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20 de agosto de 2018

A USP/São Carlos no Projeto Rondon – “Operação Palmares”

Realizou-se entre os dias 13 e 29 de julho último, no estado de Alagoas, mais uma edição do Projeto Rondon, ao qual foi dado o nome de Operação Palmares, cujo intuito foi levar oficinas de capacitação a doze municípios daquele estado.

Os professores e estudantes voluntários chegaram a Maceió no dia 13 de julho e ficaram hospedados no 59º Batalhão de Infantaria Motorizado do Exército Brasileiro para as atividades de abertura e integração entre as equipes das diversas Instituições de Ensino Superior. Entre elas esteve a equipe que representou o Campus USP de São Carlos, constituída pelos Profs. Otavio Thiemann (IFSC/USP) (Coordenador) e Marcia Cristina Branciforti (EESC/USP), e os alunos Rassiê Tainy de Paula (Licenciatura Ciências Exatas – Hab. Química – IFSC/IQSC/ICMC), Jéssica Cristina Ramos (Licenciatura Ciências Exatas – Hab. Física – – IFSC/IQSC/ICMC), Renata Gonçalves Fernandes (Bacharelado em Química – Ênfase Gestão da Qualidade – IQSC), Priscille Dreux Fraga (Engenharia Ambiental – EESC), Mário Berni De Marque (Engenharia Ambiental – EESC), Carolina Silva Costa (Engenharia Civil – EESC), Gabriel Linares Silveira Batista (Engenharia Aeronáutica – EESC) e Thiago Borges Gobbo de Melo (Bacharelado em Sistemas de Informação – ICMC), tendo como destino a cidade de Olivença, localizada no coração do sertão alagoano.

Equipe com líder da comunidade rural

Desenvolvido pelo Ministério da Defesa, em parceria com governos estaduais, municipais e Instituições de Ensino Superior (IES) públicas e privadas, o Projeto Rondon tem como missão contribuir para a formação do jovem universitário como cidadão e para o desenvolvimento sustentável das comunidades carentes. A primeira operação do Projeto RondonOperação Piloto ou Operação Zero -, ocorreu em julho de 1967, e, na altura, contou com a participação de 30 alunos e dois professores oriundos de universidades localizadas no Rio de Janeiro, que desenvolveram suas atividades em diversos locais no estado de Rondônia.

Vista aérea de Olivença

O Projeto Rondon tem como objetivo beneficiar os municípios previamente selecionados com o envio de professores e alunos universitários de diferentes áreas do conhecimento. Poderosa ferramenta de transformação, tanto de universitários quanto das comunidades beneficiadas, o Projeto Rondon prioriza a formação de multiplicadores entre produtores, agentes públicos, professores e lideranças locais, permitindo, com isso, que as ações tenham efeitos duradouros, favorecendo no longo prazo a população, a economia, o meio ambiente e a administração locais. O aprimoramento de valores humanitários dos rondonistas manifesta-se na intensificação do sentimento de responsabilidade social e coletiva, em prol da cidadania, de defesa dos interesses nacionais, contribuindo na sua formação acadêmica e proporcionando-lhe o conhecimento da realidade brasileira.

Otavio Thiemann

Pessoa com elevado espírito humanitário, o Prof. Otavio Thiemann já cogitava, desde há alguns anos, participar do Projeto Rondon, até porque se trata do maior projeto de extensão universitária do Brasil, algo que não passa despercebido a quem, como ele, nutre uma vontade enorme de apoiar e integrar projetos de índole social. “Ano passado, um grupo de alunos me procurou e fizeram o convite para eu integrar, como professor coordenador, a equipe que estava sendo formada para apresentar um projeto e atuar no Projeto Rondon de 2018, comenta Thiemann. Mesmo sem saber onde iriam ocorrer as atividades, o docente do IFSC/USP aceitou imediatamente o convite: mais tarde, soube que o destino seria o estado de Alagoas, na designada Operação Palmares, que incluía doze municípios, entre os quais a cidade de Olivença, onde se desenrolariam todas as atividades da equipe.

Marcia Branciforti

Cada equipe tem que ter dois docentes, um deles assumindo a função de coordenador, sendo que houve algumas dificuldades em compor a equipe do Campus USP de São Carlos: enquanto os alunos estavam perfeitamente organizados e prontos para a missão, arranjar um docente disponível para completar o grupo foi complicado, em virtude de compromissos assumidos pelos docentes e do projeto se desenrolar em pleno período de férias. Quase na véspera da partida e por fortes motivos pessoais, um dos docentes convidados para participar foi obrigado a se afastar do projeto, tendo a Profª Marcia Cristina Branciforti aceitado o inesperado convite feito por Otavio Thiemann e substituído seu colega. “Foi um sufoco, uma correria, pois tive que alterar todo meu calendário de férias dois dias antes de viajar”, salienta Marcia, acrescentando que aceitou de imediato o convite, pois desde 2012 que desejava participar do projeto, mas, devido a diversos compromissos, nunca conseguiu concretizar essa aspiração. “Também foi um desafio enorme participar de um projeto que foi montado por outras pessoas e decidir passar dezessete dias longe de casa e da família com um grupo completamente desconhecido”, pontua a docente.

Cada cidade inserida na Operação Palmares recebeu duas equipes – Tecnologia e Saúde – sendo que a equipe do Campus USP de São Carlos estava inserida na área de “Tecnologia”, na cidade de Olivença, voltada para várias temáticas, como, por exemplo, indústria, agropecuária, empreendedorismo e educação, com a realização de inúmeras oficinas ministradas pelos alunos e que foram ocorrendo nos períodos da manhã, tarde e noite, ao longo das semanas que durou o evento.

Saliente-se que as cidades são escolhidas pela coordenação-geral do Projeto Rondon, pelo que, em fevereiro último, o Prof. Otavio Thiemann participou da designada Viagem Precursora, com visita à cidade de Olivença, para ali fazer um levantamento das necessidades, bem como um primeiro contato com a Prefeitura local.

 

A realidade de Olivença

Oficina de robótica

Para a Profª Marcia Branciforti, o que mais a fascinou foi o fato da cidade de Olivença estar longe de tudo, principalmente da capital do estado, Maceió, bem no meio do sertão alagoano. “Quando chegamos à cidade constatamos que era minúscula, com cerca de 11.700 habitantes, sendo que 80% deles residem e trabalham no campo”. No que diz respeito às oficinas, os alunos realizaram mais de trinta, tendo repetido algumas a pedido da própria população, que acolheu os rondonistas uspianos de forma extraordinária. “Um viés das oficinas foi voltado para o público infanto-juvenil, algo que teve muito impacto nas comunidades locais, todas elas com muita carência do tipo de atividades que organizamos – robótica, construção de brinquedos, cidades desenhadas, entre outras. Já no público adulto, o grande interesse esteve na oficina de empreendedorismo, que teve que ser desdobrada para dar resposta aos pedidos feitos pela população”, elucida Otavio Thiemann.

Empreendedorismo

Oficina “Cidade Desenhada”

Olivença não possui qualquer empresa instalada em seu território. A população divide-se nas tarefas rurais, ocupando alguns (pouquíssimos) cargos públicos no centro da cidade, ou subsistindo graças ao programa “Bolsa Família”. Então, é fácil de imaginar que todo o mundo que participou das oficinas de empreendedorismo tinha (e tem) o intuito de montar o seu pequeno negócio, pelo que a participação foi enorme. Outra oficina que atraiu interesse foi a criação de hortas individuais, tendo em vista a criação de hortas comunitárias no futuro, independente da escassez de água naquela região, que é um problema grave.

A figura do “Anjo”

Como complemento importante do sucesso desta edição do Projeto Rondon, coube ao 59º Batalhão de Infantaria (Maceió) designar treze militares, entre sargentos e oficiais, cabendo a cada um acompanhar o desenrolar do processo em cada cidade. Eles foram importantes no auxílio às equipes de rondonistas, estabelecendo elos com as comunidades locais e reportando as necessidades à sua unidade. A presença de cada militar junto das comunidades foi uma espécie de tônico para elas, uma garantia de segurança e confiança. Eles são chamados de “Anjos” neste projeto e são escolhidos a dedo. “Esses militares são selecionados pelos superiores pelo seu comportamento e empatia com as pessoas e são encarados como ídolos junto das populações”, esclarece Thiemann.

Balanço final

Criação de horta

Para Otavio Thiemann e Marcia Branciforti, um fato que deve ser enaltecido é a participação dos alunos da USP de São Carlos na Operação Palmares, principalmente no que diz respeito à competência, entrega, dedicação e preocupação com todos os detalhes que envolveram seu trabalho e que resultaram, dentre outros fatores, em uma relação muito próxima e extremamente coordenada e amistosa junto das comunidades abrangidas, trabalhando afincadamente, enfrentando e resolvendo alguns problemas, por forma a que tudo desse certo. Marcia e Otavio afirmam que vão querer repetir a experiência – talvez não imediatamente -, independente do fato de terem que ficar longe das famílias, o que, de alguma forma, é sempre penoso: contudo, segundo eles, vale a pena o sacrifício em prol de comunidades carentes. “Foi uma experiência fantástica!”, concluem ambos.

 

Clique na imagem abaixo para assistir a um pequeno vídeo (autoria do aluno  Gabriel Linares Silveira Batista) que ilustra bem a alma do Rondon.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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