Realizou-se entre os dias 13 e 29 de julho último, no estado de Alagoas, mais uma edição do Projeto Rondon, ao qual foi dado o nome de Operação Palmares, cujo intuito foi levar oficinas de capacitação a doze municípios daquele estado.
Os professores e estudantes voluntários chegaram a Maceió no dia 13 de julho e ficaram hospedados no 59º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército Brasileiro para as atividades de abertura e integração entre as equipes das diversas Instituições de Ensino Superior. Entre elas esteve a equipe que representou o Campus USP de São Carlos, constituída pelos Profs. Otavio Thiemann (IFSC/USP) (Coordenador) e Marcia Cristina Branciforti (EESC/USP), e os alunos Rassiê Tainy de Paula (Licenciatura Ciências Exatas – Hab. Química – IFSC/IQSC/ICMC), Jéssica Cristina Ramos (Licenciatura Ciências Exatas – Hab. Física – – IFSC/IQSC/ICMC), Renata Gonçalves Fernandes (Bacharelado em Química – Ênfase Gestão da Qualidade – IQSC), Priscille Dreux Fraga (Engenharia Ambiental – EESC), Mário Berni De Marque (Engenharia Ambiental – EESC), Carolina Silva Costa (Engenharia Civil – EESC), Gabriel Linares Silveira Batista (Engenharia Aeronáutica – EESC) e Thiago Borges Gobbo de Melo (Bacharelado em Sistemas de Informação – ICMC), tendo como destino a cidade de Olivença, localizada no coração do sertão alagoano.
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Equipe com líder da comunidade rural
Desenvolvido pelo Ministério da Defesa, em parceria com governos estaduais, municipais e Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas, o Projeto Rondon tem como missão contribuir para a formação do jovem universitário como cidadão e para o desenvolvimento sustentável das comunidades carentes. A primeira operação do Projeto Rondon – Operação Piloto ou Operação Zero -, ocorreu em julho de 1967, e, na altura, contou com a participação de 30 alunos e dois professores oriundos de universidades localizadas no Rio de Janeiro, que desenvolveram suas atividades em diversos locais no estado de Rondônia.
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Vista aérea de Olivença
O Projeto Rondon tem como objetivo beneficiar os municípios previamente selecionados com o envio de professores e alunos universitários de diferentes áreas do conhecimento. Poderosa ferramenta de transformação, tanto de universitários quanto das comunidades beneficiadas, o Projeto Rondon prioriza a formação de multiplicadores entre produtores, agentes públicos, professores e lideranças locais, permitindo, com isso, que as ações tenham efeitos duradouros, favorecendo no longo prazo a população, a economia, o meio ambiente e a administração locais. O aprimoramento de valores humanitários dos rondonistas manifesta-se na intensificação do sentimento de responsabilidade social e coletiva, em prol da cidadania, de defesa dos interesses nacionais, contribuindo na sua formação acadêmica e proporcionando-lhe o conhecimento da realidade brasileira.
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Otavio Thiemann
Pessoa com elevado espírito humanitário, o Prof. Otavio Thiemann já cogitava, desde há alguns anos, participar do Projeto Rondon, até porque se trata do maior projeto de extensão universitária do Brasil, algo que não passa despercebido a quem, como ele, nutre uma vontade enorme de apoiar e integrar projetos de índole social. “Ano passado, um grupo de alunos me procurou e fizeram o convite para eu integrar, como professor coordenador, a equipe que estava sendo formada para apresentar um projeto e atuar no Projeto Rondon de 2018, comenta Thiemann. Mesmo sem saber onde iriam ocorrer as atividades, o docente do IFSC/USP aceitou imediatamente o convite: mais tarde, soube que o destino seria o estado de Alagoas, na designada Operação Palmares, que incluía doze municípios, entre os quais a cidade de Olivença, onde se desenrolariam todas as atividades da equipe.
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Marcia Branciforti
Cada equipe tem que ter dois docentes, um deles assumindo a função de coordenador, sendo que houve algumas dificuldades em compor a equipe do Campus USP de São Carlos: enquanto os alunos estavam perfeitamente organizados e prontos para a missão, arranjar um docente disponível para completar o grupo foi complicado, em virtude de compromissos assumidos pelos docentes e do projeto se desenrolar em pleno período de férias. Quase na véspera da partida e por fortes motivos pessoais, um dos docentes convidados para participar foi obrigado a se afastar do projeto, tendo a Profª Marcia Cristina Branciforti aceitado o inesperado convite feito por Otavio Thiemann e substituído seu colega. “Foi um sufoco, uma correria, pois tive que alterar todo meu calendário de férias dois dias antes de viajar”, salienta Marcia, acrescentando que aceitou de imediato o convite, pois desde 2012 que desejava participar do projeto, mas, devido a diversos compromissos, nunca conseguiu concretizar essa aspiração. “Também foi um desafio enorme participar de um projeto que foi montado por outras pessoas e decidir passar dezessete dias longe de casa e da família com um grupo completamente desconhecido”, pontua a docente.
Cada cidade inserida na Operação Palmares recebeu duas equipes – Tecnologia e Saúde – sendo que a equipe do Campus USP de São Carlos estava inserida na área de “Tecnologia”, na cidade de Olivença, voltada para várias temáticas, como, por exemplo, indústria, agropecuária, empreendedorismo e educação, com a realização de inúmeras oficinas ministradas pelos alunos e que foram ocorrendo nos períodos da manhã, tarde e noite, ao longo das semanas que durou o evento.
Saliente-se que as cidades são escolhidas pela coordenação-geral do Projeto Rondon, pelo que, em fevereiro último, o Prof. Otavio Thiemann participou da designada Viagem Precursora, com visita à cidade de Olivença, para ali fazer um levantamento das necessidades, bem como um primeiro contato com a Prefeitura local.
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A realidade de Olivença
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Oficina de robótica
Para a Profª Marcia Branciforti, o que mais a fascinou foi o fato da cidade de Olivença estar longe de tudo, principalmente da capital do estado, Maceió, bem no meio do sertão alagoano. “Quando chegamos à cidade constatamos que era minúscula, com cerca de 11.700 habitantes, sendo que 80% deles residem e trabalham no campo”. No que diz respeito às oficinas, os alunos realizaram mais de trinta, tendo repetido algumas a pedido da própria população, que acolheu os rondonistas uspianos de forma extraordinária. “Um viés das oficinas foi voltado para o público infanto-juvenil, algo que teve muito impacto nas comunidades locais, todas elas com muita carência do tipo de atividades que organizamos – robótica, construção de brinquedos, cidades desenhadas, entre outras. Já no público adulto, o grande interesse esteve na oficina de empreendedorismo, que teve que ser desdobrada para dar resposta aos pedidos feitos pela população”, elucida Otavio Thiemann.
Empreendedorismo
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Oficina “Cidade Desenhada”
Olivença não possui qualquer empresa instalada em seu território. A população divide-se nas tarefas rurais, ocupando alguns (pouquíssimos) cargos públicos no centro da cidade, ou subsistindo graças ao programa “Bolsa Família”. Então, é fácil de imaginar que todo o mundo que participou das oficinas de empreendedorismo tinha (e tem) o intuito de montar o seu pequeno negócio, pelo que a participação foi enorme. Outra oficina que atraiu interesse foi a criação de hortas individuais, tendo em vista a criação de hortas comunitárias no futuro, independente da escassez de água naquela região, que é um problema grave.
A figura do “Anjo”
Como complemento importante do sucesso desta edição do Projeto Rondon, coube ao 59º Batalhão de Infantaria (Maceió) designar treze militares, entre sargentos e oficiais, cabendo a cada um acompanhar o desenrolar do processo em cada cidade. Eles foram importantes no auxílio às equipes de rondonistas, estabelecendo elos com as comunidades locais e reportando as necessidades à sua unidade. A presença de cada militar junto das comunidades foi uma espécie de tônico para elas, uma garantia de segurança e confiança. Eles são chamados de “Anjos” neste projeto e são escolhidos a dedo. “Esses militares são selecionados pelos superiores pelo seu comportamento e empatia com as pessoas e são encarados como ídolos junto das populações”, esclarece Thiemann.
Balanço final
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Criação de horta
Para Otavio Thiemann e Marcia Branciforti, um fato que deve ser enaltecido é a participação dos alunos da USP de São Carlos na Operação Palmares, principalmente no que diz respeito à competência, entrega, dedicação e preocupação com todos os detalhes que envolveram seu trabalho e que resultaram, dentre outros fatores, em uma relação muito próxima e extremamente coordenada e amistosa junto das comunidades abrangidas, trabalhando afincadamente, enfrentando e resolvendo alguns problemas, por forma a que tudo desse certo. Marcia e Otavio afirmam que vão querer repetir a experiência – talvez não imediatamente -, independente do fato de terem que ficar longe das famílias, o que, de alguma forma, é sempre penoso: contudo, segundo eles, vale a pena o sacrifício em prol de comunidades carentes. “Foi uma experiência fantástica!”, concluem ambos.
Clique na imagem abaixo para assistir a um pequeno vídeo (autoria do aluno Gabriel Linares Silveira Batista) que ilustra bem a alma do Rondon.
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Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP