipo construído, o próximo passo é fazer testes de variação de temperatura na ponta cristalina. “Estamos estudando qual a melhor composição de neodímio, ou seja, qual a quantidade ideal que deve ser adicionada à alumina, para compor a ponta de cristal”, conta Sérgio. Isso porque o efeito físico responsável pela geração do calor é chamado “relaxação multifonônica”, que depende da distribuição e quantidade de neodímio na ponta cristalina.

Por ser um produto que permitirá realizar tratamentos em termoterapia a laser de abrangência pontual, mas precisa, os pesquisadores ainda não conseguem delimitar as suas aplicações, ressaltando que microcauterizações podem ser a principal função para qual irão servir as pontas, além do tratamento de pequenos tumores. “Ainda não sabemos todas as potencialidades de uso ponta cristalina e estamos entrando em contato com profissionais da área de saúde para avaliar esse potencial”, frisa Hernandes.

Até o momento, os resultados foram promissores e as vantagens serão compensatórias, principalmente se comparadas com outros tipos de termoterapia desse tipo. “Essas pontas, por possuírem efeito térmico indireto, em tese, podem evitar efeitos secundários em pacientes. Por exemplo, em um sistema de aquecimento por rádio-frequência é muito mais difícil controlar a região aquecida, podendo atingir tecidos vizinhos”, explica Andreeta.

SergioEle também cita o sistema de aquecimento por meio de interação laser-tecido, afirmando que este também é de difícil controle, pois os diferentes tecidos possuem diferentes absorções ópticas, ou seja, para certa região do tecido, a potência do laser pode ser adequada, para outra não. “O aquecimento com as pontas que estão sendo desenvolvidas poderia evitar estes problemas por se tratar de um aquecimento por condução e, portanto, muito mais localizado, evitando danos nos tecidos vizinhos ao tecido a ser tratado”, afirma.

Com esse dispositivo em mãos, um médico, conhecendo a potência do laser, poderá controlar a temperatura que sai da ponta de cristal e interage com a pele, por exemplo. Até o final de seu doutorado, Sérgio definirá a melhor forma para ponta e os parâmetros para o melhor acoplamento com a fibra óptica.

Com isso concluído, e depois dos testes realizados em humanos, teremos a opção de mais um tratamento eficaz e indolor, provando que, não só as biológicas, mas também as ciências exatas trabalham em prol de tratamentos de saúde mais eficientes e com uma forte preocupação: o conforto do paciente.

Imagens: Sérgio Marcondes

Assessoria de Comunicação

9 de abril de 2012

As fendas no Universo e as possibilidades da viagem no tempo

As teorias de Einstein abrem espaço para a hipótese de grandes fendas no espaço-tempo, e o mistério que circunda sua existência e o uso desta geometria para viagens super rápidas ao redor do Universo – e também no tempo – tem ganhado espaço em ficções científicas e no meio acadêmico nas últimas décadas. Em parte, essa hipótese ainda se trata de um exercício de distração, mas ainda há o lado sério da teoria. Apesar da existência de túneis transitáveis no continuum espaço-tempo ainda não ter sido comprovada, não há nenhum princípio físico que dê conta de descartar a ideia totalmente.

A teoria tem origem na descrição do espaço e do tempo proposta pela Física, que propõe três dimensões comuns, observadas comumente por todos nós – largura, altura e profundidade –, com um diferencial fundamental: o tempo seria uma quarta dime

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nsão, útil para descrever todo o Universo.

Para os físicos, as dimensões especiais e temporais são diretamente conectadas. Este é o chamado continuum espaço-tempo, uma teoria matemática que engloba o Universo como um todo. Esta teoria foi proposta por ninguém mais que o físico alemão Albert Einstein, em 1905, através dos postulados da clássica Teoria da Relatividade. Neste trabalho, Einstein explica a dinâmica que rege este continuum, ou seja, as forças e os mecanismos de movimento por trás destas quatro dimensões. Antes disso, considerava-se que o tempo era absoluto e universal, igual para todos, mesmo em circunstâncias físicas bem diferentes. Mas para Einstein, se dois indivíduos se movem diferentemente, eles experimentam também tempos diferentes.

“Acontece que este continuum pode ter algumas singularidades, alguns defeitos”, comenta o professor Luiz Vitor de Souza, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) especialista em Física de Astropartículas. “Imagine que a sala da sua casa como a vemos, com três dimensões, largura, altura e profundidade, está com uma trinca”, ele explica. “O mesmo pode ser descrito em quatro dimensões”.

A matemática pode mesmo ser bem semelhante em ambos os casos. Mas, é exatamente nesta trinca, por menor que ela seja, que as coisas começam a ficar interessantes, justamente por envolver a noção de tempo, um mistério tão fascinante para os humanos.

Uma das formas mais conhecidas de “trincas” no continuum espaço-tempo é o buraco negro. Em um destes, o espaço-tempo se dobra ao redor dele mesmo. Isso significa que a gravidade ali é tão intensa que, neste caso, temos a máxima conhecida de distorção de tempo no Universo: nas proximidades de um buraco negro, o tempo parece estar parado em relação à Terra. Se um astronauta se atrevesse a chegar ali perto, ele poderia enxergar toda a eternidade em um curto período de tempo e, de fato, dar um salto imenso ao futuro – se é que voltaria inteiro.

diagrama_wormholeOutra singularidade possível, dentro da teoria matemática, é o chamado buraco de minhoca (wormhole, em inglês). Tendo como parâmetro as três dimensões que enxergamos, esta fenda seria uma espécie de funil (ver imagem ao lado) – um buraco em um espaço tridimensional, que leva a matéria através de um túnel para um outro espaço do outro lado. “O buraco de minhoca é isso, mas em quatro dimensões, o que significa que é um buraco no espaço e no tempo também”, explica o pesquisador do IFSC-USP. Este buraco poderia servir como um atalho para viagens super rápidas a locais distantes do Universo.

No entanto, Luiz Vitor enfatiza que o buraco de minhoca é um defeito de teor teórico, ou seja, é mera especulação. “Não existe um experimento, uma medida. É apenas possível, dentro da teoria da relatividade geral, que o continuum espaço-tempo se dobre, mas o buraco de minhoca é apenas uma solução inusitada para as equações matemáticas de Einstein”, esclarece o professor.

Diferentemente dos buracos negros, não há, ainda, uma busca específica direcionada à descoberta dos buracos de minhoca. É difícil até mesmo fazer uma predição, no sentido do quê exatamente deveria ser visto no Universo que se identificasse como uma dessas fendas. Um buraco negro é localizável através do movimento intenso de partículas e estrelas ao redor de um ponto vazio, que não emite luz, mas no caso de um buraco de minhoca o que veríamos? “Seria como um buraco negro, mas existe outra coisa do outro lado, para onde a matéria está indo, então talvez não enxergássemos nenhuma anormalidade”, comenta Luiz Vitor.

Apesar desta diferença no nível do visível, os fenômenos que levam à formação de todas as fendas neste continuum são muito similares. Basicamente, trata-se de uma grande concentração de massa que geraria uma força gravitacional tão intensa que dobraria o espaço-tempo. “A única forma que conhecemos capaz de curvar o espaço-tempo é a gravidade”, aponta o pesquisador. A não ser, é claro, nos primórdios do Universo, durante o processo de expansão acelerada que sofreu, a partir do Big Bang. Pense em um elástico, que você estica muito rápido: você estará criando ranhuras, estrias, no material. Esta é também uma explicação para o que os teóricos chamam de “defeitos topológicos” no continuum espaço-tempo. O buraco de minhoca é apenas um destes defeitos. “O Universo está – ou pode estar – repleto destes pontos descontínuos”, revela ele. Aliás, há teorias propondo que buracos de minhoca subatômicos e naturais se formem ao redor do Universo, desaparecendo muito rápido.

Matéria exótica

A matéria exótica recebe este nome justamente por ser muito pouco conhecida pelos especialistas. A forma mais famosa de matéria exótica, atualmente, é a misteriosa matéria escura. Este tipo de matéria, que instiga os cientistas da área, não emite luz. Trata-se de uma força misteriosa que age na gravidade, unindo as galáxias. Segundo Luiz Vitor, a matéria escura é um tipo de gravidade que, dependendo de sua distribuição, poderia causar tais dobras no continuum espaço-tempo. “É algo possível, mas não detectado pela teoria, pois é uma massa com características muito particulares, ou seja, suas partículas não se comportam como as partículas que temos aqui perto da Terra”, explica ele, que tem se dedicado a áreas relacionadas há anos.

Para antecipar perguntas clássicas que surgem a partir da hipótese de um buraco de minhoca, como “qual seria o comportamento de astropartículas no interior dessa fenda?”, “como seria possível ultrapasssar a velocidade da luz sem se transformar em pura energia?” ou, mais instigante ainda, “a viagem no tempo é possível?”, Luiz Vitor já adianta que a nossa Física atual não está preparada para responder a essas questões com firmeza.

Ele explica que, para estudar coisas de massa muito grande, no Universo, aplica-se a Teoria da Relatividade Geral e, para estudar coisas de massa muito densa, aplica-se princípios de Mecânica Quântica. E estas duas disciplinas não são descritas no mesmo quadro de trabalho. “Para prever o que aconteceria com objetos dentro de uma dessas falhas do espaço-tempo, ou mesmo em sua periferia, seria necessário utilizar as duas teorias simultaneamente, e ninguém conhece essa Física”, lamenta ele. Segundo ele, é possível traçar estimativas, mas os cientistas admitem suas limitações em um caso em que a concentração de partículas é muito grande e a massa é muito alta. Além disso, estima-se que, para serem transponíveis, os buracos negros exijam a existência de um tipo de matéria que possua densidade de energia negativa, o que, mais uma vez, não passa de mera conjectura teórica: não se pode provar nem refutar a existência deste tipo de matéria.

Nos parâmetros atuais, enquanto resultados de equações, tem-se que a viagem no tempo, como imaginamos, seria possível fora das ficções científicas, sim. “O buraco de minhoca não seria apenas uma viagem no espaço. É, de fato, uma viagem no tempo. Mas enquanto não houver medidas, experimentos, observações, não passa de especulação”, conta. “Por isso, a pesquisa do tema é tão interessante. Quando estudamos a fronteira do conhecimento, geramos avanço”, completa.

Todas essas soluções matemáticas, que abrem espaço para a hipótese de fendas na relação espaço-tempo no Universo, têm ganhado notoriedade justamente pela almejada possibilidade de viajar no tempo. Se comprovado, compreendido e dominado, o buraco de minhoca poderia ser reproduzido e utilizado para esta finalidade. Mas, obviamente, os cientistas que se empenham neste tipo de pesquisa têm menos esse objetivo em mente e mais a ambição de explorar e resolver a geometria do Universo. Menos apegados ao teor tecnológico da investigação, uma vez esclarecidos sobre esta geometria, os cientistas poderiam aplicar estas soluções matemáticas em outros problemas, como a descrição de grandes conjuntos de galáxias e estrelas complexas. No entanto, ainda que esteja longe de nossa realidade atual, a ideia está também longe de ser descartada.

“A Física não diz que isso é impossível e a postura de um físico sempre será ‘se a teoria não descarta, vale a pena tentar’. Nada que conhecemos impede uma viagem no tempo”, conta ele. Na teoria de Einstein de continuum espaço-tempo, não há exatamente uma diferença entre viajar de São Carlos até São Paulo e viajar de hoje para ontem. Mesmo na descrição de um princípio da Termodinâmica, que propõe que todas as coisas do Universo caminham para a desordem, e que esta tendência regula a seta do tempo para frente, não há indícios da completa inexistência de um mecanismo que possa reverter este quadro.

“A preocupação humana com o tempo é um reflexo da intenção de prolongar a vida, da tentativa insistente de driblar o fim, mas este é um problema intelectual muito mais interessante, porque nós temos uma percepção do tempo muito rígida e ainda é muito enigmático pensar de outra forma. Estes problemas são perfeitos para isso, pois colocam a Física como conhecemos em condições extremas”, finaliza o pesquisador.

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Assessoria de Comunicação

5 de abril de 2012

Tecnologia brasileira na sala de cirurgia

O conhecimento e experiência da equipe do Grupo de Óptica do IFSC-USP, aliado à busca da inovação pela empresa WEM, deram origem ao desenvolvimento de um novo sistema de bisturis, baseado na tecnologia ultrassônica. O sistema permitirá ao médico a realização de cortes mais precisos, em um período de tempo mais curto, além de cauterização e várias outras superações das tecnologias convencionais

Procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos são a grande tendência mundial na área médica. Atualmente, estas intervenções são sinônimo de um grande avanço tecnológico, na medida em que promovem consideráveis melhorias para profissionais da saúde e para pacientes, minimizando os riscos e tornando possíveis soluções nunca antes imaginadas na área médica. Para viabilizar este tipo de avanço, são necessários equipamentos e instrumentos de alta tecnologia, que agem em seu alvo com maior precisão, aliados a métodos que evitam grandes sangramentos ou complicações causadas por infecções.

videolap_2Desde as cirurgias da mais alta complexidade, como transplantes de órgãos, até intervenções que se utilizam da laparoscopia – a introdução de um pequeno telescópio de fibra óptica dentro do corpo, através de uma pequena incisão, para observar e operar em seu interior – exigem a utilização destes equipamentos.

Além dos avanços técnicos, o uso desta tecnologia tornaria todo o tratamento de saúde menos custoso a longo prazo, por evitar riscos e complicações que exigem maior monitoramento e manutenção do paciente durante e após a cirurgia.

O Brasil, que é um grande usuário deste tipo de tecnologia, ainda não trabalha em sua produção. Entretanto, no caso de países como o nosso, onde a impossibilidade de grandes expansões hospitalares é clara, o uso de métodos de alto teor tecnológico, mas de fácil acesso e instalação, é muito atrante. Aqui, o número de procedimentos laparoscópicos, por exemplo, tem dobrado a cada ano. Estima-se que o volume de recursos empregados em importações de equipamentos adequados para esta técnica chegue a cerca de R$ 600 milhões anuais. O país enfrenta uma grande necessidade de se apropriar desta tecnologia, empregando esforços e investimentos na capacitação de determinadas empresas nacionais, oferecendo apoio e colaborando com a especialização nesta linha.

Visualizando esta grande necessidade, o Grupo de Óptica do IFSC-USP, incentivado pela empresa especializada em dispositivos médicos WEM e financiado pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), tem trabalhado para produzir um bisturi ultrassônico nacional, um tipo de equipamento que minimiza riscos, oferece menos danos aos tecidos e reduz o tempo de cirurgia e de recuperação do paciente. A equipe responsável pelo projeto trabalha no Laboratório de Apoio Tecnológico (LAT) do IFSC-USP, e é experiente na área de transdutores – dispositivos que recebem um tipo de energia e a retransmitem em outro tipo – e fontes específicas de alimentação energética, além de possuir uma enorme bagagem na realização de inovação na área médica.

Este instrumento, aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária há menos de cinco anos, já é amplamente utilizado no Brasil, especialmente em cirurgias abdominais, operações mamárias, ginecológicas e em tecidos delicados como a face e as pálpebras, além cirurgias complexas como as de crânio e de coluna. Contudo, uma maior expansão do uso do bisturi ultrassônico enfrenta o obstáculo de seu alto custo, pois não existia, ainda, a iniciativa de uma produção nacional – o preço médio do instrumento é de R$ 18 mil.

Como funciona a tecnologia ultrassônica?

O bisturi ultrassônico é baseado em um sistema transdutor que realiza a geração de vibrações ultrassônicas até uma ponta que transmite a energia ao tecido.

transdutoresA ativação ultrassônica do instrumento se dá através de um sinal elétrico que, transmitido ao bisturi, excita um conjunto de cerâmicas.

Estas cerâmicas têm a propriedade de gerar um efeito chamado de piezoelétrico reverso, que seria a capacidade de gerar energia mecânica, ou seja, movimento, a partir de corrente elétrica, deformando-se e produzindo sons. Assim, o conjunto de cerâmicas passa a vibrar em uma frequência entre 50.000 e 55.000 Hz por segundo, muito superior à frequência detectada pelo ouvido de um ser humano, que consegue distinguir apenas os sons na faixa dos 20 aos 20.000 Hz.

Ao passar por um conversor, que amplifica a potência acústica, essa frequência gera uma vibração longitudinal – para frente – na haste. Essa energia mecânica é transmitida às proteínas, degradando-as e causando o rompimento dos tecidos.

Este aparelho, pensado especificamente para o tratamento de tecidos moles em procedimentos laparoscópicos (internos), possui uma ponta que prende o tecido a ser processado, como um pequeno alicate. Uma das bases do alicate deve permanecer imóvel e a outra, impulsionada pelo ultrassom, promove o corte e cauterização do local. No entanto, os pesquisadores garantem que seria completamente possível desenvolver outros tipos de instrumentos, que poderiam servir para o corte de ossos, por exemplo, através do ajuste da frequência do sistema e da ponta da haste do bisturi.

box_bisturi“Nós já trabalhamos no modelo matemático do transdutor ultrassônico, fizemos simulações, e agora já estamos fazendo o protótipo tanto do transdutor quando da haste”, confirma Thiago Balan Moretti, pós-graduando que, sob orientação do Prof. Vanderlei Bagnato, se encarrega do projeto. Além do transdutor e da haste transmissora, os pesquisadores trabalharão também no desenvolvimento de todo o sistema eletrônico e mecânico.

Em débito com a sociedade

“Este projeto deverá desenvolver e produzir os primeiros dispositivos desta tecnologia mas, mais importante ainda, deverá gerar conhecimento e experiência no setor empresarial, para que a tecnologia possa avançar de forma mais rápida e beneficiar a sociedade”, reflete Moretti. “Nós vamos desenvolver, testar e ajudar na elaboração de um produto final, pronto para ir ao mercado”, finaliza ele.

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Assessoria de Comunicação

5 de abril de 2012

Pesquisadores do IFSC recebem certificado de Session´s Best Paper Award

Durante o “2nd International Symposium on Integrating Research, Education, and Problem Solving 2012 (IREPS)”, ocorrido de 25 a 28 de março em Orlando (FL, EUA), 3 trabalhos desenvolvidos pela da equipe da Coordenadoria de Educação e Difusão de Ciências do CBME/INBEQMeDI foram apresentados. O evento reuniu representantes de 25 países para discutirem a necessidade de integração das atividades acadêmicas com a sociedade, unindo a investigação, educação e a solução de problemas da vida real. As atividades do evento foram divididas em plenárias gerais, workshops e alguns simpósios que ocorreram em paralelo.

Dentro da sessão “Relationships between Research and Teaching” foram apresentados os seguintes artigos da equipe CBME/INBEQMeDI: 1) “Interactive media on Chagas Disease: Development and Content”, assinado pelos autores: Claudinei Caetano de Souza, Gislaine Gomes da Costa, Marília Faustino da Silva, Leila Maria Beltramini e Nelma R. S. Bossolan; 2) “Development and Content of an Interactive Media on Malaria”, dos autores: Gislaine Gomes da Costa, Júlia M. Martins, Claudinei Caetano de Souza, Nelma R. S. Bossolan e Leila Maria Beltramini e 3) “Development of models pieces to represent amino acid and to building protein structures: evaluation by graduation students and teachers from public schools of São Paulo State”, dos autores: Aparecido Rodrigues da Silva, Nelma R. S. Bossolan e Leila Maria Beltramini, todos do IFSC/USP. O trabalho apresentado pela equipe relativo à mídia interativa sobre a Doença de Chagas foi eleito o melhor trabalho da sessão do qual participou, recebendo o certificado de Session´s Best Paper Award.

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Sobre a Coordenadoria de Educação e Difusão de Ciências do CBME-INBEQMeDI

O CBME é um dos CEPID’s apoiados pela FAPESP desde 2000, enquanto o INBEQMeDI é um dos INCT’s apoiado pelo CNPq e FAPESP, desde 2008. Ambos os projetos desenvolvem um amplo programa de educação e difusão de ciências, incluindo um Espaço Interativo de Ciências, localizado no centro da cidade de São Carlos. As atividades alí desenvolvidas são diversificadas e incluem: desenvolvimento e avaliação de materiais para o ensino, como mídias interativas, jogos virtuais e de tabuleiro, kits para a construção de modelos de ácidos nucleicos, aminoácidos e proteínas; videoconferências; web site, onde os materiais voltados para a educação básica estão disponíveis para download; cursos para educação continuada de professores, em parceria com a Secretaria de Educação do Estado de SP e também de outros estados; Clube de Ciências para alunos do ensino público.

Para maiores informações clique no site http://cbme.usp.br/inbeqmedi/

 Assessoria de Comunicação

5 de abril de 2012

Inscrições têm início na próxima semana

Na próxima semana, têm início as inscrições para o cursinho popular do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), que conta com o apoio do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) e Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC).

As inscrições, que começam em 9 de abril e terminam no dia 20 do mesmo mês, podem ser feitas na sala 156 da Secretaria Acadêmica de Licenciatura em Ciências Exatas- SACEx (localizada no prédio dos Laboratórios de Ensino de Física (LEF), piso térreo)- das 8 às 12 horas ou das 14 às 18 horas.

O cursinho, uma iniciativa do curso de Licenciatura em Ciências Exatas do IFSC, terá 30 vagas e fará processo seletivo através de entrevista socioeconômica.

As aulas têm início no dia 7 de maio, e ocorrerão de segunda à sexta-feira, das 13 às 18 horas. Entre as disciplinas ministradas incluem-se ciências naturais, matemática, gramática e redação.

Para maiores informações, basta enviar e-mail para sacex.usp@gmail.com ou ligar para (16) 8200-0884.

Assessoria de Comunicação

4 de abril de 2012

Atualização da Produção Científica do IFSC

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica, cadastradas no mês de março, clique aqui ou acesse o quadro em destaque (em movimento) do lado direito da página principal do IFSC.

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A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente por pesquisadores do IFSC, no periódico Physical Therapy.

 

 

 

 

Assessoria de Comunicação

30 de março de 2012

Novas nomenclaturas das prefeituras dos campi

Na última terça-feira, 27, o Gabinete da Reitoria da Universidade de São Paulo (USP) publicou portaria, que define novas denominações e siglas para as prefeituras dos campi USP (antigas coordenadorias).

Abaixo, seguem as novas nomenclaturas, para conhecimento da comunidade uspiana:

Denominação Sigla
Prefeitura do campus da USP São Carlos PUSP-SC

Prefeitura do campus da USP Ribeirão Preto

PUSP-RP

Prefeitura do campus da USP Pirassununga

PUSP-P

Prefeitura do campus da USP Bauru

PUSP-B

Prefeitura do campus da USP “Luiz de Queiroz”

PUSP-LQ

Prefeitura do campus da USP da capital

PUSP-C

Assessoria de Comunicação

30 de março de 2012

Palestra discute Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil competitivo

Em mais uma edição do Colóquio do IFSC, realizado às sextas-feiras no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas, um público de cerca de cem pessoas se reuniu para discutir um tema de extrema relevância para o meio acadêmico: “Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Competitivo”. O batismo da palestra ministrada pelo Professor Roberto Faria Mendonça, docente do próprio IFSC, é reflexo de um documento publicado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) no início deste mês e elaborado por uma equipe da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência) coordenada pelo próprio Prof. Faria.

IMG_0176O documento foi altamente elogiado e recomendado pelos ministros Aloizio Mercadante (Ministério da Educação) e Marco Antonio Raupp (Ministério da Ciência, Tecnologia e Educação) e, na manhã desta sexta-feira (30), foi discutida entre docentes, alunos de graduação e pós-graduação, que demonstraram muito interesse no tema e fizeram muitas perguntas, proporcionando um ambiente aberto e dinâmico.

Na palestra, Faria explanou a publicação capítulo a capítulo, em cada uma de suas três partes: Educação e Infraestrutura de C&T, Setores Estratégicos e Proposições, passando por temas como a educação básica, educação superior, parques científicos e tecnológicos do país e áreas de pesquisa que têm sido vistas com bons olhos pela comunidade científica, tais como fármacos e bioenergia.

O pesquisador apontou em gráficos e balanços o fenômeno que chamou de “desindustrialização brasileira”, um enfraquecimento brutal dos setores industriais de alta e média-alta intensidade tecnológica no país, o que põe a balança comercial em superdéficit. “Isso ocorre em relação à balança comercial industrial, mas vale lembrar que a balança comercial geral ainda é sustentada pela agricultura”, completa Faria. Mas, ainda segundo ele, isso tudo ainda não é justificativa de pessimismo, pois o país ainda avança, impulsionado pela globalização, que gera competição e inovação, pela grande demanda de insumos e commodities, e pela abundância de capital mundial em busca de investimento. “Mesmo em meio à crise financeira mundial, ainda temos essa disponibilidade e grande procura”, completa ele.

A próxima edição do Colóquio será realizada no dia 13 de abril, recebendo o Professor Marcos Buckeridge, do Instituto de Biociências da USP. Mais informações em http://www.ifsc.usp.br/coloquio/

Assessoria de Comunicação

30 de março de 2012

Um plus para educação

Falar em ensino e educação é fazer uma associação direta com escolas e salas de aula. Na língua dos educadores, isso é chamado de “espaço formal de ensino”. Paralelamente, existem, também, os “espaços não formais de ensino”, por sua vez, fora das salas de aula, podendo acontecer em locais diversos, como centros de ciências e museus, por exemplo.

Cibelle-2Na cidade de São Carlos, especificamente, alguns locais servem de sede desses espaços, incluindo-se nessa lista o Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC/USP), o Observatório “Prof. Dietrich Schiel” (ambos pertencentes à Universidade de São Paulo (USP)), aterros sanitários, estações de tratamento de água e esgoto, entre outros.

Sair da sala de aula e levar os estudantes até esses locais pode- e deve- servir de estímulo ao aprendizado. “Tudo isso chamamos de ‘aprendizagem não formal’, onde o aprendizado acontece, mas não é algo que será usado para medir o conhecimento dos alunos através de provas ou atividades inclusas no currículo escolar. São atividades complementares, que serão mostradas de maneira diferente de como é mostrado em sala de aula”, explica a docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Cibelle Celestino Silva.

Um dos principais objetivos do ensino não formal é, justamente, despertar o interesse do aluno. E, geralmente, ele é atingido, o que pode ser comprovado por pesquisas desenvolvidas pela própria Cibelle que, há quatro anos, tem se dedicado ao assunto. “Nesses espaços, o compromisso com o aprendizado existe, mas não no formato que estamos acostumados”, afirma.

Direcionando-se a ideia para o ensino de física, atividades experimentais são escassas e, praticamente, inexistentes em sala de aula. O ensino nos espaços não formais, portanto, atende dois objetivos: complementação do aprendizado e o despertar do interesse.

Cibelle cita alguns referenciais teóricos britânicos, para justificar o ensino em espaços não formais. Segundo tais teorias, o ensino em espaços não formais passa por três contextos e um deles é o sócio=cultural que prega que o que é ensinado aos alunos será absorvido de acordo com sua bagagem cultural e experiência familiar de cada um. “No espaço não formal, a individualidade é respeitada de outra forma”, explica a docente.

Alicerçada nesse contexto, Cibelle já trabalha com projetos direcionados a essa linha de pesquisa. O primeiro trabalho foi desenvolvido no Observatório “Prof. Dietrich Schiel”, onde, com o auxílio do estudante, Pedro Donizete Colombo Júnior, criou-se um questionário e realizou-se entrevistas, e tudo foi respondido pelos alunos e professores que visitaram o local. E chegou a interessantes conclusões.

Fora da sala de aula ficou mais divertido e/ou inteligível?

Os questionários, aplicados a dezenas de turmas do ensino fundamental (turmas com uma média de 30 alunos), continham tanto questões de aspecto social como aquelas voltadas à visita, em si. “Os alunos respondiam questionários antes e depois das visitas, um mês depois, mais ou menos. A intenção era saber o que tinha sido aprendido, não só sobre o conteúdo, mas também impressões”, conta Cibelle. “Um dos resultados positivos foi ver que, não somente os estudantes tinham vontade de voltar, mas também de trazer os pais em uma próxima oportunidade”.

O projeto mais recente da professora visa aprimorar o uso da “Sala Solar”, montada no Observatório “Prof. Dietrich Schiel”, pela equipe do Observatório, com a colaboração de um dos orientandos da professora. A sala, visitada por diversas turmas de escolas de ensino médio, abriga um helióstato*, um telescópio e um espectroscópio**. Na sala, ocorre a projeção do sol em uma tela de cerca de 1 metro de diâmetro e também a observação do espectro solar.. “O projeto atual é trabalhar junto com os professores do ensino médio, sendo cinco de física e dois de química. Queremos desenvolver atividades possíveis de serem usadas por eles, de uma forma mais efetiva, complementando o ensino em sala de aula”.

No projeto, a professora pretende, inclusive, oferecer bolsas aos professores participantes. A ideia é desenvolver sequências de ensino e aprendizagem, focando em conteúdos de física moderna (física atômica, radiação de corpo negro, espectroscopia etc.). “Os professores não têm conhecimento sobre esse conteúdo. Queremos trabalhar com eles, para que possam trabalhar parte do conteúdo em sala de aula e parte no Observatório”, explica Cibelle.

Portanto, a otimização do uso da Sala Solar é um ponto importante e a parceria com as escolas públicas, essencial.

Um pouco de filosofia

CibelleAs vantagens do novo programa se estendem por diversos caminhos: para os professores do ensino médio, mais e melhores oportunidades de compreender os conteúdos que lhe cabem, e passar corretamente aos alunos. Para os alunos, um aprendizado melhor e mais divertido. Para os idealizadores do projeto, uma resposta para sua pesquisa. Para sociedade, melhores profissionais no futuro.

Mesmo assim, os desafios são imensos. O psicanalista e educador, Rubem Alves, bolou uma “teoria”. “Figure que uma cebola cortada é um modelo do mundo. Bem no centro, lá onde o primeiro anel é tão pequeno que não chegou a ser anel, ponha uma criança. Imagine que os anéis são os mundos que ela precisa conhecer para viver. Mas não é possível comer o que está longe. Não é possível pular anéis. Só se pode comer o quarto anel depois que se comeu o primeiro, o segundo e o terceiro anéis”, descreve o educador.

Essa analogia, sem muitos termos técnicos ou expressões acadêmicas, de uma maneira extremamente descomplicada, tenta explicar a teoria dos “obstáculos epistemológicos”, redigida pelo filósofo francês, Gaston Bachelard, que busca explicações para as dificuldades do aprendizado. “As crianças pequenas tendem a pensar de uma forma anímica, ou seja, ‘atribuindo alma às coisas’. Elas atribuem a atração de uma fruta para o chão da Terra pelo fato de a fruta ‘gostar’ da Terra. Esse é um exemplo de obstáculo epistemológico que deve ser vencido, pois está em desacordo com o conhecimento científico”.

Em suas pesquisas desenvolvidas no CDCC, ao aplicar os questionários aos alunos, Cibelle notou diversas respostas carregadas de obstáculos epistemológicos. “Os professores tendem a ignorar esses obstáculos, a ignorar os pensamentos anímicos. Mas, para os alunos que pensam dessa forma, tal explicação tem sentido e mudá-la é que não tem. Então, são esses os vários desafios que se sobrepõe sobre o ensino de ciências”, comenta a docente.

Tendo-se em mente que a maior tarefa da escola é trazer o conhecimento científico aos seus alunos, sem “pular os anéis da cebola”, as atividades em espaços não formais de ensino mostram-se como uma alternativa inteligente, didática e mais gostosa de aprender. E, sem dúvidas, a estratégia mais coerente para que os estudantes possam passar por cada anel de conhecimento e, efetivamente, terem acesso ao conhecimento científico necessário que, para eles, faça algum sentido.Cibelle-1

*aparelho que acompanha o sol e permite a projetação de sua imagem, possibilitando a visualização de manchas solares

** aparelho usado para observação do espectro solar e outros experimentos

 

 

Assessoria de Comunicação

28 de março de 2012

Palestra tratará de uma das maiores paixões do brasileiro

No próximo mês, o programa “Ciência às 19 horas” une a física a uma das maiores paixões mundiais: o futebol.

Na palestra, que será ministrada pela docente do Instituto de Física (IF/USP), Emico Okuno, tópicos serão elaborados para trazer uma melhor compreensão sobre o jogo, discutindo-se as leis do movimento, que, como os jogadores, são protagonistas em qualquer partida.

O próximo “Ciência às 19 horas” está agendado para 17 de abril, no auditório do IFSC “Prof. Sérgio Mascarenhas” e, como de costume, a entrada é franca e toda comunidade está convidada a participar.

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Assessoria de Comunicação

28 de março de 2012

Câmara fotoquímica inovadora para o estudo do câncer

Há exatamente um ano, o projeto de um equipamento inovador teve grande repercussão nas mídias nacionais – um reator fotoquímico com funcionamento à base de LEDs (Diodos Emissores de Luz) e controles eletrônicos que, além de um custo muito abaixo do aparelho padrão inglês, tem o bônus de ostentar o selo da sustentabilidade. À época, os pesquisadores Alzir Batista, docente do Departamento de Química da UFSCar, e João Fernando Possatto, técnico de laboratório do Instituto de Física de São Carlos, já haviam contado que interessados de diversas áreas de pesquisa os procuravam pedindo por especificidades na fabricação do aparelho, para atender a determinadas necessidades de pesquisa em seus próprios laboratórios.

celulascancerosasAgora, então, a dupla voltou a intensificar os trabalhos para produzir um novo formato do reator, que já tem até outro nome, e uma causa mais do que nobre. Batizado de “câmara fotoquímica”, o aparelho poderá ser aplicado em pesquisas contra o câncer.

“A ideia do reator foi bem aceita pelos colegas da comunidade”, comenta Alzir, orientador do projeto de pesquisa que foi tema da tese de mestrado de Possatto. “Mas há necessidades específicas para cada pesquisador, e decidimos fazer uma mudança, não na ideia do equipamento, mas na concepção de seu formato”, esclarece ele. O desafio, agora, é adaptar a estrutura do bem sucedido desenvolvimento às demandas da pesquisa farmacêutica.

Inovação sob encomenda

Durante o desenvolvimento do primeiro reator, o equipamento foi desenhado e construído com base nas necessidades do laboratório do professor Alzir, na UFSCar, que centraliza suas pesquisas na investigação de soluções líquidas. “Por isso, fiz um reator em forma radial. O líquido fica no centro, de forma que a luz incide em toda a sua superfície, e a estrutura espelhada otimiza todo o sistema”, conta Possatto, um veterano em Instrumentação Óptico-Eletrônica.

No caso da pesquisa contra o câncer, que trata de material biológico, a história fica um pouco mais complicada. O objetivo principal é descobrir se a luz melhora a ação de alguns fármacos específicos. “Vamos aplicar o composto sem a incidência de luz, e depois no aparelho, com a presença de luz, para saber se a terapia fotodinâmica causa maior atividade nas células cancerígenas”, conta Alzir.

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Alguns compostos são liberadores de óxido nítrico, uma molécula com muita atividade biológica, inclusive com propriedades anticancerígenas. O novo aparelho deverá conseguir excitar estes compostos orgânicos e inorgânicos, através das luzes emitidas pelos LEDs, para facilitar a emissão das moléculas de óxido nítrico. “Basicamente, isso promoveria maior atividade anticancerígena”, explica Alzir.

Para o fim desta pesquisa, o formato radial não é viável. “Os objetos de pesquisa precisam ser aplicados em microplacas, que são planas, então a luz deve ser aplicada na vertical, tanto de cima quanto de baixo”, explica Possatto.

Este inovação no equipamento deve gerar uma nova patente, além daquela já obtida a partir do desenvolvimento do primeiro reator. “Digamos que é uma inovação sob encomenda”, brinca o químico, contando que, além de suprir necessidades de seu próprio laboratório, o equipamento também será abrigado por diversos laboratórios no país que se empenham nas pesquisas com a terapia fotodinâmica.

Nesta etapa do novo projeto, Possatto se encarrega de confeccionar um desenho para o equipamento, ao que se seguirá à montagem do protótipo físico. “Em dois meses, no máximo, isso estará pronto”, prevê ele.

A essência continua a mesma

O funcionamento do reator continua sendo o mesmo. Não há diferença estrutural no equipamento, no caso de tratamento de material biológico ou de material inorgânico. “O cuidado deve vir da parte do pesquisador, na adequação do tipo de luz que ele vai usar”, conta Alzir. No trabalho com cinética química, por exemplo, é desejável apressar a reação, então a luz pode ser utilizada em vários comprimentos de onda diferentes. “Porém, no tratamento de um fármaco, existe uma janela adequada, que seria da ordem de 600 nanômetros, uma luz de energia mais fraca, ou podemos degradar as células”, explica o pesquisador. “Na região do visível, a luz é mais segura para os materiais biológicos”.

O tratamento do câncer por terapia fotodinâmica não é exatamente uma novidade. No próprio IFSC-USP, uma bem-sucedida pesquisa resultou na distribuição, no Sistema Único de Saúde, de um aparelho de diagnóstico e tratamento do câncer de pele através da emissão de luz. No caso do câncer de pele, uma área que é facilmente atingida pela luz, normalmente utiliza-se um composto químico que se liga às células cancerígenas, e o composto é ativado justamente através da incidência da luz. Antes da aplicação da luz, em um comprimento de onda específico, a substância ficaria “inerte”. Com o composto estudado pelo grupo de Alzir, o medicamento liberaria o óxido nítrico, tóxico para o câncer, e um grande adicional no tratamento.

“Todo fármaco tem efeitos colaterais, mas este método aumenta a seletividade do composto, que age menos sobre as células saudáveis, e diminui a toxicidade do composto”, conta Alzir. “A luz pode ser mais bem direcionada, podemos iluminar apenas uma região, o que é uma boa vantagem para o tratamento”, aponta Possatto. Ademais, este tipo de composto tem um tempo de vida relativamente curto no corpo humano, ou seja, depois de atacar as células danosas, o próprio organismo passa a eliminar a substância.

O diferencial é que, enquanto este kit trata-se de uma pesquisa aplicada, já disponível no mercado, o equipamento de Alzir e Possatto seria direcionado para a pesquisa básica, que buscaria um melhor entendimento e manipulação da terapia, testando a ação de novos compostos e aprimorando a ação dos já utilizados. A câmara viabilizaria tanto testes in vitro (com células isoladas) quando in vivo (em pequenos animais ou humanos), com objetivos centrados na observação e descrição da reação da molécula à luz, ao invés do tratamento clínico efetivo.

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“Como dito, queremos saber qual é exatamente a influência da luz nos fármacos que estamos estudando através da aplicação em vários tipos de células tumorais: de mama, de pele, etc, mas até agora só fizemos testes sem a incidência de luz, por isso precisamos do equipamento”, completa Alzir.

“Sabemos que a terapia fotodinâmica tem sido uma vertente bastante explorada no tratamento de câncer, tem muitas vantagens, principalmente em se tratando de câncer de pele, então esperamos bons resultados, especialmente porque teríamos um medicamento bem mais eficiente”, finaliza ele.

Assessoria de Comunicação

27 de março de 2012

Inauguração das novas adequações contou com a presença da pró-reitora de Graduação

Em 27 de março, pela manhã, ocorreu a inauguração das novas adequações do prédio dos Laboratórios de Ensino de Física (LEF) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Para acompanhar o acontecimento, esteve presente a docente e pró-reitora de Graduação da Universidade de São Paulo (USP), Telma Maria Tenório Zorn.

Na ocasião, acompanhada pelo diretor do IFSC, Antonio Carlos Hernandes, e outros docentes do Instituto, Telma falou sobre o investimento da USP na Graduação, para o ano de 2012, e de alguns projetos que planeja dar início. “A graduação, de fato, é o principal projeto da administração atual”, contou a professora, referindo-se aos projetos idealizados pelo reitor da USP, João Grandino Rodas.

Estando presente, justamente, em uma ocasião em que novos espaços físicos estavam sendo inaugurados, a pró-reitora discorreu sobre a importância da ambientação, tanto para alunos, quanto para docentes. “Um bom ambiente para dar e receber aulas faz parte de nossas necessidades e temos o direito de ter esse conforto”, elucidou.

Telma agradeceu o convite para participação da inauguração das novas adequações do LEF. “Sinto-me muito honrada por estar aqui e, hoje, temos mais uma razão especial, pois é a primeira inauguração da primeira obra resultante de um projeto da USP, que objetiva a melhora das condições dos ambientes de ensino, como parte do programa de qualificação cada vez maior das atividades de graduação da nossa universidade”, explicou a docente.

TelmaSobre o IFSC como um todo, a pró-reitora fez elogios tanto a infraestrutura, como à parte de pesquisas. “O Instituto já é conhecido pelas pesquisas de ponta que desenvolve, no contexto nacional e mundial. Como pró-reitora de graduação, fico muito feliz de estar aqui e ver o interesse muito grande da gestão atual, com a qual tenho convivido mais de perto, em melhorar o ensino de graduação. Afinal, sem a graduação, não há pesquisa”, finalizou Telma.

Assessoria de Comunicação

27 de março de 2012

Pró-reitora de graduação visita o IFSC

No dia 27 de março, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) recebe a pró-reitora de Graduação da Universidade de São Paulo (USP), Telma Maria Tenório Zorn.

Na ocasião, a pró-reitora, acompanhada pelo diretor do IFSC, Antonio Carlos Hernandes, visitará algumas dependências do Instituto, incluindo o prédio dos Laboratórios de Ensino de Física (LEF), que terá algumas de suas adequações inauguradas.

Assessoria de Comunicação

26 de março de 2012

O empreendedorismo na universidade

O mercado de trabalho, cada dia mais exigente, tem cobrado dos futuros (e presentes) contratados experiência e volatilidade em lidar com diversas situações, além de atualização, no que se refere à inovação de produtos e serviços.

Se estudantes do ensino superior tivessem a oportunidade de lidar com essa realidade num microcosmo, o processo de adaptação nas empresas seria muito mais fácil e as competências poderiam ser aprimoradas, ainda, durante a graduação.

No Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), tal microcosmo já é uma realidade. Desde 2007, alunos dos quatro cursos de graduação do Instituto reúnem-se, quinzenalmente, para trocar ideias e desenvolver projetos, através de uma associação civil, sem fins lucrativos – o IFSC Jr.

Para ser um membro da associação existe apenas uma condição: ser aluno regular do IFSC. Mas, para solicitar os serviços oferecidos, não há nenhum obstáculo: pessoas físicas e jurídicas são atendidas pelo IFSC Jr., desde que o serviço prestado esteja dentro das competências que os alunos possuem.

A maior parte dos clientes são, mesmo, os da universidade. O site da Biblioteca do IFSC é uma das “obras” concluídas, entre outros softwares e programas de gerenciamento utilizados nos laboratórios de pesquisa. “Já fomos procurados por outras empresas juniores, e fizemos o site da All Pharma e já prestamos serviços ao IQSC [Instituto de Química de São Carlos]”, conta o presidente da IFSC Jr., Fernando Ribeiro Caires.

No entanto, potenciais clientes já procuram pelos jovens empreendedores. O desenvolvimento de um novo aplicativo para o iPhone já foi uma das tarefas recebida, este ano, pela empresa. “Uma escola também já nos procurou para criarmos um sistema de gerenciamento de alunos, via web”, conta o vice-presidente da empresa, Carlos Eduardo Afonso Gomes.

Enquanto para os alunos a vantagem mora no fato de terem um contato “precoce” com o mundo empresarial (mesmo que em menor escala), tendo a oportunidade de desenvolver suas habilidades, antes mesmo de ingressar no mercado de trabalho ou na área acadêmica, os clientes também recebem o benefício de um serviço ou produto de qualidade, pagando muito menos por isso. “Como não somos profissionais, nosso preço é bem abaixo daquele cobrado no mercado. Já chegamos a preços abaixo de 50% do cobrado normalmente, mas estamos revendo nossos preços, também”, conta Fernando.

A empresa mantém um faturamento médio anual de R$15 mil e todo dinheiro é investido dentro da própria IFSC Jr. para contratação de serviços necessários para sua manutenção cotidiana. “Todo lucro que temos é revertido para realização de palestras, melhoramento das salas onde nos reunimos etc. Então, contratamos alguém para prestar esses serviços, pagamos com esse dinheiro, e, caso sobre alguma coisa, reinvestimos na empresa”, conta Fernando. “O trabalho, na IFSC Jr., é voluntário. O intuito é que os participantes adquiram experiência para, posteriormente, fazer uso dela em sua vida profissional”.

A propósito, para manter o crescimento da empresa e sua conexão com as novidades do mercado, os integrantes da IFSC Jr. participam, rotineiramente, de cursos. Fora isso, encontros com empresas juniores de outras unidades dos campi da USP também são frequentes. “O Núcleo USP promove, pelo menos, quatro eventos anuais, dos quais sempre participamos”, conta Carlos, que informa que o contato com a Opto também é uma constante. “O professor Jarbas [docente do IFSC e presidente da Opto] é tutor do IFSC Jr. Nos falamos, ao menos, duas vezes ao ano e ele nos aconselha bastante”.

A hierarquia do IFSC Jr. é definida pelos próprios integrantes. Hoje, ela conta com 12 membros, mas, anualmente, outros alunos podem se inscrever para participar, aumentando esse número. Os cargos são divididos entre diretores, subdivididos nas áreas de marketing, recursos humanos, financeiro, qualidade e projetos. Eles são auxiliados pelos conselheiros, também escolhidos pelos membros da associação. “A votação é anual e cada cargo pode ser exercido por, no máximo, dois anos”, explica Fernando.

IFSC_Jr_2Depois disso, é buscar os projetos e tentar concretizá-los de maneira rápida e, sobretudo, qualitativa. Os alunos contam que, quando necessário, recorrem ao auxílio de outros docentes do Instituto, mas a maior parte dos projetos são iniciados e finalizados pelos próprios membros do IFSC Jr., sem a ajuda de terceiros. “No caso de um site, o programador já tem noção de como desenvolvê-lo e vamos fazendo um intercâmbio de informações entre contratante e programador, buscando o consenso entre as partes”, afirma Fernando.

Para 2012, os planos são ambiciosos. Contando com novos membros, a empresa abraçará mais projetos. Fernando e Carlos, já no último ano de graduação, esperam encontrar candidatos fortes e dedicados para substituí-los e dar sequência a um projeto que, sem sombra de dúvidas, tem muito a acrescentar na vida da universidade, das empresas, mas, principalmente, dos próprios alunos que participam do projeto.

Para participar

As inscrições para participação na empresa, em 2012, vão até 23 de março. Para inscrever-se no IFSC Jr. ou obter maiores informações, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

23 de março de 2012

Pesquisador norte-americano ministra palestra no IFSC

O Colóquio do IFSC desta semana trouxe para o Brasil o pesquisador David Vaknin, do U.S. Department of Energy da Universidade de Iowa. Vaknin é integrante do Laboratório Ames, um centro de pesquisa governamental que, há mais de sessenta anos, busca soluções para problemas relacionados à energia através da exploração da química, da engenharia e das ciências de materiais, matemáticas e físicas.

Especialista em espalhamento de Raios-X e nêutrons e da técnica de Raio-X de superfícies, ele elaborou o tema, mais especificamente no que diz respeito aos fenômenos de interface entre líquidos e gases, para um público de aproximadamente 150 alunos e professores.

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Na próxima semana, o palestrante do tradicional ciclo de palestras é um nativo do IFSC: o professor Roberto Mendonça Faria, do Grupo de Polímeros, recentemente coordenou a produção de um documento contendo um panorama da ciência no Brasil e sugestões para um maior desenvolvimento nos próximos anos (“Ciência, Tecnologia e Inovação para um Brasil Competitivo”), uma publicação que foi altamente elogiada pelos Ministério da Educação e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. No dia 30 de março, às 10h30, o docente falará sobre o tema, abordará o exemplo da Eletrônica Orgânica, oferecendo resultados científicos e tecnológicos que têm sido obtidos dentro do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Eletrônica Orgânica (INEO), sediado no IFSC e coordenado por ele desde 2008, ano de sua criação pelo Governo federal.

Para maiores informações, acesse www.ifsc.usp.br/coloquio.

Assessoria de Comunicação

23 de março de 2012

Inscrições vão até maio

OBFEm 2012, a Sociedade Brasileira de Física, com o apoio do Ministério da Ciência e Tecnologia (através do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq), realiza uma nova edição das Olimpíadas Brasileiras de Física.

O programa, que tem como principal objetivo estimular e despertar o interesse de estudantes pela física e aproximar a universidade do ensino médio, tem suas inscrições abertas até 9 de maio e todos os estudantes do ensino médio e último ano do ensino fundamental podem participar.

A OBF, além de visar objetivos já descritos acima, também prepara os participantes para participação na Olimpíada Internacional de Física (IPho).

A competição é dividida em três fases, sendo que a primeira acontecerá em 19 de maio.

Para acessar o site da OBF e obter maiores informações ou fazer a inscrição no evento, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

23 de março de 2012

No caminho contra o mal

Pesquisa básica, realizada por pesquisadores, prima pela qualidade e complexidade dos estudos e busca inibidores capazes de combater células tumorais

Sandra-2Falar sobre câncer tem-se tornado um assunto notório, não somente pelo número crescente de vítimas que a doença tem feito, sobretudo nos últimos anos, mas pelo aumento do número de pesquisadores interessados em encontrar alternativas para tratar o mal.

Dois exemplos são os pesquisadores do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), André Ambrósio e Sandra Gomes Dias, doutores pelo programa de pós-graduação do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), autores de um paper recém divulgado na publicação estadunidense Proceedings of The National Academy of Sciences (PNAS), que contou com a colaboração do docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Richard Charles Garratt.

A repercussão do artigo justifica-se pela abordagem ampla e aprofundada de uma linha de pesquisa que, nos últimos dez anos, tem sido desenvolvida para encontrar inibidores capazes de combater células tumorais, baseados no “vício” dessas células por glicose e glutamina, sem prejudicar as células saudáveis. “Essa pesquisa começou quando eu e a Sandra estávamos fazendo pós-doutorado nos Estados Unidos e, quando voltamos ao Brasil, decidimos unir esforços para estudar proteínas de maneira mais multidisciplinar”, relembra André.

Contando com o financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) para levar o projeto adiante, os pesquisadores utilizaram-se de diversas técnicas para estudar proteínas consideradas “chave” no desencadeamento de câncer, e, não ao acaso, depararam-se com a Glutaminase C (GAC), que a comunidade científica considera um “combustível” essencial para manter a proliferação exagerada das células tumorais. “Já se sabia da existência de três variantes da glutaminase e nosso trabalho mostrou que a GAC é a enzima mais ativa e pontencialmente chave no fenótipo tumoral”, conta o pesquisador.

A área de estudos do metabolismo tumoral se funda em descobertas do início do século XX e voltou à tona nos últimos anos. “Um desses estudos aponta um fenômeno, o ‘efeito Warburg’, que afirma que as células tumorais têm alta dependência de glicose para se proliferar. Outros estudos afirmam que a glutamina, junto da glicose, é um importante componente para propagação dessas células”, explica Sandra.

Com essas informações em mãos, os dois pesquisadores passaram a estudar mais profundamente a glutaminase e suas variantes, até chegarem à GAC. “As células tumorais consomem alta quantidade de glutamina, isso é fato. E grande parte dessa glutamina vem de fontes externas, através da alimentação, ou de proteínas que ficam armazenadas nos músculos do corpo, por exemplo. Normalmente, o nível de glutamina no sangue já é alto, sendo importante para alimentação de células saudáveis. Ao mesmo tempo, servem de combustível para as células tumorais e, consequentemente, para o seu crescimento”, conta a pesquisadora.

A novidade

Sandra-3A importância da glutaminase já era conhecida por alguns cientistas, mas os dois pesquisadores em questão fizeram algumas descobertas importantes: primeiro, conseguiram encontrar um composto – o 968 – que inibe a ação da glutaminase. “Participamos de uma publicação, elaborada na Cornell University, onde realizamos o nosso pós-doutoramento, que falava sobre esse inibidor”, conta Sandra.

Mas, mesmo assim, ainda era nebulosa a relação direta da glutaminase com tumores celulares. Foi quando André e Sandra separaram as três variantes da enzima e encontraram na GAC um “destaque” maior. “As outras duas variantes não se mostraram como ‘chave’ para o desencadeamento de tumores. A GAC seria a variante mais presente na mitocôndria, local da célula onde acontece o processamento da glutamina”, detalhou Sandra.

O paper, publicado no PNAS, finaliza apresentando a estrutura cristalográfica da GAC, algo que não se conhecia. E é justamente nesse ponto que mora o diferencial da publicação e, consequentemente, a qualidade dos estudos desenvolvidos pelos dois pesquisadores. “Essa informação é extremamente poderosa para a busca de inibidores da GAC, o que vários grupos de pesquisa já estão tentando encontrar”, conta Sandra.

Qualidade versus publicações

Richard faz questão de se pronunciar sobre a qualidade da pesquisa desenvolvida. “O IFSC está formando alunos que se preocupam com pesquisas de qualidade”, elogia o docente. “Hoje em dia, há uma grande ‘febre’ para publicação de muitos trabalhos e a essência da ciência está se perdendo um pouco, porque está se tornando uma máquina de produzir coisas, sem a devida preocupação com o impacto que aquilo irá causar. Não precisa existir aplicação em uma pesquisa, desde que seja feito um trabalho completo e que avance o conhecimento de alguma forma”.

O docente acredita que o trabalho ganhou notoriedade, pois trouxe várias abordagens diferentes para um mesmo problema. “A PNAS aceitou essa publicação, pois qualquer estudioso da área sabe que a glutaminase é uma proteína ‘chave’ para o desencadeamento das células tumorais”, explica.

Richard faz questão de frisar que a capacidade intelectual dos brasileiros para desenvolver pesquisas de qualidade equipara-se a de pesquisadores de qualquer parte de mundo e que é preciso ousadia para se conseguir os melhores resultados.

SandraEmbora a pesquisa em questão se trate de uma pesquisa básica, é importante ressaltar que tal descoberta abre muitas portas. “Nossa descoberta aumenta as chances de encontrarmos mais e melhores inibidores para o controle, e até mesmo cura para alguns tipos de câncer”, afirma Sandra.

Uma vez descoberta a estrutura da GAC, tem início uma nova etapa de trabalho no projeto; o foco volta-se, agora, para o estudo do BPTES, outro inibidor atualmente em estudo no laboratório de Sandra e Andre. “Já temos a estrutura do inibidor em complexo com a proteína e estamos realizando outros estudos para entender o mecanismo de inibição dele. Acreditamos que no meio do ano estaremos submetendo esse novo trabalho”, finaliza Sandra.

Assessoria de Comunicação

22 de março de 2012

Palestra discute a produção de medicamentos nacionais

Retornando de um recesso de três meses, o programa “Ciência às 19 horas” coloca em discussão a produção brasileira de fármacos e toca em pontos como a produção de medicamentos, o custo e importação de princípios ativos.

Quem conduzirá a palestra é João Batista Calixto, professor titular do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

Como de costume, a palestra tem início às 19 horas, e será realizada no auditório do IFSC “Prof. Sérgio Mascarenhas”. A entrada para o evento é gratuita e todos estão convidados a participar.

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Para mais informações, acesse o site do programa.

Assessoria de Comunicação

22 de março de 2012

Tevê mostra pesquisas de pós-graduação desenvolvidas na USP-São Carlos

A EPTV, emissora afiliada da Rede Globo, retratou na manhã deste sábado (17) um panorama das pesquisas desenvolvidas a nível de pós-graduação na USP-São Carlos, no programa EPTV Comunidade. O programa contou com representantes das Comissões de Pós-Graduação (CPG) da Escola de Engenharia de São Carlos, do Instituto de Ciências Matemáticas e Computação, Instituto de Química de São Carlos e Instituto de Física de São Carlos.

O entrevistado convidado do IFSC-USP foi o Professor Tito José Bonagamba, presidente da CPG e integrante do Grupo de Ressonância Magnética do Instituto que, ao lado de outros grupos de pesquisa, desenvolve projetos para a prospecção de petróleo e relacionado à área de saúde. No programa, o Professor Tito falou sobre os desenvolvimentos de destaque da Universidade e sobre os meios de torná-los acessíveis à comunidade são-carlense. Assista: 

http://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/eptv-comunidade/videos/t/edicoes/v/eptv-comunidade-pesquisas-pos-graduacao-bloco-3/1860993/

Assessoria de Comunicação

22 de março de 2012

Prof. João Calixto (UFSC) dissertou sobre Pesquisa e Inovação em Medicamentos

O programa “Ciência às 19 horas” retomou sua atividade neste ano de 2012, recebendo a visita do Prof. Dr. João Calixto, docente e pesquisador do Centro de Ciências Biológicas – Departamento de Farmacologia da Universidade Federal de Santa Catarina-, que proferiu a palestra intitulada “Pesquisa e Inovação em Medicamentos no Brasil: os desafios para reduzir nossa dependência externa”, evento que decorreu pelas 19 horas, no auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), no dia 20 de março.

Sabendo-se que o Brasil está entre os dez maiores mercados mundiais na área de medicamentos, existe algo contraditório, já que as empresas farmacêuticas nacionais ainda dependem da importação de princípios ativos, principalmente vindos da Índia, China e Coreia, na maior parte das vezes de origem laboratorial duvidosa. João Calixto concorda com essa afirmação, acrescentando que essa é uma questão que não é só aplicada à área dos medicamentos, um problema que acontece em diversas áreas relacionadas também com a média e alta tecnologia:

São problemas que ficam claros quando se observa o déficit comercial brasileiro em quase todas essas áreas. Quanto à área dos medicamentos, que é considerada um bem essencial, envolve uma tecnologia altamente complexa e importante. As grandes empresas que fabricam medicamentos encontram-se sediadas, basicamente, em seis países, mas isso não justifica que o Brasil tenha ficado para trás nessa corrida ou nessa disputa. Extrair petróleo do fundo do mar é mais fácil do que fazer um medicamento: então, porque é que um dá certo e outro não? É tudo uma questão de política de Estado. Principalmente a partir da época do governo militar, foram definidas algumas estratégias consideradas como prioridades do Estado – Petrobrás, Embraer e Embrapa – e que duram até agora, com sucesso. Nesse período, quer a área de medicamentos, quer algumas áreas dedicadas à eletrônica não foram entendidas como prioritárias. Curiosamente, a ciência evoluiu bastante e hoje o Brasil ocupa uma posição estratégica em nível mundial, na área científica, mas não conseguiu acompanhar esse ritmo de desenvolvimento. Por outro lado, as empresas brasileiras, embora tenham parques fabris importantes, ainda têm um peso excessivo de empreendedorismo familiar, ou seja, trabalham em nichos de mercado, sobrevivendo, em grande parte, dos designados medicamentos genéricos, que foram criados há dez anos – refere o pesquisador.joaoifsc500

 Com efeito, e segundo a opinião do Prof. João Calixto, o Brasil possui grandes empresas farmacêuticas – principalmente no Estado de São Paulo -, com capital nacional, mas elas não possuem laboratórios de pesquisa, fazem pouca inovação e quase não se articulam com o meio acadêmico. Sabendo-se que o mercado brasileiro de medicamentos ocupa o sétimo ou oitavo lugar no mundo, é curioso verificar que existe um déficit – recorde-se que o medicamento é um bem essencial, de caráter estratégico. A população vai envelhecendo, vai necessitando de mais cuidados, e o Brasil está com déficit na balança comercial na ordem dos US$ 11 bilhões nas áreas médica e hospitalar. Em comparação, a Índia continua a dar cartas, como explica o pesquisador:

Porque é que a Índia exporta toneladas de princípios ativos? Em 1996/97 houve uma pressão internacional muito forte através da lei de patentes e, nessa época, o Brasil tinha uma dívida externa monumental, quase impagável, e essa questão da lei foi negociada de forma quase impositiva, no nosso país. O Brasil aceitou a pior lei de patentes que se podia imaginar, com implantação imediata, mas retroagindo. Por sua vez, a Índia também foi pressionada, mas ela conseguiu condicionar a sua participação na lei até 2006, ou seja, ela ficou copiando formulações, chamou especialistas do exterior e teve tempo para se modernizar, transformando-se, por fim, num polo importante, jogando o Brasil lá para trás. Daí que tenha sobrado para as empresas brasileiras o conhecido medicamento genérico, mas de uma forma algo desarticulada, sem se ter tido determinados cuidados com sua fabricação. O Brasil importa os princípios ativos, mas depois existem problemas de qualidade do produto, incertezas nas dosagens, variação de preços, etc. Estamos numa situação difícil; somos a sexta economia mundial, um dos países no topo do desenvolvimento científico e, por outro lado, temos estes descompassos – comenta o palestrante.

As relações entre empresas e universidades

Ao longo dos anos e até o atual momento, as universidades e as empresas continuam de costas voltadas, cada uma falando seu idioma: não há uma interação, não há diálogos, apenas monólogos, fato que também tem contribuído para uma espécie de estagnação no setor. João Calixto não sabe se esse problema é uma causa ou uma consequência do que foi referido acima. Na opinião do pesquisador, para algumas pessoas a justificativa poderá estar no fato da ciência brasileira ser ainda muito jovem, mas, segundo ele isso não é justificativa, já que a ciência pode ser jovem, mas nascer moderna.

No Brasil, a ciência virou uma mercadoria de luxo, uma plataforma para enriquecer currículos, um status, em que as pessoas olham para o seu próprio umbigo e não estão nem aí para o país. Dizem, apenas “eu sou um cientista”: isso não existe em nenhum outro país. O cientista tem que estar inserido socialmente onde vive. A ciência não tem pátria, mas o cientista tem: ele tem um compromisso para com seu país, que o está financiando. Essa falta de relacionamento e de diálogo entre universidades e empresas teve origem no falso conceito de que o cientista era dominado pelos interesses econômicos e produtivos das empresas; não há muito tempo atrás, qualquer grupo de pesquisa que trabalhasse com empresas era imediatamente rotulado por seus colegas como “mercenário” e isso é uma ideia completamente retrógrada. O mundo mudou e a visão tem que ser abrangente, moderna, flexível e temos que deixar de construir clones de nós mesmos (alunos). Todo mundo quer estudar para fazer concurso público, para ter um emprego estável, ninguém quer ser inovador, ninguém quer arriscar; o próprio cientista não quer arriscar. E, não tendo riscos, esta nova geração de estudantes, de doutores, vai trilhar os mesmos caminhos de seus mestres e esses caminhos a gente sabe onde vão dar – a uma ciência sem inovação. Para que as ideias, projetos e ações não fiquem amorfos, sempre tem que existir a crítica, salutar e pertinente, construtiva. Já reparou que nosso modelo científico e tecnológico não tem crítica há longos anos? Parece um clube onde seus membros só querem ter elogios, onde todos querem dinheiro mas ninguém fala que é necessário mudar o rumo da ciência do país, que é preciso mais comprometimento, mais e melhor avaliação, mais inserção social, necessidade de ter o setor produtivo do lado dos cientistas. O que todo o mundo quer é ter uma zona de conforto, escrever “papers” ou ver seu nome inserido em alguns, para falsamente engrossar seu currículo: só isso não basta – desabafa João Calixto.

A burocracia do Estado

A burocracia das agências de fomento à pesquisa é um apêndice da burocracia do Estado e, por isso, muita coisa no Brasil foi feita para não funcionar. Esta humorística afirmação de João Calixto foi feita simultaneamante com um sorriso de tristeza, ao exemplificar, de seguida, um caso verdadeiramente estranho:

Vou dar para você um exemplo relacionado com biodiversidade, onde os cientistas recebem dinheiro do Estado para desenvolver pesquisa e que, na sequência, esses mesmos cientistas estão proibidos, por lei, de aplicá-la. Temos casos de indústrias que foram recentemente punidas pelo Estado, porque fizeram experimentos sérios na área de biodiversidade, desenvolvendo produtos inovadores, na sequência de pesquisas subsidiadas. Assim não dá! Então, o Estado paga para não se aplicar a pesquisa? Por outro lado, a burocracia do Estado cobre e protege muita incompetência de todo esse processo; contudo, a burocracia não é culpada de tudo o que acontece. Há no Brasil uma série de leis que justificam aquilo que não devia ser justificado e a burocracia é uma delas. Não se pode reclamar que não existe dinheiro. Existe e muito! Só que o dinheiro que é investido não é proporcional aos resultados que se obtém; não há uma verdadeira estratégia nacional, uma política de Estado para as áreas de ciência e tecnologia – pontua João Calixto.

O futuro

Já que o Brasil não possui centros capazes de fazer inovação, o Prof. João Calixto foi desafiado pelo governo federal para ajudar a neutralizar o grande gargalo que existe na área de medicamentos, através da criação e construção de um centro, com padrão internacional, que seja capaz de fazer essa ligação. O desafio foi aceito, o centro está praticamente pronto, mas o pesquisador se confronta agora com algo inusitado:

Você não imagina o quão difícil está sendo apetrechar o centro com recursos humanos de alta qualidade. É um drama! Você chega à conclusão que, apesar do Brasil formar milhares de doutores, não existe gente altamente qualificada nas áreas de ponta, ou seja, o país é obrigado a trazer especialistas de fora. As pessoas ficam assustadas, mas o certo é que se o país nunca fez medicamentos, como é que se resolve esse problema? Trazendo especialistas de fora para nos ensinar, para nos atualizar e modernizar. Isto é sério! Os cientistas perdem a noção da realidade, pois não saem de dentro da universidade e perdem o compasso – refere João Calixto.

Para o nosso entrevistado, o futuro não vai ser fácil, até porque o país está adiando muitas decisões que já deveriam ter sido implantadas há pelo menos dez anos. Para o nosso entrevistado, o Brasil está formando doutores clones de seus mestres e a tendência é perpetuar procedimentos:

A área de Ciências Exatas está em déficit no país e isso é altamente prejudicial ao desenvolvimento nacional. O país tem que alterar rapidamente o rumo, mas essa mudança de quadrante não vai agradar a muita gente, especialmente aos políticos. Estamos enviando milhares de estudantes para o exterior, através de bolsas de estudo, por forma a se capacitarem, e isso é extraordinariamente positivo, mas levanta uma questão: para que universidades é que esses estudantes e pesquisadores estão indo? Elas são de qualidade? Quando esses estudantes e pesquisadores regressarem, qual será o retorno desse esforço nacional? Não seria mais eficaz e mais barato trazer gente de fora, altamente capacitada, para nos ensinar – como fez a China, Índia e Coreia? Só que os espaços que existem para se fazer estas discussões e reflexões são muito pequenos, ou simplesmente não existem. O futuro está difícil.

 

Assessoria de Comunicação

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