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9 de novembro de 2022

Produção científica do IFSC/USP em outubro de 2022

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica do IFSC/USP cadastradas no mês de  outubro de 2022,  clique AQUI, ou acesse o Repositório da Produção USP (AQUI).

 

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente, por pesquisador do IFSC, no periódico “Angewandte Chemie” (VER AQUI).

 

 

 

 

 

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

9 de novembro de 2022

I Simpósio de Nanotecnologia aplicada à Medicina e ao Agronegócio (I SiNMA) – 21 e 22/11/2022

Estão abertas até dia 18 de novembro as inscrições para o “I Simpósio de Nanotecnologia aplicada à Medicina e ao Agronegócio” (I SiNMA), um evento organizado pelo Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), e que ocorrerá nos dias 21 e 22 desse mesmo mês no Auditório “Prof. Sérgio Mascarenhas” (IFSC/USP), com transmissão ao vivo pelo canal Youtube do Instituto,

Realizado pelos alunos de pós-graduação do GNano e coordenado pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Valtencir Zucolotto, este evento é o primeiro simpósio com enfoque na apresentação dos principais avanços da Nanomedicina e do Nano-agro, contando com a participação de pesquisadores especializados nas áreas em destaque, que, conjuntamente com alunos de pós-graduação do GNano, irão expor e discutir seus trabalhos e a inovação de suas pesquisas.

Tanto a Nanomedicina quanto o Nano-agro encontram a sua base na Nanociência, que oferece o conhecimento fundamental para arquitetar e desenvolver objetos em escala nanométrica. As nanopartículas são pequenas estruturas que possuem uma capacidade surpreendente de otimizar a prevenção, diagnóstico e tratamento de diversos tipos de doenças, como o câncer e infecções, sendo, igualmente e por outro lado, uma solução bastante interessante para viabilizar a aplicação segura de agroquímicos.

É nestes dois contextos que os pesquisadores buscam desenvolver tecnologias que possam melhorar substancialmente as áreas da  Saúde e Agricultura no nosso país, com exemplos e projetos que estarão em destaque no “I SiNMA”.

Para se inscrever neste evento, que conta com o apoio do IFSC/USP, clique AQUI.

Para assistir ao evento online, acesse o Canal Youtube AQUI.

Para mais informações, consulte as redes sociais:

Instagram: @sinma.usp

Facebook: https://www.facebook.com/sinmausp/

Twitter: @sinmausp

(Foto Banner – Mayo Foundation For Medical Education and Research / Breentag)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

8 de novembro de 2022

Pesquisadores do IFSC/USP conquistam prêmio em pesquisa que combate a alopecia androgenética

Alessandra Keiko e Patrícia Kaori

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) conquistaram em outubro passado o 2º lugar relativo aos trabalhos apresentados no Congresso Internacional de Tricologia que ocorreu na cidade de São Paulo.

Recorde-se que tricologia é a área da dermatologia destinada à prevenção e tratamento de problemas capilares e de doenças do couro cabeludo.

Dentre inúmeros trabalhos provenientes, por exemplo, da Turquia, Estados Unidos e Canadá, o trabalho apresentado pelos pesquisadores do IFSC/USP relatou os resultados obtidos através de um projeto que tem o objetivo de combater a alopecia androgenética (calvície feminina), utilizando pó de café verde misturado com um shampoo natural neutro.

A pesquisa compreendeu dois grupos de mulheres voluntárias com alopecia androgenética, como explica Alessandra Keiko, uma das autoras do trabalho. “Reunimos dois grupos, com seis mulheres cada um, que trabalharam conosco ao longo de dez sessões, duas vezes por semana. O primeiro grupo (placebo) foi constituído por mulheres que apenas utilizaram shampoo natural neutro na sua higiene capilar, enquanto o segundo grupo utilizou o mesmo shampoo misturado com pó de café verde. O que verificamos foi que as mulheres pertencentes ao segundo grupo obtiveram um efeito em cerca de 20% melhor do que as do primeiro grupo (placebo), comprovando, assim, que graças ao seu poder oxidante no ciclo capilar, o café verde combate a enfermidade, ajudando o crescimento capilar nas áreas afetadas”.

A partir dos resultados deste trabalho, que se insere em um projeto da EMBRAPII, conjuntamente com duas empresas, existe a intenção de levar o produto até ao público, atendendo a que ele apresenta evidências científicas de sua eficácia no combate à alopecia androgenética.

Assinaram este trabalho, os pesquisadores: Alessandra Keiko, Vanderlei Salvador Bagnato, Fernanda Carbinatto e Patrícia Kaori.

Para acessar o trabalho, clique AQUI.

Rui Sintra – Jornalista – IFSC/USP

7 de novembro de 2022

Projeto de pesquisa faz chamada de pacientes com problema vascular (Doença Vascular Crônica)

(Crédito – Medical News Today)

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) está selecionando pacientes com problemas vasculares (Doença Vascular Crônica), para participarem de um projeto de pesquisa que envolve uma nova tecnologia que  poderá proporcionar uma melhora nos sintomas dessa enfermidade, como, por exemplo, cansaço nas pernas, sensação de formigamento, podendo, inclusive, prevenir o aparecimento de úlceras venosas por um período após o tratamento.

Para participar desse projeto os voluntários –  homens ou mulheres – precisam ter idade entre 50 e 85 anos, com diagnóstico de Doença Venosa Crônica.

Não poderão participar desse projeto pessoas com histórico de doenças cardiovasculares, diabéticos, fumantes, com histórico oncológico, que apresentem Doença Arterial Periférica ou com úlcera venosa aberta.

Para participar deste projeto, os interessados deverão entrar em contato com a Unidade de Terapia Fotodinâmica. Telefone: (16) 35091351.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

7 de novembro de 2022

A Física de luto com o falecimento do Prof. Dr. Herch Moysés Nussenzveig

Faleceu sábado último (05/11/2022), aos 89 anos de idade o Prof. Dr. Herch Moysés Nussenzveig, um dos mais sonantes nomes da Física no Brasil e membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC)

Graduou-se (1954) e obteve doutorado em física (1957) pela Universidade de São Paulo (USP).

Fez estágios de pós-doutoramento na Universidade de Eindhoven (1958) e na Universidade de Utrecht (1959), ambas na Holanda; no Instituto Nacional de Tecnologia de Zurique (ETHZ na sigla em alemão), na Suíça (1960) e na Universidade de Birmingham (1960), na Inglaterra.

Foi professor visitante (1963-1964) na Universidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos e (1964-1965) no Instituto de Estudos Avançados de Princeton (IAS, na sigla em inglês); na Universidade de Rochester (1968-1975) nos EUA; na Universidade de Paris-SUL (1973), na França.

Foi presidente da Sociedade Brasileira de Física – SBF (1981-1983), membro da União Internacional de Física Pura e Aplicada (IUPAP, na sigla em inglês), nos EUA (1987-1993).

Era pesquisador emérito da CBPF e professor emérito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Suas pesquisas englobaram aproximações uniformes, com base em nova formulação da teoria de momento angular complexo, de todos os efeitos semiclássicos de difração no espalhamento Mie.

Causalidade e analiticidade, novas regras de soma para as constantes óticas, modos transientes, atraso temporal no espalhamento, modelos solúveis de emissão espontânea e perdas de transmissão no laser, teoria das forças de captura exercidas por pinças óticas e sua calibração absoluta, extração de nanotubos de membrana celular e propriedades elásticas da membrana, nanotubos de tunelamento e forças de Casimir.

Dentre os prêmios recebidos, destacam-se: Prêmio Max Born (1986), concedido pela Sociedade Óptica dos Estados Unidos; Prêmio Álvaro Alberto em Física (1995), concedido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT); Categoria Grã Cruz (1995) da Ordem Nacional do Mérito Científico, concedido pelo MCT e o Prêmio Jabuti (1999), concedido pela Câmara Brasileira do Livro.

Além da ABC, o saudoso Prof. Nussenzveig era membro da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês) e da Sociedade Americana de Física, além de membro fundador (1982) da Academia de Ciências da América Latina (Acal).

O IFSC/USP lamenta a morte do Prof. Herch Moysés Nussenzveig, uma perda irreparável para a Física e para a Ciência brasileiras.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

6 de novembro de 2022

“Prêmio USP Mães Pesquisadoras – 2022” – Pesquisadora da USP de São Carlos vence na categoria “Pós-Doutorandas”

Gerenciar o dia a dia de forma eficaz, dividindo o tempo entre a a profissão, família e atividades pessoais. Ao acrescentarmos a maternidade como o principal vetor dentro do triângulo acima citado, este é, cada vez mais, o atual perfil da mulher moderna, contrastando com o que ocorria no passado, onde, tradicionalmente, a maioria das mulheres estava unicamente vinculada ao papel de donas de casas e de mães em tempo integral. Esse papel ativo da mulher moderna, conquistado até agora com muitas lutas, deverá ser sempre um motivo de respeito e de reconhecimento a esse novo perfil feminino que necessita ser devidamente ampliado, defendido e enaltecido, inclusive na ciência.

Natália (grávida de sua segunda filha) em seu laboratório

Nesse âmbito, a Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação da Universidade de São Paulo (PRPI-USP) lançou em junho do corrente ano o “Prêmio USP Mães Pesquisadoras – 2022”, com o objetivo de reconhecer a excelência da produção acadêmica de mães pesquisadoras da USP, adotivas ou biológicas de criança(s) de até 12 anos de idade ou de filho(a) com deficiência sem limite de idade. Dividido nas categorias, Docentes, Pós-Doutorandas, Pós-Graduandas e Graduandas, o prêmio é uma forma de a Universidade de São Paulo reconhecer o essencial trabalho nos cuidados com a infância, requerendo, para isso, muitas horas de dedicação e esforço, e que impactam as oportunidades acadêmicas e a progressão na carreira, na maioria das vezes realizado pelas mães pesquisadoras. Refira-se que este prêmio também considerou inscrições de pesquisadores homens ou LGBTQIA+ que comprovaram ser cuidadores exclusivos dos filhos (pai solo).

Pesquisadora do IFSC/USP conquista prêmio na categoria “Pós-Doutorandas”

A pós-doutoranda, Natália Noronha Ferreira Naddeo (35), pesquisadora no Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física de São Carlos (GNano-IFSC/USP), coordenado pelo Prof. Valtencir Zucolotto, concorreu ao “Prêmio USP Mães Pesquisadoras – 2022”, tendo vencido na categoria “Pós-Doutorandas”. Natália, casada, residente em Araraquara e neste momento grávida de sua segunda filha, pontua que seu cotidiano é bastante ativo, começando com as habituais rotinas do lar, seguindo-se o trabalho minucioso e intenso no laboratório do GNano, e terminando a jornada com os afazeres de mãe, onde o amor, a tranquilidade e a harmonia estão sempre em primeiro lugar, equilibrando tudo o resto. “Penso que, com a maternidade, me tornei mais resiliente, mais paciente e calma no meu trabalho, no laboratório. Fiquei mais persistente nas minhas pesquisas pela busca de algo que virá contribuir para a saúde pública, para o bem estar da sociedade. Ser mãe mudou totalmente a minha perspectiva, já que antes eu era muito ansiosa, ficava muito frustrada com os resultados negativos de minhas pesquisas. Após a maternidade, tudo isso mudou: agora, cada resultado negativo traz a vontade de buscar novas soluções, de começar tudo do zero com muita tranquilidade em busca daquilo que pretendo”, sublinha a pesquisadora.

A carreira científica

Formada em Ciências Farmacêuticas, com mestrado e doutorado concluídos na UNESP de Araraquara, desde cedo Natália Naddeo se dedicou às pesquisas e desenvolvimento de fármacos e medicamentos integrados na área de Nanotecnologia, tendo escolhido o GNano para realizar o seu pós-doutorado, na vertente de “drug delivery”. Seu foco está concentrado no desenvolvimento de uma nova terapia para tratamento do câncer no cérebro (Glioblastoma) – um tumor maligno de crescimento rápido. Esta nova terapia está sendo testada através de uma abordagem nasal, tendo em vistas que o tratamento atualmente utilizado para esse tipo de câncer é realizado por via oral, por meio de um fármaco que possui uma boa capacidade para transpor barreiras na massa encefálica, podendo assim chegar ao tumor. Contudo, existe um problema com essa terapia. “De fato, a forma ativa desse fármaco tem uma vida ativa muito curta, ou seja, ele é metabolizado rapidamente, o que significa dizer que os pacientes com esse tipo de câncer têm que ingerir altas doses desse fármaco para que uma ínfima parcela dele possa chegar ao tumor”, sublinha Natália. Segundo a pesquisadora, a via nasal possui conexões diretas com o cérebro, sendo que essa mesma via está sendo explorada para o tratamento de várias doenças que acometem o sistema nervoso central. “Embora essa via apresente vários desafios, que estão sendo estudados, o certo é que ela se apresenta muito promissora. Estamos desenvolvendo pesquisas “in vitro”, mas brevemente iniciaremos as pesquisas “in vivo””, comemora a pesquisadora.

Natália Naddeo recebeu o prêmio no dia 03 de novembro, em sessão realizada  na USP, em São Paulo. Na candidatura a este prêmio, a pesquisadora apresentou um vídeo onde explica, de forma simples, os fundamentos de sua pesquisa, podendo o mesmo ser acessado AQUI.

Este ano, o “Prêmio USP Mães Pesquisadoras – 2022” foi dedicado às áreas de Ciências Biológicas e da Saúde, sendo que em 2023 o mesmo prêmio irá abranger as áreas de Ciências Humanas, Sociais Aplicadas, Linguística, Letras e Artes.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de novembro de 2022

Na França: Egresso do IFSC/USP em pesquisas de óptica aplicada à biologia – Curso de ciências físicas e biomoleculares foi o trampolim

Caio Rimoli em seu mestrado no IFSC/USP (Arquivo pessoal)

Os anos de 2020 e 2021 constituíram um período muito delicado e conturbado para a área da educação em termos mundiais, mas certamente mais preocupante para todos quantos, após a graduação, se lançaram em seus mestrados, doutorados e pós-doutorados: a pandemia, na sua forma mais abrangente e agressiva, mutilou as expectativas de milhões de jovens universitários ao redor do planeta e o Brasil não foi exceção, arrastando, com ela, outras dificuldades.

Caio Vaz Rimoli (35), egresso do IFSC/USP, com bacharelado em Ciências Físicas e Biomoleculares (2012) e título de mestre em Física Aplicada, Opção Biomolecular (2015), terminou seu doutorado em biofísica, no Institut Fresnel, na Aix-Marseille Université (2020 – França), tendo sido um dos jovens pesquisadores brasileiros que sentiu que sua progressão na ciência poderia ficar comprometida a partir desse momento e não apenas devido à pandemia. Com efeito, ao arriscar iniciar sua busca por um pós-doutorado no final de 2020 e no ano seguinte, o ex-aluno do IFSC/USP confrontou-se com mais uma dificuldade, essa devido ao radical corte de verbas imposto pelo governo para as bolsas disponibilizadas pelas agências brasileiras de apoio à ciência. Com a maior parte de seu doutorado feito em Marselha (França), onde conheceu muitas pessoas ligadas à academia, Caio Rimoli não teve outra hipótese senão concorrer a uma posição nesse país, uma corrida que, com muita persistência, deu resultado no início de 2022 ao ser contratado como pesquisador pós-doutorado no Laboratoire Kastler Brossel, infraestrutura de pesquisa que atua conjuntamente com outras instituições, como, por exemplo, a École Normale Supérieure (ENS/PSL) e com a Sorbonne Université, em Paris.

“O Laboratoire Kastler Brossel é um centro de pesquisa muito forte na área de mecânica quântica, sendo que há alguns anos atrás ele abriu também uma vertente de aplicação à biologia, coordenado por dois pesquisadores permanentes, sendo que um deles é igualmente egresso do IFSC/USP – Hilton Barbosa de Aguiar. O foco das pesquisas é investigar meios complexos, como, por exemplo, o cérebro, através do entendimento e controle do espalhamento de luz nesses meios, para a captura de imagens para estudo”, pontua Caio. Com sua experiência em experimentos e instrumentação óptica voltados para aplicações em sistemas biológicos (biomoleculares), Caio Rimoli é o primeiro autor de um trabalho que foi publicado no início deste ano, na “Nature Communications” – “4polar-STORM polarized super-resolution imaging of actin filament organization in cells”, que basicamente reproduz seu trabalho de doutorado (VER AQUI).

Microscopia de super resolução

Caio Rimoli no laboratório, em Marseille – França (Arquivo pessoal)

Segundo Caio Rimoli, no início deste século surgiu um novo tipo de técnica de microscopias ópticas de fluorescência, chamadas microscopia de super resolução. Sumariamente, são microscopias de fluorescências muito semelhantes  às tradicionais, só que elas conseguem ter um maior poder de resolução, ou seja, fazem com que nós possamos enxergar mais detalhes. “Ao invés de você ter um microscópio que enxergaria, por exemplo, detalhes na ordem de 200 nanômetros, que é o tamanho do comprimento de onda da luz visível, as microscopias de super resolução  são técnicas que foram desenvolvidas para que se consiga ver em até dez vezes mais detalhes, de modo geral. Se você tem um microscópio de resolução de 200 nanômetros (tradicional), então você consegue enxergar estruturas de 200 nanômetros de detalhe dentro da célula. Ou seja, a resolução está relacionada com esse poder de detalhe que podemos ver em uma imagem. Hoje em dia, essa nova classe de microscopia de super-resolução consegue até 20 nanômetros dentro das células, de modo geral. É muito mais detalhe. Isso chega muito próximo do grau de resolução de bio-moléculas e de seus complexos (agregados) biomoleculares. Então, é aquela velha história: se você conseguir saber a estrutura da proteína inteira e de como ela se organiza dentro da célula, a partir daí você poderá conseguir planejar novos fármacos, conseguirá pensar em como modificar essa proteína e verificar a sua função. Conhecendo bem a estrutura da molécula e de como ela se organiza em seu ambiente natural, você consegue trabalhar nela e aumentar o conhecimento sobre como ela é e o que ela faz, química e estruturalmente. Logo, a vantagem desse tipo de microscopia é que você vê a molécula no contexto da célula, como ela se comporta lá, e, idealmente, no futuro, essas técnicas de microscopia de super-resolução terão o potencial de coletar muito mais informação do que simplesmente a localização delas. Atualmente, você consegue ver a imagem de uma única molécula dentro da célula como um pontinho que é onde a molécula está”, explica o pesquisador. O trabalho de doutorado de Caio Rimoli não pretendia somente obter imagens de alta resolução de estruturas nanométricas das células; o que o trabalho propunha, principalmente, era também obter informação a respeito da orientação da molécula, ou como parte dela (domínio) está orientada. E foi essa a técnica de microscopia de super resolução nova que o ex-aluno do IFSC/USP desenvolveu em seu doutorado. “Potencialmente, esta técnica de microscopia que desenvolvemos poderia estudar até vírus, vírus gigantes, ou interações proteína-proteína de modo geral no contexto celular por exemplo. A ideia era o desenvolvimento de uma microscopia muito mais rica em informação do que as anteriores”, pontua o pesquisador.

Em Paris: Neurociência – Endoscopia cerebral

Resultados experimentais de atividade neuronal – Laboratoire Kastler Brossel – França (Arquivo pessoal)

Com contrato de um ano no Laboratoire Kastler Brossel, podendo ser renovado por igual período, o atual trabalho de Caio Rimoli está agora totalmente voltado para a neurociência, cujo foco é o desenvolvimento de um endoscópio cerebral composto por uma fibra óptica minimamente invasiva, que possa ler as atividades neuronais nas regiões profundas do cérebro. Embora existam inúmeras pesquisas realizadas com microscopia nas partes mais superficiais do cérebro, Caio Rimoli sublinha que para utilizar a óptica (luz visível) para a medição em regiões profundas do cérebro é muito complicado, já que ele é relativamente opaco. “Então, você não consegue ver as imagens, já que elas aparecem como se fosse uma neblina. E isso acontece porque o cérebro, sendo opaco, espalha luz e nós não conseguimos definir um foco para fazer uma imagem. Uma das formas que você poderia fazer é usar um endoscópio. Só que a maneira como são feitas essas imagens, com endoscópio, são muito invasivas. Nosso projeto é desenvolver um endoscópio diferente: uma sonda – fibra óptica –  muito fina, com cerca de 200 micrômetros, que ao ser introduzida no cérebro não precisa de uma cirurgia de remoção de camadas superficiais de tecido cerebral (cortéx), nem camadas de tecido mais profundo para a acomodar a sonda (buraco cilíndrico até a região profunda de interesse). Embora hajam limitações intrínsecas, nossa proposta de sonda fina pode penetrar lentamente no cérebro, sem remoção de tecido cerebral. O cérebro, por ser muito macio, se ajusta lentamente à penetração cautelosa da fibra, com menos chance de causar uma lesão ou um efeito deletério à sua função. Assim, depois de o animal se recuperar da cirurgia para a inserção da fibra (ainda é necessário abrir um pequeno buraco no crânio), poderíamos colher atividade neuronal em organismos livres para se movimentar e correlacionar comportamento animal com circuitos neurais profundos”, pontua o pesquisador. “As técnicas atuais que utilizam esse mesmo tipo de ‘fibra fina’ não extraem tanta informação detalhada como a nossa que estamos propondo. No meu atual trabalho, nós gostaríamos de usufruir da vantagem de a ‘fibra fina’ ser minimamente invasiva e, ao mesmo tempo, obter o mesmo tipo de informação detalhada que a ‘fibra grossa’ tradicional é capaz de nos fornecer”. Em virtude de o cérebro ser dividido em várias regiões e cada região ter uma ou mais funções, este novo endoscópio, que já está sendo testado em camundongos, poderá, no futuro, ter o potencial de identificar e diagnosticar não só doenças do foro cerebral, como estudar comportamentos animais (quem sabe até em humanos) que necessitem de tratamentos específicos.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

3 de novembro de 2022

EMBRAPII lança livro “Ciência para Prosperidade – Sustentável e Socialmente Justa”

Abordagem, discussão e apresentação de propostas para a abertura de novos caminhos rumo ao desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação no Brasil. Estes foram os objetivos centrais que levaram a Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação (EMBRAPII) a elaborar e publicar o livro subordinado ao título “Ciência para Prosperidade – Sustentável e Socialmente Justa”, já disponível ao público.

Nele, são expostas as análises, visão e críticas, no âmbito dessas temáticas, de alguns dos mais importantes cientistas nacionais que foram convidados pela EMBRAPII a exporem seus pontos de vista, tendo como meta uma contribuição importante rumo a um país mais moderno, sustentável e socialmente justo.

A abordagem de áreas estratégicas nacionais, como o agronegócio, bioeconomia, transformação digital, saúde e bem estar, e transição energética, constitui um dos capítulos com maior destaque nesta publicação, que abre espaço para a discussão e reflexão sobre como passar para uma nova fronteira, especialmente tendo em vistas ações para a redução das desigualdades.

Entre os diversos autores estão os docentes e pesquisadores de nosso Instituto, Profs. Adriano Andricopulo e Glaucius Oliva.

Para acessar o livro, no formato PDF, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

2 de novembro de 2022

Na Biblioteca do IFSC/USP – “Contação de Histórias” – “Malala e seu lápis mágico”

Uma menina paquistanesa teve que enfrentar as mais diversas adversidades para crescer e estudar em uma região devastada pela guerra. Ainda muito pequena, essa menina, chamada Malala, desejava ter um lápis mágico, um sonho e um desejo que foram destruídos por homens que decidiram que as meninas não deveriam frequentar escolas… Nem ter lápis mágicos!… Então, Malala decidiu que sua voz deveria soar bem alto em todo o mundo, em protesto contra seus sonhos… E, enfrentou terríveis obstáculos para que situações como a sua não acontecessem com outras meninas.

Crianças da Creche e Pré-Escola do Campus USP de São Carlos – cada uma com seu… “lápis mágico”

Este é, resumidamente, o conteúdo do livro intitulado “Malala e seu lápis mágico”, baseado na história verídica de Malala Yousafzai, ganhadora do Prêmio Nobel da Paz em 2014, uma publicação que ensina às crianças a importância de lutar pelos seus próprios direitos. E, foi através deste livro que a Biblioteca do IFSC/USP realizou no dia 1º de novembro uma sessão de “Contação de Histórias”, comemorando a “XXV Semana do Livro e da Biblioteca da USP” com a temática “Bibliotecas da USP: parceiras estratégicas da Agenda 2030”.

Maria Neusa Azevedo e Sabrina Mastrantonio dando “corpo” à história

A bibliotecária Maria Neusa Azevedo e a técnica Sabrina Mastrantonio foram as protagonistas deste bonito evento que reuniu as crianças da Creche e Pré-Escola do Campus USP de São Carlos, que, na sequência ganharam um “lápis mágico” para, inspiradas na história contada, desenhassem o que fariam com ele. A ideia é fazer uma exposição com esses desenhos criados pelas crianças.

Com base em uma frase da autoria da própria Malala Yousafzai, a mensagem que ficou no final do evento foi: “Uma criança, um professor, um livro, uma caneta pode mudar o mundo.” Malala continua lutando pelos direitos das meninas e mulheres da sua região.

Desenhos alusivos à história que foi contada

Este serviço da Biblioteca do IFSC/USP tem o objetivo de apoiar o cumprimento da “Agenda 2030” e seus “17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)”.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de novembro de 2022

Concurso para 52 vagas para professor-adjunto e outros cargos na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC)

Estão abertas até o dia 04 de novembro as inscrições para 52 vagas para professor-adjunto, e outros cargos, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), nos seus diversos campi, conforme se encontra informado no edital 095ddp2022.

Para realizar o concurso não é necessário ter o título de doutor, mas, caso seja o candidato seja aprovado, o título será exigido para posse do cargo.

Para consultar o edital relativo a este concurso, clique AQUI.

 

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

31 de outubro de 2022

Inscrições para eleição de representantes discentes junto ao Conselho Deliberativo do CDCC

Estão abertas, até às 17h do dia 21-11-2022, as inscrições para a eleição dos representantes discentes junto ao Conselho Deliberativo do CDCC, conforme disposto na Portaria CDCC – 338, de 14-10-2022 (VER AQUI).

O pedido de inscrição individual ou por chapa dos candidatos, formulado por meio de requerimento, será recebido na Administração do CDCC, no e-mail adm-cdcc@usp.br, mediante declaração de que o candidato é aluno regularmente matriculado em curso de Graduação ou programa de Pós-Graduação do Instituto de Física de São Carlos ou do Instituto de Química de São Carlos.

A eleição ocorrerá uma única fase, no dia 30-11-2022, das 09h às 17h, por meio de sistema eletrônico de votação e totalização de votos.

Para acessar o requerimento, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

30 de outubro de 2022

C4AI/USP seleciona bolsistas de Iniciação Científica em IA para apoio a inclusão e diversidade

O C4AI/USP (VER AQUI) está selecionando bolsistas de Iniciação Científica em Inteligência Artificial (IA) para apoio a inclusão e diversidade.

Serão até 12 bolsas de 12 meses, no valor mensal de R$ 1.162,94, somente para estudantes regulares dos cursos de graduação da USP, que participarão de um programa de formação em IA, incluindo seminários, mentoria, e projetos de pesquisa.

A seleção usará critérios sócio-econômicos e acadêmicos visando a promoção de grupos sub-representados em IA.

O evento para apresentação e dúvidas ocorrerá no dia 09 de novembro, às 18h00), através do canal Youtube (AQUI).

As inscrições no programa devem ser feitas através do formulário (VER AQUI), a partir do dia 28/10/2022, até as 23h59min do dia 13/11/2022.

Confira o edital (AQUI).

Dúvidas também podem ser enviadas para o email: c4ai-cid@usp.br

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

28 de outubro de 2022

Processo seletivo para professores do Cursinho Popular de Licenciatura em Ciências Exatas -2023

Estão abertas até dia 08 de novembro as inscrições para o processo seletivo do Corpo Docente do Cursinho Popular de Licenciatura em Ciências Exatas para o ano de 2023.

São um total de 19 vagas e estas abrangem as seguintes disciplinas: física, matemática, química, biologia, história, geografia, literatura, gramática e redação.

Para se inscrever, basta atender aos requisitos do edital (VER AQUI), podendo os interessados estar cursando, ou ter cursado, qualquer curso de ensino superior.

Os professores selecionados iniciarão suas atividades junto ao Cursinho no final de janeiro de 2023 e atuarão, voluntariamente, até o final desse mesmo ano.

O Cursinho Popular da Licenciatura em Ciências Exatas (CPCEx) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) é um projeto fundado pela Secretaria Acadêmica da Licenciatura em Ciências Exatas (SACEx) e mantém suas atividades desde 2007.

O objetivo é proporcionar aos alunos da rede pública de São Carlos a preparação necessária para a realização do Enem e vestibulares, bem como a base para o desenvolvimento de um ensino superior de qualidade.

Para fazer sua inscrição, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

28 de outubro de 2022

Arqueogenética e a história profunda da humanidade: dos neandertais à peste negra

Germany, Saxony, Leipzig, Prof. Johannes Krause at the Mx Planck Institut for Evolutionary Anthropology, 10.06.2020 © Thomas Victor

A USP recebe no próximo dia 8 de novembro, entre as 09h30 e as 11h30, no Auditório István Jancsó da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin – Rua da Biblioteca, 21 – Cidade Universitária – São Paulo -, o doutor em genética pela Universidade de Leipzig (Alemanha), Johannes Krause, que dirige o Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva e está lançando o livro “A jornada dos nossos genes”, em parceria com o jornalista Thomas Krauppe.

Krause é membro da equipe de Svante Pääbo, ganhador do Prêmio Nobel deste ano, e colabora com a construção do primeiro laboratório de arqueogenética do Brasil em parceria com o Museu de Arqueologia e Etnologia (MAE) da USP.

Nesse encontro, Krause fará a palestra Arqueogenética e a história profunda da humanidade: dos neandertais à peste negra. Em seguida, haverá uma mesa-redonda com a participação do próprio cientista e também de Kathrin Nägele (Max Planck Institute), André Strauss (MAE) e Tábita Hünemeier (Instituto de Biociências da USP), com a mediação da jornalista Ana Bottallo, do jornal “Folha de S. Paulo”.

Esta palestra abordará a história humana dos últimos 100 mil anos, com base nas evidências do DNA extraído de ossos antigos, com destaque para os estudos realizados em 2010, nos quais se publicou a primeira versão do genoma completo Neandertal, confirmando que essa espécie extinta hibridizou com humanos modernos.

O evento faz parte da série “USP Lectures”, iniciativa da Pró-Reitoria de Pesquisa e Inovação (PRPI) que tem como objetivo trazer cientistas internacionais para conversas mais próximas da comunidade e ampliar o acesso às discussões científicas mais atuais.

A participação é gratuita e aberta a todos os interessados, sem necessidade de inscrição prévia, sendo que os participantes receberão atestado de presença. Toda a programação será em inglês, sem tradução simultânea, contando-se, igualmente, com transmissão online pelo Canal Youtube, em  https://youtu.be/0kXCDqsmB9M.

Nesta edição do “USP Lectures” a PRPI tem a parceria da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária e do MAE.

(Com informações da PRCEU/USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de outubro de 2022

FAPESP lança nova chamada com a Agence Nationale de la Recherche (França)

A FAPESP e a Agence Nationale de la Recherche (ANR) anunciam a 16ª chamada de propostas para selecionar e apoiar projetos conduzidos em parceria por pesquisadores da França e de instituições de ensino superior e de pesquisa no Estado de São Paulo, nos termos do acordo de cooperação mantido entre a as duas instituições.

A edição de 2023 propõe cinco blocos temáticos para a elaboração de projetos de pesquisa: Engenharia, Química e Física; Ciências da Computação e Matemática; Ciência dos Materiais; Ciências Sociais e Humanidades; e Meio Ambiente, Ecossistemas e Recursos Biológicos.

Um pré-cadastro dos interessados deve ser feito pelo pesquisador parceiro francês até o dia 7 de novembro, por meio de procedimento determinado pela ANR. Na mesma data termina o prazo para solicitação de análise de elegibilidade do pesquisador de São Paulo à FAPESP.

Os pesquisadores considerados elegíveis e que tenham pré-cadastros aprovados serão convidados em fevereiro de 2023 a submeter propostas completas. Na FAPESP, as propostas tramitarão nas modalidades Auxílio à Pesquisa – Regular (com duração máxima de 48 meses, excepcionalmente) e Auxílio à Pesquisa – Projeto Temático (com duração de 48 a 60 meses).

A chamada também permite a participação de proponentes que sejam pesquisadores responsáveis ou principais de auxílios vigentes nas modalidades Regular, Temático, PITE, CEPID ou CPE/CPA.

Para conferir esta chamada de propostas, clique AQUI.

(Com informações da FAPESP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de outubro de 2022

Laboratório de Conforto Ambiental (IAU/USP) recebe inscrições para vaga de estágio (também para Físicos)

O Laboratório de Conforto Ambiental do Instituto de Arquitetura e Urbanismo (IAU) da USP, em São Carlos, está com inscrições abertas para uma vaga de estágio aos alunos dos cursos de Física, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica e Engenharia Mecatrônica.

As inscrições estão abertas até o dia 6 de novembro e podem ser feitas exclusivamente por envio dos documentos relacionados no item 5.2 do edital, para o e-mail: iau.estagios@sc.usp.br.

Veja AQUI as informações detalhadas, assim como a documentação completa da inscrição, encontram-se no edital.

(Com informações do Portal USP São Carlos / IAU)

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

25 de outubro de 2022

Tratamento recupera memória recente de pacientes pós-Covid – Outros resultados são publicados em artigo científico

(Créditos: SpeedKingz/Shutterstock/ Discover Magazine)

Já no decurso dos tratamentos para a redução das consequências da fibromialgia, iniciados há alguns anos através de protocolos e tecnologias desenvolvidas no IFSC/USP com base na aplicação de laser e ultrassom na palma das mãos,  os pesquisadores confrontaram-se com relatos de pacientes que, após esses tratamentos, mencionaram ter recuperado memórias recentes, situações essas que se enquadram naquilo que é conhecido como “Fribro Fog” (névoa no cérebro), uma situação que é nova nos tratamentos fisioterápicos em pacientes com sequelas pós-Covid. Agora, em artigo científico publicado no “Journal of Novel Physioterapies”, os pesquisadores do IFSC/USP relatam as pesquisas e os resultados obtidos com o tratamento de pacientes pós-Covid portadores de sequelas físicas e respiratórias, inclusive sequelas relativas à perda de memória recente, diminuição acentuada de ansiedade e depressão, regulação do sono e, inclusive, a reabilitação de paciente com quadro de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

O que é a “Fibro Fog”

Dr. Antonio de Aquino Junior

“Fibro Fog” – ou névoa do cérebro – é o termo que se utiliza para um conjunto de situações que geram dificuldades cognitivas e que podem atingir alguns pacientes com fibromialgia. Os principais sintomas da “Fibro Fog” caracterizam-se por ansiedade, insônia, falha na memória, cansaço e até mesmo depressão: exatamente os mesmos sintomas detectados recentemente nos pacientes com sequelas de Covid-19 que foram voluntários nesta pesquisa e que recuperaram totalmente após efetuarem os já citados tratamentos.

“Nossas pesquisas não pararam e neste contexto novas tecnologias e metodologias são desenvolvidas para o tratamento dessas sequelas, muitas vezes com o uso de protocolos onde se utilizam equipamentos fotônicos, ultrassônicos e de pressão negativa. Neste trabalho científico, reunimos quatro casos de pacientes com sequelas pós-Covid das mais variadas origens. Eles foram acompanhados na evolução dos tratamentos, variando o número de sessões caso a caso. O tratamento realizado por meio desses recursos não invasivos e não medicamentosos (laser, ultrassom e pressão negativa) possibilitaram a reabilitação completa desses pacientes, devolvendo sua qualidade de vida”, relata o Dr. Antonio de Aquino Junior, pesquisador do IFSC/USP e um dos autores do estudo.

A recuperação da memória recente em pacientes com sequelas de COVID-19

Pesquisadores – Vanessa Garcia e Tiago Rodrigues

Após um ano de se terem iniciado os tratamentos pós-COVID na Unidade de Terapia Fotodinâmica (UTF) – em uma parceria com a Santa Casa da Misericórdia de São Carlos -, os pesquisadores do IFSC/USP realizaram nesse período cerca de quatro mil sessões em atendimento a pacientes com sequelas pós-COVID na área de fisioterapia, bem como aproximadamente quatro mil sessões em atendimentos na área odontológica (recuperação de paladar e olfato).

Porém, após a infecção, podem aparecer sequelas pós-COVID, muitas vezes persistindo por mais de doze semanas, de origem sistêmica, como fadiga e astenia, respiratória, com dispneia e tosse persistente, neuropsiquiátrica, através da perda de memória, desequilíbrio, anosmia, ageusia e ansiedade e músculoesquelética – mialgia e dores articulares. Além disso, há relatos do aparecimento de doenças neurológicas como manifestações secundárias do vírus, como, por exemplo, encefalopatia, meningite, acidente vascular cerebral, encefalite, síndrome de Giullian-Barré, dor de cabeça e tonturas, entre outras.

Contudo, o destaque deste estudo vai para a recuperação da memória recente de um paciente com sequelas pós-Covid, o que poderá abrir portas para novos cenários, outras doenças que provocam a perda de memória.

“O processo do tratamento, que é indolor e não invasivo e, como no caso da fibromialgia, utiliza-se o laser e ultrassom como bases principais, carregando seus efeitos diretamente na pressão intracraniana, gerando um efeito benéfico, por exemplo, nos circuitos reverberativos neuronais, possibilitando que as áreas responsáveis pela memória recente voltem ao seu estado normal. Com isso, também se combatem os estados de ansiedade e depressão, promovendo a qualidade do sono”, salienta Aquino Júnior.

Caso se optasse, nestes casos, por um tratamento convencional, os pesquisadores estão convictos de que esse processo poderia se estender por alguns meses. Com este tratamento, os resultados da recuperação poderão ser alcançados em aproximadamente trinta sessões.

Tratamento de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e recuperação do olfato e paladar

Outro tratamento bastante importante e cujos resultados foram igualmente reportados no artigo científico foi a recuperação de uma paciente portadora de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (POC), que tinha como agravante o fato de ter sido fumante por décadas, o que a obrigava a estar dependente de inalação de oxigênio dezoito horas por dia. “Foi realmente impressionante o tratamento dessa sequela respiratória. Ao longo das sessões, a paciente começou a estabilizar sua respiração e, no final das sessões, ela não precisou mais de utilizar a inalação de oxigênio, podendo, dessa forma, retornar de forma gradual à sua vida ativa, recuperando sua qualidade de vida.

Para os estagiários do IFSC/USP que acompanharam estes tratamentos – alunos do 3º ano do Curso de Fisioterapia da UNICEP e igualmente autores do artigo científico – Vanessa Garcia e Tiago Rodrigues “Assistimos e partilhamos momentos muito importantes nas sessões de tratamento, observamos o quanto os pacientes estavam ansiosos por suas recuperações e suas reações quando as melhorias se estabeleciam. Tudo graças a estes novos protocolos e às novas tecnologias disponibilizadas. Tudo isto está sendo muito importante para nós, em termos pessoais, e para a nossa formação acadêmica e profissional”, relatam Vanessa e Tiago.

Dra. Gabriely Simão e Prof. Vitor Hugo Panhóca

Finalmente, temos também os resultados fantásticos obtidos no tratamento de pacientes pós-COVID com sequelas no olfato e paladar. “São muitas centenas os casos que estamos atendendo de perda de olfato e paladar em pacientes com sequelas de COVID-19 e a lista de espera já está grande”, sublinha o Prof. Vitor Hugo Panhóca, pesquisador do IFSC/USP responsável pelos tratamentos na área odontológica. Para o pesquisador, a resposta  ao tratamento tem sido excelente e os índices de recuperação dos pacientes têm sido muito altos “Continuamos evoluindo em nossas pesquisas e em nossos estudos. Já iniciamos uma parceria com pesquisadores do King’s College Hospital, em Londres (Inglaterra), para continuarmos este caminho de recuperação de olfato e paladar em doentes pós-COVID, sendo que em breve teremos publicado um novo artigo internacional, o que diante desses nossos trabalhos, cada vez mais pessoas nos procuram”, finaliza Panhóca.

A Dra. Gabriely Simão, Lais Helena Ferreira, Simone Aparecida Ferreira e Viviane Brocca de Souza, fazem parte da equipe sob supervisão do Prof. Dr. Vitor Hugo Panhóca. A cirurgiã-dentista Gabriely Simão é uma das profissionais que atende os pacientes com alterações de olfato e paladar, já tendo passado por suas mãos cerca de sessenta pacientes. “Os resultados têm sido ótimos e a reação das pessoas que aqui são atendidas é de uma enorme expectativa, de esperança, já que as alterações de olfato e paladar impactam muito na qualidade de vida das pessoas e não devemos esquecer que estas alterações correspondem a 73% das sequelas listadas em pacientes pós-COVID, o que é uma porcentagem muito alta”, enfatiza Gabriely, que a UTF tem atendido pessoas oriundas de todo o Brasil, como, por exemplo, além do Estado de São Paulo, Roraima, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Amazonas, Minas Gerais e Paraná.

Assinam este artigo os seguintes pesquisadores: Antonio de Aquino Junior (IFSC/USP) / Tiago Zuccolotto Rodrigues (IFSC/USP) / Vanessa Garcia (IFSC/USP) / Gabriely Simão (IFSC/USP) / Fernanda Carbinatto (IFSC/USP) / Laís Ferreira (IFSC/USP) / Viviane Brocca de Souza (IFSC/USP) / Alannah Rodrigues Kohl (FACSET – Sete Lagoas) / Jéssica Gontijo Alberto (FACSET – Sete Lagoas) / Vitória Gomes da Silva (FACSET – Sete Lagoas) / Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP – Texas A&M University) / Vitor Hugo Panhóca (IFSC/USP)

Para acessar o artigo científico, clique AQUI.

(Crédito da imagem de abertura – SpeedKingz/Shutterstock/ Discover Magazine)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de outubro de 2022

“Feira de Ciência e Tecnologia da USP e DER – São Carlos 2022” congregou mais de duas mil pessoas

Corredores entupidos no Ginásio Milton Olaio Filho

Evento esteve integrado na “Semana Nacional de Ciência e Tecnologia”

Cerca de duas mil pessoas se congregaram no Ginásio de Esportes Milton Olaio Filho, em São Carlos, ao longo do dia 22 de outubro último (sábado) no decurso da “Feira de Ciência e Tecnologia da USP  e DER – São Carlos 2022”, um evento organizado pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), alocado no Instituto de Física de São Carlos (USP) e pela Diretoria de Ensino da Região de São Carlos, integrando  a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 2022.

Foram 197 os clubes de ciência que participaram desta iniciativa, oriundos das diversas escolas de São Carlos e região, que apresentaram os trabalhos e experimentos desenvolvidos ao longo deste ano relacionados ao tema deste evento – “Educação, Ciência e Tecnologia na geração de um planeta sustentável”, que teve o apoio do Instituto de Física de São Carlos (USP), CNPq e de várias Secretarias da Prefeitura Municipal de São Carlos.

Depois de dois anos realizando esta feira de forma remota devido às restrições causadas pela pandemia, a volta ao encontro presencial superou tudo aquilo que a organização poderia prever. Para o coordenador deste evento, Prof. Euclydes Marega Junior (CEPOF-IFSC/USP) “A presença destes 197 clubes de ciência, oriundos das escolas de São Carlos e região, envolveu cerca de 900 pessoas, entre alunos e professores que tiveram a oportunidade não só de mostrar os seus trabalhos para o numeroso público que veio até aqui ao Ginásio Milton Olaio Filho, como também trocar ideias dos inúmeros projetos realizados”, sublinhou o docente, tendo acrescentado o entusiasmo que todos mostraram por finalmente se encontrarem presencialmente.

A “Feira de Ciência e Tecnologia da USP” já está em sua 11ª edição, sendo que este ano o número aproximado de pessoas envolvidas no evento, incluindo visitantes, superou duas mil, tendo atraído a atenção da EPTV/Globo em duas reportagens nesse dia:

Alunos já começam a ter paixão pelo jaleco

EPTV/1ª edição https://globoplay.globo.com/v/11050281/

EPTV/2ª edição https://globoplay.globo.com/v/11051707/

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

21 de outubro de 2022

Mecânica matricial e mecânica ondulatória: uma ou duas teorias quânticas?

O professor aposentado da UNICAMP e atualmente professor visitante da UNIFESP, Roberto de Andrade Martins, foi o orador de mais um colóquio do IFSC/USP que ocorreu de forma remota no dia 21 de outubro, subordinado ao tema “Mecânica matricial e mecânica ondulatória: uma ou duas teorias quânticas?”.

Neste colóquio, o palestrante começou por pontuar que até o início da década de 1920, a teoria quântica não possuía um conjunto de princípios e métodos claros, que pudesse ser aplicado a todos os fenômenos. Em meados dessa década surgiram duas propostas distintas para uma mecânica quântica: a mecânica matricial, iniciada por Werner Heisenberg e desenvolvida também por Max Born e Pascual Jordan; e a mecânica ondulatória de Erwin Schrödinger.

Esses dois desenvolvimentos foram totalmente independentes e não era claro, de início, se as duas abordagens eram compatíveis entre si.

O próprio Schrödinger propôs uma demonstração sobre a equivalência das duas, assim como houve outras propostas posteriores no mesmo sentido. Porém, essa equivalência tem sido discutida até hoje.

Este colóquio apresentou, assim, a origem histórica das duas abordagens e algumas das tentativas para demonstrar sua equivalência.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

21 de outubro de 2022

Defesa Planetária e as ameaças que vêm do Espaço (Parte 1)

Figura 1 – O famoso cometa Halley tem período orbital curto de, aproximadamente, 76 anos. Imagem do núcleo do cometa Halley, feita pela sonda Giotto em 1986 (Crédito: Agência Espacial Européia)

Por: Prof. Roberto N. Onody *

Caro leitor,

Eram cerca de 20 horas do dia 26 de setembro de 2022. Sentado no sofá, em frente à TV, eu assistia à transmissão da NASA pelo YouTube, da colisão da nave DART com o asteróide Dimorphos. Ao vivo, com atraso das imagens de apenas 8 segundos, eu acompanhava confortavelmente, em casa, o impacto proposital de uma nave construída pelo ser humano contra um asteróide. Como brincou o narrador da NASA: “Durante bilhões de anos nosso planeta foi bombardeado pelos asteróides, agora estamos dando o troco”.

As cenas dos momentos finais da nave se chocando contra o asteróide e a clara visão de sua superfície, foram formidáveis. Fiquei profundamente entusiasmado e resolvi que deveria escrever sobre o assunto. Uma vez que o material disponível é enorme, abundante, decidi separar o artigo em duas partes.

Na parte 1, eu discuto a natureza dos asteróides e cometas, bem como as principais missões espaciais realizadas com intuito de, não só estudar à distância esses astros, mas, literalmente, abordá-los e até pousar neles. Temos hoje, aqui na Terra, amostras do material colhido e trazido ao nosso planeta, tanto da cauda de cometas quanto da superfície de asteróides!

Não poderia deixar de mencionar a passagem, pelo nosso sistema solar, de visitantes interestelares. No momento que escrevo, temos somente um par deles: o asteróide Oumuamua e o cometa Borisov. Atraídos gravitacionalmente, eles fizeram uma pequena e breve visita ao nosso Sol e seguem, pelo espaço sideral, tropeçando em outras estrelas.

Na parte 2, vou discutir os projetos do Centro de Coordenação de Defesa Planetária com seu trabalho de identificação e rastreamento de NEOs (Near-Earth objects). NEOs são asteróides e cometas que, próximos à Terra, podem representar algum tipo de ameaça ao nosso planeta. Por fim, analisarei a missão DART em si, seu planejamento, execução e fabuloso sucesso. A estimativa da NASA era de que a colisão diminuiria o período de rotação do asteróide Dimorphos de 10 a 15 minutos. O resultado final foi muito além das expectativas – o período diminuiu em 32 minutos!

Boa leitura!

Parte 1

Sobre Cometas

Sobre Asteróides

Visitantes das Estrelas:

O Asteróide Oumuamua

O Cometa Borisov

Sobre Cometas

Figura 2 – Ilustração da Nuvem de Oort (fronteira do sistema solar). O zoom da pequena região em azul (no centro da Nuvem de Oort), é delimitada pelo Cinturão de Kuiper e o círculo amarelo é a órbita de Plutão (Crédito: NASA)

Os cometas se formaram a partir da nebulosa que deu origem ao nosso Sol, há cerca de 4,5 bilhões de anos atrás. São objetos formados por gelo, gases congelados e um núcleo rochoso. Quando um cometa se aproxima do Sol, esses gases congelados são evaporados e ionizados pela radiação solar dando ao cometa uma cauda brilhante e visível.

Os cometas sempre fascinaram a humanidade. Tem-se registro de passagens de cometas que remontam há cerca 1.000 A.C. Em certas ocasiões, esse fascínio terminou em tragédia, como foi o caso da fanática seita religiosa, Heaven’s Gate. Em 1997, acreditando que havia uma nave espacial na cauda do cometa Hale-Bopp (que os transportaria a uma outra dimensão), 41 seguidores praticaram suicídio coletivo para ´subirem´ até a suposta nave.

Os cometas com pequeno período de rotação em torno do Sol (menor do que 200 anos, como o cometa Halley, veja Figura 1), têm sua origem no chamado Cinturão de Kuiper (uma região entre as órbitas de Netuno e Plutão). As órbitas desses cometas estão em planos muito próximos ao da eclíptica, isto é, do plano da órbita da Terra em torno do Sol.

Os cometas com grande período de rotação em torno do Sol (de milhares a milhões de anos), têm sua origem na chamada Nuvem de Oort. Além da enorme diferença entre os períodos de rotação, os cometas da Nuvem de Oort aproximam-se do Sol vindo de todas as direções possíveis (Figura 2).

Ao se aproximar de um dos grandes planetas gasosos do sistema solar, um cometa pode vir a ser despedaçado pela força gravitacional. Foi exatamente o que aconteceu com o cometa Schoemaker-Levy 9, em 1994. Fracionado gravitacionalmente, pedaços do cometa colidiram, de maneira espetacular, com a superfície de Júpiter.

Figura 3 – A cápsula enviada pela nave Stardust com amostras do cometa Wild-2 (Crédito: NASA/JPL)

Com o intuito de analisar a composição química dos cometas, a NASA lançou, em janeiro de 2005, a nave Deep Impact (mesmo nome de um filme de 1998). Além dos instrumentos científicos a bordo, a nave levava consigo uma pequena sonda. Ao se aproximar do cometa Tempel 1, Deep Impact lançou a sonda para colidir com o cometa. O impacto ocorreu (patrioticamente) no dia 04 de julho de 2005. Levantou material da superfície, cuja análise revelou a presença de carbono, gelo e poeira.

A Stardust foi a primeira nave espacial que colheu material de um cometa e enviou de volta à Terra. Lançada em 1999 do Cabo Canaveral, sobrevoou a cauda do cometa Wild-2 em 2004. O material coletado da cauda foi enviado em uma cápsula (Figura 3) que chegou ao nosso planeta em 2006.

Figura 4 – Canto superior direito: foto do cometa 67P feita em 2015 pela nave Rosetta; Lado esquerdo: foto do cometa 67P tirada em 2016 pela nave OSIRIS; Canto inferior direito: zoom da sonda Philae tomando carona com o cometa 67P (Crédito: Agência Espacial Européia)

Logo após a recuperação dessa cápsula, a NASA distribuiu fotos das amostras para pessoas, ao redor do mundo, instando-as a procurarem por grãos exóticos (projeto Stardust@home). Aproximadamente, 30 mil pessoas estudaram as amostras. A análise final, feita posteriormente pelos cientistas, revelou dois tipos de material: poeira do próprio cometa Wild-2 e poeira interestelar. Essa última está presente no espaço interestelar e é mais antiga do que a poeira de cometa. Acredita-se que essa poeira interestelar foi forjada (e ejetada) no interior de estrelas que se formaram antes do nosso Sol. A prova da origem interestelar dessas partículas foi feita medindo-se a abundância de determinados isótopos de oxigênio e comparando-a com aquelas encontradas em nosso sistema solar.

O cometa Wild-2 estava originalmente em uma órbita bem distante do Sol, com órbita entre os planetas Júpiter e Urano e período de rotação era de 43 anos. Em 1974, perturbado gravitacionalmente pela sua proximidade com Júpiter, o cometa foi lançado em uma nova órbita bem mais próxima da Terra. Seu período de rotação atual é de cerca de 6,41 anos.

Vale a pena também mencionar a aeronave Rosetta que foi lançada em 2004 pela Agência Espacial Européia e sobrevoou o cometa 67P em 2014 [3]. O cometa 67P tem massa de 1013 kg, volume de 18,7 km3 e período de 6,44 anos. A nave Rosetta lançou o módulo robótico Philae para pousar no cometa. Devido à falha nos arpões, projetados para fixar o módulo ao solo, a sonda Philae quicou várias vezes até, finalmente, parar. Foi a primeira sonda humana a pousar sobre um cometa. Em 2016, o módulo Philae foi localizado e fotografado pela nave norte-americana OSIRIS, incrustrado no corpo do cometa 67P (Figura 4).  

Sobre Asteróides

Os asteróides são corpos rochosos que permeiam boa parte do sistema solar. Sua concentração é maior entre as órbitas dos planetas Marte e Júpiter (também conhecido como Cinturão de Asteróides), mas também não é incomum passarem bem perto da Terra. São verdadeiras cápsulas do tempo que guardam informação sobre a formação do sistema solar a cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.

Figura 5 – Material recolhido pela sonda Hayabusa 2 do asteróide Ryugu. Observe que o diâmetro interno dos 3 recipientes onde estão as amostras é bem pequeno (cerca de 2,1 cm) e o massa de cada amostra gira em torno de 1 grama (Crédito: Japan Aerospace Exploration Agency)

Em geral, os asteróides têm forma irregular, podendo ser sólidos e rochosos, esponjosos, contendo metais como ferro, níquel, hidrogênio cobalto e carbono. O tamanho dos asteróides varia de cerca de 1 m até 530 km (que é a extensão de Vesta, o maior asteróide conhecido até agora). O maior objeto no Cinturão de Asteróides é o planeta anão Ceres (mesma classificação astronômica de Plutão). A massa total de todos os asteróides presentes no Cinturão de Asteróides é menor do que a massa da Lua.

Meteoróides são asteróides pequenos que vagueiam pelo espaço. Quando um meteoróide, em alta velocidade, entra na nossa atmosfera e se queima, ele produz um clarão que chamamos de meteoro. Muito mais visíveis à noite, o meteoro é chamado popularmente de estrela cadente. Se o meteoróide conseguir chegar até o solo, ele é chamado de meteorito.

Estima-se que 48 toneladas de meteoritos atinjam a Terra todos os dias! Todo mês de agosto, a órbita da Terra atravessa uma esteira de meteoróides abandonados pelo cometa Swift-Tuttle. À noite, vemos uma chuva de meteoros que são chamados de Perseidas.

Figura 6 – Imagem do asteróide Bennu, feita pela sonda OSIRIS-REx em 2018, quando se encontrava a 24 km de distância do asteróide (Crédito: NASA)

Asteróides que acompanham a órbita de um planeta, indo à sua frente ou atrás, são chamados de Troianos. Eles não colidem com seus planetas (estão posicionados nos pontos de Lagrange L4 e L5). Já foram detectados asteróides troianos em Júpiter, Netuno, Marte e na Terra. Só conhecemos (até agora) dois asteróides Troianos da Terra: o 2010TK7 e o 2020XL5. As aproximações frequentes do planeta Vênus com a Terra perturbam nossos asteróides troianos e, daqui alguns milhares de anos, devem conduzi-los a uma nova órbita.

O asteróide Ryugu foi descoberto em 1999, tem uma órbita elíptica em torno do Sol e leva 16 meses para percorrê-la. Está a uma distância média de 180 milhões de quilômetros do Sol e sua menor distância à Terra é de 100.000 km.

O Japão foi o primeiro (e, até agora, o único) país a coletar e trazer de volta à Terra amostras de um asteróide. A sonda Hayabusa 2 (que significa Falcão Peregrino), lançada há 7 anos atrás, é dotada de um braço robótico que fustigou o asteróide Ryugu, obtendo amostras da sua superfície que foram armazenadas na cápsula de reentrada. Esta cápsula desceu em solo Australiano no dia 05/12/2020. O material encontrado, é escuro, duro e parecido com carvão (Figura 5).

O asteróide Bennu (Figura 6) foi descoberto no mesmo ano que o Ryugu. Tem órbita de formato elíptico (mas, ela não é fechada) em torno do Sol com aproximação máxima da Terra de cerca 480.000 km e período de, aproximadamente, 14 meses. É popularmente conhecido como o “asteróide do fim do mundo” pela possibilidade de, no futuro, vir a colidir com a Terra. Segundo os cálculos, a probabilidade de colisão com a Terra será de uma chance em 2.500 (no ano 2.135).

Em 2016, a NASA enviou a sonda OSIRIS-REx para, assim como a japonesa Hayabusa 2, recolher e trazer material para a Terra.

Em dezembro de 2018, a nave OSIRIS-REx encontrou o asteróide Bennu. Durante quase dois anos, fotografou e buscou o melhor ponto para coletar o material. Finalmente, em 20/10/2020, coletou amostras utilizando a técnica TAG (Touch-And-Go) numa cratera de Bennu (batizada de Nightingale) com cerca de 140 metros de diâmetro. OSIRIS-REx deve retornar à Terra em 2023.

Figura 7 – Ilustração artística do asteróide interestelar Oumuamua. Ao contrário do que encontramos na Internet, não existe nenhuma ´foto´ do asteróide. No seu ponto mais próximo do Sol (periélio), o Oumuamua estava a uma distância de 43 milhões de quilômetros e a uma velocidade incrível de 315.000 km/h! (Crédito: ESO/M. Kornmesser)

Dissemos acima que os asteróides são corpos predominante rochosos, mas há exceções.

O gigantesco asteróide Psyche (na mitologia grega, a deusa da alma ou do espírito) é muito rico em metais! Sua órbita está localizada entre Marte e Júpiter.

Se o asteróide Psyche fosse esférico, seu diâmetro seria de 226 km.

Acredita-se que Psyche seja o núcleo metálico de um planetesimal que perdeu seu manto rochoso.

Os planetas (na teoria mais aceita sobre a formação do sistema solar) teriam se originado das colisões entre planetesimais.

Daí a importância de estudar o asteróide Psyche.

Com esse objetivo, a NASA construiu e já tem pronta a nave (de mesmo nome) Psyche.

Ela teve sua partida adiada várias vezes.

Existe uma janela para seu lançamento entre julho e setembro de 2023.

Visitantes das Estrelas

O Asteróide Oumuamua

No dia 19 de outubro de 2017, o telescópio ótico pan-STARRS1 (localizado no Havaí) avistou pela primeira vez o asteróide Oumuamua (que significa Primeiro Mensageiro Distante, numa tradução livre da palavra havaiana). Imediatamente, telescópios espalhados pelo mundo assestaram seus espelhos e lentes para o objeto (Figura 7).

Primeiramente, pensava-se se tratar de um cometa e ele recebeu a classificação C/2017 U1. Depois, pela ausência de cauda, foi reclassificado

Figura 8 – Órbita do asteróide Oumuamua dentro do sistema solar. No seu ponto mais próximo do Sol (periélio), o Oumuamua estava a uma distância de 43 milhões de quilômetros e a uma velocidade incrível de 315.000 km/h! Em seu ponto mais próximo da Terra, o asteróide estava a uma distância de cerca de 14 milhões de quilômetros (Crédito: NASA/JPL – Caltech/IAU)

como asteróide A/2017 U1. Porém, quando estimaram sua velocidade e encontraram fantásticos 160.000 km/h, concluiu-se que esse objeto não pertencia e nem permaneceria no sistema solar – era a descoberta do primeiro asteróide interestelar!

Oumuamua recebeu, então, uma nova classificação – I1/2017 U1 (com o I inicial, para interestelar). É um objeto longo, com dimensões aproximadas de 230m x 35m x 35m. Oumuamua foi também observado em frequências de rádio, o que permitiu aos astrônomos traçarem a sua órbita dentro do sistema solar (Figura 8). Ele penetrou a eclíptica (plano de rotação da Terra-Sol), entre o Sol e Mercúrio e cruzou de volta, entre os planetas Terra e Marte (quando foi detectado).

O asteróide Oumuamua foi ejetado de algum sistema estelar que estava formando seu cinturão de planetas. Muitas especulações acompanharam o Oumuamua. Ele teria vindo da estrela Vega (que fica na constelação de Lira), seria uma nave espacial alienígena, … a maioria dessas hipóteses foram descartadas.

Quando estiver livre no espaço sideral, Oumuamua desenvolverá 95.000 km/h, percorrendo em um ano, cinco vezes a distância Terra-Sol. Aloha! (Tchau, em havaiano) Oumuamua, nunca mais o veremos.

O Cometa Borisov

Figura 9 – Fotografia do cometa 2I/Borisov tirada pelo Hubble em 12 de outubro de 2019. O cometa estava a uma distância de 418 milhões de quilômetros da Terra, com velocidade de 177.000 km/h (Crédito: Hubble Space Telescope)

No dia 29 de agosto de 2019, o astrônomo amador e construtor de telescópios Gennadiy Borisov (da Criméia) observou um cometa nas proximidades de Marte. Imediatamente, telescópios terrestres e espaciais estudaram e fotografaram o cometa (Figura 9).

Com velocidade ainda maior do que a do asteróide Oumuamua, o cometa revelou também ser de origem interestelar. Foi o segundo astro registrado (até agora) vindo das estrelas e foi batizado de 2I/Borisov. Numa trajetória bem mais distante da Terra do que a de Oumuamua, ele penetrou o sistema solar para além da órbita de Marte (Figura 10).

O diâmetro estimado para o seu pequeno núcleo, quando comparado com os dos cometas Tempel 1 (6 km), Halley (15 km) e Hale-Bopp (35km), é de apenas 400 metros. Núcleos desse tamanho tendem a se fragmentar.

No espaço interestelar, o cometa 2I/Borisov terá a velocidade de 116.000 km/h percorrendo em um ano, quase sete vezes a distância Terra-Sol. Khoroshaya poyezdka! (Boa viagem, em russo) 2I/Borisov, nunca mais o veremos.

*Físico, Professor Sênior do IFSC – USP

e-mail: onody@ifsc.usp.br

 

 

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(Agradecimento: ao Sr. Rui Sintra da Assessoria de Comunicação)

Referências:

Deep Impact Mission to a comet | NASA

Stardust – Comet Missions – NASA Jet Propulsion Laboratory

ESA – Rosetta

Lagrange point – Wikipedia

JAXA Hayabusa2 Project

OSIRIS-REx | NASA

Updated: For the first time, astronomers are tracking a distant visitor streaking through our solar system | Science | AAAS

Oumuamua – Wikipedia

2I/Borisov – Wikipedia

Asteroid 16 Psyche | Psyche Mission – A Mission to a Metal World (asu.edu)

Smashing success: humanity has diverted an asteroid for the first time (nature.com)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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