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22 de junho de 2012

O ensino que encanta

Trazer alunos da sala de aula para Universidade tem se tornado uma ação cada vez mais usual. Com o objetivo de despertar maior interesse em estudantes, programas de difusão da ciência têm sido institucionalizados, e os resultados, até o momento, têm sido favoráveis.

Marcelo-3No caso do docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Marcelo Alves de Barros, a maneira que encontrou de trazer alunos do ensino médio para o ambiente universitário foi através da disciplina prática de Ensino de Física, ministrada pelo docente há quatro anos. “Os estudantes do curso de Licenciatura em Ciências Exatas, que cursam a disciplina de Ensino de Física, passam por duas etapas. Na primeira, realizam o estágio supervisionado nas escolas públicas de ensino médio, e na segunda etapa trazem alunos do ensino médio dessas escolas para cá, para realizar atividades práticas”, conta.

Em 2012, três escolas estaduais de São Carlos foram escolhidas para “participar” da disciplina de Marcelo: Esterina Placco, Conde do Pinhal e Álvaro Guião. Dez alunos de cada uma dessas escolas, durante dois encontros realizados nos Laboratórios de Ensino de Física (LEF), tiveram oportunidade de ver a física na prática e “digerir” melhor os conteúdos teóricos apresentados em sala de aula.

Isso foi feito através da participação em seis mini cursos, todos realizados no próprio IFSC e sempre apresentando experimentos relacionados a tópicos de física, abordados durante o ensino médio. “Aqui, nós podemos oferecer atividades e experimentos que eles [estudantes] dificilmente têm oportunidade de vivenciar nas escolas, por falta de tempo e, algumas vezes, por deficiências de preparo de seus professores. Nessa segunda etapa, realizada aqui, no IFSC, tentamos preencher essa lacuna”, justifica Marcelo.

Marcelo-1As atividades, do estilo “mão na massa”, são totalmente viáveis, uma vez que os laboratórios do IFSC oferecem a estrutura necessária para isso. Os alunos, durante os dois encontros realizados aos sábados, que duraram 8 horas cada um, tiveram oportunidade de ver experimentos relacionadas à astronomia, espectroscopia, som, raio-X, indução eletromagnética e gases. “Quem ministra os mini cursos são os 16 alunos inscritos na disciplina de Ensino de Física desse semestre. Fizemos, juntos, a seleção dos temas dos mini cursos para apresentar aos estudantes”, relembra o docente.

Kenia_e_Alisson

Na etapa anterior, na qual os alunos de Marcelo tiveram a oportunidade de estar nas escolas e acompanhar as aulas ministradas pelos professores, algumas “falhas” no sistema de ensino, muito evidentes, puderam ser observadas. “Realizo estágio nas escolas desde abril deste ano e tenho acompanhado, inclusive, aulas no ensino fundamental. Notei que os professores só utilizam as apostilas doadas pelo Governo, que deveriam servir somente como um auxílio”, lamenta Letícia Zago, aluna do 4º ano do curso de Licenciatura em Ciências Exatas do IFSC e inscrita na disciplina de Marcelo. “Acho que é preciso utilizar recursos diferentes em sala de aula para que um maior número de alunos consiga entender o conteúdo”.

Por outro lado, fazer esse acompanhamento tão de perto trouxe benefícios aos futuros professores. O primeiro contato direto, que para maioria é algo inédito, é, ao mesmo tempo, surpreendente. “Temos a visão de que os alunos não sabem as coisas, mas no fundo eles sabem, pois isso tudo faz parte do cotidiano deles”, conta Letícia. “Vemos que os alunos ficam bem focados e entusiasmados enquanto realizamos os experimentos, o que não acontece na escola. As perguntas que eles fazem têm lógica, são válidas. Nossa ideia é que o aluno seja ativo, também, por isso estimulamos as perguntas e respostas durante o curso”.

Tendo a resposta (não surpreendentemente) positiva, tanto por parte dos estudantes do ensino médio, quanto por parte dos universitários, fazer caminhos em “dupla direção”, ou seja, ir até as escolas e trazer os estudantes até a Universidade, já é prática efetiva na disciplina de Ensino de Física. “Já trabalhamos dessa forma desde 2008. Não temos feito um trabalho sistemático para acompanhar a resposta dos participantes, mas percebemos que os alunos ficam muito mais motivados em poder trabalhar os conteúdos da física, de forma diferenciada. Muitos deles manifestam interesse em seguir carreiras científicas e a barreira que existe entre Universidade e Escola é também quebrada”, comemora o docente.

Marcelo conta que novos encontros com as três mesmas escolas, já citadas nessa matéria, serão realizados no próximo semestre. Serão também mini cursos, mas, obviamente, abordando tópicos diferentes da física e, certamente, continuarão chamando atenção dos alunos do ensino médio e, com muito otimismo, tornando-os muito em breve alunos universitários e, esperançosamente, os futuros cientistas do país.

 

Para conhecer melhor a proposta da disciplina e assistir a um dos mini cursos, clique aqui.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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