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2 de maio de 2023

USP lança polo do Centro de Inovação da USP no campus de São Carlos

No dia 20 de abril, foi realizada a cerimônia de lançamento oficial das atividades do Centro de Inovação da USP Complexo São Carlos (InovaUSP/SC). O evento foi realizado no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) “Antonio Adolpho Lobbe”, em São Carlos, e reuniu dirigentes da Universidade e lideranças do ecossistema científico, de inovação e do cenário político da cidade e da região.

Dentre eles, estavam representantes do Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura de São Carlos, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), do Senai, dos Institutos Senai de Inovação, da empresa Tecumseh do Brasil e do Núcleo de Empreendedorismo da USP (NEU).

O coordenador do InovaUSP/SC e professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Tito José Bonagamba, fez a abertura do evento com uma apresentação sobre a história da implantação do campus, sobre a presença e os impactos da Universidade no desenvolvimento socioeconômico da cidade e sobre o quanto a USP pode contribuir ainda mais para a inovação da região a partir do Inova SC e do que já é desenvolvido nos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), Institutos Nacionais de Ciência (INCT) e núcleos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) que atuam em São Carlos.

Um dos pontos ressaltados por Bonagamba no que se refere às principais linhas de atuação do Inova SC é integrá-lo às comunidades envolvidas com inovação ou que necessitem dela – acadêmica, governamental, empresarial, industrial e agentes de fomento.  O coordenador citou como exemplo a participação do Centro de Inovação na Frente Parlamentar do Empreendedorismo da Assembleia Legislativa, que tem como primeiro resultado a contribuição para a redação da Carta pelo Empreendedorismo ao Governo de São Paulo.

Prof. Tito José Bonagamba

O pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Paulo Nussenzveig, ressaltou que a inovação é um dos “princípios e pilares da gestão” e “não poderia ser mais emblemático uma inauguração de uma estrutura da USP em um local fora da Universidade, reunindo autoridades governamentais, empresários e o setor acadêmico. Temos aprendido muito sobre inovação, que esse é um processo se faz ombro a ombro. Temos que trabalhar juntos. Essa concepção é crucial para a Universidade do século 21”.

Nussenzveig destacou que o lançamento do Centro de Inovação em São Carlos, que será instalado no campus 2, se junta a uma estrutura já existente na Universidade voltada para a inovação e ligada à Pró-Reitoria, com unidades do InovaUSP em São Paulo e em Ribeirão Preto, além da Agência USP de Inovação (Auspin).

Aproximação e parceria

Para o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, a indústria tem papel fundamental no processo de inovação. “Por muito tempo, eu ouvi dizer que a indústria não faz inovação no Brasil, não tem parque tecnológico, não emprega doutores. Essa é uma noção errada do mundo. As indústrias brasileiras têm buscado se aproximar das universidades. Estamos certos na nossa política ao decidir fazer essa aproximação. Estamos buscando cada vez mais essas parcerias”, afirmou.

Carlotti mencionou os esforços que têm sido feitos para fomentar a inovação na Universidade e citou como exemplo a implantação de um distrito de inovação, que deverá ocupar o prédio originalmente projetado para abrigar o Centro de Convenções, na Cidade Universitária, em São Paulo. A ideia é conectar empresas, startups e pesquisadores em um único local, oferecendo o melhor ambiente para o desenvolvimento e incorporação de inovação.

O reitor citou também a parceria da USP, o Senai e as empresas Shell Brasil, Raízen e Hytron para a produção de hidrogênio renovável a partir do etanol. A parceria tem como foco a construção de duas plantas dedicadas à tecnologia de produção de hidrogênio a partir do etanol, uma com capacidade para produzir 5 kg/h de hidrogênio e a outra, quase 10 vezes maior, com capacidade de 44,5 kg/h.

O acordo também prevê a construção de uma estação de abastecimento veicular para os ônibus que circulam pela Cidade Universitária. Com início da operação previsto para 2023, a estação será um dos primeiros postos de hidrogênio do mundo.

(Por: Adriana Cruz  – Jornal da USP / Fotos de Cecília Bastos – USP Imagens)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de abril de 2023

Profs. Sérgio Mascarenhas e Yvonne Primerano Mascarenhas são “Patronos da Ciência de São Carlos”

Marquinho Amaral (Presidente da Câmara Municipal de São Carlos), Tito José Bonagamba, Jose Galizia Tundisi, Paulo Mascarenhas, Glaucius Oliva e Wanda Hoffmann

Iniciativa da Prefeitura através da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação

Os Profs. Sérgio Mascarenhas e Yvonne Primerano Mascarenhas foram homenageados no dia 25 de abril passado pela Prefeitura Municipal de São Carlos, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, que atribuiu ao casal o título de “Patronos da Ciência de São Carlos” (Decreto Municipal 678 de 21 de dezembro de 2022).

A cerimônia ocorreu no novo edifício da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, com a participação de inúmeros convidados – docentes, cientistas, representantes dos poderes legislativo e executivo da cidade e servidores municipais, dentre outros convidados.

O Prof. Glaucius Oliva, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), foi um dos oradores iniciais, tendo feito um pequeno resumo da criação da Academia (1916) e do trajeto que o casal fez, na década de 50 do século passado, da cidade do Rio de Janeiro para São Carlos, que, nessa época contava com cerca de cinquenta mil habitantes. Em seu curto discurso, Oliva sublinhou a insistência que o Prof. Sérgio Mascarenhas e sua esposa fizeram para que houvesse condições para se iniciarem pesquisas científicas na cidade, algo que conseguiram com muitas dificuldades, principalmente pela inexistência de um espaço apropriado para esse fim. O porão do edifício onde está atualmente está sediado o CDCC, que nessa época só abrigava aulas, foi a única opção, entretanto coroada de êxito.

Também em seu pequeno discurso, o coordenador do InovaUSP/SC e docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prof. Tito José Bonagamba, aproveitou a oportunidade para relembrar, de forma resumida, a chegada dos homenageados em São Carlos, enquanto que o Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, Prof. Jose Galizia Tundisi, pontuou que é dever do poder público reconhecer todos os cidadãos que contribuem para o desenvolvimento do município. “É dever do poder público destacar o mérito do trabalho desenvolvido pelos Profs. Sérgio Mascarenhas e Yvonne Primerano Mascarenhas quando vieram para São Carlos, estabelecendo aqui uma meta, um plano na área da ciência. Ao desenvolverem seus trabalhos científicos, eles simultaneamente contribuíram para a formação de recursos humanos altamente qualificados e que alteraram a imagem e a importância da cidade, algo que hoje ela se beneficia”, sublinhou Tundisi. Para Marquinho Amaral, Presidente da Câmara Municipal de São Carlos, os homenageados fizeram história não só na ciência e tecnologia e na Academia, mas também como cidadãos são-carlenses ao contribuírem para que a cidade fosse a “Capital Nacional da Tecnologia”.

O útimo orador foi Paulo Mascarenhas, filho do casal de cientistas, que nesta cerimônia representou sua mãe – Profª Yvonne Primerano Mascarenhas -, que por motivos de saúde não conseguiu estar presente. Na circunstância, Paulo Mascarenhas leu uma mensagem de sua mãe, que abaixo reproduzimos.

“Agradeço a todos, na pessoa do Prof. Tundisi,, essa homenagem feita a mim e ao Sérgio, e salientar que quando decidimos vir para São Carlos foi em busca de melhores condições de trabalho que nos permitissem exercer a ciência e pesquisa com completo apoio oferecido pela USP. Do ponto de vista humano e social tivemos uma recepção muito calorosa de diversas famílias de São Carlos (…). Em sequência, a vinda de vários jovens docentes contribuiu para o desenvolvimento científico do então departamento de Física da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), provenientes principalmente do Rio de Janeiro. Não posso deixar de mencionar também a importante colaboração de alunos de Iniciação Científica e de Pós-Graduação, bem como de técnicos que trabalharam intensamente conosco. Com o passar do tempo, a comunidade científica cresceu, outras instituições foram criadas – como UFSCar e EMBRAP – e toda essa colaboração entre pessoas permitiu bons resultados que agora comemoramos com esta homenagem. Muito obrigada”.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de abril de 2023

Células-Tronco e a Medicina Regenerativa (Parte 2) – Por: Prof. Roberto N. Onody

Figura 5 – Imagem gerada no computador pelo sistema de inteligência artificial Midjourney, da OpenAI, com o comando: “Many realistic stem cells in a Petri dish glass,4k, illuminated by LEDs”

Por: Prof. Roberto N. Onody *

Caro leitor,

O tema “Células-Tronco e a Medicina Regenerativa” pela sua extensão e complexidade foi dividido em 3 partes. Esta é a parte 2, a parte 1 você encontra AQUI.

Devido às suas inúmeras aplicações no tratamento e, em alguns casos, até da cura de doenças graves, a importância das células tronco (Figura 5) cresce dia a dia. Juntos, o transplante de células tronco e a terapia genética, representam hoje a vanguarda da medicina regenerativa.

Aproveito para informar que a newsletter “Ciência em Panorama” no. 3 já está no ar.  Abaixo, um sumário da edição.

Química

As esponjas líquidas;

Azida de azidoazida;

Matemática

A agulha de Buffon e o número π;

Biologia

Vivo, congelado e vivo de novo!;

Astronomia

A estrela Trappist-1 e seus 7 exoplanetas;

A newsletter pode ser subscrita por qualquer pessoa, alunos, docentes, funcionários etc. Para receber as edições basta enviar um e-mail para onody@ifsc.usp.br , colocando o seu nome e o seu e-mail.

Boa leitura!

Abril/2023

3-Sangue fabricado a partir de células-tronco

Figura 6 – Primeira transfusão de sangue com células vermelhas fabricadas em laboratório da Universidade de Cambridge

Em imunologia, um antígeno é uma estrutura molecular que pode se ligar a um anticorpo ou célula T, disparando um ataque do sistema imunológico. Os grupos sanguíneos A, B, AB e O têm antígenos na superfície das células vermelhas (também chamadas de glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos) que são açúcares, já os grupos Rh têm antígenos que são proteínas. Até setembro de 2022, eram conhecidos 43 grupos sanguíneos contendo 349 antígenos! Felizmente, na prática, para as transfusões do dia a dia, basta conhecer os oito grupos A, B, AB e O com seus respectivos Rh (positivo ou negativo).

Em todo o mundo, bancos de sangue selecionam doadores e coletam o sangue que pode ser armazenado por 35 a 42 dias. Em períodos de festas como entre o Natal e o Ano Novo, os estoques de sangue caem sensivelmente. Pior, pacientes com tipos sanguíneos mais raros ou portadores de mutações genéticas como a anemia falciforme, serão severamente prejudicados. E aí entram novamente as células-tronco.

Em 2022, pesquisadores da Universidade de Cambridge coletaram sangue de doadores, separaram as células-tronco, cultivaram-nas em laboratório até se diferenciarem em células vermelhas (Figura 6). Duas pessoas, não doadoras e saudáveis, receberam a transfusão do sangue produzido in vitro. Não sentiram nenhum efeito colateral.

Na próxima etapa da pesquisa, cerca de 10 participantes deverão receber transfusão com hemácias manufaturadas em laboratório e 10 uma transfusão de sangue normal. Os cientistas acreditam que as células vermelhas crescidas em laboratório, por serem todas jovens e da mesma idade, devem ter desempenho superior (maior oxigenação do sangue) à daquelas obtidas via transfusão tradicional.

4-Curando a diabetes?

Figura 7 – Brian Shelton talvez seja o primeiro ser humano a ser curado da diabetes tipo 1 (New York Times)

No ano de 2019, 463 milhões de pessoas em todo o mundo tinham diabetes, cerca de 9,3 % da população adulta. Nesse mesmo ano, morreram 1,5 milhões de pessoas por causa da diabetes e 460.000 por doenças renais causadas pela diabetes. Há 2 tipos de diabetes: a do tipo 1 (que compõe 5% dos casos), em que os portadores necessitam tomar doses de insulina e a do tipo 2 (95% dos casos) que não precisam, mas que produzem insulina em quantidade insuficiente.

A insulina é o hormônio que controla os níveis de açúcar no sangue. Ela é produzida pelas células beta (β), no pâncreas. A diabetes é uma doença autoimune que mata essas células beta, desestabilizando o metabolismo de açúcar no sangue.

A insulina foi extraída pela primeira vez do pâncreas de um cachorro em 1921 e aplicada (com sucesso) em um adolescente de 14 anos em 1922. Portanto, há 100 anos que a insulina é injetada em pessoas diabéticas. Mas, isso está prestes a mudar com o advento das células-tronco.

Em 2021, a Universidade de Harvard utilizou células-tronco que se diferenciaram (in vitro) em células beta. Aplicaram (junto com terapia imunossupressora) em um paciente que há 40 anos injetava diariamente insulina (Figura 7). Em 90 dias, o paciente já estava produzindo sua própria insulina.

A companhia de biotecnologia ViaCyte estuda uma alternativa ao procedimento utilizado por Harvard. Neste estudo, as células-tronco ainda não estão totalmente diferenciadas – elas amadurecem e se tornam funcionais dentro do corpo humano.

Nos últimos 100 anos, pessoas com diabetes tipo 1 sobreviveram tendo que aplicar injeções de insulina durante a vida toda. Com as investigações das células-tronco em andamento, esse transtorno pode acabar.

5-Células-tronco e as doenças Neurodegenerativas

Discutiremos em seguida as doenças neurodegenerativas mais comuns no Brasil e no mundo. Antes, porém, lembremos a diferença existente entre incidência e prevalência do ponto de vista epidemiológico (tratadas, frequentemente na mídia como sinônimos). A incidência se refere ao número de casos novos que ocorrem por ano numa população. A prevalência se refere ao número total de casos existentes (novos e antigos) numa população em uma determinada data (ano). Abaixo, uma tabela com as respectivas prevalências (estimadas).

Doença de Alzheimer

No Mundo38 milhões

No Brasil1,2 milhões

 

Doença de Parkinson

No Mundo – 8,5 milhões

No Brasil 200 mil

 

Esclerose Lateral Amiotrófica

No Mundo – 320 mil

No Brasil – 8 mil

A)Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer responde por 70% de todas as possíveis formas de demência no mundo. Afeta, em geral, pessoas com mais de 65 anos. A Organização Mundial de Saúde estimou (2021) em cerca de 38 milhões de pessoas em todo o mundo diagnosticadas com Alzheimer, atingindo mais as mulheres do que os homens (na proporção de 3 para 2). No Brasil, estima-se em 1,2 milhões o número total de casos, com 100 mil novos diagnósticos todo ano.

Como todas as partes do nosso corpo, o cérebro envelhece. Os sintomas de Alzheimer começam com a perda da memória recente. Em seguida, vem a mudança de humor e comportamento, desorientação e confusão sobre eventos, lugares e tempo. Na fase final, dificuldades de falar, de engolir e de caminhar (Figura 8).

Figura 8 – A doença de Alzheimer é devastadora, mudando as pessoas que amamos e a nossa relação com elas para sempre

Muito embora a doença de Alzheimer atinja, na sua maioria, pessoas idosas, ela também pode se manifestar em jovens. Neste ano de 2023, foi diagnosticado o indivíduo mais jovem com mal de Alzheimer, um rapaz chinês de apenas 19 anos!

A doença de Alzheimer não tem cura. Sabe-se com certeza que, à medida que a doença avança, aumenta a formação de duas proteínas: tau e beta amilóide. Acredita-se que o acúmulo dessas proteínas interrompa ligações entre neurônios comprometendo, progressivamente, várias funções do organismo. Essas proteínas em quantidade extra são tóxicas, iniciando processos inflamatórios, eliminando sinapses e atrofiando o cérebro.

Terapias do Alzheimer têm sido propostas utilizando todos os tipos de células-tronco: pluripotentes (inclusive aquelas oriundas do cordão umbilical e da placenta), pluripotentes induzida e multipotentes. Para uma revisão recente, veja essa referência.  Bons resultados na fase pré-clínica têm sido obtidos em camundongos. Em seres humanos os estudos não vão além das fases clínicas I e IIa. Utilizando algumas dezenas de pacientes com Alzheimer confirmado ou sob suspeita, eles são divididos em grupos que recebem o placebo e o transplante (intranasal).

Muito embora os resultados sejam promissores (no sentido de que os pacientes tiveram alguma melhora na memória) vale a pena lembrar que só existem (até agora) registros de experimentos realizados na China.

Em que pese tudo o que dissemos acima sobre as pesquisas com células-tronco estarem ainda no seu estágio experimental, pululam, na internet, anúncios capciosos oferecendo ´tratamento´ da doença de Alzheimer. Nenhuma surpresa, já que as redes sociais estão abarrotadas de anúncios do tipo ´o que os médicos não contam…´ sem nenhuma vergonha ou punição. Para casos iniciais e moderados de Alzheimer são prescritos os medicamentos, tradicionais e ´antigos´ (anteriores a 2003) Rivastigmina, Donezepil e Galantamina. O medicamento Aducanumab, aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, a Anvisa dos EUA) em 2021, desenvolve anticorpos para combater as placas beta amilóides que se formam em portadores de Alzheimer, mas seus efeitos clínicos têm sido duramente contestados. Agora, em janeiro de 2023, a FDA aprovou o Lecanemab com a condição de que os pacientes usuários desse medicamento realizem 3 imagens de ressonância magnética nos 6 primeiros meses de uso. Nos testes clínicos de nível III, realizados em 1.800 pacientes (todos no primeiro estágio do Alzheimer e com duração de 18 meses), estimou-se que o medicamento diminuiu em 27% o ritmo do decaimento cognitivo. Houve 3 óbitos e vários casos de hemorragia e inchamento do cérebro.

À medida que o envelhecimento populacional aumenta em todo o mundo, se torna cada vez mais necessário investir e a pesquisar a doença de Alzheimer, seja para diminuir seus efeitos mais perniciosos ou, quem sabe, para se encontrar uma cura.

B)Doença de Parkinson

James Parkinson, médico inglês, escreveu o primeiro ensaio sobre os sintomas da doença em 1817. A doença de Parkinson é uma condição degenerativa do cérebro que se caracteriza, principalmente, por afetar os movimentos – lentidão, rigidez, tremores e desequilíbrio, bem como complicações não motoras – declínio cognitivo, distúrbios do sono e dor.

Com o avanço da doença, o portador desenvolve discinesias (movimentos involuntários) e distonias (contrações involuntárias e dolorosas dos músculos) que afetam a fala. É uma doença estigmatizada e discriminada socialmente. Quem nunca ouviu, ao deixar tremer uma xícara, a frase cruel em tom de chacota “está com mal de Parkinson?”

Figura 9 – O ator Michael J. Fox, 61, foi diagnosticado com a doença de Parkinson em 1991. Montou uma ONG e já arrecadou 1,5 bilhões de dólares para pesquisas da doença (Fonte: Celeste Sloman/The New York Times)

Em 2019, a Organização Mundial de Saúde estimou, em 8,5 milhões de pessoas com a doença de Parkinson em todo o mundo, com um total de 329.000 óbitos. No Brasil, acredita-se que 200 mil pessoas tenham essa enfermidade.

Sabe-se que cada paciente desenvolve a doença de Parkinson a seu modo, passando por diferentes ou os mesmos sintomas em ordens cronologicamente diferentes. Existe uma escala internacional que atribui, ao paciente, um valor para o estágio em que se encontra sua doença de Parkinson (veja aqui).

A doença de Parkinson, até agora, não tem cura (Figura 9). Uma das mais importantes descobertas foi feita pelo médico sueco Arvid Carlsson que constatou a diminuição de dopamina em seus pacientes. Por esse trabalho ele recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2000.

No interior do nosso cérebro, a dopamina é um neurotransmissor e neuromodulador responsável por inúmeras funções: executiva (selecionar e monitorar escolha de objetivos), controle motor, motivacional, estimulador, aprendizado associativo, satisfação sexual e até náusea.

Fora do nosso cérebro, a dopamina é um vasodilatador que reduz o número de linfócitos, aumenta a excreção de sódio e urina nos rins, reduz a produção de insulina no pâncreas e reduz a motilidade gastrointestinal.

A dopamina é um hormônio produzido por neurônios especializados (chamados de dopaminérgicos) que estão situados em apenas algumas regiões do cérebro como a substantia nigra (do latim, substância negra) que é um dos 5 gânglios (ou núcleos) basais localizado no meio do cérebro. No total se conhecem 6 regiões do cérebro produtoras de dopamina. O número estimado de neurônios nessas regiões é muito pequeno – cerca de 400 mil.

Muito embora o número de neurônios que secretam dopamina e suas regiões produtoras seja realmente pequeno, elas são muito articuladas, com axônios conectando-as a quase todo o cérebro.

É importante observar que a dopamina com origem externa ao nosso cérebro não consegue entrar devido à barreira hematoencefálica (a membrana que protege o sistema nervoso de substâncias tóxicas presentes na corrente sanguínea). A solução foi utilizar uma substância precursora na síntese da dopamina – a L-DOPA. Ela consegue penetrar a barreira hematoencefálica e difundir dopamina no interior do nosso cérebro. Daí veio o medicamento Levodopa que é, de longe, o mais utilizado no tratamento do Parkinson. Porém já se sabe que o seu prolongado conduz a inúmeros e indesejáveis efeitos colaterais.

Algumas vezes a doença de Parkinson não é naturalmente adquirida, mas, causada por agentes externos que conhecidamente destroem os neurônios dopaminérgicos como encefalite, concussões cerebrais e envenenamento químico (por exemplo, por MPTP). Esta forma adquirida é chamada de Síndrome de Parkinson que é similar em múltiplos aspectos à doença de Parkinson. O caso mais comum do Parkinson (´naturalmente´ adquirido) se trata de uma doença idiopática uma vez que a causa mortis dos neurônios produtores de dopamina é desconhecida.

Como dissemos acima, atualmente a doença de Parkinson não tem cura. Medicamentos como carbidopa-levodopa melhoram sim, os sintomas e a qualidade de vida dos pacientes, mas são paliativos e não impedem a degeneração progressiva e a morte continuada dos neurônios que sintetizam a dopamina. Precisamos repor esses neurônios e, naturalmente, o transplante de células-tronco passou a ser investigado.

O primeiro estudo clínico (com 7 participantes) utilizando células-tronco pluripotentes induzidas foi realizado no Japão em 2018. Como a morte dos neurônios dopaminérgicos ocorre numa região bem localizada no cérebro, a doença de Parkinson, ao contrário de outras doenças neurodegenerativas, pode se beneficiar com implantes de células-tronco feitos diretamente na área afetada (através de 2 pequenos furos feitos no crânio).

Os cientistas já aprenderam a induzir neurônios dopaminérgicos em células-tronco em grande quantidade e a baixo custo. O ideal seria produzi-las a partir de células-tronco do próprio paciente mas isso, já se sabe, encareceria bastante o procedimento. Portanto, faz-se necessário o uso concomitante de drogas imunossupressoras.

Neste ano de 2023, um teste clínico nível 1 estará em curso com 4 pacientes da Suécia e 4 pacientes do Reino Unido. A expectativa é de que nos próximos 4 a 8 anos essa terapia já esteja disponível em uma escala maior. Recrutamento para tentar participar de testes clínicos pode ser realizado aqui.

Por último, gostaria de apontar a iniciativa de estudantes de engenharia elétrica do Centro Universitário de Brasília, que desenvolveram um protótipo de um talher eletrônico para ajudar pessoas com a doença de Parkinson.

C)Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

É uma doença neurodegenerativa que acarreta paralisia motora progressiva e irreversível. É causada pela degeneração dos neurônios motores localizados no cérebro e na medula espinhal. Seus sintomas são fraqueza muscular, enrijecimento dos músculos laterais, câimbras, espasmos etc.

Figura 10 – O físico Stephen Hawking deixou importantes contribuições para a Ciência. Diagnosticado com ELA aos 21 anos de idade, foi-lhe prognosticado ter somente mais 3 anos de vida. Sobreviveu por mais 50 anos sem nunca parar de trabalhar

ELA é relativamente uma doença rara, atingindo cerca de 320 mil pessoas no mundo todo (valor médio que eu obtive utilizando esta referência). No Brasil, os dados não são confiáveis de sorte que eu supus uma distribuição global uniforme e extrapolei o valor para 8 mil casos diagnosticados (1/40, que é a razão entre a população brasileira e a mundial). Está em andamento um projeto que pretende determinar a incidência/prevalência dos indivíduos com ELA no Brasil em 2022. Não há dados na Organização mundial de Saúde.

Quando entramos em contacto com um patógeno (vírus, bactéria…), nosso corpo reage enviando um batalhão de anticorpos ou leucócitos para o local afetado. Temos uma inflamação aguda – o local fica avermelhado, dói ao ser tocado, incha (edema) e se aquece. Se esta inflamação perdurar por meses ou anos, teremos uma inflamação crônica.

Em uma pessoa portadora de ELA, esta condição inflamatória ativa um grande número de micróglias que além de eliminarem os neurônios motores mortos, passam a atacar também os neurônios motores saudáveis, conduzindo ao quadro de paralisia progressiva (Figura 10).

A terapia com células-tronco diminui a inflamação e modula o sistema imune. Células-tronco retiradas da pele do paciente, são induzidas em laboratório e administradas via injeção intravenosa. Estudos clínicos demonstraram uma diminuição no ritmo da degeneração dos neurônios motores. Para uma revisão recente da pesquisa do uso clínico de células-tronco em pacientes com ELA, veja aqui.

Continua (em breve) na parte 3

*Físico, Professor Sênior do IFSC – USP

e-mail: onody@ifsc.usp.br

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(Agradecimento: ao Sr. Rui Sintra da Assessoria de Comunicação)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de abril de 2023

Nova modalidade de apoio “Auxílio Projeto Inicial π (Pi)”da FAPESP – IFSC/USP vê aprovados dois dos cento e onze projetos selecionados

(Créditos – Anton Vaganov/Reuters)

A FAPESP divulgou a lista de projetos selecionados na primeira chamada de propostas (VER AQUI) da nova modalidade de apoio “Auxílio Projeto Inicial π”, que se destina a apoiar projetos baseados em ideias audaciosas e favorecer o estabelecimento de carreira de pesquisa e ensino de sucesso.

Foram selecionados 111 projetos (sendo 106 mais 5 de recursos administrativos) para terem acesso ao instrumento de financiamento de médio prazo da FAPESP, criado para incentivar o desenvolvimento de projetos audaciosos de pesquisa, integrados a iniciativas de ensino e de orientação de estudantes de pós-graduação e de graduação.

O Auxílio à Pesquisa Projeto Inicial π tem duração de até 60 meses, com a possibilidade de prorrogação por até 12 meses adicionais, em condições excepcionais e com justificativa aceita pela FAPESP.

Dentre os projetos aprovados estão dois oriundos de pesquisadores do IFSC/USP, a saber:

Aspectos Fundamentais do Estado Amorfo de Compostos Metalorgânicos: Uma abordagem por ressonância magnética em estado sólido
Processo 2022/02974-1
Pesquisador: Marcos de Oliveira Junior;

Prof. Marcos de Oliveira Junior

Instabilidades hidrodinâmicas quânticas em gases de bósons bidimensionais
Processo 2022/02709-6
Pesquisadora: Patricia Christina Marques Castilho;

O primeiro projeto do IFSC/USP, coordenado pelo Prof. Marcos de Oliveira Junior, tem como foco a caracterização estrutural de uma nova classe de materiais vítreos. Estes materiais são híbridos orgânico-inorgânicos derivados de redes metalorgânicas (conhecidos no acrônimo em inglês como MOFs). “Atualmente, existe pouco entendimento sobre a estrutura desse material, por um lado pelo seu desenvolvimento extremamente recente e por outro lado pelo caráter amorfo da estrutura, limitando o emprego de técnicas baseadas em ordenamento de longo alcance, que são amplamente aplicadas para a caracterização de MOFs cristalinos.”, pontua o pesquisador. Então, o objetivo deste projeto é caracterizar esses materiais utilizando técnica de ressonância magnética nuclear (RMN) em estado sólido, área em que o pesquisador é especialista.

“O trabalho será inicialmente sintetizar os compostos que já são reportados na literatura, caracterizar a estrutura atômica por meio de RMN, e em seguida modificar os materiais com grupos funcionais para aplicações e/ou culturas, como em catálise heterogênea, sensores, óptica não linear, etc., já que as aplicações irão surgindo conforme o projeto vai se desenvolvendo”, informa Marcos de Oliveira Junior.

Profª Patricia Christina Marques Castilho

Quanto ao segundo projeto do IFSC/USP, liderado pela pesquisadora Profª Patricia Christina Marques Castilho, ele é voltado ao estudo das propriedades superfluidas de um gás bidimensional, que acontecem para temperaturas muito baixas, próximas ao zero absoluto. “Nestes sistemas, o estado superfluido é atingido a partir de uma transição de fase topológica, a transição BKT, que exibe propriedades distintas das da transição de condensado de Bose-Einstein de gases tridimensionais”, relata a pesquisadora, acrescentando que “este é um estudo de ponta na área de átomos frios, com uma forte relação com o comportamento de supercondutores de alta temperatura”.

A fim de estudar estes gases no IFSC/USP, um novo sistema experimental será desenvolvido durante os primeiros anos do projeto. “Iremos combinar as últimas tecnologias de experimentos de átomos ultra-frios para construir um sistema experimental que possibilitará estudar diferentes fenômenos em gases bidimensionais e que será competitivo internacionalmente”, comenta a pesquisadora ressaltando que apenas outros dois grupos no mundo possuem experimentos semelhantes ao que será realizado no IFSC. Dentre os diferentes fenômenos capazes de serem estudados, o projeto aprovado prevê o estudo de instabilidades hidrodinâmicas quânticas. “Em vez de olharmos para a transição, a proposta prevê estudar as propriedades de um gás quântico bidimensional na presença de instabilidades hidrodinâmicas quânticas, análogas às instabilidades que acontecem em fluidos clássicos”, finaliza a pesquisadora.

Estes projetos terão uma duração de cinco anos e estarão voltados para três frentes distintas: pesquisa, criação de recursos humanos – com bolsas disponíveis de mestrado, doutorado e iniciação científica, para formação de um grupo – e a parte didática, sendo que neste ponto os pesquisadores irão propor no IFSC/USP a criação de novas disciplinas, ao nível da graduação, que contemplem as suas áreas de pesquisa (materiais vítreos e gases quânticos bidimensionais).

Para o primeiro projeto já foi lançada a divulgação para atribuição de bolsas da FAPESP (VER AQUI)

No caso do segundo projeto, a chamada de bolsas será feita no início de 2024.

Veja AQUI os projetos que foram aprovados.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de abril de 2023

O adeus ao Prof. Aldo Felix Craievich (IF/USP)

O IFSC/USP comunica que faleceu hoje, 24 de abril, aos 84 anos, o Prof. Aldo Felix Craievich, que foi docente no Instituto de Física e Química de São Carlos (IFQSC/USP) de 1973 a 1985. Foi posteriormente professor do Instituto de Física da USP (IF/USP), onde se aposentou e continuava como professor sênior.

Considerado uma expressiva liderança científica nacional e internacional, o Prof. Aldo Craievich destacou-se nas pesquisas em física da matéria condensada e nanomateriais, com ênfase em estudos de estruturas e transformações estruturais de sólidos e métodos cristalográficos.

Um currículo vasto

O Prof. Aldo Felix Craievich foi coordenador do Comitê Executivo e Membro do CTC do Projeto Radiação Síncrotron, CNPq, de 1983 a 1985 e Diretor Científico do LNLS (atual CNPEM), entre 1987 e 1997.

Foi Diretor da Escola bianual do ICTP/Trieste de 1991 a 2008 e Membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo, e da Academia Brasileira de Ciências.

Foi Co-Editor do Journal of Synchrotron Radiation/IUCr-UK desde 2009 e autor de mais de 230 artigos em revistas científicas prestigiosas.

Foi sócio Honorário da Sociedad Argentina de Materiales (SAM) e da Asociación Argentina de Cristalografía (AACr) e Membro Fundador da Sociedade Brasileira de Pesquisa de Materiais (SBPMat), tendo recebido os Prêmios Mercosul de Ciência e Tecnologia (UNESCO/MCT/MinCyT) em 2004 e em 2010.

Certo da perda que a Ciência e a Física brasileiras sofrem com o falecimento do Prof. Aldo Felix Craievich, o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) curva-se perante a memória de tão eminente docente e pesquisador, endereçando a seus familiares, colegas e amigos o seu mais sentido pesar.

O velório será hoje das 17 às 20h na Plena Funeral Home, Av. Indianapolis 2840, Planalto Paulista, em São Paulo.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de abril de 2023

Pesquisadores criam sensor de ureia para pacientes com problemas cardíacos

O monitoramento a distância ajuda a evitar a ida desnecessária de pacientes aos centros de saúde e se expô-los a infecções do ambiente hospitalar – Fonte: Grupo de Polímeros “Prof. Bernhard Gross” (PO)

Parceria entre pesquisadores do campus de São Carlos da USP com o Incor desenvolve protótipo que busca facilitar o monitoramento de pacientes através do suor

Cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, do Instituto de Química de São Carlos (IQSC) da USP e do Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) desenvolveram um pequeno dispositivo capaz de quantificar a ureia presente no suor. O objetivo era criar um mecanismo não invasivo para monitorar pacientes com risco cardíaco, com a vantagem de fornecer informações em tempo real.

A elevação dos níveis de ureia no sangue pode ser um sinal de diminuição da atividade dos rins, já que é através deles que essa substância é excretada. Se os rins não funcionam adequadamente, podem reter o sódio no corpo e aumentar a pressão arterial, o que sobrecarrega o músculo do coração. Em pacientes cardíacos, é importante monitorar regularmente os níveis de ureia e de outros marcadores para prevenir complicações.

Um pequeno adesivo equipado com sensores é colado na testa ou em outra parte do corpo em que haja transpiração. “O objetivo no longo prazo é desenvolver um dispositivo que permita prever se pessoas com problemas cardíacos têm piora e se precisariam ser hospitalizadas”, conta Gisela Ibañez Redin, que fez pós-doutorado no IFSC e é uma das autoras do estudo. Por ser barato, o adesivo pode ser trocado várias vezes ao dia, mas também poderia ser lavado e reutilizado sem prejuízo. O estudo demonstrou também que o biossensor funciona sob estresse mecânico, como quando há uma dobra na pele. Isso possibilita a utilização em regiões como axilas e dobra do joelho.

O sensor eletroquímico mede o aumento de pH no suor, ou seja, quando ele fica mais alcalino e menos ácido. Essa mudança está relacionada à degradação da ureia na presença da enzima urease. A reação produz amônia, que tem caráter básico responsável pela elevação do pH. Por esse motivo, um dos desafios para a calibração do sensor foram as pequenas variações de acidez no suor de pessoa para pessoa. A chave para obter resultados precisos seria medir o pH do suor antes que a degradação da ureia ocorresse.

Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior

Outro desafio foi preservar as substâncias durante a aferição. “Uma das tarefas mais importantes ao projetar biossensores é conseguir um material que permita que aquela biomolécula mantenha a sua função por um tempo relativamente grande”, conta Osvaldo Novais de Oliveira Junior, que orientou os pesquisadores do IFSC. “Parte do nosso trabalho, que já é antigo, é descobrir como manter a função das biomoléculas. Elas estão acostumadas a estar em ambiente aquoso. Quando você tem um sensor que é seco, ela rapidamente pode perder a função.”

Os problemas foram superados adicionando um eletrodo de referência junto com dois eletrodos de trabalho, um para ureia e outro para o pH, separados por uma distância de 2 milímetros. Para imobilizar a enzima responsável por catalisar a degradação da ureia em um dos eletrodos de trabalho, foi usada tinta à base de quitosana, um polímero que preserva a estabilidade da enzima. Assim, o dispositivo consegue medir o sinal tanto da ureia quanto do pH, o que permite fazer a correção.

Os cientistas fizeram testes em amostras de suor artificial e depois em amostras reais de suor de voluntários. Nos dois experimentos, o dispositivo conseguiu detectar a ureia com precisão, sem ser afetado por outras substâncias na mistura. Oliveira Junior explica que o trabalho de verificar se outras substâncias estão interferindo nas medidas é essencial. “O suor é um fluido complicado, que tem muitas substâncias. É preciso tomar cuidado para que uma não seja confundida com outra.”

Sistemas semelhantes para outros marcadores

Trabalhos como esse do mesmo grupo de pesquisa têm sido feitos a fim de atender às demandas clínicas do Incor, buscando monitorar outros marcadores do sangue de maneira não invasiva e dinâmica. Os pesquisadores buscam parcerias com agentes do mercado que façam a produção desses dispositivos em grande escala.

A elevação de ureia no sangue surge quando há diminuição da capacidade dos rins de filtrar o sangue das substâncias tóxicas. Gisela Redin conta que medir os níveis de ureia é uma forma indireta de monitorar o estado do risco cardíaco. “Os pacientes com insuficiência renal têm maiores chances de desenvolver doenças cardíacas, porque o rim também processa eletrólitos e outras moléculas que são importantes para o funcionamento do coração”. A pesquisadora ressalta que os eletrólitos, sódio e potássio, são os responsáveis pelas contrações no coração. A ideia é que o sódio e o potássio também sejam monitorados através de um só dispositivo.

Gisela Ibañez Redin (Créditos ResearchGate)

Nesse sentido, o nível de ureia é apenas um dos marcadores que podem ser monitorados sem a coleta de sangue. A solução criada é parte de um projeto maior da USP para viabilizar dispositivos vestíveis para capturar e processar biomarcadores, como relata ao Jornal da USP o professor Marco Antonio Gutierrez, da FMUSP. “Nós estamos desenvolvendo eletrônica para que esses dispositivos possam captar sinais diferentes em nossos pacientes e métodos que permitam analisá-los continuamente.” Uma das preocupações é que os mecanismos sejam viáveis financeiramente para o uso no sistema público de saúde.

Exames para medir fatores como esses são parte da rotina dos hospitais. O monitoramento a distância ajuda a evitar a ida desnecessária de pacientes aos centros de saúde e expô-los a infecções do ambiente hospitalar. “Queremos disponibilizar ao nosso paciente um aplicativo no smartphone, por exemplo, que passe a medida de ureia de maneira não invasiva e que envie esses dados para a nossa infraestrutura de prontuário eletrônico e acompanhamento dos pacientes”, explica Gutierrez.

Os projetos são liderados pelo Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular e pelo Laboratório de Informática Biomédica da FMUSP. O trabalho de engenharia de dispositivos, com registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e disponibilização no mercado, requer o investimento de empresas ou instituições interessadas. Embora não existam ainda parcerias, a maior parte do caminho já foi traçada pelos pesquisadores.

Os sensores podem ser produzidos em massa usando técnicas de revestimento slot-die. “A técnica consiste na deposição de filmes finos sobre substratos flexíveis continuamente, de forma automatizada”, conta Giovana Rosso, que foi pós-doutoranda do IQSC e também é colaboradora do projeto. “Nós escolhemos essa técnica porque a taxa de cisalhamento para a deposição da biotinta é baixa. Isso quer dizer que a ferramenta de deposição não exerce uma pressão muito alta sobre as biomoléculas e também não existe fricção devido ao não contato da biotinta com o substrato. Isso poderia fazer com que as biomoléculas perdessem sua função, que é a degradação da ureia.” Gisela Redin acrescenta que nem todos os sensores podem ser fabricados usando esse tipo de técnica. “Por isso, nós também trabalhamos em formular tintas e biotintas que poderiam ser depositadas com a técnica slot-die e esse foi um trabalho adicional da nossa parte.”

A pesquisa teve o apoio da Fapesp, do Conselho Nacional do Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), do Instituto Nacional de Eletrônica Orgânica (Ineo) e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Medicina Assistida por Computação Científica (INCT-Macc).

(Ivan Conterno – Jornal da USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de abril de 2023

Inscrições para eleição de representantes discentes junto à Comissão de Inclusão e Pertencimento (CIP) do IFSC/USP

Estão abertas, até às 16h00 do próximo dia 08 de maio do corrente ano, as inscrições para a eleição dos representantes discentes junto à Comissão de Inclusão e Pertencimento (CIP) do IFSC/USP, conforme disposto na PORTARIA IFSC-13/2023.

A eleição acontecerá no dia 18 de maio do corrente ano, entre as 09h00 e as 15h00, por meio de sistema eletrônico de votação e totalização de votos.

Confira AQUI a Portaria

Confira AQUI o Requerimento de Inscrição.

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de abril de 2023

26 de abril – Inauguração da Exposição PRIP: Inclusão e Pertencimento

No dia 26 de abril, próxima quarta-feira, às 14h00, será inaugurada no Espaço Primavera (EESC/USP), Bloco E, a 1a Exposição “Clima institucional na USP: primeiros resultados do Questionário Inclusão e Pertencimento de 2022”.

Entre agosto e setembro de 2022, a Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento realizou uma pesquisa com toda a comunidade USP. Inspirada em pesquisas conhecidas como Campus Climate Surveys, a pesquisa intitulada “Questionário PRIP: Inclusão e Pertencimento na USP” é o primeiro grande estudo dedicado a avaliar as percepções de toda a comunidade universitária da USP.

Em São Carlos, a Exposição poderá ser apreciada no Espaço Primavera da EESC/USP, Bloco E1.

A inauguração oficial contará com uma transmissão simultânea, realizada no mesmo espaço, da abertura oficial que será realizada no campus do Butantã.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

19 de abril de 2023

Combate ao SARS-CoV-2 – Desvendado todo o processo de maturação da proteína Protease

Na sequência do trabalho desenvolvido no Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar) – um CEPID da Fapesp alocado no IFSC/USP e coordenado pelo Prof. Glaucius Oliva -, ao qual demos o devido destaque em março passado (VER AQUI), pesquisadores desse centro de pesquisa conseguiram recentemente desvendar todo o processo de maturação da proteína Protease, presente no genoma do SARS-Cov-2, um estudo que foi publicado na prestigiada revista “Nature Communications”.

Nos anteriores estudos os pesquisadores conseguiram acompanhar grande parte do processo bioquímico por que essa proteína passa até chegar à sua forma madura, com exceção do primeiro passo da sequência, que só agora foi visualizado e entendido, como explica o responsável por essa pesquisa, Dr. Andre Schützer de Godoy.

“Nos primeiros estudos, foram muito bem descritos os passos da maturação da Protease, com exceção do passo inicial, sendo que isso era fundamental para entender todo o processo. Por termos utilizado a cristalografia como técnica escolhida para elaborarmos todos os estudos, contudo ela se mostrou ineficaz para descrever o estado inicial do processo. Foi nesse momento que optamos por utilizar outra técnica que, embora já tenha sido criada há algum tempo, tem sofrido melhorias significativas nos últimos anos – a Crio-Eletro Microscopia Eletrônica e, graças a essa técnica, conseguimos observar o primeiro passo da maturação da proteína, algo que é inédito”, comemora o pesquisador.

Com este estudo, os pesquisadores conseguiram completar o entendimento de todo o mecanismo, algo que é importantíssimo para o desenvolvimento de novos fármacos para combater de forma eficaz o SARS-CoV-2.

Esta pesquisa contou com a colaboração de pesquisadores de instituições de pesquisa do Reino Unido.

Para acessar o artigo científico desta pesquisa, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

19 de abril de 2023

Inscrições abertas – “German-Brazilian Edtech Hackathon – Digital Education”

Até o dia 19 de abril é possível fazer a inscrição gratuita para a segunda edição do  “German-Brazilian EdTech Hackathon – Digital Education”, que acontece de 25 a 27 de maio no Goethe-Institut, em São Paulo.

Em mais uma edição, o evento é aberto à pluralidade de participantes que atuam com educação digital em áreas distintas. Destinado a estudantes de ensino superior, educadores, professores, desenvolvedores e gestores de políticas públicas, o German-Brazilian EdTech Hackathon – Digital Education tem como objetivo encontrar e propor soluções tecnológicas para os desafios atuais no ensino digital.

O encontro pretende promover um intercâmbio entre a expertise de mentores e organizadores alemães e os participantes brasileiros, com aprendizagem mútua, visando encontrar soluções para os diversos desafios atuais no ensino digital e que possam ser compartilhados ou reproduzidos facilmente por várias instituições (fator social), ou continuar o desenvolvimento através de cooperações bilaterais entre Brasil e Alemanha.  Por seu caráter internacional, o Hackathon será realizado em inglês (workshops, pitches, avaliação do júri).

Trata-se de uma oportunidade para propor e encontrar de forma colegiada soluções criativas para os desafios propostos pelos participantes e sociedade em geral, além de trocar experiências, conhecer projetos científicos e novas tecnologias, estreitando relação com as instituições alemãs com representações aqui no Brasil.

As candidaturas para participação no evento serão avaliadas pelas competências individuais, bem como criatividade e motivação para participar do Hackathon. No ato da inscrição, os candidatos que moram fora da cidade de São Paulo podem solicitar uma das bolsas disponibilizadas para ajuda de custos parcial para gastos com hospedagem e passagem (aérea ou terrestre). O reembolso, cujo valor poderá variar de acordo com a origem de cada participante, será feito mediante envio dos comprovantes após o evento.

Os três dias do evento contarão com várias atividades, como: workshops preparatórios, palestras, espaço informativo sobre as universidades alemãs organizadoras do evento, pitches dos projetos, avaliação pelo júri e premiação entregue no último dia. O programa ainda inclui todas as refeições e atividades sociais com o intuito de promover o networking entre todos os participantes.

Neste ano, a equipe vencedora vai ganhar bolsas parciais de ensino de alemão no Goethe-Institut, uma das instituições mais renomadas de ensino do idioma fora da Alemanha e que oferece certificado reconhecido internacionalmente. As aulas poderão ser realizadas virtualmente, ministradas no sistema remoto, permitindo que pessoas não residentes em São Paulo também possam usufruir do prêmio.

Para participar de forma gratuita, basta fazer a inscrição até 19 de abril através do formulário no site: https://edtechhack.org/registration.

A edição de 2022 contou com mais de 100 inscrições das quais 30 pessoas foram selecionadas para participar do projeto, que teve como objetivo encontrar e propor soluções tecnológicas para os desafios atuais no ensino digital.  Acesse e confira a edição anterior : https://edtechhack.org/2022

Organização:

Universidade de Münster

re:edu

Universidade Técnica de Munique (TUM)

Freie Universität Berlin (FU Berlin)

Goethe-Institut São Paulo

Coorganização:

DWIH São Paulo

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

19 de abril de 2023

No IFSC/USP: Oportunidade de Bolsas FAPESP para Iniciação Científica, Mestrado e Doutorado

Está aberto o processo de seleção de candidatos a bolsas aprovadas como item orçamentário em projeto FAPESP destinado ao estudo de materiais vítreos híbridos orgânico-inorgânicos (proc. 2022/02974-1), conforme abaixo:

*02 bolsas para Iniciação Científica:

*02 bolsas para Mestrado;

*02 bolsas para Doutorado Regular;

As bolsas são destinadas à pesquisa em grupo multidisciplinar do IFSC-USP voltado para o estudo de estrutura e propriedades de materiais funcionais (Laboratório de Espectroscopia de Materiais Funcionais – https://www.ifsc.usp.br/lemaf).

O objetivo principal da pesquisa é a síntese e caracterização de uma nova classe de vidros híbridos orgânico-inorgânicos descobertos recentemente (primeiros trabalhos no assunto datam de 2016), com o intuito de desvendar detalhes estruturais que sejam importantes para o planejamento de novas composições, visando a aplicação dos materiais em fotônica, sensoreamento, catálise heterogênea, etc.

Os vidros serão sintetizados a partir de estruturas metal-orgânicas (MOFs). A estrutura dos vidros será caracterizada principalmente por técnicas avançadas de Ressonância Magnética Nuclear em estado sólido.

Existe preferência para alunos formados em física, mas as inscrições de alunos formados em química ou engenharia de materiais também serão avaliadas. Experiência em RMN de líquidos ou sólidos é um diferencial para a vaga, mas não é mandatório.

As inscrições (em fluxo contínuo) deverão ser encaminhadas para o email do orientador, Prof. Dr. Marcos de Oliveira Junior –  mjunior@ifsc.usp.br – acompanhadas de currículo e histórico escolar de graduação.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

14 de abril de 2023

COVID-19 – Comprovada a eficácia da fotobiomodulação no tratamento da perda de olfato e paladar

Resultados do estudo conjunto feito pelo IFSC/USP e King’s College Hospital (Londres)

Um estudo/piloto clínico desenvolvido por pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e do Department of Oral Surgery, do King’s College Hospital (NHS Foundation Trust), de Londres, publicado neste último mês de março, na revista científica internacional de grande impacto na área da saúde, “Journal of Biophotonics”, mostrando que a terapia através de fotobiomodelação atua como um imunomodulador no combate à anosmia (perda de olfato) e à ageusia (perda de paladar), promovendo, em doze sessões, a recuperação total do olfato e paladar, sentidos que foram comprometidos pela COVID-19.

Este estudo realizado pelo Laboratório de Biofotônica do IFSC/USP, que contou com a participação dos pesquisadores Dr. Vitor Hugo Panhóca e Prof. Vanderlei Bagnato em parceria com a renomada cientista Reem Hanna(PhD), do Department of Oral Surgery, do King’s College Hospital (NHS Foundation Trust), de Londres, teve como ponto inicial o fato da fotobiomodulação ter surgido como uma possível terapia eficaz na restauração da funcionalidade do paladar e olfato, criando assim uma alternativa aos tradicionais tratamentos com base em fármacos e  cuja eficácia já foi questionada. Assim, a terapia por fotobiomodulação emergiu como uma modalidade alternativa de tratamento fotobioenergético, não invasivo, no alívio da dor, reduzindo a inflamação e a cicatrização dos tecidos lesionados.

Este estudo contou com a participação de vinte pacientes voluntários diagnosticados com anosmia e ageusia causadas pela COVID-19, que se submeteram a doze sessões de tratamento com administrações intranasal e intraoral por fotobiomodulação, cujos resultados mostraram uma melhora significativa da funcionalidade olfativa e gustativa.

Os objetivos do estudo foram:

*Avaliar a porcentagem de recuperação completa e o tempo de prognóstico;

*Introduzir uma dosimetria a laser preliminar padronizada e protocolos de tratamento;

*Compreender os atuais mecanismos moleculares da fotobiomodulação na restauração da funcionalidade do olfato e paladar;

Este estudo piloto/clínico mostrou que esta terapia de fotobiomodulação pode promover a recuperação total do olfato e paladar.

Para acessar o artigo científico, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

13 de abril de 2023

Atualização da produção científica do IFSC/USP – março 2023

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica cadastradas no mês de março  de 2023, clique AQUI ou acesse o Repositório da Produção USP (AQUI) .

As atualizações também podem ser conferidas no Totem “Conecta Biblio” em frente à biblioteca.

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente, por pesquisador do IFSC, no periódico – “International Journal of Biological Macromolecules” (VER AQUI).

 

 

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

11 de abril de 2023

Dos laboratórios para a sala de aula – “Está na hora de retribuir os investimentos que foram feitos em mim”

Trabalho intenso no laboratório

Depois de termos dado destaque ao ex-aluno do IFSC/USP, Leonardo Miziara Barboza Ferreira, sobre a sua decisão de engrossar o contingente de professores universitários no Brasil, a série de três entrevistas continua se dedicando aos jovens pesquisadores do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) – grupo que integra nosso Instituto -, que decidiram vestir a camisa da Educação.

Há já alguns anos que conhecemos Laís Canniatti Brazaca (31), natural de Piracicaba. Diariamente nos encontrávamos com ela nos corredores e laboratórios do IFSC/USP e não foram raras as vezes que com ela dividimos seus projetos, seus estudos, suas pesquisas, que foram vertidas não só no site do IFSC/USP, ou no Facebook, ou ainda no canal de TV do CEPOF, em forma de divulgação científica. Sempre ficávamos extasiados perante seus olhos inquietos, inquiridores, numa ânsia enorme de explicar o que tinha descoberto, o que tinha vivenciado e quanto tudo isso era importante para sua vida e para o desenvolvimento científico do país. Laís Brazaca confessa que sempre foi igual a qualquer criança no ensino fundamental, e assim que concluiu o ensino médio prestou provas para entrar na UFSCar e na USP de São Carlos.

A importância do curso de Ciências Físicas e Biomoleculares da USP

Embora desde muito cedo se tenha sentido apaixonada pela área de Exatas, principalmente pelas disciplinas de Física, Química e Biologia, o certo é que Laís Brazaca não sabia precisamente o rumo que deveria tomar nessa imensa área do conhecimento. “Eu sempre tive – e ainda tenho – muitas dificuldades com disciplinas relacionadas à área de Humanas, ao contrário das Exatas que me instigavam a estudar, questionar, investigar. Já no ensino médio eu sabia muito bem que queria combinar as Ciências Exatas e Biológicas, e foi a partir daí que pensei em Engenharia Ambiental. Pensei em Biotecnologia, mas, de repente, ao ler aquele livrinho da Fuvest, me deparei com Ciências Físicas e Biomoleculares, a combinação certa daquilo que eu mais gostava no ensino médio e fui aprender mais sobre esse curso que acabava tendo mais Física do que a maioria das pessoas imaginam. Em 2009 prestei vestibular para o curso de Biotecnologia, na UFSCAR, e para o curso de Ciências Físicas e Biomoleculares na USP de São Carlos. Dei sorte, pois passei em ambos, tendo optado, então, por ingressar no Instituto de Física de São Carlos (USP), nesse curso”, recorda Laís.

Foram quatro anos de um curso cujo conteúdo era, segundo Laís Brazaca “exatamente como eu tinha pensado”, indo plenamente ao encontro daquilo que ela procurava desde o início. O curso de Ciências Físicas e Biomoleculares foi a base que Laís necessitava para toda a pesquisa que iria desenvolver nos anos seguintes e que abriria portas rumo a diversos destinos científicos. “Desse curso extraí a base da minha área de pesquisa atual. Na realidade, os alunos que cursam Ciências Físicas e Biomoleculares recebem uma base ampla, que possibilita a escolha de diversos caminhos”.

Pesquisando biossensores

Pós-doutorado em San Diego (EUA)

Seu interesse aumentou exponencialmente quando assistiu a uma palestra ministrada pelo Prof. Valtencir Zucolotto sobre biossensores. “Foi devido a essa palestra, que aconteceu ainda no primeiro semestre do 1º ano do curso, que decidi começar a fazer iniciação científica com o Prof. Zucolotto, no grupo que agora se chama GNano, e por ali me mantive ao longo de toda a graduação, nunca imaginando que minha vida acadêmica continuaria por muitos dos anos seguintes naquele Grupo que me abriu as portas do conhecimento”, salienta Laís Brazaca.

A graduação de Laís terminou em finais de 2012 e ela não teve qualquer dúvida em iniciar seu mestrado no GNano, que, segundo ela, foi um processo natural. “Foi nesse período que desenvolvi um biossensor para detecção de um hormônio que se chama adiponectina, explorando seu uso para o auxílio do diagnóstico preditivo de Diabetes tipo-2. Foi um trabalho muito interessante, que me introduziu na área do desenvolvimento de biossensores, área que eu continuei no meu doutorado, também no GNano, entre 2015 e 2019”, pontua a pesquisadora. Já o destaque no doutorado de Laís Brazaca foi o desenvolvimento de um dispositivo em papel para auxiliar no diagnóstico da Doença de Alzheimer, um trabalho que rendeu bastantes elogios à pesquisadora.

A experiência no exterior

No desenvolvimento de seu doutorado, Laís Brazaca teve a oportunidade de fazer dois estágios no exterior: um em Oviedo, na Espanha, durante dois meses, e outro em San Diego (EUA), por um período de nove meses, onde trabalhou no desenvolvimento de sensores vestíveis, experiências que foram essenciais para seu desenvolvimento científico.

Depois de muitos anos ligada ao GNano, Laís Brazaca decidiu fazer seu pós-doutorado no Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), igualmente na área de biossensores, sob a coordenação do Prof. Emanuel Carrilho. Ao longo dos anos de 2019 e 2020, nossa entrevistada prosseguiu seus estudos e pesquisas, até que em 2021 foi contratada como professora-colaboradora no IQSC/USP, algo que  abriria uma porta à pesquisadora e que anteriormente apenas se configurava como um sonho – ser professora. “Sempre tive muito claro que queria ser professora na USP, até porque minha mãe foi professora na ESALQ/USP e eu sempre tive esse espelho, sempre quis seguir esses passos”, sublinha Laís.

Em 2022, Laís Brazaca decide fazer um novo pós-doutorado  no exterior e parte para a Universidade de Harvard (EUA), onde durante um ano desenvolve suas pesquisas, tendo regressado agora, em 2023. “Foi uma experiência muito interessante, não só no que diz respeito à área de pesquisa, como também em relação a aprender mais sobre como lidar com pessoas e a gerenciar um grupo de cientistas. E, em Harvard, o ambiente é muito rico, tem uma diversidade cultural muito grande, com eventos a acontecerem o tempo inteiro sobre assuntos diferenciados e com grandes especialistas. Foi fantástico, mas, contudo, eu queria voltar para o Brasil”, pontua a pesquisadora.

Profissão – Professora

Um novo ciclo ciomeça – Laís Brazaca em sua nova sala – Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP)

E esse regresso de Laís Brazaca ao Brasil foi devido à sua intenção de concorrer a uma posição de professora no IQSC/USP. “A minha vontade sempre foi ficar no Brasil por muitos motivos. Principalmente porque toda a minha carreira científica foi feita aqui e sinto que agora, que estou pronta para produzir artigos com uma qualidade superior, está na hora de retribuir o investimento que meu país fez em mim. A USP foi central na minha formação acadêmica e agora tenho o desejo de formar novos alunos aqui”, salienta a pesquisadora.

Desde o início do semestre letivo, Laís Brazaca integra o quadro de professores do BioMicS (Grupo de Bioanalítica, Microfabricação e Separações) e tem dado aulas na área de química analítica.  Nessa nova vertente profissional, como professora, a pesquisadora entende que o melhor caminho será dar atenção ao aluno, estimulá-lo, sempre dar o melhor nas aulas “Para que eles possam ir mais longe do que nós fomos. Deixá-los curiosos, mais interessados. Acredito que se você deixar o aluno curioso e permitir que ele busque o seu próprio caminho, que desvende os mistérios que se colocam na sua frente, é uma das melhores coisas que podemos fazer por ele. Porque aí não depende mais tanto de você, não é? A pessoa começa a ter um pouco mais de iniciativa, começa a se estimular”, comenta Laís.

A importância do GNano

Quanto ao GNano, Laís Brazaca salienta que o grupo teve uma importância muito grande em sua trajetória, em sua formação. “Estive inserida por mais de dez anos no GNano, que é um grupo muito completo. Foi realmente muito importante para a minha formação porque, devido às várias áreas de pesquisa que ali se desenvolvem, você consegue aprender bastante, não só sobre um tópico, mas sobre várias coisas; você tem a possibilidade de explorar ali várias coisas diferentes, num espaço extremamente bem equipado e que também tem uma parte muito forte em escrita científica, algo que é a base da nossa comunicação. Então, eu acho que foi muito importante, especialmente para o meu início de carreira, aprender a como escrever bem, a como me comunicar. Eu vejo bastante espaço para uma colaboração futura entre os  Institutos de Química e Física de São Carlos, não só com o Prof. Valtencir Zucolotto, como também com outros colegas que saíram do grupo e seguiram suas vidas acadêmicas”, conclui a Prof. Laís Brazaca.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

10 de abril de 2023

Docente do IFSC/USP ocupa em 2023 o cargo de Presidente da IUMRS

O docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, foi empossado, em janeiro deste ano, presidente da International Union of Materials Research Societies (IUMRS), órgão internacional fundado em 1991 e que congrega as sociedades de pesquisa em Materiais do todos os continentes, sendo o primeiro pesquisador da América Latina que ocupa esse cargo.

Segundo o novo presidente da IUMRS, a principal meta a atingir em seu mandato é trabalhar para consolidar a atuação multilateral do órgão, atendendo a que, atualmente, entidades internacionais multilaterais são essenciais para enfrentar com os problemas complexos que a humanidade enfrenta, como, por exemplo, as mudanças climáticas, energia e segurança alimentar.

“Esses problemas estão intimamente relacionados com a área de materiais e esta união das sociedades que se dedicam a esses estudos e pesquisas representa cerca de 70% de todas as publicações científicas que são geradas no mundo. Ao consolidar o caráter multilateral da IUMRS pretendo, também, que possamos evoluir para uma instituição de caráter global, que possa ter integração de todas as sociedades que são membros desta instituição”, sublinhou o Prof. Osvaldo.

Nos últimos anos foram criados escritórios regionais da IUMRS em Xangai (Ásia), Estrasburgo (Europa) e em Gaborone (África).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

6 de abril de 2023

Empresa inova em apoio a atletas de CrossFit – Um projeto EMBRAPII – Unidade IFSC/USP – São Carlos

Dispositivo inovador

Um projeto inovador, integrado na EMBRAPII – Unidade do IFSC/USP, visa, com o auxílio de Inteligência Artificial (IA), o desenvolvimento de um dispositivo destinado a avaliar, em tempo real, a telemetria de atletas de CrossFit. Num futuro próximo, a intenção é que esse dispositivo possa ser incorporado em um modelo vestível e para todos os esportes.

Com um laboratório integrado no ONOVOLAB, em São Carlos, a empresa Biotrônica foi contemplada com um fomento (investimento não reembolsável) de R$ 720.000 da EMBRAPII – Unidade do IFSC/USP – São Carlos, visando o desenvolvimento de uma tecnologia dedicada a telemetria esportiva por intermédio de IA. Embora trabalhe em diversos fronts, como, por exemplo, agronegócio, indústria e logística, esta nova aposta consolida o diferencial da empresa na criação de dispositivos inteligentes dentro da área da “Internet das Coisas” com a implementação de tecnologias emergentes relacionadas à conectividade em telecomunicações.

Haroldo Vieira Neto, que é o responsável máximo pela Biotrônica, salienta que hoje existem dispositivos sensoriais que realizam múltiplas funções na indústria, porém, são produtos importados, caros e de difícil implementação, pelo que sua empresa optou por desenvolver os próprios produtos, com instalação simplificada, baixo custo de investimento e manutenção.

Telemetria esportiva

O dispositivo de telemetria esportiva desenvolvido pela Biotrônica utiliza a IA para que ele “aprenda”, armazene e informe aos atletas os seus padrões de movimentos e esforços. “Esse dispositivo, que se encontra conectado a um aplicativo que é baixado no celular, é fixado no equipamento esportivo, ou no próprio atleta, e o sistema “aprende” todas as fases do treinamento, entregando ao atleta, em tempo real, vários parâmetros”, pontua Haroldo, acrescentando que a primeira meta a ser alcançada pelo produto está sendo direcionada para o mercado de CrossFit, que, segundo ele, está em franco crescimento, com a integração de novas tecnologias.

Haroldo Neto em seu laboratório no “Onovolab” – São Carlos

O sensor é composto por uma espécie de presilha para anilhas de levantamento de peso que é colocada na barra olímpica do CrossFit e ela avisa o atleta sobre os pormenores da série de movimentos que ele está executando, sendo que, em tempo real, o utilizador é informado de como está ocorrendo seu treinamento. Assim, por cada movimento ou ação, o dispositivo informa, por exemplo, a velocidade, potência, aceleração e tempo gasto entre repetições, estruturando, dessa forma, a performance do atleta, indicando erros e dando informações sobre as correções que deverão ser realizadas em relação, por exemplo, à cadência, qualidade do movimento, número de repetições validadas, entre outros fatores. Ou seja, o dispositivo funciona como se fosse um técnico esportivo humano.

“Vamos avançando para o futuro”

Das informações que são disponibilizadas ao atleta, entre elas, análise de postura corporal em cada movimento, em cada estágio, ficam registradas no sistema para que, no próximo treino, o utilizador possa refazer o gerenciamento físico de seu progresso.

Haroldo Neto enfatiza que embora esteja neste momento voltado para o CrossFit, este dispositivo foi concebido para trabalhar com qualquer modalidade esportiva, inclusive… balé. “A versatilidade e a fidelidade deste dispositivo ficam comprovadas em termos de telemetria, atendendo a que, por exemplo, o CrossFit é tão “pesado” quanto o balé, sendo que ambas as modalidades apresentam movimentos de isometria, com o mesmo desgaste físico, por incrível que isso possa parecer”.

Futuramente, a empresa irá adequar este dispositivo em um modelo vestível, por forma a que seja colocado no corpo do atleta, sendo que ele irá “ensinar” o dispositivo sobre as particularidades dos exercícios que está fazendo. Com esse “aprendizado”, o praticante da atividade física poderá compartilhar a sua telemetria com um outro atleta “Tomando como um exemplo: você utiliza a telemetria de um campeão mundial de atletismo para compartilhá-la com outro atleta, de forma a que este siga os mesmos procedimentos de treino do campeão”, conclui Haroldo Neto.

Todos os desenvolvimentos tecnológicos deste inovador projeto irão continuar sob os auspícios da EMBRAPII – Unidade do IFSC/USP, em São Carlos.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de abril de 2023

IFSC/USP divulga editais de ingresso na Pós-Graduação

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) informa que estão abertos os processos seletivos de ingresso e de concessão de bolsas de estudo no seu Programa de Pós-Graduação em Física (PPGF) nas áreas abaixo informadas:

Física Biomolecular (VER AQUI)
Física Teórica e Experimental (VER AQUI)
Física Computacional (VER AQUI)

 

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de abril de 2023

As pessoas com deficiência e o esporte adaptado – Programa “Ciência às 19 Horas” recebeu a Profª Mey de Abreu van Munster

Profa. Dra. Mey de Abreu van Munster

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) recebeu no dia 28 de março último, a primeira palestra da edição de 2023 do programa “Ciência às 19h00”, onde o destaque foi o esporte adaptado e o seu impacto na vida das pessoas com deficiência. Tendo como palestrante convidada a Profa. Dra. Mey de Abreu van Munster, ali foram desenvolvidos vários temas, como o papel da universidade e da ciência no desenvolvimento do Paradesporto e como projetos nessas áreas podem promover oportunidades de formação, recreação, reabilitação e desempenho/alto rendimento às pessoas com deficiências.

A experiência da Profª Mey nesta área é vastíssima, tal como confirma o seu currículo. Pós-doutora pelo Kinesiology, Sports Studies and Physical Education Department, da Universidade Estadual de Nova Iorque (SUNY – College at Brockport); doutora, mestre e especialista em Atividade Física e Adaptação pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); professora associada junto ao Departamento de Educação Física e Motricidade Humana (DEFMH) e credenciada no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial (PPGEEs) da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar); professora visitante no Department of Kinesiology, da Universidade de New Hampshire (UNH) e professora convidada no Programa Erasmus Mundus Master in Adapted Physical Activity (EMMAPA), na Universidade Católica de Leuven – Bélgica e Coordenadora do Núcleo de Estudos em Atividade Física Adaptada (NEAFA) e do Projeto de Extensão Atividades Físicas, Esportivas e de Lazer Adaptadas (PROAFA) da UFSCar. Mey van Munster é ainda Membro da Associação Brasileira de Atividade Motora Adaptada (SOBAMA), representante da América do Sul junto à International Federation of Adapted Physical Activity (IFAPA), fundadora e vice-presidente da Federación Sudamericana de Actividad Física Adaptada (FeSAFA). Autora e coordenadora do livro “Educação Física e Esportes Adaptados: programas de ensino e subsídios para inclusão” pela Editora Manole.

Mey van Munster sempre se identificou como professora, já que todo seu processo de formação foi no sentido de trabalhar com educação e a opção pela educação física surgiu de forma natural, seguindo os passos profissionais de sua mãe. Desde cedo se interessou em trabalhar com pessoas com deficiência, motivo que a levou a entrar na UNICAMP, uma universidade que é muito forte quando o tema é a deficiência. “A UNICAMP foi a primeira universidade a incorporar em sua estrutura curricular disciplinas na área da atividade física adaptada. A partir daí, tive a oportunidade de participar em projetos de extensão voltados para essa área específica e comecei a conviver com pessoas com deficiência, me apaixonei completamente por esse tema e nunca mais saí dele”, relata a docente.

A experiência em Nova Iorque

Hoje, segundo a docente, a atividade física adaptada compreende tanto a parte de educação física escolar, como a dos esportes adaptados. Embora o esporte tenha bastantes incentivos – financeiros e legislativos – o certo é que a educação física escolar acabou sendo deixada de lado e isso me levou a me credenciar no Programa de Pós-Graduação em Educação Especial e aos estudos da educação física e inclusão de estudantes com deficiência. Para isso, precisava sair um pouco do Brasil para buscar esse “norte” com os autores norte-americanos que sempre constituíram uma referência para os meus estudos. Foi assim que decidi ir para Nova Iorque (EUA) e foi aí que eu tive a oportunidade de ver acontecer a verdadeira inclusão de estudantes com deficiência”, sublinha a Profª Mey, acrescentando que desde esse momento tem tentado estudar algumas possibilidades inspiradas nessa experiência internacional, porém muito baseadas na realidade do Brasil, algo que, para ela, tem sido muito gratificante.

Quanto às oportunidades de acesso ao esporte por pessoas com deficiência, Mey van Munster confessa que ainda há muito para fazer. “Aqui, em São Carlos, temos a participação de Mitcho Bianchi, técnico que trabalha com natação, na parte de rendimento, e temos um ex-aluno meu (Maradona) que trabalha na área do atletismo, mas isto é muito pouco, faltam outras iniciativas. Por isso, nosso projeto de extensão na UFSCar (PROAFA) acaba tendo muita repercussão, fato que tem contribuído para a chegada de atletas de Descalvado, Ibaté, Itirapina até nós, porque na região não existem atividades semelhantes. Faltam oportunidades”, pontua a docente, argumentando, por exemplo, que em alguns municípios, como Jundiaí (SP), por exemplo, existem projetos lançados pelas secretarias municipais de esporte e que são referência internacional.

Não é necessário existirem programas específicos para pessoas com deficiência

“Caso pretenda desenvolver alguma modalidade esportiva, acho que o primeiro passo que uma pessoa com deficiência deverá dar é verificar se no município onde mora existe alguma iniciativa do poder público municipal em relação ao apoio que deverá ser dado para esse fim. Aqui, em São Carlos, temos um grande parceiro –  SESC São Carlos – , que desenvolve muitas atividades pensando na acessibilidade de pessoas com deficiência. Por outro lado, nem sempre as pessoas com deficiência necessitam se vincular a programas específicos para elas. No caso do SESC, as portas estão abertas e as atividades são abertas para todas as pessoas e, por isso, cabe às pessoas com deficiência ocuparem esses espaços, reivindicando-os”, sublinha a professora.

No âmbito deste evento inserido no programa “Ciência às 19h00, a Profª Mey van Munster aproveitou o ensejo para apresentar o livro intitulado “Educação Física e Esportes Adaptados”, uma publicação que, segundo ela, é fruto de um trabalho que foi feito com muitas mãos. “Foram muitas pessoas que colaboraram, principalmente muitos estudantes do PPGEE-UFSCar, e que tiveram a oportunidade de desenvolver pesquisas muito atuais, inéditas, partilhando essas experiências” finaliza a docente. O livro pode ser adquirido através da Amazon, ou no site da Editora Manole, sendo que em breve também estará disponível em versão online.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

3 de abril de 2023

Paciente sem indícios de fibromialgia durante quarenta e dois meses – Tratamentos do IFSC/USP continuam a surpreender

(Créditos – LUSA/HN)

Um estudo de caso publicado neste mês de março, no “Journal of Novel Physiotherapies”, de autoria de pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), relata o caso de uma paciente fibromiálgica, com 59 anos de idade, residente em São Paulo, que após ter sido submetida, em 2018, ao já conhecido tratamento desenvolvido pelo Grupo de Óptica do Instituto, atingiu a marca de 42 meses sem qualquer novo indício da doença.

Segundo o autor principal do citado artigo, Dr. Antonio Eduardo de Aquino Junior, Joana D’arc Ventura (identificação com autorização da paciente) teve, em 2006, o diagnóstico de fibromialgia – confirmado através da exclusão de outras doenças -, e cujos sintomas já vinham sendo percebidos pela paciente desde 1989. Dores nos membros superiores e inferiores, no troco, fadiga, progressiva diminuição da força, má qualidade do sono, dores de cabeça, intestino irritável, estresse, depressão, dificuldade de concentração e de memória; estes foram os sintomas que a paciente relatou ter quando começou a fazer o tratamento desenvolvido pelo IFSC/USP, e que estavam sendo amenizados através de diversos medicamentos.

Sujeita, em 2018, a dez sessões de tratamento e acompanhada de seis em seis meses pelos pesquisadores responsáveis pelo tratamento, Joana foi avaliada nesses períodos nos seguintes parâmetros:

*Consequências Fibromialgia;

Joana D’arc Ventura

*Escala de dor (0/10);

*Qualidade do sono segundo o método de Petersburg (0/21);

*Avaliação de ansiedade por método de Hads;

*Avaliação de depressão segundo o método de Beck;

Quarenta e dois meses após o tratamento realizado em 2018, os resultados foram os seguintes:

*Consequências da fibromialgia – melhoria em 95,2%;

*Qualidade de vida – melhoria em 99%;

*Escala de dor – 0;

*Qualidade do sono – 19 (máximo 21);

*Avaliação de ansiedade por método de Hads – melhoria 95,2%

*Avaliação de depressão segundo o método de Beck – melhoria de 98%

Joana D’arc não tem mais problemas relacionados com concentração ou perda de memória, estando atualmente cursando o 2º ano de fisioterapia em uma universidade na cidade de São Paulo.

Para conferir toda a informação relativa a este caso e publicada no artigo científico acima indicado, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de março de 2023

IEA-USP Polo de São Carlos tem nova coordenação

O Instituto de Estudos Avançados da USP (IEA-USP) – Polo de São Carlos tem uma nova coordenadora, a Profa. Dra. Elisabete Moreira Assaf, docente e presidente da Comissão de Inclusão e Pertencimento (CIP) do Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), que irá cumprir um mandato de quatro anos.

A Profª Elisabete Assaf substitui, no cargo, o docente do (IFSC/USP) Prof. Valtencir Zucolotto, que entretanto terminou seu mandato.

A designação ocorreu através de Portaria do Reitor da USP, datada de 24 de março do corrente ano.

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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