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Sobre Rui Sintra

5 de maio de 2023

Participe da pesquisa sobre a segurança no Campus

Clique aqui e colabore com a pesquisa que tem o objetivo de identificar a percepção da comunidade USP em relação à segurança do Campus USP de São Carlos. Responda até o dia 20 de maio; as respostas serão tratadas de forma anônima.

Sua participação é muito importante.

(PUSP-SC e Unidades do Campus)

 

 

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de maio de 2023

UFF de Luto – Falecimento do Físico Prof. Paulo Murilo Castro de Oliveira

O físico e professor emérito do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense (UFF),  Paulo Murilo Castro de Oliveira, faleceu nesta última terça-feira, 2 de maio.

Oliveira se graduou em Física na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC Rio) em 1973, tendo concluído mestrado em 1976 e doutorado em 1980, pela mesma instituição. Se associou à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) em 1977. Em 1980 foi contratado como professor titular do Instituto de Física da Universidade Federal Fluminense (UFF), onde atuou por 34 anos até se aposentar em 2014, assumindo o título de professor emérito desde então.

O Prof. Paulo Murilo sempre teve uma ligação muito forte com São Carlos, principalmente com nosso Instituto, onde teve uma participação marcante em diversos cursos, escolas e eventos de mecânica estatística e física computacional.

Tendo abraçado ao longo de sua vida científica duas importantes linhas de pesquisa – fenômenos críticos e transições de fase, desde a década de 70, e modelagem de sistemas complexos, desde 1986 -, o Prof. Paulo Murilo Castro de Oliveira, membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Sociedade Brasileira de Física (SBF) e presidente de honra da SBPC, é mais uma personalidade que deixa um vazio enorme tanto na comunidade científica nacional, sendo um marco relativamente às suas características humanas.

Aos familiares, amigos e colegas do Prof. Paulo Murilo Castro de Oliveira, em particular a sua esposa e nossa colega, Suzana, que sempre esteve presente, acompanhando o Prof. Paulo Murilo em sua vida acadêmica, o IFSC/USP endereça os mais sentidos votos de pesar.

O sepultamento ocorre hoje, dia 04 de maio.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de maio de 2023

Projeto IFSC/USP e EESC/USP – Alunos da EE Conde do Pinhal desenvolvem neurônio artificial com base em IA

Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior conversa com os alunos

Um projeto conjunto realizado pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), denominado “Ciência do Cotidiano na Construção da Cidadania”, tem sido um destaque desde há algum tempo nas escolas públicas da cidade de São Carlos.

Nos dois últimos semestres o projeto tem sido realizado na EE Conde do Pinhal, em estreita parceria com o docente deste estabelecimento de ensino, o Prof. Rogértio Vargas, com a introdução do tema “O uso da Inteligência Artificial na elaboração de projetos e robótica”, um tema extremamente atual.

Com base nesse projeto, desde o ano passado que os alunos da EE Conde do Pinhal têm aprendido elementos básicos de Inteligência Artificial (IA), como, por exemplo, na construção de um neurônio artificial, projeto que os jovens alunos têm desenvolvido em sala de aula.

“Parece bastante complexo, mas quando tem um passo-a-passo que ensina você a ultrapassar os problemas, isso fica desmistificado e os alunos conseguem chegar ao fim e entenderem o que existe por trás da ciência na construção desses elementos”, pontua o Prof. Herbert João Alexandre (IFSC/USP), coordenador do projeto.

No dia 02 do corrente mês a EE Conde do Pinhal recebeu a visita do diretor do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, que, na circunstância, promoveu uma palestra com os jovens participantes dessa disciplina eletiva que aborda o tema.

No próximo dia 05 de maio, esses mesmos jovens alunos deslocam-se ao IFSC/USP para, a partir das 10h30, participarem de um colóquio sobre IA e ChatGPT para alunos de graduação, e que será ministrado pelo mesmo docente.

No final deste semestre os alunos irão ter a designada “culminância”, que integrará uma feira de ciência que acontecerá na EE Conde do Pinhal,e onde apresentarão o projeto desenvolvido, usando Inteligência Artificial para a construção do neurônio artificial acima mencionado.

Além dos Prof. Rogério Vargas e de Herbert Alexandre João, colaboraram também neste projeto João Victor Pilla, aluno bolsista do Curso de Licenciatura em Ciências Exatas do IFSC/USP, e João Navarro (EESC/USP), responsável pelo Programa PUB – Programa Unificado de Bolsas (Pró-Reitoria de Graduação – USP).

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de maio de 2023

IFSC/USP trará gincana científica e planetário em comemoração ao “Dia Internacional da Luz 2023”

O Campus USP de São Carlos comemorará no próximo dia 16 de maio o “Dia Internacional da Luz”, um evento promovido pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF), CEPID da FAPESP alocado no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), e que ocorrerá no Auditório “Prof. Sérgio Mascarenhas”.

Programação

A programação deste evento está organizada da seguinte forma:

13h00 – Gincana do Conhecimento, com o tema “A Luz e suas Maravilhas”, a qual contará com demonstrações interativas e gincana sobre o tema da luz. Será apresentada por professores do CEPOF e contará com a presença de estudantes dos ensinos Fundamental e Médio;

15h30 / 17h30 – Exibição do Planetário Itinerante do CEPOF, em espaço próximo ao Auditório. Nessa atividade, por meio de luz projetada em efeito tridimensional, será exibido o filme “O Nascimento do Sistema Solar”, bastante apreciado e aclamado em vários municípios do Estado de São Paulo. A exibição será aberta a toda comunidade.

19h30 – (Auditório Prof. Sergio Mascarenhas) – Palestra Pública intitulada “A luz como solução para melhoria da saúde e bem-estar”, onde serão abordados aspectos relativos ao diagnóstico e tratamento de doenças e infecções, utilizando-se a luz e a óptica, além dos resultados de bem-estar geral que esses tratamentos proporcionam.

O evento é gratuito e haverá a entrega de certificados aos inscritos.

Para se inscrever na gincana com escolas, clique AQUI.

Para participar do curso noturno, clique AQUI

Para maiores detalhes, contatar Wilma Barrionuevo wilma@ifsc.usp.br (Difusão Científica – CEPOF -USP)

Veja AQUI o vídeo alusivo ao evento.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

3 de maio de 2023

Candidaturas 12ª chamada de pesquisa conjunta da University Global Partnership Network

Até o dia 20 de junho de 2023, estarão abertas as candidaturas para a 12ª chamada de pesquisa conjunta da University Global Partnership Network (UGPN), rede formada pela USP, University of Surrey (UoS, Reino Unido) e North Carolina State University (NC State, EUA).

O edital, disponível AQUI, prevê apoio de até dez mil dólares por instituição a cada projeto de pesquisa conjunta (bilateral ou trilateral) entre as universidades parceiras.

Nesta edição de 2023, serão priorizadas propostas que contribuam para as áreas de pesquisa em:

*Cidades inteligentes / sociedade digital;

*Enfrentamento à vulnerabilidade social e sanitária;

*Desafios globais de segurança; e/ou que sejam multidisciplinares/interdisciplinares no âmbito das ciências, tecnologia, engenharia, matemática, ciências sociais e humanidades.

O edital é voltado aos docentes e doutorandos da USP. Os coordenadores de projetos deverão ser necessariamente docentes ativos do quadro permanente da Universidade. Pesquisadores de pós-doutorado da USP poderão ser adicionados à lista de participantes, mas não serão elegíveis para financiamento.

A candidatura deverá ser efetuada por apenas um dos docentes responsáveis pela proposta (da USP, da UoS ou da NC State), exclusivamente por meio de formulário online (VER AQUI).

Atenção! Para ter acesso ao edital e ao formulário de inscrição (links acima), o interessado deverá inserir seu nome, sobrenome e email institucional nos campos determinados. Em seguida, será direcionado ao menu “Members” do site da UGPN, sem necessidade de validação por senha.

O resultado da seleção de propostas será divulgado até o dia 31 de agosto. Os projetos contemplados terão vigência de 1º de setembro de 2023 a 31 de julho de 2024.

Para mais informações, acesse: https://ugpn.org/members/rcf-guided-notes/.

Quaisquer dúvidas não elucidadas por consulta ao edital deverão ser encaminhadas ao Fale Conosco do Sistema Mundus – Assunto: Editais de Pesquisa Conjunta, ou ao e-mail international.networks@usp.br.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

3 de maio de 2023

Letramento acadêmico é essencial para uma universidade de pesquisa

(Crédito – NTE-UFSM)

A comunicação, em ambientes acadêmicos e para o público em geral, é hoje crucial para que universidades de pesquisa cumpram sua missão. O prestígio de universidades depende de sua capacidade de gerar conhecimento, principalmente com publicações. Embora não possamos aceitar rankings como verdade absoluta, é impossível negar que a comunidade acadêmica, assim como órgãos de imprensa, valoriza a classificação das instituições. Nos rankings do The Times Higher Education Ranking (THE)  e Academic Ranking of World Universities (ARWU), cerca de 60% do peso das avaliações é atribuído às publicações de artigos científicos. Esse conceito de que o valor acadêmico das universidades está ligado à produção científica explica a importância crescente de publicações em revistas internacionais.

A exigência desse tipo de publicação aumenta progressivamente na universidade. Várias unidades da USP exigem que doutorandos publiquem artigos em revistas indexadas ou bem classificadas no Qualis da CAPES para depositar suas teses. A pressão recai também sobre os orientadores, que precisam publicar internacionalmente para manter seu credenciamento como orientadores de pós-graduação.

Respondendo à demanda, o volume de publicações em periódicos internacionais teve um crescimento expressivo nas últimas décadas, de acordo com um levantamento da Clarivate Analytics para a CAPES. No Brasil, o esforço de pesquisadores para desenvolver pesquisas importantes, escrever e publicar artigos em periódicos internacionais resultou no estágio atual em que o Brasil se encontra: 13º lugar em volume de publicações indexadas.

A grande maioria desses pesquisadores empenhou recursos próprios e trilhou um caminho árduo para chegar ao sucesso em suas publicações. Essa constatação foi reforçada por dados de uma tese defendida recentemente na FFCLH. Da resposta de pesquisadores ouvidos no estudo, observou-se que tanto o letramento científico, em específico a produção escrita, quanto a aquisição da língua estrangeira são frutos de esforço individual. A grande maioria dos participantes apontou que há poucas ações institucionais para que pesquisadores possam aprender a escrever artigos científicos durante a graduação e pós-graduação. Presume-se que ao se tornar pesquisador, o indivíduo terá, na língua estrangeira, a habilidade necessária e o repertório retórico para mostrar a importância de sua pesquisa, dar ênfase e discutir os resultados conforme a expectativa dos editores e leitores dos periódicos internacionais – sem que ele tenha recebido instrução ou orientações para isso.

Podemos perceber aqui dois obstáculos para o crescimento da divulgação da pesquisa de cientistas brasileiros em veículos internacionais. Em primeiro lugar, não há provisão de suporte linguístico nas universidades para que pesquisadores atinjam o nível de proficiência em língua estrangeira, particularmente na escrita, necessário para publicar internacionalmente. Os respondentes do estudo mencionado que reconhecem ter bom nível de proficiência em inglês – atualmente a principal língua para publicações – estudaram em boas escolas privadas, ou fizeram cursos de línguas em instituições especializadas e/ou estudaram com professores particulares. É clara a desvantagem daqueles que não têm condições econômicas para ter acesso a essa instrução.

O segundo e maior obstáculo é que não há provisão sistemática de instrução para a escrita científica. Os participantes do estudo indicaram que suas fontes de instrução são primordialmente a leitura de artigos, a prática, orientadores de doutorado, recursos da internet, e workshops. Dentre esses, apenas dois recursos podem fornecer interação e feedback para que haja aprimoramento: a prática e os orientadores. Entenda-se como prática a tentativa e erro, entre submissões às revistas, rejeições e solicitações de revisão de editores e avaliadores; isto é, aprende-se errando onde o objetivo deveria ser de acertar. Os orientadores têm todo o interesse em apoiar e orientar a escrita de seus alunos. Porém, além de frequentemente sobrecarregados por suas funções acadêmicas e administrativas, poucos têm treinamento para efetivamente instruir seus orientandos nesse aspecto. O conhecimento tácito adquirido com a experiência não necessariamente faz do orientador um bom instrutor de letramento científico. Este fato é denotado também pelo pequeno número de participantes que indicou o orientador como fonte de instrução.

A falta de instrução em escrita científica é refletida na dificuldade expressada pelos pesquisadores na construção dos argumentos nos seus artigos. A grande maioria dos participantes da pesquisa classificou como “difícil” e “muito difícil” construir a argumentação na escrita das seções de introdução; análise e discussão de resultados de forma satisfatória nos seus artigos em inglês. Se essa dificuldade é apontada por pesquisadores que já publicam em periódicos internacionais, é razoável deduzir que ela deve ser ainda maior para os menos experientes. Isso inviabiliza uma meta essencial dos programas de pós-graduação, qual seja o de que o pesquisador em formação precisa aprender a escrever e publicar de forma autônoma, com pouco apoio.

(In: Jornal da USP)

Quando perguntados sobre ações que os participantes acreditam ser importantes para que pesquisadores iniciantes possam publicar em periódicos internacionais, 97% dos participantes apontaram a instrução em escrita científica em inglês como “importante” ou “muito importante”, confirmando a necessidade da institucionalização dessa ação.

Enfatiza-se a importância dessa institucionalização, uma vez que não há disponibilidade de cursos de letramento científico em língua estrangeira para publicação – diferentemente da abundante oferta de cursos de línguas no mercado – pois a publicação de artigos em periódicos é uma atividade acadêmica muito particular à universidade e aos centros de pesquisa. Porém, é importante lembrar que a falta de provisão de instrução de língua estrangeira dentro da universidade mantém a atual desigualdade na atividade de publicação científica.

As universidades públicas – entre as quais a USP se destaca – são os principais centros de produção de conhecimento no Brasil. Para que seus pesquisadores possam comunicar os seus trabalhos em periódicos internacionais de forma mais efetiva, o apoio das instituições é primordial. À luz da constatação de que a falta de letramento em escrita científica e a dificuldade com língua estrangeira são dois grandes obstáculos para a comunicação do conhecimento gerado através das pesquisas, acreditamos que investimentos nessas duas áreas são fundamentais para que esses obstáculos sejam vencidos.

Neste espaço focalizamos a necessidade de letramento acadêmico para publicações internacionais. Não menos relevante, porém, é o letramento acadêmico em português, requerido para todo o processo educacional. Aqui também se notam assimetrias na experiência no uso da língua entre alunos que frequentaram boas escolas e outros que não tiveram essa oportunidade. Uma preparação adequada para o letramento acadêmico em português também se faz necessário como uma estratégia de inclusão.

Referências:

1-https://www.timeshighereducation.com/world-university-rankings

2-https://www.shanghairanking.com/rankings/arwu/2022

3-https://www.topuniversities.com/university-rankings-articles/world-university-rankings/world-university-ranking-methodologies-compared

4-https://leginf.usp.br/?resolucao=resolucao-copgr-no-8329-de-28-de-setembro-de-2022

https://leginf.usp.br/?resolucao=resolucao-copgr-no-8333-de-28-de-setembro-2022

5-https://www.gov.br/capes/pt-br/centrais-de-conteudo/17012018-capes-incitesreport-final-pdf

6-Leal, M.K.O. (2022) A Atividade de publicação internacional de pesquisadores brasileiros: um recorte comparativo nas áreas de ciências sociais aplicadas e engenharia – Tese de doutorado

7-Martinez, R. & Graf, K. (2016) Thesis Supervisors as Literacy Brokers in Brazil. Publications, 4 (26). https://doi.org/10.3390/publications 4030026.

Sobre os autores:

Malyina Ono Leal é doutora pela FFLCH-USP. Atualmente é professora de escrita na FGV EAESP, pesquisadora e tutora do Laboratório de Letramento Acadêmico (LLAC) da FFLCH-USP.

Prof. Dra. Marília Mendes Ferreira é Professora do Departamento de Letras Modernas da FFLCH-USP, líder do Grupo de Pesquisa LLAC-LEVYG e Coordenadora geral do Laboratório de Letramento Acadêmico (LLAC) da FFLCH-USP.

Prof. Dr. Osvaldo N. Oliveira Jr. é Diretor do Instituto de Física de São Carlos – USP. Ele é pioneiro no desenvolvimento de ferramentas digitais de escrita baseadas em linguística de corpus, e autor vários artigos científicos em periódicos indexados.

(Por: Malyina Ono Leal, Marília Mendes Ferreira, Osvaldo N. Oliveira Jr.)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

2 de maio de 2023

USP lança polo do Centro de Inovação da USP no campus de São Carlos

No dia 20 de abril, foi realizada a cerimônia de lançamento oficial das atividades do Centro de Inovação da USP Complexo São Carlos (InovaUSP/SC). O evento foi realizado no auditório do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai) “Antonio Adolpho Lobbe”, em São Carlos, e reuniu dirigentes da Universidade e lideranças do ecossistema científico, de inovação e do cenário político da cidade e da região.

Dentre eles, estavam representantes do Governo do Estado de São Paulo, da Prefeitura de São Carlos, do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), do Senai, dos Institutos Senai de Inovação, da empresa Tecumseh do Brasil e do Núcleo de Empreendedorismo da USP (NEU).

O coordenador do InovaUSP/SC e professor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), Tito José Bonagamba, fez a abertura do evento com uma apresentação sobre a história da implantação do campus, sobre a presença e os impactos da Universidade no desenvolvimento socioeconômico da cidade e sobre o quanto a USP pode contribuir ainda mais para a inovação da região a partir do Inova SC e do que já é desenvolvido nos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (Cepids), Institutos Nacionais de Ciência (INCT) e núcleos da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii) que atuam em São Carlos.

Um dos pontos ressaltados por Bonagamba no que se refere às principais linhas de atuação do Inova SC é integrá-lo às comunidades envolvidas com inovação ou que necessitem dela – acadêmica, governamental, empresarial, industrial e agentes de fomento.  O coordenador citou como exemplo a participação do Centro de Inovação na Frente Parlamentar do Empreendedorismo da Assembleia Legislativa, que tem como primeiro resultado a contribuição para a redação da Carta pelo Empreendedorismo ao Governo de São Paulo.

Prof. Tito José Bonagamba

O pró-reitor de Pesquisa e Inovação, Paulo Nussenzveig, ressaltou que a inovação é um dos “princípios e pilares da gestão” e “não poderia ser mais emblemático uma inauguração de uma estrutura da USP em um local fora da Universidade, reunindo autoridades governamentais, empresários e o setor acadêmico. Temos aprendido muito sobre inovação, que esse é um processo se faz ombro a ombro. Temos que trabalhar juntos. Essa concepção é crucial para a Universidade do século 21”.

Nussenzveig destacou que o lançamento do Centro de Inovação em São Carlos, que será instalado no campus 2, se junta a uma estrutura já existente na Universidade voltada para a inovação e ligada à Pró-Reitoria, com unidades do InovaUSP em São Paulo e em Ribeirão Preto, além da Agência USP de Inovação (Auspin).

Aproximação e parceria

Para o reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior, a indústria tem papel fundamental no processo de inovação. “Por muito tempo, eu ouvi dizer que a indústria não faz inovação no Brasil, não tem parque tecnológico, não emprega doutores. Essa é uma noção errada do mundo. As indústrias brasileiras têm buscado se aproximar das universidades. Estamos certos na nossa política ao decidir fazer essa aproximação. Estamos buscando cada vez mais essas parcerias”, afirmou.

Carlotti mencionou os esforços que têm sido feitos para fomentar a inovação na Universidade e citou como exemplo a implantação de um distrito de inovação, que deverá ocupar o prédio originalmente projetado para abrigar o Centro de Convenções, na Cidade Universitária, em São Paulo. A ideia é conectar empresas, startups e pesquisadores em um único local, oferecendo o melhor ambiente para o desenvolvimento e incorporação de inovação.

O reitor citou também a parceria da USP, o Senai e as empresas Shell Brasil, Raízen e Hytron para a produção de hidrogênio renovável a partir do etanol. A parceria tem como foco a construção de duas plantas dedicadas à tecnologia de produção de hidrogênio a partir do etanol, uma com capacidade para produzir 5 kg/h de hidrogênio e a outra, quase 10 vezes maior, com capacidade de 44,5 kg/h.

O acordo também prevê a construção de uma estação de abastecimento veicular para os ônibus que circulam pela Cidade Universitária. Com início da operação previsto para 2023, a estação será um dos primeiros postos de hidrogênio do mundo.

(Por: Adriana Cruz  – Jornal da USP / Fotos de Cecília Bastos – USP Imagens)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

28 de abril de 2023

“Der Schmutz der Schmutizphysik” ou A Física mais suja

O colóquio do IFSC/USP relativo ao dia 28 de abril do corrente ano abordou o tema “Die Festkörperphysik ist eine Schmutzphysik” (A Física do Estado Sólido é Física da sujeira), apresentado pelo docente do IFSC/USP, Prof. Dr. José Abel Hoyos Neto.

Em sua apresentação, o docente pontuou que em seus primórdios, a Física do Estado Sólido era considerada desinteressante por alguns nomes proeminentes, como Pauli: “Die Festkörperphysik ist eine Schmutzphysik” (A Física do Estado Sólido é Física da sujeira) e “One shouldn’t wallow in dirt” (Não se deve chafurdar na sujeira). Para a surpresa de Pauli, talvez, esse campo evoluiu para a Física da Matéria Condensada, que se concentra no estudo dos fenômenos coletivos e da complexidade.

Neste colóquio, o palestrante descreveu a história mais suja da física da sujeira: a saga dos magnetos inomogêneos (i.e., com defeitos, lacunas, impurezas, ou seja, com “sujeira”) próximos a uma transição de fase. Semelhante à evolução da Física do Estado Sólido para a Física da Matéria Condensada, este subcampo de pesquisa também evoluiu e se tornou empreendimento humano belo e intelectualmente desafiador.

O palestrante apresentou uma visão geral de alguns conceitos importantes: o critério de Harris, as singularidades de Griffiths e os fenômenos críticos exóticos de aleatoriedade infinita (ou sujeira infinita).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de abril de 2023

Profs. Sérgio Mascarenhas e Yvonne Primerano Mascarenhas são “Patronos da Ciência de São Carlos”

Marquinho Amaral (Presidente da Câmara Municipal de São Carlos), Tito José Bonagamba, Jose Galizia Tundisi, Paulo Mascarenhas, Glaucius Oliva e Wanda Hoffmann

Iniciativa da Prefeitura através da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação

Os Profs. Sérgio Mascarenhas e Yvonne Primerano Mascarenhas foram homenageados no dia 25 de abril passado pela Prefeitura Municipal de São Carlos, através da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação, que atribuiu ao casal o título de “Patronos da Ciência de São Carlos” (Decreto Municipal 678 de 21 de dezembro de 2022).

A cerimônia ocorreu no novo edifício da Secretaria Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, com a participação de inúmeros convidados – docentes, cientistas, representantes dos poderes legislativo e executivo da cidade e servidores municipais, dentre outros convidados.

O Prof. Glaucius Oliva, vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), foi um dos oradores iniciais, tendo feito um pequeno resumo da criação da Academia (1916) e do trajeto que o casal fez, na década de 50 do século passado, da cidade do Rio de Janeiro para São Carlos, que, nessa época contava com cerca de cinquenta mil habitantes. Em seu curto discurso, Oliva sublinhou a insistência que o Prof. Sérgio Mascarenhas e sua esposa fizeram para que houvesse condições para se iniciarem pesquisas científicas na cidade, algo que conseguiram com muitas dificuldades, principalmente pela inexistência de um espaço apropriado para esse fim. O porão do edifício onde está atualmente está sediado o CDCC, que nessa época só abrigava aulas, foi a única opção, entretanto coroada de êxito.

Também em seu pequeno discurso, o coordenador do InovaUSP/SC e docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prof. Tito José Bonagamba, aproveitou a oportunidade para relembrar, de forma resumida, a chegada dos homenageados em São Carlos, enquanto que o Secretário Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação, Prof. Jose Galizia Tundisi, pontuou que é dever do poder público reconhecer todos os cidadãos que contribuem para o desenvolvimento do município. “É dever do poder público destacar o mérito do trabalho desenvolvido pelos Profs. Sérgio Mascarenhas e Yvonne Primerano Mascarenhas quando vieram para São Carlos, estabelecendo aqui uma meta, um plano na área da ciência. Ao desenvolverem seus trabalhos científicos, eles simultaneamente contribuíram para a formação de recursos humanos altamente qualificados e que alteraram a imagem e a importância da cidade, algo que hoje ela se beneficia”, sublinhou Tundisi. Para Marquinho Amaral, Presidente da Câmara Municipal de São Carlos, os homenageados fizeram história não só na ciência e tecnologia e na Academia, mas também como cidadãos são-carlenses ao contribuírem para que a cidade fosse a “Capital Nacional da Tecnologia”.

O útimo orador foi Paulo Mascarenhas, filho do casal de cientistas, que nesta cerimônia representou sua mãe – Profª Yvonne Primerano Mascarenhas -, que por motivos de saúde não conseguiu estar presente. Na circunstância, Paulo Mascarenhas leu uma mensagem de sua mãe, que abaixo reproduzimos.

“Agradeço a todos, na pessoa do Prof. Tundisi,, essa homenagem feita a mim e ao Sérgio, e salientar que quando decidimos vir para São Carlos foi em busca de melhores condições de trabalho que nos permitissem exercer a ciência e pesquisa com completo apoio oferecido pela USP. Do ponto de vista humano e social tivemos uma recepção muito calorosa de diversas famílias de São Carlos (…). Em sequência, a vinda de vários jovens docentes contribuiu para o desenvolvimento científico do então departamento de Física da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), provenientes principalmente do Rio de Janeiro. Não posso deixar de mencionar também a importante colaboração de alunos de Iniciação Científica e de Pós-Graduação, bem como de técnicos que trabalharam intensamente conosco. Com o passar do tempo, a comunidade científica cresceu, outras instituições foram criadas – como UFSCar e EMBRAP – e toda essa colaboração entre pessoas permitiu bons resultados que agora comemoramos com esta homenagem. Muito obrigada”.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de abril de 2023

“6ª Escola de Pesquisadores do Campus USP de São Carlos” – Jornalismo Científico: Pesquisas devem chegar na sociedade

Uma programação de elevado nível

Inscreva-se!!! – https://doity.com.br/escoladepesquisadoresscusp#registration 

 

 

Publicar um artigo científico em uma revista de pesquisa – seja ela qual for – não basta. Qualquer desenvolvimento científico, bem como seus resultados, têm que ser difundidos para a sociedade, pois é ela que, através de seus tributos, proporciona esses sucessos, esses avanços do conhecimento.

Nesta apresentação tentarei dar sugestões de como os pesquisadores devem se comunicar de forma simples e objetiva com o designado “público leigo”, com a ajuda dos jornalistas das assessorias de comunicação, simplificando a linguagem científica e abrindo portas para uma difusão mais abrangente do conhecimento gerado nas universidades e em outros polos de pesquisa.

Qual é a importância de uma assessoria de comunicação no apoio ao pesquisador?

Como escrever um texto perfeitamente compreensível, com base em um artigo científico?

Como enfrentar uma entrevista nas rádios ou nos canais de televisão?

Estes são alguns dos subtemas propostos, numa abordagem simples sobre “Jornalismo Científico” dedicado à sociedade.

Rui Sintra possui Licenciatura em Ciências Históricas – Universidade Livre de Lisboa (ULL) 1982 – Curso de Jornalismo Profissional – CENJOR – Centro Protocolar de Formação de Jornalistas de Portugal. Cartão Funcional de Jornalista Profissional da República Portuguesa – Comissão da Carteira Profissional de Jornalista Nº 2272-A/04877710 (União Europeia) (1985). Jornalista correspondente para a Europa credenciado pela GNS Press Association / EUCJ – European Chamber of Journalists – European Journalist Legitimation 21-01-9606-8 – European News Agency – Association C-1208 EU 41PA (Alemanha) (2006). Mestre de Cerimônias credendiado no CNCP – Brasil – Protocolo e Cerimonial (trilingue) – Membro Nº 1929 do CNPC – Comitê Nacional do Cerimonial Público com ênfase em organização, gestão e operacionalização de congressos, seminários, palestras, encontros, cerimônias e workshops (2009). Jornalista Profissional (CLT) – Mtb 66181 (Brasil). Realizador e  apresentador de programas de TV no canal 10 da NET São Carlos (TV-USP/CEPOF) (2010). Formação em Noticiário Radiofônico (Lypsinc – 2008). Formação em Dublagem (Lypsinc – 2008). Formação em Comunicação Televisiva (Lypsinc – 2008). Bolsista (Técnico) do CNPq (2008/2009). Diretor-geral e proprietário da empresa “Science Comunicação”, dedicada a assessoria de comunicação empresarial e procedimentos protocolares em eventos públicos e privados – São Carlos (SP) (2009);

Desempenhou, ao longo da sua atividade profissional, funções de Jornalista, Jornalista Freelance, Radialista, Editor, Editor-Chefe, Diretor de Comunicação e Assessor de Imprensa em órgãos públicos e privados. Atualmente, desempenha as funções de Assessor de Comunicação e Apoio a Eventos do IFSC – Instituto de Física de São Carlos (USP) – São Carlos (SP) (2010-Atual);

Formação Complementar: Diretor Cênico (DRT pelo SATED de São Paulo) ; Produtor e Realizador em trabalhos audiovisuais.

27 de abril de 2023

“6ª Escola de Pesquisadores do Campus USP de São Carlos” – Inglês para Escrita de Artigos Científicos

Uma programação de elevado nível

Inscreva-se!!! – https://doity.com.br/escoladepesquisadoresscusp#registration 

O inglês científico possui características distintas da escrita científica em português, e é necessário conhecê-las para produzir um artigo com potencial de publicação. O objetivo desta palestra é discutir a influência do português na expressão escrita em inglês e analisar os tipos de desvios de convencionalidade linguística na produção escrita de pesquisadores brasileiros.

Nivia Marcello é Educadora da Universidade de São Paulo e coordenadora geral das Provas de Proficiência do Centro de Línguas, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP. Leciona duas disciplinas nos programas de pós-graduação Stricto-Sensu da Faculdade de Odontologia e da Faculdade de Medicina da USP com foco em inglês para apresentações orais e inglês para escrita acadêmica. Tem experiência como professora na área de Letras em universidades particulares, atuando principalmente nos seguintes temas: ensino de língua inglesa, inglês instrumental, escrita acadêmica e prática de tradução.

27 de abril de 2023

Células-Tronco e a Medicina Regenerativa (Parte 2) – Por: Prof. Roberto N. Onody

Figura 5 – Imagem gerada no computador pelo sistema de inteligência artificial Midjourney, da OpenAI, com o comando: “Many realistic stem cells in a Petri dish glass,4k, illuminated by LEDs”

Por: Prof. Roberto N. Onody *

Caro leitor,

O tema “Células-Tronco e a Medicina Regenerativa” pela sua extensão e complexidade foi dividido em 3 partes. Esta é a parte 2, a parte 1 você encontra AQUI.

Devido às suas inúmeras aplicações no tratamento e, em alguns casos, até da cura de doenças graves, a importância das células tronco (Figura 5) cresce dia a dia. Juntos, o transplante de células tronco e a terapia genética, representam hoje a vanguarda da medicina regenerativa.

Aproveito para informar que a newsletter “Ciência em Panorama” no. 3 já está no ar.  Abaixo, um sumário da edição.

Química

As esponjas líquidas;

Azida de azidoazida;

Matemática

A agulha de Buffon e o número π;

Biologia

Vivo, congelado e vivo de novo!;

Astronomia

A estrela Trappist-1 e seus 7 exoplanetas;

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Boa leitura!

Abril/2023

3-Sangue fabricado a partir de células-tronco

Figura 6 – Primeira transfusão de sangue com células vermelhas fabricadas em laboratório da Universidade de Cambridge

Em imunologia, um antígeno é uma estrutura molecular que pode se ligar a um anticorpo ou célula T, disparando um ataque do sistema imunológico. Os grupos sanguíneos A, B, AB e O têm antígenos na superfície das células vermelhas (também chamadas de glóbulos vermelhos, hemácias ou eritrócitos) que são açúcares, já os grupos Rh têm antígenos que são proteínas. Até setembro de 2022, eram conhecidos 43 grupos sanguíneos contendo 349 antígenos! Felizmente, na prática, para as transfusões do dia a dia, basta conhecer os oito grupos A, B, AB e O com seus respectivos Rh (positivo ou negativo).

Em todo o mundo, bancos de sangue selecionam doadores e coletam o sangue que pode ser armazenado por 35 a 42 dias. Em períodos de festas como entre o Natal e o Ano Novo, os estoques de sangue caem sensivelmente. Pior, pacientes com tipos sanguíneos mais raros ou portadores de mutações genéticas como a anemia falciforme, serão severamente prejudicados. E aí entram novamente as células-tronco.

Em 2022, pesquisadores da Universidade de Cambridge coletaram sangue de doadores, separaram as células-tronco, cultivaram-nas em laboratório até se diferenciarem em células vermelhas (Figura 6). Duas pessoas, não doadoras e saudáveis, receberam a transfusão do sangue produzido in vitro. Não sentiram nenhum efeito colateral.

Na próxima etapa da pesquisa, cerca de 10 participantes deverão receber transfusão com hemácias manufaturadas em laboratório e 10 uma transfusão de sangue normal. Os cientistas acreditam que as células vermelhas crescidas em laboratório, por serem todas jovens e da mesma idade, devem ter desempenho superior (maior oxigenação do sangue) à daquelas obtidas via transfusão tradicional.

4-Curando a diabetes?

Figura 7 – Brian Shelton talvez seja o primeiro ser humano a ser curado da diabetes tipo 1 (New York Times)

No ano de 2019, 463 milhões de pessoas em todo o mundo tinham diabetes, cerca de 9,3 % da população adulta. Nesse mesmo ano, morreram 1,5 milhões de pessoas por causa da diabetes e 460.000 por doenças renais causadas pela diabetes. Há 2 tipos de diabetes: a do tipo 1 (que compõe 5% dos casos), em que os portadores necessitam tomar doses de insulina e a do tipo 2 (95% dos casos) que não precisam, mas que produzem insulina em quantidade insuficiente.

A insulina é o hormônio que controla os níveis de açúcar no sangue. Ela é produzida pelas células beta (β), no pâncreas. A diabetes é uma doença autoimune que mata essas células beta, desestabilizando o metabolismo de açúcar no sangue.

A insulina foi extraída pela primeira vez do pâncreas de um cachorro em 1921 e aplicada (com sucesso) em um adolescente de 14 anos em 1922. Portanto, há 100 anos que a insulina é injetada em pessoas diabéticas. Mas, isso está prestes a mudar com o advento das células-tronco.

Em 2021, a Universidade de Harvard utilizou células-tronco que se diferenciaram (in vitro) em células beta. Aplicaram (junto com terapia imunossupressora) em um paciente que há 40 anos injetava diariamente insulina (Figura 7). Em 90 dias, o paciente já estava produzindo sua própria insulina.

A companhia de biotecnologia ViaCyte estuda uma alternativa ao procedimento utilizado por Harvard. Neste estudo, as células-tronco ainda não estão totalmente diferenciadas – elas amadurecem e se tornam funcionais dentro do corpo humano.

Nos últimos 100 anos, pessoas com diabetes tipo 1 sobreviveram tendo que aplicar injeções de insulina durante a vida toda. Com as investigações das células-tronco em andamento, esse transtorno pode acabar.

5-Células-tronco e as doenças Neurodegenerativas

Discutiremos em seguida as doenças neurodegenerativas mais comuns no Brasil e no mundo. Antes, porém, lembremos a diferença existente entre incidência e prevalência do ponto de vista epidemiológico (tratadas, frequentemente na mídia como sinônimos). A incidência se refere ao número de casos novos que ocorrem por ano numa população. A prevalência se refere ao número total de casos existentes (novos e antigos) numa população em uma determinada data (ano). Abaixo, uma tabela com as respectivas prevalências (estimadas).

Doença de Alzheimer

No Mundo38 milhões

No Brasil1,2 milhões

 

Doença de Parkinson

No Mundo – 8,5 milhões

No Brasil 200 mil

 

Esclerose Lateral Amiotrófica

No Mundo – 320 mil

No Brasil – 8 mil

A)Doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer responde por 70% de todas as possíveis formas de demência no mundo. Afeta, em geral, pessoas com mais de 65 anos. A Organização Mundial de Saúde estimou (2021) em cerca de 38 milhões de pessoas em todo o mundo diagnosticadas com Alzheimer, atingindo mais as mulheres do que os homens (na proporção de 3 para 2). No Brasil, estima-se em 1,2 milhões o número total de casos, com 100 mil novos diagnósticos todo ano.

Como todas as partes do nosso corpo, o cérebro envelhece. Os sintomas de Alzheimer começam com a perda da memória recente. Em seguida, vem a mudança de humor e comportamento, desorientação e confusão sobre eventos, lugares e tempo. Na fase final, dificuldades de falar, de engolir e de caminhar (Figura 8).

Figura 8 – A doença de Alzheimer é devastadora, mudando as pessoas que amamos e a nossa relação com elas para sempre

Muito embora a doença de Alzheimer atinja, na sua maioria, pessoas idosas, ela também pode se manifestar em jovens. Neste ano de 2023, foi diagnosticado o indivíduo mais jovem com mal de Alzheimer, um rapaz chinês de apenas 19 anos!

A doença de Alzheimer não tem cura. Sabe-se com certeza que, à medida que a doença avança, aumenta a formação de duas proteínas: tau e beta amilóide. Acredita-se que o acúmulo dessas proteínas interrompa ligações entre neurônios comprometendo, progressivamente, várias funções do organismo. Essas proteínas em quantidade extra são tóxicas, iniciando processos inflamatórios, eliminando sinapses e atrofiando o cérebro.

Terapias do Alzheimer têm sido propostas utilizando todos os tipos de células-tronco: pluripotentes (inclusive aquelas oriundas do cordão umbilical e da placenta), pluripotentes induzida e multipotentes. Para uma revisão recente, veja essa referência.  Bons resultados na fase pré-clínica têm sido obtidos em camundongos. Em seres humanos os estudos não vão além das fases clínicas I e IIa. Utilizando algumas dezenas de pacientes com Alzheimer confirmado ou sob suspeita, eles são divididos em grupos que recebem o placebo e o transplante (intranasal).

Muito embora os resultados sejam promissores (no sentido de que os pacientes tiveram alguma melhora na memória) vale a pena lembrar que só existem (até agora) registros de experimentos realizados na China.

Em que pese tudo o que dissemos acima sobre as pesquisas com células-tronco estarem ainda no seu estágio experimental, pululam, na internet, anúncios capciosos oferecendo ´tratamento´ da doença de Alzheimer. Nenhuma surpresa, já que as redes sociais estão abarrotadas de anúncios do tipo ´o que os médicos não contam…´ sem nenhuma vergonha ou punição. Para casos iniciais e moderados de Alzheimer são prescritos os medicamentos, tradicionais e ´antigos´ (anteriores a 2003) Rivastigmina, Donezepil e Galantamina. O medicamento Aducanumab, aprovado pela FDA (Food and Drug Administration, a Anvisa dos EUA) em 2021, desenvolve anticorpos para combater as placas beta amilóides que se formam em portadores de Alzheimer, mas seus efeitos clínicos têm sido duramente contestados. Agora, em janeiro de 2023, a FDA aprovou o Lecanemab com a condição de que os pacientes usuários desse medicamento realizem 3 imagens de ressonância magnética nos 6 primeiros meses de uso. Nos testes clínicos de nível III, realizados em 1.800 pacientes (todos no primeiro estágio do Alzheimer e com duração de 18 meses), estimou-se que o medicamento diminuiu em 27% o ritmo do decaimento cognitivo. Houve 3 óbitos e vários casos de hemorragia e inchamento do cérebro.

À medida que o envelhecimento populacional aumenta em todo o mundo, se torna cada vez mais necessário investir e a pesquisar a doença de Alzheimer, seja para diminuir seus efeitos mais perniciosos ou, quem sabe, para se encontrar uma cura.

B)Doença de Parkinson

James Parkinson, médico inglês, escreveu o primeiro ensaio sobre os sintomas da doença em 1817. A doença de Parkinson é uma condição degenerativa do cérebro que se caracteriza, principalmente, por afetar os movimentos – lentidão, rigidez, tremores e desequilíbrio, bem como complicações não motoras – declínio cognitivo, distúrbios do sono e dor.

Com o avanço da doença, o portador desenvolve discinesias (movimentos involuntários) e distonias (contrações involuntárias e dolorosas dos músculos) que afetam a fala. É uma doença estigmatizada e discriminada socialmente. Quem nunca ouviu, ao deixar tremer uma xícara, a frase cruel em tom de chacota “está com mal de Parkinson?”

Figura 9 – O ator Michael J. Fox, 61, foi diagnosticado com a doença de Parkinson em 1991. Montou uma ONG e já arrecadou 1,5 bilhões de dólares para pesquisas da doença (Fonte: Celeste Sloman/The New York Times)

Em 2019, a Organização Mundial de Saúde estimou, em 8,5 milhões de pessoas com a doença de Parkinson em todo o mundo, com um total de 329.000 óbitos. No Brasil, acredita-se que 200 mil pessoas tenham essa enfermidade.

Sabe-se que cada paciente desenvolve a doença de Parkinson a seu modo, passando por diferentes ou os mesmos sintomas em ordens cronologicamente diferentes. Existe uma escala internacional que atribui, ao paciente, um valor para o estágio em que se encontra sua doença de Parkinson (veja aqui).

A doença de Parkinson, até agora, não tem cura (Figura 9). Uma das mais importantes descobertas foi feita pelo médico sueco Arvid Carlsson que constatou a diminuição de dopamina em seus pacientes. Por esse trabalho ele recebeu o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia de 2000.

No interior do nosso cérebro, a dopamina é um neurotransmissor e neuromodulador responsável por inúmeras funções: executiva (selecionar e monitorar escolha de objetivos), controle motor, motivacional, estimulador, aprendizado associativo, satisfação sexual e até náusea.

Fora do nosso cérebro, a dopamina é um vasodilatador que reduz o número de linfócitos, aumenta a excreção de sódio e urina nos rins, reduz a produção de insulina no pâncreas e reduz a motilidade gastrointestinal.

A dopamina é um hormônio produzido por neurônios especializados (chamados de dopaminérgicos) que estão situados em apenas algumas regiões do cérebro como a substantia nigra (do latim, substância negra) que é um dos 5 gânglios (ou núcleos) basais localizado no meio do cérebro. No total se conhecem 6 regiões do cérebro produtoras de dopamina. O número estimado de neurônios nessas regiões é muito pequeno – cerca de 400 mil.

Muito embora o número de neurônios que secretam dopamina e suas regiões produtoras seja realmente pequeno, elas são muito articuladas, com axônios conectando-as a quase todo o cérebro.

É importante observar que a dopamina com origem externa ao nosso cérebro não consegue entrar devido à barreira hematoencefálica (a membrana que protege o sistema nervoso de substâncias tóxicas presentes na corrente sanguínea). A solução foi utilizar uma substância precursora na síntese da dopamina – a L-DOPA. Ela consegue penetrar a barreira hematoencefálica e difundir dopamina no interior do nosso cérebro. Daí veio o medicamento Levodopa que é, de longe, o mais utilizado no tratamento do Parkinson. Porém já se sabe que o seu prolongado conduz a inúmeros e indesejáveis efeitos colaterais.

Algumas vezes a doença de Parkinson não é naturalmente adquirida, mas, causada por agentes externos que conhecidamente destroem os neurônios dopaminérgicos como encefalite, concussões cerebrais e envenenamento químico (por exemplo, por MPTP). Esta forma adquirida é chamada de Síndrome de Parkinson que é similar em múltiplos aspectos à doença de Parkinson. O caso mais comum do Parkinson (´naturalmente´ adquirido) se trata de uma doença idiopática uma vez que a causa mortis dos neurônios produtores de dopamina é desconhecida.

Como dissemos acima, atualmente a doença de Parkinson não tem cura. Medicamentos como carbidopa-levodopa melhoram sim, os sintomas e a qualidade de vida dos pacientes, mas são paliativos e não impedem a degeneração progressiva e a morte continuada dos neurônios que sintetizam a dopamina. Precisamos repor esses neurônios e, naturalmente, o transplante de células-tronco passou a ser investigado.

O primeiro estudo clínico (com 7 participantes) utilizando células-tronco pluripotentes induzidas foi realizado no Japão em 2018. Como a morte dos neurônios dopaminérgicos ocorre numa região bem localizada no cérebro, a doença de Parkinson, ao contrário de outras doenças neurodegenerativas, pode se beneficiar com implantes de células-tronco feitos diretamente na área afetada (através de 2 pequenos furos feitos no crânio).

Os cientistas já aprenderam a induzir neurônios dopaminérgicos em células-tronco em grande quantidade e a baixo custo. O ideal seria produzi-las a partir de células-tronco do próprio paciente mas isso, já se sabe, encareceria bastante o procedimento. Portanto, faz-se necessário o uso concomitante de drogas imunossupressoras.

Neste ano de 2023, um teste clínico nível 1 estará em curso com 4 pacientes da Suécia e 4 pacientes do Reino Unido. A expectativa é de que nos próximos 4 a 8 anos essa terapia já esteja disponível em uma escala maior. Recrutamento para tentar participar de testes clínicos pode ser realizado aqui.

Por último, gostaria de apontar a iniciativa de estudantes de engenharia elétrica do Centro Universitário de Brasília, que desenvolveram um protótipo de um talher eletrônico para ajudar pessoas com a doença de Parkinson.

C)Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA)

É uma doença neurodegenerativa que acarreta paralisia motora progressiva e irreversível. É causada pela degeneração dos neurônios motores localizados no cérebro e na medula espinhal. Seus sintomas são fraqueza muscular, enrijecimento dos músculos laterais, câimbras, espasmos etc.

Figura 10 – O físico Stephen Hawking deixou importantes contribuições para a Ciência. Diagnosticado com ELA aos 21 anos de idade, foi-lhe prognosticado ter somente mais 3 anos de vida. Sobreviveu por mais 50 anos sem nunca parar de trabalhar

ELA é relativamente uma doença rara, atingindo cerca de 320 mil pessoas no mundo todo (valor médio que eu obtive utilizando esta referência). No Brasil, os dados não são confiáveis de sorte que eu supus uma distribuição global uniforme e extrapolei o valor para 8 mil casos diagnosticados (1/40, que é a razão entre a população brasileira e a mundial). Está em andamento um projeto que pretende determinar a incidência/prevalência dos indivíduos com ELA no Brasil em 2022. Não há dados na Organização mundial de Saúde.

Quando entramos em contacto com um patógeno (vírus, bactéria…), nosso corpo reage enviando um batalhão de anticorpos ou leucócitos para o local afetado. Temos uma inflamação aguda – o local fica avermelhado, dói ao ser tocado, incha (edema) e se aquece. Se esta inflamação perdurar por meses ou anos, teremos uma inflamação crônica.

Em uma pessoa portadora de ELA, esta condição inflamatória ativa um grande número de micróglias que além de eliminarem os neurônios motores mortos, passam a atacar também os neurônios motores saudáveis, conduzindo ao quadro de paralisia progressiva (Figura 10).

A terapia com células-tronco diminui a inflamação e modula o sistema imune. Células-tronco retiradas da pele do paciente, são induzidas em laboratório e administradas via injeção intravenosa. Estudos clínicos demonstraram uma diminuição no ritmo da degeneração dos neurônios motores. Para uma revisão recente da pesquisa do uso clínico de células-tronco em pacientes com ELA, veja aqui.

Continua (em breve) na parte 3

*Físico, Professor Sênior do IFSC – USP

e-mail: onody@ifsc.usp.br

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(Agradecimento: ao Sr. Rui Sintra da Assessoria de Comunicação)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de abril de 2023

Nova modalidade de apoio “Auxílio Projeto Inicial π (Pi)”da FAPESP – IFSC/USP vê aprovados dois dos cento e onze projetos selecionados

(Créditos – Anton Vaganov/Reuters)

A FAPESP divulgou a lista de projetos selecionados na primeira chamada de propostas (VER AQUI) da nova modalidade de apoio “Auxílio Projeto Inicial π”, que se destina a apoiar projetos baseados em ideias audaciosas e favorecer o estabelecimento de carreira de pesquisa e ensino de sucesso.

Foram selecionados 111 projetos (sendo 106 mais 5 de recursos administrativos) para terem acesso ao instrumento de financiamento de médio prazo da FAPESP, criado para incentivar o desenvolvimento de projetos audaciosos de pesquisa, integrados a iniciativas de ensino e de orientação de estudantes de pós-graduação e de graduação.

O Auxílio à Pesquisa Projeto Inicial π tem duração de até 60 meses, com a possibilidade de prorrogação por até 12 meses adicionais, em condições excepcionais e com justificativa aceita pela FAPESP.

Dentre os projetos aprovados estão dois oriundos de pesquisadores do IFSC/USP, a saber:

Aspectos Fundamentais do Estado Amorfo de Compostos Metalorgânicos: Uma abordagem por ressonância magnética em estado sólido
Processo 2022/02974-1
Pesquisador: Marcos de Oliveira Junior;

Prof. Marcos de Oliveira Junior

Instabilidades hidrodinâmicas quânticas em gases de bósons bidimensionais
Processo 2022/02709-6
Pesquisadora: Patricia Christina Marques Castilho;

O primeiro projeto do IFSC/USP, coordenado pelo Prof. Marcos de Oliveira Junior, tem como foco a caracterização estrutural de uma nova classe de materiais vítreos. Estes materiais são híbridos orgânico-inorgânicos derivados de redes metalorgânicas (conhecidos no acrônimo em inglês como MOFs). “Atualmente, existe pouco entendimento sobre a estrutura desse material, por um lado pelo seu desenvolvimento extremamente recente e por outro lado pelo caráter amorfo da estrutura, limitando o emprego de técnicas baseadas em ordenamento de longo alcance, que são amplamente aplicadas para a caracterização de MOFs cristalinos.”, pontua o pesquisador. Então, o objetivo deste projeto é caracterizar esses materiais utilizando técnica de ressonância magnética nuclear (RMN) em estado sólido, área em que o pesquisador é especialista.

“O trabalho será inicialmente sintetizar os compostos que já são reportados na literatura, caracterizar a estrutura atômica por meio de RMN, e em seguida modificar os materiais com grupos funcionais para aplicações e/ou culturas, como em catálise heterogênea, sensores, óptica não linear, etc., já que as aplicações irão surgindo conforme o projeto vai se desenvolvendo”, informa Marcos de Oliveira Junior.

Profª Patricia Christina Marques Castilho

Quanto ao segundo projeto do IFSC/USP, liderado pela pesquisadora Profª Patricia Christina Marques Castilho, ele é voltado ao estudo das propriedades superfluidas de um gás bidimensional, que acontecem para temperaturas muito baixas, próximas ao zero absoluto. “Nestes sistemas, o estado superfluido é atingido a partir de uma transição de fase topológica, a transição BKT, que exibe propriedades distintas das da transição de condensado de Bose-Einstein de gases tridimensionais”, relata a pesquisadora, acrescentando que “este é um estudo de ponta na área de átomos frios, com uma forte relação com o comportamento de supercondutores de alta temperatura”.

A fim de estudar estes gases no IFSC/USP, um novo sistema experimental será desenvolvido durante os primeiros anos do projeto. “Iremos combinar as últimas tecnologias de experimentos de átomos ultra-frios para construir um sistema experimental que possibilitará estudar diferentes fenômenos em gases bidimensionais e que será competitivo internacionalmente”, comenta a pesquisadora ressaltando que apenas outros dois grupos no mundo possuem experimentos semelhantes ao que será realizado no IFSC. Dentre os diferentes fenômenos capazes de serem estudados, o projeto aprovado prevê o estudo de instabilidades hidrodinâmicas quânticas. “Em vez de olharmos para a transição, a proposta prevê estudar as propriedades de um gás quântico bidimensional na presença de instabilidades hidrodinâmicas quânticas, análogas às instabilidades que acontecem em fluidos clássicos”, finaliza a pesquisadora.

Estes projetos terão uma duração de cinco anos e estarão voltados para três frentes distintas: pesquisa, criação de recursos humanos – com bolsas disponíveis de mestrado, doutorado e iniciação científica, para formação de um grupo – e a parte didática, sendo que neste ponto os pesquisadores irão propor no IFSC/USP a criação de novas disciplinas, ao nível da graduação, que contemplem as suas áreas de pesquisa (materiais vítreos e gases quânticos bidimensionais).

Para o primeiro projeto já foi lançada a divulgação para atribuição de bolsas da FAPESP (VER AQUI)

No caso do segundo projeto, a chamada de bolsas será feita no início de 2024.

Veja AQUI os projetos que foram aprovados.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de abril de 2023

Sensor monitora nível de paracetamol na saliva em tempo real para tratamento personalizado

O paracetamol é o maior causador de insuficiência hepática aguda nos Estados Unidos

O consumo de drogas terapêuticas, como analgésicos, antibióticos, antidepressivos e antivirais, cresce em todo o mundo – com uma projeção de gastos globais de US$ 1,8 trilhão até 2026 –, refletindo o envelhecimento da população e a disseminação de pandemias. Porém, receitados em doses padronizadas, independentemente do metabolismo, das condições clínicas e de nutrição dos pacientes, esses medicamentos muitas vezes não funcionam como deveriam, o que pode resultar em desperdício ou mesmo em efeitos colaterais indesejados. Por esses motivos, cientistas e médicos têm apostado em prescrições personalizadas.

Com essa estratégia em mente, pesquisadores dos institutos de Física (IFSC) e de Química de São Carlos (IQSC), ambos da Universidade de São Paulo (USP), desenvolveram um sensor flexível, simples e de baixo custo que rastreia o analgésico paracetamol na saliva e monitora sua ação em tempo real, permitindo correções na dosagem. O estudo foi publicado recentemente na revista Small: nano micro.

Após a administração de uma dose única de comprimido oral do analgésico, os eletrodos localizados na superfície do dispositivo conseguem detectá-lo de forma rápida e não invasiva, em uma pequena amostra de saliva humana. Isso porque o paracetamol contido na secreção é oxidado pelos sensores produzindo uma corrente elétrica.

“O protocolo é promissor para observar e acertar flutuações interindividuais na absorção e nas respostas ao paracetamol”, diz Paulo Augusto Raymundo Pereira, pesquisador do IFSC-USP e coordenador da pesquisa. “Uma dosagem imprecisa pode ter efeitos prejudiciais não apenas para o tratamento, mas sobre o próprio organismo.”

Apesar de ser o mais recomendado para dores suaves pela Organização Mundial da Saúde (OMS) entre os não opioides, o consumo excessivo de paracetamol está associado a problemas hepáticos e renais causados pelo acúmulo de metabólitos tóxicos nesses órgãos. Outros efeitos adversos possíveis são sangramento gastrointestinal e anemia.

De acordo com a American Liver Foundation, o paracetamol é o maior causador de insuficiência hepática aguda nos Estados Unidos, responsável por mais de 50% de todos os casos e, segundo análises de arquivos e bancos de dados do país, 458 mortes ocorrem a cada ano devido a overdoses associadas ao medicamento. Como o número real de problemas de saúde e internações é potencialmente maior, especialistas alertam para que um médico seja sempre consultado antes do consumo de qualquer medicamento de venda livre, especialmente se houver histórico de doenças hepáticas ou renais. Também ressaltam a importância de as doses recomendadas serem sempre seguidas.

“Nossa metodologia também ajudaria a diminuir a contaminação de água, pois o que nosso organismo não metaboliza é excretado pela urina. E as estações de tratamento de água e esgoto não possuem ainda um tratamento 100% eficiente para a remoção dos fármacos”, completa a química Nathalia Oezau Gomes, doutoranda no IQSC-USP e coautora da pesquisa.

Baixo custo

O dispositivo desenvolvido pelo grupo de pesquisadores, que contou com apoio da FAPESP por meio de dois projetos (16/01919-6 e 20/09587-8), foi fabricado com a mesma técnica simples usada em estampagem de camisetas (serigrafia). Sobre uma tela com o desenho dos sensores é colocada uma porção de pasta de carbono condutor e, embaixo dela, ficam folhas de transparência de poliéster compradas em papelaria. Então, a pasta é dispersada com um rodo.

Outra vantagem é que ele é portátil e conta com sensores baratos, que custam individualmente menos de US$ 0,02 ou cerca de R$ 0,10 – valor significativamente inferior ao de outros instrumentos usados para análise, que muitas vezes são volumosos e requerem pessoal qualificado.

A opção de usar amostras de saliva também traz vantagens, como facilidade de coleta e o fato de a secreção refletir os níveis de analitos livres (componentes químicos da amostra). Além disso, assim como outros biofluidos corporais não invasivos (suor e lágrima, por exemplo), seu uso no monitoramento de medicamentos terapêuticos (do inglês, Therapeutic Drug Monitoring ou TDM) vem aumentando por conta do baixo custo em relação à amostragem, coleta, armazenamento, transporte, processamento e análise sanguínea em laboratório centralizado e especializado.

“Os resultados do nosso estudo demonstram o grande potencial de uma estratégia simples”, afirma Pereira. “Os dispositivos eletroquímicos de baixo custo se consolidam como alternativa atraente para rastreamento de medicamentos devido às suas características analíticas, como resposta rápida, capacidade de miniaturização, portabilidade, simplicidade, facilidade de uso, versatilidade, custo de instrumentação relativamente baixo e possibilidade de obtenção de análises in loco e em tempo real.”

O protótipo do sensor já está finalizado com cabos, fios e conectores e pronto para transferência de tecnologia para uma futura empresa parceira interessada em produzir em larga escala e comercializar. Os próximos passos incluirão análises com um número maior de voluntários e comparação dos dados obtidos com uma técnica padrão-ouro.

O artigo  On-Site Therapeutic Drug Monitoring of Paracetamol Analgesic in Non-Invasively Collected Saliva for Personalized Medicine pode ser lido em: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1002/smll.202206753

(Julia Moióli | Agência FAPESP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP