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26 de junho de 2012

Seminário Ítalo-Brasileiro de Ciência, Tecnologia e Inovação

Em novembro de 2012, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) realizará uma nova edição do “Seminário Ítalo-Brasileiro de Ciência, Tecnologia e Inovação”.

Na ocasião, diversas autoridades do ramo da ciência e tecnologia estarão presentes, como o docente do IFSC e Cooordenador da Agência USP de Inovação, Vanderlei Salvador Bagnato, o presidente da Câmara Ítalo-Brasileira de Comércio, Indústria e Agricultura e ex-senador da Itália, Edoardo Pollastri, o diretor-presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Agropecuária (Embrapa), Sílvio Crestana, entre outros.

O evento está previsto para os dias 21 e 22 de novembro, e as palestras ocorrerão no auditório do IFSC “Prof. Sérgio Mascarenhas”.

Para acessar a programação completa do evento, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

26 de junho de 2012

Vacina contra esquistossomose teve IFSC como “braço direito”

Quando a solução para acabar com uma doença parasitária, que faz 200 milhões de vítimas no mundo é encontrada, a excitação é geral. Não é a toa que, na semana passada, quando a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) anunciou que foi desenvolvida a vacina contra a esquistossomose, a mídia entrou em polvorosa e anunciou a novidade nos quatro cantos do mundo.

SchistosomaA esquistossomose, segunda doença que mais faz vítimas no planeta (depois da malária)*, é causada por parasitas do gênero Schistosoma, entre eles o Schistosoma mansoni. Mais conhecida por “Barriga d´água”, é transmitida por caramujos (que hospeda o parasita temporariamente) e penetra na pele de humanos quando estes, por sua vez, entram em contato com a água habitada pelo caramujo contaminado. Diarreia, febre, cólicas, dores de cabeça, sonolência, emagrecimento, endurecimento ou aumento do volume do fígado e hemorragias que causam vômitos são os sintomas mais comuns, causados pela doença.

Embora não seja o país com maior de número de vítimas da doença (papel desempenhado por países do continente africano), o Brasil tem, em média, mais de dois milhões de pessoas com esquistossomose – para se ter uma ideia, o câncer atingiu uma média de 500 mil pessoas, o ano passado.

Os danos à saúde, no entanto, não são o maior problema. Pessoas infectadas pela esquistossomose conseguem conviver com a doença (em média, somente 1% dos infectados morre). Mas, aqueles que sobrevivem a ela têm uma péssima qualidade de vida e sua capacidade de contribuição social, intelectual e financeira é quase nula. “Como são, geralmente, populações de países pobres as maiores vítimas da esquistossomose, a colaboração dessas pessoas para o desenvolvimento do país é obsoleta. Ou seja, a doença não mata, mas traz consequências muito graves para a sociedade”, declara o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Richard Charles Garratt.

A cura possível

Consciente, mas, sobretudo, preocupada com essa grande problemática social, a pesquisadora da Fiocruz, Miriam Tendler, dedicou 30 anos de seus estudos ao Schistosoma mansoni, e, depois de muitas observações e análises, encontrou no próprio parasita a solução para – ao que tudo indica – eliminar a doença. A SM14 (como foi batizada por Tendler), é uma das moléculas encontradas no organismo do parasita e é responsável pelo transporte de lipídeos. Mas, uma vez no organismo humano gera uma resposta imune, incitando a produção de anticorpos. “O hospedeiro [organismo humano] é capaz de reconhecer essa molécula e montar uma resposta imune contra ela. Então, se ele entrar em contato com o parasita, o sistema imune já está pronto para reagir contra ele”.

Tal descoberta abre inúmeras possibilidades, que vão muito mais além da produção de uma vacina contra esquistossomose. Essa é a primeira vez que todo processo de desenvolvimento de uma vacina é feito, integralmente, no Brasil.

Mas, para percorrer esse caminho e “encontrar uma luz no final do túnel”, vários colaboradores estiveram envolvidos na trajetória, entre eles o próprio Richard, que não só colaborou com a pesquisa, mas também foi o “braço direito” de Mirian, quando “emprestou” seus conhecimentos em biologia estrutural para fazer os estudos de modelagem da SM14, identificando as regiões mais importantes da molécula para gerar a resposta imune. “Esse é um exemplo muito claro de como a ciência básica e a aplicada podem, e devem andar em conjunto. Todo cientista sabe que é fundamental investir nessas duas frentes, pois a pesquisa básica traz os fundamentos. Mas, investir somente na ciência básica não gerará produtos. O segredo, portanto, é encontrar o equilíbrio entre elas”, destaca Richard. “Se a Miriam [Tendler] não tivesse a preocupação de entender melhor a molécula que ela tinha em mãos, o projeto teria tido outro percurso”.

Conhecer a estrutura da molécula é importante por diversos motivos, entre eles saber se a vacina não criará anticorpos contra o próprio organismo, uma vez que temos moléculas muito parecidas com a SM14 (que carregam lipídeos). “Poder identificar as diferenças significativas entre as proteínas de parasitas e seres humanos reforça, novamente, a importância da pesquisa básica, pois é preciso saber se uma molécula que cria anticorpos no organismo humano não será prejudicial a ele próprio”.

Outra docente do IFSC, Ana Paula Ulian Araújo, também em conjunto com Tendler, está trabalhando na criação de uma ferramenta capaz de avaliar o grau de eficácia da vacina em cada indivíduo. “Cada pessoa reage de uma forma diferente à mesma vacina, pois os genes de cada ser humano são diferentes uns dos outros. Por isso, seria muito interessante ter uma ferramenta que permitisse o acompanhamento da vacina”, explica Richard.

Ciclo_de_contaminao_do_Schistosoma_mansoni

Durante o caminho para o desenvolvimento da vacina contra a esquistossomose, os pesquisadores tiveram mais uma surpresa: a SM14 gera uma reação cruzada com outro parasita, o Fasciola hepática, que afeta, principalmente, bois e ovelhas. Ou seja, o Fasciola, que se tornou uma dor de cabeça, principalmente nos países que têm sua economia baseada na criação de ovelhas (como a Holanda, por exemplo), também poderá ser combatido pela vacina. Por exemplo, ovelhas já receberam as vacinas e elas ficaram protegidas contra o Fasciola. “Isso é o que chamamos de vacina bivalente. Novamente, é algo que teve um apoio muito importante do IFSC, com o papel de estudar a estrutura da molécula e explicar melhor esse acontecimento”, conta Garratt.

Passo a passo até o acesso total

No atual momento, a pesquisa finalizou a fase um (razão da “euforia” da mídia em torno do assunto), que testa a segurança da vacina. Nela, vinte homens saudáveis receberam a vacina e não apresentaram reações ou efeitos colaterais. “Essa fase deve ser realizada, obrigatoriamente, no país onde a molécula – que é o princípio ativo da vacina – foi encontrada. Portanto, a fase um foi feita no Brasil”, conta Richard. “Mesmo assim, a manufatura das vacinas foi feita nos Estados Unidos”.

Na fase dois, prevista para ter início já no próximo semestre, o número de voluntários para receber a vacina aumenta, passando de vinte para mais de duzentos. Os voluntários devem ser moradores em áreas endêmicas, ou seja, com alto risco de serem contaminados pelo parasita. No caso da esquistossomose, certamente voluntários de países africanos participarão da fase dois.

Falar sobre a fase três já é algo mais indefinido, pois ela depende da segunda. Contando que esta seja bem sucedida, e nenhum dos voluntários apresente reações negativas, mais pessoas (de mais países) participarão da terceira fase.

Na fase quatro, finalmente a vacina já estará acessível a todos e só restará aos pesquisadores fazer o acompanhamento e análise dos resultados , buscando, sempre que possível e necessário, os devidos aperfeiçoamentos.

TendlerNo caso da vacina contra a esquistossomose, completar todas essas fases, de acordo com Richard, levará, em média, quatro anos. Mas, muitos fatores podem influenciar essa referência temporal. “Dependemos de financiamento para produção, aprovação da ANVISA**, toda parte burocrática e logística deve estar finalizada. Portanto, pode demorar um pouco mais do que o tempo previsto, mas tudo dependerá do andamento das fases anteriores”.

Até o momento, a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP) tem arcado com os custos da pesquisa. Mas a empresa “Ouro Fino Agronegócio” já está envolvida diretamente no financiamento e desenvolvimento da vacina. Outras, como a Gates Foundation, também já estão sendo consideradas.

Mesmo não podendo dizer, agora, com certeza, se a vacina será eficaz em populações humanas, Richard aposta nas probabilidades favoráveis. Ele afirma que, de todos os projetos de cunho aplicado, voltados a projetos tropicais, dos quais ele participou e participa, o da esquistossomose é o que tem caminhado melhor e com as melhores perspectivas para finalizar com um produto.

Se isso for comprovado, milhões de pessoas serão gratas. Não somente aquelas que diariamente correm o risco de contrair a doença, mas também as que se preocupam com a melhor qualidade de vida da população humana e com o desenvolvimento efetivo dos países do globo.

*dado fornecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS)

** Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Assessoria de Comunicação

22 de junho de 2012

O ensino que encanta

Trazer alunos da sala de aula para Universidade tem se tornado uma ação cada vez mais usual. Com o objetivo de despertar maior interesse em estudantes, programas de difusão da ciência têm sido institucionalizados, e os resultados, até o momento, têm sido favoráveis.

Marcelo-3No caso do docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Marcelo Alves de Barros, a maneira que encontrou de trazer alunos do ensino médio para o ambiente universitário foi através da disciplina prática de Ensino de Física, ministrada pelo docente há quatro anos. “Os estudantes do curso de Licenciatura em Ciências Exatas, que cursam a disciplina de Ensino de Física, passam por duas etapas. Na primeira, realizam o estágio supervisionado nas escolas públicas de ensino médio, e na segunda etapa trazem alunos do ensino médio dessas escolas para cá, para realizar atividades práticas”, conta.

Em 2012, três escolas estaduais de São Carlos foram escolhidas para “participar” da disciplina de Marcelo: Esterina Placco, Conde do Pinhal e Álvaro Guião. Dez alunos de cada uma dessas escolas, durante dois encontros realizados nos Laboratórios de Ensino de Física (LEF), tiveram oportunidade de ver a física na prática e “digerir” melhor os conteúdos teóricos apresentados em sala de aula.

Isso foi feito através da participação em seis mini cursos, todos realizados no próprio IFSC e sempre apresentando experimentos relacionados a tópicos de física, abordados durante o ensino médio. “Aqui, nós podemos oferecer atividades e experimentos que eles [estudantes] dificilmente têm oportunidade de vivenciar nas escolas, por falta de tempo e, algumas vezes, por deficiências de preparo de seus professores. Nessa segunda etapa, realizada aqui, no IFSC, tentamos preencher essa lacuna”, justifica Marcelo.

Marcelo-1As atividades, do estilo “mão na massa”, são totalmente viáveis, uma vez que os laboratórios do IFSC oferecem a estrutura necessária para isso. Os alunos, durante os dois encontros realizados aos sábados, que duraram 8 horas cada um, tiveram oportunidade de ver experimentos relacionadas à astronomia, espectroscopia, som, raio-X, indução eletromagnética e gases. “Quem ministra os mini cursos são os 16 alunos inscritos na disciplina de Ensino de Física desse semestre. Fizemos, juntos, a seleção dos temas dos mini cursos para apresentar aos estudantes”, relembra o docente.

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Na etapa anterior, na qual os alunos de Marcelo tiveram a oportunidade de estar nas escolas e acompanhar as aulas ministradas pelos professores, algumas “falhas” no sistema de ensino, muito evidentes, puderam ser observadas. “Realizo estágio nas escolas desde abril deste ano e tenho acompanhado, inclusive, aulas no ensino fundamental. Notei que os professores só utilizam as apostilas doadas pelo Governo, que deveriam servir somente como um auxílio”, lamenta Letícia Zago, aluna do 4º ano do curso de Licenciatura em Ciências Exatas do IFSC e inscrita na disciplina de Marcelo. “Acho que é preciso utilizar recursos diferentes em sala de aula para que um maior número de alunos consiga entender o conteúdo”.

Por outro lado, fazer esse acompanhamento tão de perto trouxe benefícios aos futuros professores. O primeiro contato direto, que para maioria é algo inédito, é, ao mesmo tempo, surpreendente. “Temos a visão de que os alunos não sabem as coisas, mas no fundo eles sabem, pois isso tudo faz parte do cotidiano deles”, conta Letícia. “Vemos que os alunos ficam bem focados e entusiasmados enquanto realizamos os experimentos, o que não acontece na escola. As perguntas que eles fazem têm lógica, são válidas. Nossa ideia é que o aluno seja ativo, também, por isso estimulamos as perguntas e respostas durante o curso”.

Tendo a resposta (não surpreendentemente) positiva, tanto por parte dos estudantes do ensino médio, quanto por parte dos universitários, fazer caminhos em “dupla direção”, ou seja, ir até as escolas e trazer os estudantes até a Universidade, já é prática efetiva na disciplina de Ensino de Física. “Já trabalhamos dessa forma desde 2008. Não temos feito um trabalho sistemático para acompanhar a resposta dos participantes, mas percebemos que os alunos ficam muito mais motivados em poder trabalhar os conteúdos da física, de forma diferenciada. Muitos deles manifestam interesse em seguir carreiras científicas e a barreira que existe entre Universidade e Escola é também quebrada”, comemora o docente.

Marcelo conta que novos encontros com as três mesmas escolas, já citadas nessa matéria, serão realizados no próximo semestre. Serão também mini cursos, mas, obviamente, abordando tópicos diferentes da física e, certamente, continuarão chamando atenção dos alunos do ensino médio e, com muito otimismo, tornando-os muito em breve alunos universitários e, esperançosamente, os futuros cientistas do país.

 

Para conhecer melhor a proposta da disciplina e assistir a um dos mini cursos, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

21 de junho de 2012

A vida e obra do cientista holandês Christiaan Huygens

A edição de junho do programa “Ciência às 19 Horas”, organizado mensalmente pelo IFSC, convidou o Prof. Dr. Carlos Farina de Souza, docente do Instituto de Física da UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro, para falar da vida e obra do matemático, físico e astrônomo holandês, Christiaan Huygens, um dos mais proeminentes cientistas do Século XVII. A palestra de Carlos Farina de Souza realizou-se no dia 19 de junho, pelas 19 horas, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP) e foi subordinada ao tema Christiaan Huygens, a Helena da geometria e o tempo aprisionado.

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Nascido em berço de ouro, no ano de 1629, na Holanda, Christiaan Huygens cresceu no seio de sua família abastada, sempre rodeado por inúmeras personalidades influentes na área científica, social e política, o que terá contribuído para que sua educação o transformasse em uma das maiores figuras nas áreas da matemática, astronomia e física, tendo, inclusive, desenvolvido novos conceitos que viriam a ser utilizados para uma melhor observação do céu, através dos telescópios.

Embora Galileu não tenha sido o precursor do telescópio, ele conseguiu observar coisas incríveis no céu e percebeu que aquilo que parecia perfeito, à primeira vista, afinal não era: o Sol tinha uma enorme mancha escura, a Lua afinal não tinha uma superfície lisa, Júpiter tinha luas em seu redor, etc. Por seu turno, Huygens tentou, então, criar telescópios com maior alcance e precisão, por forma a descobrir coisas que Galileu não tinha condições de fazer. Desta forma, Huygens dedicou-se a matematizar a Natureza e, com seu trabalho, se tornou – talvez – no primeiro físico-matemático da história, tentando responder a qualquer questão que se apresentasse em forma de enigma; o intuito dele era responder às questões deixadas por terceiros e sempre apelava à matemática, utilizando-a como a linguagem privilegiada para dar resposta a essas questões existentes na sua época.

Huygens criou coisas tão fantásticas que, mesmo hoje, ao se rastrear os primórdios de determinados temas, vê-se que existe a semente de Huygens, como explica o Prof. Farina de Souza: É verdade. Por exemplo, o caso das tangentes e curvas que ele chamou de evolutas e involutas, e que deram origem à atual geometria diferencial. Várias coisas começaram com ele, sempre na tentativa de responder a problemas físicos, utilizando a matemática.

Huygens também se destacou na astronomia, principalmente por ter desvendado o mistério de Saturno. De fato, no Século XVII ninguém conseguia entender ou explicar o que acontecia com aquele planeta, que apresentava diversas formas ao longo do tempo. Galileu chegou a pensar que a mudança de forma poderia estar relacionada com a existência de um sistema de três estrelas, mas, de fato, seu telescópio não tinha uma resolução eficaz para fazer uma observação mais pormenorizada. Então, Huygens conseguiu perceber, pela primeira vez, que ao redor de Saturno existia um anel que não tocava no planeta e isso causou uma verdadeira surpresa na comunidade acadêmica mundial. Huygens explicou, então, que de acordo com o movimento do planeta, a projeção do anel sofria variações angulares. Contudo, todo esse trabalho do cientista holandês demorou anos para se concretizar, já que ele queria ter a plena certeza de sua descoberta.

Porém, Huygens é essencialmente um físico-matemático e durante cerca de quatro décadas de sua vida tentou aprimorar relógios e cronômetros marítimos, que era algo bastante importante para a época, atribuindo-se a ele o primeiro relógio de pêndulo, que, inclusive, originou uma patente. Contudo a maior obra do cientista holandês foi o Horologium Oscillatorium, conforme explica o Prof. Farina de Souza: Sim, essa foi a maior obra de Huygens. O Horologium Oscillatorium é um trabalho que foi publicado em 1673 e embora o nome sugira que seja apenas um tratado sobre relógios, o certo é que esse trabalho é muito mais que isso, já que essa obra contém cinco partes, em que uma delas é uma descrição de relógio, enquanto que na maior parte das outras áreas são descritas as tais definições evolutas e involutas. Huygens generaliza resultados de Galileu no movimento de partículas sobre superfícies curvas, e praticamente ele enuncia, pela primeira vez, a conservação da energia mecânica. Nesse trabalho, o cientista holandês conclui uma conta realizada por Galileu relacionada a força centrífuga, além de, igualmente pela primeira vez, falar do momento de inércia, que é um fator importante no contexto do movimento de rotação, já que não bastava saber qual era a massa do corpo, mas também saber como essa massa estava distribuída. E, nesta particularidade, Huygens queria analisar um relógio de pêndulo, sabendo que o cordão desse pêndulo possuía massa e que essa massa não estava apenas concentrada na esfera de metal. Esse raciocínio demonstra que Huygens sempre se baseava em um problema de física para ir mais além e realmente este trabalho Horologium Oscillatorium é verdadeiramente espetacular – comenta nosso entrevistado.

Sendo uma figura proeminente na ciência mundial, Huygens é devidamente estudado pelos jovens estudantes brasileiros? A esta pergunta, Farina de Souza responde, sim. E a afirmativa vem exemplificada através do denominado “Princípio de Huygens”, que aparece em um tratado de óptica chamado “Tratado da Luz”, que é, segundo o nosso entrevistado, uma obra-prima: Todos os estudantes do ensino médio já ouviram falar desse princípio, porque ele afirma que quando você tem uma frente de onda – por exemplo, gerada por uma pedra que é jogada num lago – , para saber a frente de onda, no instante posterior, você imagina que cada fonte de uma frente de onda é fonte de uma onda secundária e a envoltória dessa onda secundária corresponde à frente de onda no instante posterior. Então, esse é um princípio qualitativo em que você consegue explicar várias coisas – lei da reflexão. lei da refração, etc. No ensino médio, tudo que se sabe sobre Huygens se resume a esse princípio, mas ele é muito mais que isso. Huygens poderá não ser tão conhecido, ou seu nome não constituir grande impacto, principalmente porqaue ele ficou um pouco ofuscado pelo genial Newton, cuja diferença de idade era de treze anos apenas. Contudo, Huygens é um dos maiores cientistas do Século XVII e o próprio Newton nutria por ele forte admiração – pontua Farina de Souza.

Na divulgação desta palestra do Prof. Farina de Souza, é referido que uma dor de dente do filósofo, matemático e físico francês, Blaise Pascal, mudou o curso da história, levando Huygens a construir o primeiro pêndulo isócrono. Com um sorriso largo no rosto, Farina de Souza afirmou que esse parágrafo apenas constituía uma forma de criar curiosidade no auditório. De fato, segundo explicou nosso entrevistado, o pêndulo isócrono é um pêndulo que tem um período de movimento independente de sua amplitude de oscilação, ou seja, quando se solta – seja de que forma for – ele tem sempre o mesmo período, o que não acontece com um pêndulo normal, que apresenta apenas pequenas amplitudes. O Huygens sabia que havia necessidade de colocar obstáculos laterais, encostando o fio do pêndulo, porque conforme o pêndulo vai oscilando, o fio vai encostando-se a esses obstáculos – é como se o pêndulo ficasse com um comprimento mais curto. Então, Huygens sabia que, independente do obstáculo, poderia compensar o período. Mas, a pergunta surgiu quase que imediatamente: que forma deveria ter esse obstáculo? O cientista holandês tentou achar a resposta, de uma forma empírica, mas não conseguiu e parou por aí. O que viria a seguir foi bastante curioso, conforma relata o Prof. Farina de Souza:

Blaise Pascal, que havia abandonado a ciência para se dedicar a retiros espirituais e religiosos, foi acometido por uma dor de dente insuportável. Com o intuito de tentar se abstrair de tão forte dor, Pascal decidiu se concentrar em determinadas questões científicas, na esperança de que, com isso, a dor diminuísse. Uma das questões que ele procurou se concentrar foi em uma determinada curva, designada “cicloide”, problema esse que foi repassado para ele por outro matemático e teólogo – Padre Mércele. Pascal ficou tão concentrado na resolução desse problema que sua dor de dente sumiu e ele interpretou esse fato como um sinal divino, como uma mensagem de que ele deveria continuar a pensar na resolução do problema da ciclóide. De fato, Pascal resolveu muitos problemas relacionados à cicloide, mas, entretanto, levantava novas questões e, em vez de as publicar, o cientista francês resolveu fazer um concurso que chamou a atenção de inúmeros físicos e matemáticos, entre eles Huygens. Huygens não participou diretamente nesse concurso, mas manteve assíduos contatos escritos com Pascal, trocando informações sobre o tema, o que o transformou num perito sobre o assunto “cicloide”. Quando Huygens parou de pensar no concurso, chegou à conclusão que a curva que tão insistentemente procurava para resolver seu problema do pêndulo isócrono, era, afinal, a ciclóide – conclui Farina de Souza.

Assessoria de Comunicação

20 de junho de 2012

Tranferência interna e externa

Lembrando que serão encerradas, na próxima sexta-feira, as inscrições para o processo de transferência interna e externa para os cursos diurnos do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Os estudantes interessados devem entregar a documentação necessária (ementa das disciplinas cursadas para análise de equivalência) até o próximo dia 22 de junho.

A prova de seleção será realizada em 7 de julho, às 9 horas.

Para mais informações, acesse o edital ATAc/IFSC- 21/2012 ou o site da Graduação do IFSC.

Assessoria de Comunicação

20 de junho de 2012

Departamento de Física e Ciência dos Materiais

O Conselho do Departamento de Física e Ciência dos Materiais, em sua 142ª reunião, realizada em 19 de junho, elegeu o professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Francisco Castilho Alcaraz, para ocupar a chefia do Departamento, com mandato que deve durar dois anos, contando-se a partir de 12 de julho de 2012.

Na mesma reunião, o docente do IFSC, Luis Gustavo Marcassa, foi reconduzido como suplente do Chefe do referido Departamento, com mandato, também, de dois anos, contando-se a partir do dia 28 de julho de 2012.

Assessoria de Comunicação

19 de junho de 2012

O mentor da eletricidade

Ele não foi tão popular quanto Newton ou Einstein, mas, sem sombra de dúvidas, teve grande importância no mundo da física. Eclético em seus estudos (como grande parte dos gênios das ciências básicas), o físico francês Charles Augustin de Coulomb estudou matemática, astronomia, química e botânica.

CoulombNascido em 1736, Coulomb inventou a balança de torção (1777) e, no mesmo ano, realizou estudo minucioso sobre o magnetismo terrestre; dois anos mais tarde (1779), dedicou-se às leis do atrito, estudos que lhe renderam prêmios na Académie des Sciences.

A formação original do físico, no entanto, é em engenharia militar (1761), profissão que exerceu durante nove anos, especialmente na área de mecânica das estruturas, quando supervisionou diversos trabalhos de construção do Fort Bourbon (localizado em Martinique, província francesa próxima à Venezuela).

Mas, foi a “Lei de Coulomb” que o popularizou, tanto que a unidade de carga elétrica, o Coulomb (C), é assim chamada em sua homenagem.

Na Lei de Coulomb, o físico descreve a interação eletrostática entre partículas eletricamente carregadas. A descoberta foi essencial para o desenvolvimento de estudos em eletricidade que, anos depois, seria explorada por diversos outros físicos famosos.

Suas experiências sobre os efeitos de atração e repulsão de duas cargas elétricas permitiram-lhe verificar que a lei da atração universal de Newton também se aplicava à eletricidade. Partindo desse princípio, estabeleceu as leis de atração elétricas, afirmando que as forças de atração ou repulsão entre as cargas elétricas eram diretamente proporcionais às cargas (massas) e inversamente proporcionais ao quadrado da distância que as separa.

Pelos diversos motivos acima citados, Coulomb é um destaque na Física. Mas, é importante ressaltar, ainda mais, sua importância: no século XVIII, quando diversos cientistas (Galileu, Pascal, Descartes, Newton etc.) se encarregaram da difícil tarefa de enterrar certos dogmas da doutrina escolástica e desenvolver métodos de investigação e raciocínio que se tornariam bases à ciência moderna, no que diz respeito ao progresso da eletricidade e magnetismo, foi Coulomb o mentor intelectual de tais temáticas, quando grande parte dos físicos, tanto daquela época quanto de anos anteriores, tinham seus estudos voltados aos campos da mecânica e da óptica.

Lei_de_CoulombDepois de muitas realizações, principalmente na área das ciências exatas, Coulomb ocupou (entre 1802 e 1806) o cargo de general de instrução pública, na própria Académie des Sciences. Foi quando voltou seu foco para o campo da educação. Foi também em 1802 que Coulomb se casou com Louise Françoise Leproust Desormeaux, com quem teve dois filhos.

O físico faleceu em Paris, em 1806, e sobre ele Jean-Baptiste Biot* declarou: “É a Borda** e a Coulomb que se deve o renascimento da verdadeira física na França. Não a física detalhada e hipotética, mas a física engenhosa e precisa, que observa e compara tudo com rigor”.

*físico, astrônomo e matemático francês, nascido em 1774.

** Jean-Charles de Borda, matemático e cientista político francês, nascido em 1733.

Assessoria de Comunicação

15 de junho de 2012

USP é eleita a melhor universidade da América latina

 A Universidade de São Paulo (USP) foi eleita a melhor Universidade da América latina, de acordo com ranking publicado pelo “QS”, grupo britânico responsável por uma das principais classificações universitárias do mundo.

Também figuram na lista a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), em 3º lugar, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 90º.

Para avaliar as Universidades latinas, o “QS” adaptou os pesos de alguns dos critérios usados no ranking mundial.

Para mais informações, acesse http://www.usp.br/imprensa/?p=21788

Com informações da Sala de Imprensa da USP

Assessoria de Comunicação

15 de junho de 2012

Observações astronômicas inusitadas serão tema principal da palestra

No próximo “Ciência às 19 horas”, marcado para o dia 19 de junho (próxima terça-feira), é o físico, Cristiaan Huygens, e suas diversas observações astronômicas (incluindo a descoberta do anel em torno de Saturno) que protagonizarão a palestra ministrada por Carlos Farina de Souza, docente do Instituto de Física da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Em linguagem descontraída e acessível, Farina contará alguns casos da história da física, como, por exemplo, como a dor de dente de Pascal mudou o curso da história, levando Huygens à construção de um pêndulo isócrono (que ocorre ao mesmo tempo ou intervalos de tempo iguais).

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A palestra, como de costume, será realizada no auditório do IFSC “Prof. Sérgio Mascarenhas”, e tem início às 19 horas.

A entrada é franca e todos estão convidados a participar.

Assessoria de Comunicação

14 de junho de 2012

Docente do IFSC ministra palestra em fórum

Rio20No próximo dia 15 de junho, o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Igor Polikarpov, ministrará a palestra “Desafios de transformar biomassas em etanol de segunda geração”, no fórum da Rio+20, que será realizado entre às 17 e 19 horas.

A palestra será realizada na Plenária 3 “Recursos Naturais e Energia”.

Para mais informações, acesse o site da Rio+20.

Assessoria de Comunicação

14 de junho de 2012

IFSC abre inscrições para transferência interna e externa

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC), através do edital ATAc/IFSC/-21/2012, abriu inscrições para o processo de transferência interna e externa, para os cursos diurnos do IFSC, referentes ao 2º semestre de 2012.

Os interessados devem inscrever-se entre os dias 13 e 22 de junho, quando também deverão entregar as ementas das disciplinas cursadas para análise de equivalência.

A prova de seleção está marcada para 10 de julho, às 9 horas.

Para mais informações sobre o processo de transferência, acesse o edital ATAc/IFSC/-21/2012 ou a site da Graduação do IFSC.

Assessoria de Comunicação

14 de junho de 2012

Feira de profissões vai até próxima sexta-feira

Teve início na quarta-feira, 13, a 11ª Feira de Profissões da Universidade de São Paulo (USP), que está sendo realizada em Ribeirão Preto (SP), de 13 a 15 de junho, das 9 às 17 horas, no ginásio de esportes da USP.

O evento, direcionado a vestibulandos, tem entrada franca.

Na oportunidade, estudantes poderão conhecer os mais de 70 cursos de graduação oferecidos pela universidade, além de assistirem a palestras e demonstrações, feitas por docentes e alunos da USP.

Para mais informações, basta ligar para (16) 3602-3510

Assessoria de Comunicação

14 de junho de 2012

Pesquisador do IFSC profere palestra em fórum temático

O Prof. Roberto Mendonça Faria, pesquisador do IFSC e atual presidente da Sociedade Brasileira de Pesquisa em Materiais (SBPMat), proferirá uma palestra no “Forum on Science, Technology & Innovation for Sustainable Development”, evento que decorre entre os dias 11 e 15 de junho, no âmbito do Rio + 20, sendo que a apresentação do pesquisador, no dia 14 de junho, às 12h30, se fará a convite da “International Union of Materials Research Societies” e do “International Council for Science”.

ROBERTO_FARIA

Nesse fórum contribuirão outros cientistas de renome, como o Prof. John Baglin, dos EUA, cuja palestra será “Science and Technology R&D Roadmap to address Sustainable Development – A Proposal”, e o Prof. Jacques Amouroux, da França, com a palestra intitulada “CO2: A raw material for an industrial revolution. Energy storage and chemical products”.

Recordamos que o evento Rio + 20 é o nome fantasia da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que está sendo realizada entre os dias 13 e 22 de junho de 2012, na cidade do Rio de Janeiro, com o objetivo claro de se renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável, por meio da avaliação do progresso e das lacunas na implementação das decisões adotadas pelas principais cúpulas sobre o assunto e do tratamento de temas novos e emergentes.

A Rio + 20 tem dois temas principais, a saber: “A economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza”, e “A estrutura institucional para o desenvolvimento sustentável”.

Nesse contexto, a contribuição da pesquisa em energia e em novos materiais é de suma importância, visto que hoje a maior parte da emissão de gás carbono na atmosfera provém da queima de combustíveis fósseis na produção de energia.

O CO2 é um dos gases que mais contribui para o efeito estufa e, portanto, para o aquecimento global. O gráfico da medida da concentração de CO2 feita pelo Observatório Astronômico de Mauna loa, no Havaí, mostra o crescimento crescente de CO2 na atmosfera. De 1870 – período que antecede a revolução industrial – até hoje, a emissão de gases por queima de combustíveis fosséis cresceu de zero a mais de 30 gigatoneladas por ano.

graficoPor esse motivo, a palestra do Prof. Faria, sobre energia solar (fotovoltaica), desperta um grande interesse, visto que essa tecnologia de geração de energia por conversão da luz solar pode reverter a curva de concentração de CO2 na atmosfera, o que é de suma importância para conter o aquecimento global.

Assessoria de Comunicação

 

13 de junho de 2012

Atualização da produção científica do IFSC

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica, cadastradas no mês de maio, clique aqui ou acesse o quadro em destaque (em movimento) do lado direito da página principal do IFSC.

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente por pesquisadores do IFSC, no periódico Molecular Pharmacology.

Producao-junho-2012

Assessoria de Comunicação

12 de junho de 2012

USP oferece curso de idiomas a distância

A Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universia Brasil, oferece 12.500 novas licenças para cursos de inglês, espanhol e chinês, no nível Básico IA, para os servidores técnico-administrativos da USP.

Os cursos, desenvolvidos por professores licenciados da USP, são gratuitos e serão realizados on-line, permitindo que os interessados acessem as aulas, conforme sua disponibilidade de tempo e ritmo de aprendizagem.

As vagas foram distribuidas pelas Unidades/órgãos da USP levando-se em conta o número de funcionários lotados em cada um deles. No caso do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), são 17 vagas para o curso de inglês e 1 (uma) vaga para o curso de espanhol.

As inscrições poderão ser feitas entre os dias 13 e 25 de junho, através do e-mail atac@ifsc.usp.br, bastanto enviar a manifestação de interesse, nome, número USP e curso pretendido.

Informações complementares podem ser conseguidas pelo endereço eletrônico http://www.usp.br/internationaloffice/ou pelo e-mail idiomas.vreri@usp.br

Assessoria de Comunicação

12 de junho de 2012

Pesquisadores do IFSC são premiados

Durante a 35ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química (SBQ), o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Rafael V. C. Guido, e seu aluno, Gustavo M. A. Lima, foram premiados pelo painel “Visual Table Modeller Interface: uma nova ferramenta para construção e validação de modelos 3D de alvos moleculares”, considerado o melhor trabalho na área de Química Medicinal.

Na Reunião, outros trabalhos também foram premiados, envolvendo diferentes áreas da química, como Química Ambiental, Química Biológica, Catálise, Ensino de Química etc.

Para ter acesso ao nome dos outros ganhadores, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

12 de junho de 2012

O físico médico

A física médica, mesmo não sendo tão conhecida pelo público em geral, já há algum tempo é protagonista na vida de alguns pesquisadores. A maior parte dos físicos médicos, antes da prática, realiza treinamento, com nível de especialização, em hospital escola voltado ao tratamento de câncer, como por exemplo, o INCA [Instituto Nacional do Câncer] situado no Rio de Janeiro, e o Hospital A. C. Camargo em São Paulo, entre outras instituições no país que cumprem essa missão. Esse treinamento existe para as especialidades de Radioterapia, Medicina Nuclear e Radiodiagnostico. Depois disso, tais profissionais colocam em prática o conhecimento físico na área da saúde, trabalhando em clínicas e hospitais voltados ao diagnóstico e tratamento de câncer.

RicardoDevido a disseminação de cursos de graduação com ênfase em física médica, essa área do conhecimento tem despertado o interesse das instituições acadêmicas e diversas dissertações de mestrado e teses de doutorado tiveram temas voltados à Física Médica. Hoje em dia, encontrar físicos médicos, com titulação acadêmica, trabalhando em hospitais, já é algo comum.

A experiência de Ricardo Alberto Giannoni, pesquisador do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD), da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), pouco difere da descrição acima. Depois de formar-se físico, pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), concluir seu mestrado em Física Aplicada no Instituto de Física de São Carlos (IFQSC/USP) e doutorar-se pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fez treinamento na área de radioterapia e atuou como físico médico em radioterapia por cinco anos em diversos hospitais do país.

Entre suas idas e vindas ao mundo da pesquisa, Ricardo afirma que todo aprendizado da graduação é importante. “Quando trabalhamos na área radioativa e nuclear, utilizamos conceitos aprendidos em mecânica quântica e eletromagnetismo, entre outros, que servem de base para entender as tecnologias que temos hoje”.

Na CNEN desde 2002, Ricardo trabalha em um ambiente de pesquisa interdisciplinar. Atuou no programa de inspeções da CNEN em radioterapia e medicina nuclear, e teve a chance de conhecer a maioria das clínicas e hospitais de tratamento de câncer do país. No instituto em que trabalha há engenheiros, agrônomos, biólogos etc. Atualmente no IRD, o foco é a avaliação de dosimetria pessoal interna, ou seja, avaliar e medir a contaminação devido a elementos radioativos de trabalhadores que atuem na área radioativa ou nuclear e de pacientes que foram submetidos a diagnósticos ou terapias de medicina nuclear. Avaliar a qualidade de ambientes de trabalho periculosos e como eles afetam a vida dos trabalhadores é necessário. “Nesses ambientes há a possibilidade de contaminação, pois se trabalha, constantemRicardo-1ente, com elementos radioativos”, explica o pesquisador.

Depois de dez anos na CNEN, Ricardo diz que aqueles que trabalham junto dele no IRD desenvolvem diversas pesquisas práticas e teóricas, utilizando-se, inclusive, de modelos computacionais para avaliação de trabalhadores e pacientes. “Dependemos bastante da interação com outras instituições”, como o INCA [Instituto Nacional do Câncer] e hospitais em geral, que nos permitem o acesso a pacientes. Seria necessário construir um centro de tratamento de câncer de alta complexidade no IRD, se quiséssemos desenvolver pesquisa sem depender de outras instituições. Porém, ainda que isso fosse viável, devido a interdisciplinaridade, a colaboração entre instituições é sempre necessária.

No que se refere ao futuro da física médica, Ricardo aposta em terapias gênicas para o tratamento e prevenção de câncer. Mas, ele faz uma ressalva: é preciso que o país melhore questões básicas, como educação e saúde, para ter a capacidade de chegar a esse patamar científico. “Hoje, a maioria dos tumores, quando identificados precocemente, tem alta probabilidade de cura, mas a grande dificuldade é fazer esse diagnóstico precoce para poder fazer uma terapia de caráter curativo”, afirma o pesquisador.

Diante do quadro descrito, parece que mais janelas se abrem ao físico, mas, algumas barreiras ainda precisam ser vencidas. Os pesquisadores já estão fazendo sua parte. Só resta, agora, que o país aumente sua prioridade em saúde e educação para que se alcance um patamar ótimo de avanço científico e, consequentemente, tecnológico.

Assessoria de Comunicação

12 de junho de 2012

Sucesso europeu é “made in Brazil”

Quando o jornalista Alberto Dines escreveu que “a ignorância de certos fatos da vida contemporânea pode ser fatal para um cidadão”, referia-se às informações prestadas pelos veículos de comunicação, como um todo.

BrasilA citação, no entanto, pode servir de exemplo a qualquer tipo de conhecimento, incluindo o científico, sobre o qual poucas pessoas, infelizmente, têm acesso, conhecimento e interesse.

No Brasil e no mundo muitas instituições e empresas têm buscado caminhos para exterminar, ou pelo menos amenizar, o desconhecimento científico e, para isso, têm-se utilizado de ferramentas didáticas, lúdicas, interativas e, sobretudo, acessíveis à população em geral. “A distância entre o cientista e as pessoas está aumentando. A falta de conhecimento do público-geral, ou de parte dele, sobre o que é ciência, como é feita e a importância que seus resultados exercem no cotidiano está assustando um pouco. Percebe-se que existem muitos conceitos errados na cabeça do público e também na dos políticos”, lamenta o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e pesquisador do Grupo de Cristalografia (GC), Richard Charles Garratt.

Preocupados com esse fato, Richard e sua equipe do GC desenvolveram um kit para construir modelos tridimensionais de proteínas, em princípio criado para atender somente alunos universitários, mas que foi muito mais além, e tem ganhado notoriedade, inclusive no exterior, por trazer o acesso à ciência de maneira simplificada. O kit possui diversas peças diferentes que, quando montadas pelos usuários, podem formar uma infinidade de estruturas proteicas. “É importante que as pessoas entendam o que é um gene, que ele produz uma proteína que terá certa ação no organismo. Isso é essencial para entender a dimensão de certos assuntos, como alimentos transgênicos, decodificação de DNA etc.”, justifica Richard.

Para se ter uma ideia da popularidade e sucesso da ferramenta, a Wellcome Trust (WT), maior agência financiadora privada de pesquisas do Reino Unido, utiliza-a em seus projetos de difusão científica. Em comemoração aos 75 anos, a WT criou um vídeo institucional e, em algumas partes, é possível visualizar alunos “montando proteínas”, com a ferramenta criada pelo GC. “O WT considera importante essa aproximação entre o cientista e a sociedade. Primeiro, para atrair o público jovem e, segundo, para informar melhor o público-geral sobre a ciência, como um todo”, explica Richard. “Eu imagino que eles [WT] tenham tentado conectar as proteínas com a importância que elas têm em nosso cotidiano, através da montagem dos kits”.

WTO docente, ao repassar o kit de proteínas a um colega do Structural Genomics Consortium, sediado na Oxford University, em princípio não imaginava que a ferramenta alcançaria tal popularidade, mas essa surpresa foi algo positivo, por duas principais razões: traz a ciência de maneira acessível a todos, podendo assim atrair os futuros cientistas, e coloca o Brasil, mais uma vez, num papel de destaque no cenário científico mundial. “O mais legal disso tudo é que uma instituição de grande renome está usando ferramentas desenvolvidas no Brasil, em São Carlos! Eles pensaram na melhor ferramenta que existia para o que eles precisavam fazer e a melhor foi a nossa”, comemora Richard. “O uso de nossa ferramenta foi nobre, pois foi, justamente, para tentar aproximar o público, mostrando os tipos de pesquisas financiadas pelo WT e por que se gasta tanto dinheiro com elas”.

Para Richard, a construção de tais ferramentas e especialmente sua difusão e divulgação pelo mundo, assume um papel chave para o acesso à ciência. “É extremamente importante, no mundo moderno, altamente tecnológico, que as pessoas tenham o máximo conhecimento sobre ciência. E nós [pesquisadores] temos essa responsabilidade”, afirma.

Com isso em mente, Richard, com o apoio de sua equipe, já produziu outras ferramentas de difusão científica (destaque para a “tabela periódica de proteínas”, que também já percorreu alguns países do Globo). Ele conta que faz diversas viagens pelo mundo levando consigo os materiais desenvolvidos para o ensino da ciência e afirma que a recepção é sempre positiva. “Meu intuito original sempre foi desenvolver uma ferramenta voltada ao ensino universitário, já que sou professor universitário. Depois, percebi que isso pode ser usado com pessoas ainda mais jovens, com uma abordagem diferente”.

Richard também discorre sobre as dificuldades de financiamento para projetos de difusão. Diferente de um novo fármaco a ser lançado no mercado, por exemplo, o lucro com esse tipo de produto é muito mais simbólico do que financeiro e só pode ser verificado em médio e longo prazo.

O docente afirma que o processo de aprendizagem do aluno resulta na interação com o kit, uma vez que ele tem a capacidade de montar e desmontar peças, o que vem a facilitar a memorização, além de, é claro, tornar o aprendizado mais divertido e descontraído.

No entanto, educadores, desde os do ensino fundamental ao universitário, sabem da importância em se criar cada vez mais ferramentas de difusão científica, porém a escassez desse tipo de produto ainda é significativa. Sobre esse tópico, Richard compartilha um desejo: “Meu sonho é entrar em uma livraria, em qualquer país do mundo, e ver kits como os nossos sendo vendidos a um preço acessível. Mas sei que, infelizmente, isso irá demorar muito para se concretizar”, finaliza.

Para acessar o vídeo institucional da Wellcome Trust, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

11 de junho de 2012

Vaga para Especialista de Laboratório

 O Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo torna pública a abertura de concurso público para preenchimento de 1 vaga na carreira do Grupo Superior S1 A para a função de Especialista em Laboratório e outras que surgirem durante a validade deste Edital, vinculada ao Programa de Concessão de Técnico de Nível Superior para Grupos de Excelência – PROCONTES da Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade de São Paulo, que visa atender projetos especiais de pesquisa por ela selecionados.

As inscrições deverão ser efetuadas no período de 11/06/2012 a 02/07/2012, exclusivamente, por meio da Internet, para tanto sendo necessário o preenchimento e a transmissão da ficha de inscrição, bem como o pagamento da taxa de inscrição no valor de R$ 91,00.

A inscrição deverá ser realizada pela Internet até 17:00 horas do dia 02/07/2012, mediante acesso ao site: http://www.sistemas.usp.br/marteweb link: Concursos Públicos.

11 de junho de 2012

O mundo, o Brasil e a bioinformática

Qualquer pessoa que faça pesquisa envolvendo o estudo de algum sistema de interesse biológico, usando ferramentas computacionais. Essa é a definição dada pelo docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Leandro Martínez, ao bioinformata, profissional e pesquisador que, nos últimos anos, tem ocupado papel relevante na ciência, no Brasil e no mundo.

DNAFalar em interesse biológico abre um grande leque: bioinformatas podem, por exemplo, trabalhar com interpretações de imagens de diagnóstico médico, ou seja, desenvolver programas que interpretem dados de ressonância magnética nuclear (RMN) ou tomografias. “Análises computacionais de experimentos como estes dependem de métodos computacionais. E quem cria estes métodos e faz essa análise é um bioinformata”, explica Leandro.

No entanto, a bioinformática é muito mais ampla e, geralmente, um programa –software– precisa ser desenvolvido. Tais programas não fazem, apenas, análise de imagens (como no exemplo citado acima), mas também análises estatísticas de dados, bem como simulações.

Por exemplo, a determinação das sequências completas de genes de organismos (inclusive do ser humano), só foi possível, graças à bioinformática. “Há softwares desenvolvidos para lidar com a vasta quantidade de informação que os experimentos de sequenciamento geram. É uma quantidade gigantesca de informação que precisa ser sistematizada e compreendida”, diz o docente.

Além disso, determinação dos genomas tem permitido o estudo direto de um dos princípios mais fundamentais da biologia, o processo de evolução, de acordo com a teoria de Darwin. Muitas pessoas que trabalham com bioinformática usam-na para compreender e caracterizar as etapas do processo evolutivo. Por exemplo, cruzar dados de épocas diferentes pode trazer conclusões interessantes. “Hoje já se conhece a sequência das letras que formam nosso gene e de várias outras espécies de animais. É possível fazer simulações ‘para trás’, e descobrir, por exemplo, há quanto tempo tínhamos um descendente comum com o camelo. Isso é interessante, pois permite a comparação com registros fósseis e geológicos. Estes dados têm confirmado, de maneira contundente, o mecanismo da evolução, e nos permite compreender como eram nossos antepassados comuns”, elucida Leandro.

Leandro, também bioinformata, trabalha com simulações, desenvolvendo e utilizando-se de softwares para entender o funcionamento de proteínas, em nível molecular. Em conjunto com pesquisadores do Grupo de Biotecnologia Molecular do IFSC, que determinam, experimentalmente, a estrutura tridimensional das proteínas (como se fosse uma foto em 3D), Leandro determina as modificações pelas quais ela passa, ao longo do tempo (como um filme). “Por exemplo, quando contraímos o músculo, ele recebe um impulso nervoso, que irá causar a contração das proteínas que o formam. O movimento destas proteínas, ou seja, o movimento molecular, determina como a proteína de fato funciona. Meu trabalho consiste em entender esses movimentos moleculares em sistemas de nosso interesse”, conta o pesquisador.

Nesse caso, para ter uma imagem “molecular” destes movimentos da proteína, ou seja, do movimento dos seus átomos, é preciso fazer simulações (obviamente, não é possível enxergar esse tipo de coisa, nem mesmo com um microscópio). Tratando-se de uma simulação, para descrever um modelo molecular ou atômico, é preciso ter os dados de velocidade e movimento dos átomos/moléculas, para “simular” sua posição ao longo do tempo. “As moléculas de gases, por exemplo, se movimentam de forma desordenada, aleatória, mas uma proteína, não. Os detalhes dos movimentos de seus átomos são determinantes para a função destas macromoléculas”, explica Leandro.

Dessa forma, o docente tenta descobrir como os átomos interagem, quando estão próximos uns dos outros. Podem se chocar, podem se afastar. Essa é uma parte física importante e é nisso que consiste o desenvolvimento dos modelos: identificar como os átomos interagem dentro de um sistema. “Isso é um modelo computacional/teórico do que são as interações entre átomos. A partir de um modelo das interações, podemos observar como eles se movem ao longo do tempo explicando, por exemplo, como um músculo se contrai”, conta o docente.

Uma profissão importante para o desenvolvimento científico do país

BioinformataNão só no Brasil, mas no mundo, a bioinformática é carreira nova, que tem crescido muito após a automatização das técnicas de sequenciamento de DNA.

Foi apenas na a década de 90 que observou-se a possibilidade de determinar, rapidamente, sequências de DNA completas de organismos complexos, como o ser humano. Com isso, foram surgindo empresas na área, inclusive no Brasil, para explorar essa informação de forma comercial. A decodificação do DNA é muito importante nos dias de hoje, não só em relação aos seres humanos, mas para decodificar DNA de pragas agrícolas, por exemplo, encontrando maneiras de combatê-las.

Mas, tais empresas não oferecem o “serviço completo”, necessariamente. Algumas aproveitam informações geradas em pesquisas, por exemplo, da seguinte maneira: no caso agrícola, tendo-se conhecimento sobre o genoma de uma praga (informação pública). O desafio é extrair informações relevantes dos milhões de letras que formam o DNA e as ferramentas de bioinformática é que providenciarão tais informações.

Aí entram as empresas que, por sua vez, comercializam não a sequência de DNA, , mas as metodologias que permitem um acesso inteligente a elas. Ou seja: a empresa desenvolverá um software capaz de dar dicas de onde possam estar localizadas informações significativas. Sendo assim, ela venderá ou o software produzido ou dados relevantes, já identificados pelos pesquisadores da empresa. “As empresas ganham dinheiro, vendendo a metodologia de análise, e não a informação, em si”, explica Leandro.

É aí que moram as oportunidades para o bioinformata: ele será o responsável por criar metodologias e software, ou fazer a interpretação de dados fornecidos por um programa específico, desenvolvido por uma destas empresas. Os clientes? Pesquisadores, como um todo, seja de instituições privadas ou públicas. “Essas empresas contratam pesquisadores, geralmente, já com pós-graduação. Podem ser químicos, físicos, biólogos etc. Mas, o público que compra essas ferramentas ainda é predominantemente acadêmico”.

As informações são muito relevantes para as pesquisas científicas. As metodologias de análise fundamentais, diante da constatação de que diversas partes do DNA não codificam nenhuma proteína. Ou seja, encontrar partes do DNA capazes de codificar proteínas de pragas agrícolas ou causadoras de doenças (como Alzheimer ou câncer) é de importância fundamental para seu extermínio. “Não se sabe, até hoje, quantas proteínas o corpo humano possui. Isso porque muitas partes do DNA não codificam proteínas ou codificam proteínas repetidas”, exemplifica o professor.

Em resumo, a capacidade computacional e seu aproveitamento na análise e geração de todas essas informações foram muito relevantes, uma vez que a análise de dados de tais genomas só foi possível através dos modelos e programas computacionais desenvolvidos, em sua maioria, por bioinformatas.

E o Brasil nessa história?

O Brasil, sendo o maior celeiro agrícola do mundo, pode ter o desenvolvimento de sua agricultura aprimorado com a evolução desse tipo de pesquisa e estudos. “O genoma da cana-de-açúcar, que está sendo estudado por grupos de pesquisa brasileiros, por exemplo, fornecerá dados relevantes para melhora da agricultura brasileira, seja para desenvolver espécies transgênicas ou aprimorar o plantio”, afirma o pesquisador.

De acordo com o docente, hoje, já existem grupos fortemente dedicados a tais estudos, e que fazem o desenvolvimento de softwares. E os maiores desafios, sem dúvidas, consistem em descobrir a cura de graves doenças através do desenvolvimento de tais modelos e programas. “Há grupos especializados para decodificar sequência de genes de células cancerosas, para determinar onde houve as mutações no gene. Há centenas de estudiosos que, depois disso, fazem pesquisas com o objetivo de encontrar maneiras de neutralizar as mutações”, conta Leandro.

Sobre o que envolve bioinformática, no Brasil, há empresas que trabalham em parcerias com universidades (caso do IFSC, inclusive) para o estudo do melhoramento de enzimas para aproveitamento industrial, como, por exemplo, aquelas que compõem o bagaço da cana-de-açúcar, para produção de etanol. Há, também no país, empresas que fazem estudo de genomas de patógenos (pragas agrícolas).

Leandro afirma que, no Brasil, muitos pesquisadores trabalham com bioinformática em muitas áreas diferentes. Já há, até mesmo, a Associação Brasileira de Bioinformática e Biologia Computacional (AB³C), com a finalidade de congregar pessoas e instituições interessadas em propiciar o progresso na área.

Mas, a conclusão que se tira é a seguinte: embora os bioinformatas no Brasil já tenham um lugar ao Sol, o país ainda tem um longo caminho a percorrer. Para chegar num patamar desejável, o Brasil tem uma longa caminhada. Mas uma coisa é fato: já está no caminho certo.

Assessoria de Comunicação

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