COVID-19

25 de janeiro de 2021

COVID-19 – Pesquisadores propõem novas estratégias e políticas públicas para diagnóstico

Em um Artigo de Revisão publicado em dezembro de 2020 pela revista “ACS Sensors”, os pesquisadores Isabela A. Mattioli, Ayaz Hassan e Frank N. Crespilho, todos do Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), e Osvaldo Novais de Oliveira Junior, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), discutiram as metodologias usadas para o diagnóstico da COVID-19. Além de explicar os princípios de detecção de material genético do vírus e de anticorpos gerados pela infecção, os pesquisadores identificaram os desafios para detectar e combater não só a COVID-19, como também outras epidemias. Propuseram, também, a adoção de políticas públicas para minimizar a atual pandemia, e evitar que outras possam ter efeito tão devastador. O maior problema é o custo da detecção em estágios iniciais da infecção pelo vírus, principalmente para quem não apresenta sintomas. De fato, o diagnóstico da COVID-19 tem sido e continuará a ser um desafio para que se consiga realizar testes em larga escala. Acrescente-se que são necessários diferentes tipos de detecção, não só de material genético hoje feito com a técnica PCR (de polymerase chain reaction), mas também de anticorpos para cobrir as diferentes fases de evolução da doença.

Recomendações

Uma das primeiras recomendações da equipe de pesquisadores da USP de São Carlos foca na necessidade de serem investidos mais recursos em pesquisa e tecnologia para diagnósticos (não só de COVID-19) que permitam a segurança da humanidade. Para tanto, o primeiro ponto essencial é desenvolver a indústria de biotecnologia que possa prover ferramentas de diagnóstico para o mundo inteiro. O segundo ponto é a criação de alternativas de baixo custo para detectar material genético e anticorpos, além de metodologias de diagnóstico que empreguem reconhecimento de padrões. Essas últimas metodologias poderiam minimizar eventuais limitações ocasionadas pela falta de indústria de biotecnologia. As recomendações foram motivadas pelo fracasso de muitos países, inclusive o Brasil, em implementar testes em massa durante a atual pandemia.

Estratégias emergentes 

Para o grupo de pesquisadores, o diagnóstico de COVID-19 pode ser melhorado e estendido se forem exploradas diversas estratégias de detecção. O objetivo seria desenvolver métodos de baixo custo e de maior precisão para testes em massa. Como exemplos foram mencionados os biossensores feitos com papel, biossensores plasmônicos e o uso de inteligência artificial com métodos de reconhecimento de padrões. Biossensores de papel e outros descartáveis já foram usados em diagnóstico de outras doenças e podem ser adaptados para a COVID-19. Além disso, tais biossensores permitem detecção com equipamentos de baixo custo, sem requerer laboratórios clínicos e profissionais especializados (ao contrário do que ocorre hoje com PCR).

Sobre o mencionado uso de inteligência artificial, no artigo os pesquisadores apresentaram um roteiro de como técnicas de aprendizado de máquina podem ser usadas para diagnosticar a COVID-19, e outras doenças, mesmo sem empregar equipamentos sofisticados. Este é um tópico de grande efervescência no Brasil, e há expectativa de contribuições relevantes para diagnóstico e para desenvolver a chamada Medicina Personalizada.

O trabalho foi desenvolvido no âmbito de um Projeto Temático da FAPESP, e da Rede de Pesquisa em Metabolômica e Diagnóstico da Covid-19 (MeDiCo) patrocinado pela CAPES e coordenada pelo Prof. Frank Crespilho. Teve também apoio do CNPq.

Para acessar este artigo, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

16 de dezembro de 2020

IFSC/USP – Genossensor detecta o RNA do SARS-CoV-2

A  pandemia do COVID-19 evidenciou a necessidade de testes rápidos, precisos e de baixo custo.

Da experiência de muitos países, constatou-se que uma gestão adequada para minimizar os efeitos da pandemia depende da testagem em larga escala, como recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Duas abordagens principais têm sido utilizadas para detecção, sendo que nem sempre são adequadas para diagnóstico.

O método útil para detectar material genético do vírus SARS-CoV-2, que causa a COVID-19, é o chamado RT-PCR (de real-time polymerase chain reaction em inglês). O RT-PCR é sensível com alta taxa de acerto e pode detectar a infecção pelo vírus mesmo na ausência de sintomas.

A segunda abordagem consiste em detectar anticorpos induzidos pela infecção, o que tem sido feito por meio de testes sorológicos, ou testes rápidos. Em ambos os casos, a detecção de anticorpos é feita com imunossensores, que são biossensores contendo antígenos específicos para o anticorpo que se deseja detectar. Entretanto, como uma pessoa infectada pode demorar para gerar anticorpos, a detecção com imunossensores não se mostra adequada para o diagnóstico de infecção.

O grande problema de fazer o diagnóstico com o RT-PCR é o alto custo do teste, que requer equipamentos sofisticados e que só podem ser operados por técnicos especializados. Além disso, o teste é demorado, pois o processo todo requer algumas horas. Esses fatores podem explicar porque a porcentagem da população testada no Brasil é ainda muito baixa.

Uma alternativa para o RT-PCR seria empregar genossensores, que são biossensores que permitem a detecção de material genético, inclusive de vírus, a um custo muito menor, por não demandar o uso de equipamentos caros, ou sofisticados. De fato, já há genossensores para diagnosticar muitas doenças e o desenvolvimento de genossensores para o SARS-CoV-2 parece um caminho natural.

É isso que uma equipe multidisciplinar e multi-institucional acaba de fazer. Numa parceria entre pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), Embrapa Instrumentação de São Carlos, Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe, de Curitiba, e a Start U Cloning Solutions, foi criado um genossensor que pode ser capaz de detectar o RNA do SARS-CoV-2.

Coverart – COVID-Sensor

O genossensor é um produto da nanotecnologia, consistindo de uma camada ultrafina de um ácido e de uma sequência de DNA do SARS-CoV-2 (chamada de sonda), depositada sobre uma lâmina de vidro recoberta com ouro. Nos testes realizados pelo grupo, foi detectada uma sequência de DNA que simula o RNA do SARS-CoV-2. O resultado só é considerado positivo quando a sonda “reconhece” o DNA que simula o vírus. Os pesquisadores investigaram quatro técnicas para a detecção, a saber: medidas de impedância elétrica, medidas de impedância eletroquímica, medidas ópticas e análise de imagens dos genossensores empregando algoritmos de aprendizado de máquina (inteligência artificial).

A razão pela qual foram empregadas várias técnicas é para garantir um diagnóstico preciso de diferentes formas. Com medidas de impedância, por exemplo, consegue-se detectar o material genético com uma sensibilidade superior à da RT-PCR. Além disso, as medidas podem ser feitas utilizando um equipamento recém desenvolvido por pesquisadores do IFSC/USP e Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), cujo custo de componentes é inferior a  R$ 1.000,00.

Outra grande inovação no trabalho é o diagnóstico por análise de imagens, em que são obtidas imagens de microscopia dos genossensores que tiveram contato com amostras do DNA que simula o SARS-CoV-2. Essas imagens são processadas com técnicas computacionais para reconhecimento de padrões, uma estratégia de aprendizado de máquina, e o diagnóstico de positivo para o DNA do SARS-CoV-2 é obtido com precisão acima de 99%. O interessante dessa abordagem é que ela dispensa o uso de  equipamentos de medida: basta obter uma imagem. No trabalho desenvolvido, isso foi feito utilizando microscopia eletrônica de baixa resolução, mas os pesquisadores acreditam que o mesmo pode ser feito utilizando microscópios ópticos, que são muito mais acessíveis.

No trabalho realizado pela equipe, até o momento ainda não foram usadas amostras de pacientes, o que está previsto em uma próxima fase. A partir da experiência da equipe e de resultados da literatura para outros genossensores, acredita-se ser possível diagnosticar a COVID-19 em amostras de saliva ou de outros fluidos, como se faz hoje com o PCR.

Os resultados sobre esses genossensores foram consolidados num artigo recém submetido para publicação em 11 de dezembro de 2020 (portanto, ainda aguardando revisão por pares), intitulado “Detection of a SARS-CoV-2 sequence with genosensors using data analysis based on information visualization and machine learning techniques” (VER AQUI).

A equipe tem expectativa que pesquisadores e empresas possam empregar a tecnologia descrita no artigo para criar testes com genossensores em larga escala. A divulgação imediata dos resultados, mesmo antes da análise por uma revista científica, se deve à urgência da busca por soluções para o diagnóstico efetivo e de baixo custo da COVID-19.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

15 de dezembro de 2020

Programa “USP VIDA” em apoio à pesquisa na Universidade

A Universidade de São Paulo (USP), ao participar intensamente no enfrentamento da COVID-19, com a atuação de seus cientistas, pesquisadores, professores e funcionários técnicos e administrativos, confirma que a ciência ocupa papel central nos desafios apresentados por uma pandemia que tem trazido impactos em todo o mundo.

Diante dessa que pode ser considerada a pior crise dos últimos tempos, as universidades, centros e laboratórios de pesquisa têm desempenhado sua missão de modo extraordinário na busca incessante para encontrar meios de conter a doença, sendo que a USP tem despendido todos seus esforços na busca de soluções em vacinas, medicamentos, desenvolvimento de testes, higienização, equipamentos e logística. E, ao mesmo tempo, não deixa de atuar direta e indiretamente nos diagnósticos, no atendimento hospitalar e nas internações.

Exemplos recentes podem ser destacados: o sequenciamento do vírus feito em tempo recorde o que possibilitou o trabalho de muitos laboratórios na busca incessante de antivirais e fármacos; e o desenvolvimento de um ventilador pulmonar mecânico, que poderá ser produzido por custo de R$ 1 mil frente aos R$15 mil cobrados em média no mercado.

Também foi criada a Rede USP para o Diagnóstico da Covid-19 em cinco centros de pesquisa da Universidade, com a missão de realizar diagnósticos moleculares, e o envolvimento de 17 laboratórios.

A luta frente à COVID-19, entretanto, é ampla.

A USP pode e deve fazer muito mais, mas precisa de sua ajuda. O Programa USP Vida foi criado com a finalidade de fazer avançar as pesquisas e ações na superação da covid-19.

Sua doação é a chave para progredirmos. Você poderá escolher em que pesquisa prefere doar – aplicar no desenvolvimento de vacina; em ações diagnósticas; no desenvolvimento de novos fármacos; em material de proteção para pacientes, profissionais da saúde e a sociedade em geral; ou no desenvolvimento de equipamentos. Pode, ainda, direcionar sua doação para um fundo único para que o Comitê Gestor aplique na pesquisa mais avançada no momento.

No site https://www.fusp.org.br/usp-vida você encontrará as formas de doações para pessoas jurídicas e físicas. As doações podem ser feitas por meio de depósito em conta corrente ou por pagamento em cartão de crédito.  Os recursos arrecadados serão gerenciados por um Comitê Gestor de Cientistas, coordenado pelo pró-reitor de Pesquisa da USP, e alocados em conta específica na Fundação de Apoio da Universidade de São Paulo – FUSP. Informações adicionais ou dúvidas podem ser encaminhadas ao e-mail: parcerias_usp@usp.br

Faça a diferença, doe e contribua para ajudar a salvar vidas.

DOE AGORA! Acesse https://www.fusp.org.br/usp-vida.

PROGRAMA USP Vida

(Com informações e imagens do Jornal USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de novembro de 2020

IFSC/USP produz “pseudo-virus” SARS-Covid-2 em laboratório comum

Uma pesquisa realizada no Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) permitiu desenvolver um “pseudo-vírus” do SARS-Covid-2 destinado a estudar a ação e eficácia de novos fármacos em laboratórios de classe-2, ou seja, em laboratórios considerados perfeitamente comuns, existentes nas universidades e em centros de pesquisa

O pesquisador do IFSC/USP, Prof. Francisco Gontijo Guimarães, coordenador das pesquisas relacionadas ao “pseudo-vírus”, explica que esse falso vírus – produzido pelo bolsista da FAPESP, Dr. Mohammad Sadraeian – é uma partícula viral que possui todas as propriedades do vírus SARS-Covid-2, com a diferença que ele não infecta as células, permitindo que se estude aprofundadamente a eficácia de um fármaco no vírus real, ou a neutralização de sua ação nas células

Produzido nos laboratórios do IFSC/USP, o “pseudo-vírus” já foi sujeito a um estudo aprofundado sobre sua interação e internalização em células pulmonares, a neutralização do vírus pelos anticorpos específicos que o corpo humano produz, e, ainda, suas características físicas.

Por outro lado, estão sendo realizados estudos no sentido de se netutralizar o vírus por ação de Terapia Fotodinâmica e o uso de radiação UVC (in vivo). “ A grande vantagem do desenvolvimento do “pseudo-vírus” é que podemos fazer as pesquisas de forma fácil em laboratórios menos complexos. Assim, em vez de trabalharmos com o vírus real, que é impossível neste momento, trabalhamos com uma cópia fiel e inofensiva”, sublinha Francisco Guimarães.

Esta pesquisa está inserida em um projeto aprovado pela CAPES para o fomento às pesquisas da COVID-19, projeto esse que também aprovou outras duas pesquisas realizadas em nosso Instituto e que serão divulgadas em breve, pelo que todas elas se cruzam entre si em uma única direção. A primeira, desenvolvida pelo Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano), coordenado pelo Prof. Valtencir Zucolotto, tem como objetivo criar sistemas de entrega de moléculas para tratamento da COVID-19, enquanto a segunda, desenvolvida no Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar), coordenada pelos Profs. Glaucius Oliva e Rafael Guido, tem como objetivo o desenvolvimento de novos fármacos para combater a COVID-19.

Estes trabalhos de pesquisa vêm consolidar a tradição que o  IFSC/USP tem em estudos para o tratamento de vírus, como, por exemplo, aquele que foi feito para o HIV.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de setembro de 2020

“Programa Experimental de Sanitização do Ar” no Hospital da Unimed São Carlos

O Hospital da Unimed São Carlos recebeu um Sanitizador de Ar, desenvolvido Grupo de Óptica do IFSC/USP, sob a supervisão do pesquisador Prof. Vanderlei Bagnato, contribuindo com o experimento do grupo sobre o equipamento que promove a descontaminação de partículas suspensas no ar. O experimento conta também com a Bióloga, Thaila Quatrini Corrêa, e a Biomédica, Kate Blanco, ambas do CEPOF – IFSC/USP.

Os circuladores de ar com reatores a luz UVC foram idealizados para descontaminar o ar de forma continua, até porque gotículas e aerossóis expelidos à medida que as pessoas falam, respiram ou tossem, estão carregados de microorganimos contidos na saliva e nas vias respiratórias. Em locais de alta circulação e de estadia de pessoas, estes equipamentos serão, certamente, indispensáveis. A princípio, o sistema opera com grande segurança e sem risco para as pessoas, podendo ser empregado em diversas situações.

Resultados

No Hospital da Unimed São Carlos, o equipamento foi alocado em diferentes ambientes: recepção do pronto atendimento 24 horas, sala de triagem e sala de medicação. Ao final, o grupo verificou que, em média, pode-se afirmar que os circuladores de ar com luz ultravioleta foram capazes de reduzir acima de 1 log (90%) de microrganismos presentes no ar do ambiente avaliado, correspondendo a uma grande melhora da situação microbiana do ambiente.

Como funciona o Sanitização do Ar?

O novo equipamento faz com que todo ar existente em um determinado recinto circule rapidamente por um sistema, que, usando radiação UVC interna, descontaminando o mesmo de forma rápida. Além disso, o sistema desenvolvido promove um gradiente de pressão, proporcionando a decantação mais rápida das partículas que, estando no chão, não chegam facilmente à área de respiração das pessoas. Em outras palavras, o sistema remove as partículas da área de respiração, sem causar poeiras, diminuindo as chances de contágio.

(In: UNIMED São Carlos)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

11 de agosto de 2020

COVID-19 – Tirando dúvidas sobre a utilização da luz ultravioleta

Interpretada como um benefício no auxílio à prevenção e combate à COVID-19, a luz ultravioleta tem vindo a ocupar um lugar de destaque nos esforços que têm sido feitos pelos cientistas brasileiros no enfrentamento à pandemia. Nesse âmbito, os equipamentos criados e desenvolvidos pelos pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) têm tido destaque nos principais meios de comunicação. Contudo, embora as explicações sobre este método de descontaminação tenham sido largamente difundidas, o certo é que ainda existem dúvidas sobre o mesmo. Sabe-se, por exemplo, que a faixa de luz ultravioleta utilizada para descontaminação de objetos, pisos, ar e água, é a UVC, já que ela é germicida, atendendo a que todas as outras faixas desta luz não eliminam os vírus e bactérias. Por outro lado, existe ainda alguma confusão na aplicação desta luz ultravioleta.

Por exemplo, alguns supermercados instalaram e começaram a utilizar as designadas “Cabines de Luz Ultravioleta para Desinfecção de Compras”, algo que está provado que não atinge as expectativas no combate ao novo coronavírus. Neste caso concreto, o que funciona mesmo são as medidas tradicionais e caseiras de limpeza e de desinfecção preconizadas pelas autoridades de saúde ao consumidor – a lavagem das mercadorias com água corrente, se assim possível, e a aplicação moderada de produtos desinfetantes, como álcool 70 o ou hipoclorito de sódio (clique neste link http://www.cvs.saude.sp.gov.br/zip/E_CM-CVS-SAMA-29_2020.pdf

Neste sentido, o Centro de Vigilância Sanitária de São Paulo, órgão coordenador do Sistema Estadual de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo, entrevistou recentemente o diretor do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, especialista sobre o assunto, tendo o mesmo esclarecido alguns aspectos técnicos fundamentais para compreender os benefícios do emprego da luz UVC e os possíveis riscos relacionados aos seus diferentes usos.

Para ler essa entrevista, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

6 de julho de 2020

Rede de contatos sociais influencia cenário da pandemia de COVID-19

Imagine uma cidade com 100 mil habitantes se deslocando, diariamente, a destinos comuns e cotidianos: escola, trabalho, atividades religiosas, atendimentos médicos e atividades de lazer, entre outros, inclusive utilizando ou não o transporte público. Em tempos de pandemia, como vivemos atualmente, é possível estimar como esses deslocamentos podem influenciar na transmissão de um vírus? De acordo com uma equipe de cientistas do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP e do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC), também de São Carlos, a resposta é sim. A garantia dos especialistas vem de um novo modelo matemático desenvolvido por eles que é baseado em redes complexas e de múltiplas camadas. O ComplexVid-19, como foi denominado, pode, assim, fornecer dados mais precisos de uma população de qualquer cidade, ou até mesmo de todo um país.

ComplexVid-19 é um aprimoramento do conhecido modelo matemático SIR, que é aplicado ao estudo de epidemias analisando possíveis ações futuras e suas consequências. “Construímos um modelo robusto que leva em conta todas as possibilidades avaliando o comportamento cotidiano de uma população”, descreve o Prof. Odemir Bruno, do Grupo de Computação Interdisciplinar do IFSC/USP.

Sociedade Virtual

Na prática, os cientistas inserem dados reais no modelo ComplexVid-19 e, de acordo com os resultados, podem estimar as principais ações que devem ser tomadas pelos gestores. Esses dados estão todos disponíveis publicamente por entidades como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e outros órgãos públicos. A partir desta inserção, é possível simular a inclusão de um ou mais indivíduos “infectados” no sistema ComplexVid-19 e analisar seus comportamentos cotidianos.

Infográfico: Beatriz Abdalla/Jornal da USP com ícones de flaticon

 

“Poderemos criar no ComplexVid-19 uma sociedade virtual, porém com dados reais. E isso pode incluir dados de populações de um país como o Brasil, de um estado como o Rio de Janeiro, uma cidade como São Paulo, ou um bairro, por exemplo”, descreve Bruno.

Dados públicos informam desde o número de crianças matriculadas em escolas, quantidade de trabalhadores, usuários do transporte público em horários diversos, frequentadores de templos religiosos e o número estimado de pessoas hospitalizadas pela covid-19, entre outros. “É justamente a partir desses dados que é formada uma rede complexa. Agora imagine incluirmos um grupo de ‘infectados’ nessa sociedade virtual. Teremos então uma simulação mais precisa da circulação do vírus”, estima o pesquisador.

“É assim que o ComplexVid-19 aprimora o modelo SIR tradicional e poderá ser aplicado ao estudo da epidemia de covid-19 no Brasil, analisando possíveis ações futuras e suas consequências”, garante Leonardo F. S. Scabini. Ele faz parte da equipe do professor Odemir Bruno, que em breve publicará um artigo sobre o novo modelo numa conceituada revista internacional de física.

Redes Complexas e o Modelo SIR

O SIR é um dos modelos epidêmicos mais conhecidos e utilizados em doenças infecciosas. O modelo considera uma população fixa com apenas três compartimentos: suscetíveis (S), indivíduos saudáveis mas que podem contrair a doença; infectados (I), aqueles que contraíram a doença e são capazes de infectar os suscetíveis; e recuperados (R), que não podem contrair a doença novamente. Daí a sigla SIR.

Mas como explica Scabini, no mundo real os contatos físicos dependem de muitas interações sociais e as pessoas só contraem a doença se estiverem em contato com um indivíduo infectado. “É por isso que uma rede complexa de interações sociais se aproxima melhor da realidade e nos ajuda a entender o comportamento da doença”, explica.

A rede complexa do ComplexVid-19 é caracterizada por considerar estatísticas de infecção, morte e tempo de hospitalização. Para simular isolamento, distanciamento social ou medidas de precaução, em seu trabalho os pesquisadores removeram camadas e/ou reduziram a intensidade dos contatos sociais. Os resultados mostram que, mesmo tomando várias premissas otimistas, os atuais níveis de isolamento no Brasil ainda podem levar ao colapso do sistema de saúde e a um número considerável de mortes (média de 149.000).

Gráficos Fonte: Hospital John Hopkings – Foto: Reprodução/COmplexVID-19

 

De acordo com o professor Odemir Bruno, o ComplexVid-19 já está disponível para utilização. “Principalmente gestores públicos que estiverem interessados em aplicar o modelo em suas realidades”, avisa. Para tanto, basta que se tenha em mãos dados estatísticos da população local para serem inseridos no sistema.

O trabalho teve início em março deste ano e deverá ser publicado em breve numa publicação especializada.

A equipe de pesquisadores coordenada pelo professor Odemir Bruno é composta por Leonardo F. S. Scabin e Altamir G. B. Junior (IFSC), Lucas C. Ribas, Mariane B. Neiva e Alex J. F. Farfán, todos do ICMC.

(In Jornal da USP/ Antonio Carlos Quinto)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

3 de julho de 2020

Jovens pesquisadores combatem COVID-19 sem bolsas

Cientistas solicitam criação de programa emergencial de bolsas de pós-graduação e pós-doutorado

Cientistas começaram recentemente a se movimentar no sentido de ser criado um programa emergencial de atribuição de bolsas de pós-graduação e de pós-doutorado destinadas aos jovens cientistas que, em todo o país, se encontram na linha da frente no combate à COVID-19. Com a crise desencadeada pela pandemia, o governo foi obrigado a lançar um programa emergencial de apoio à população, principalmente junto aos milhões de pessoas que ficaram subitamente sem renda. Agora, nos laboratórios das universidades e centros de pesquisa, cujo trabalho prioritário é buscar soluções para combater a COVID-19, o drama assola um imenso lote de jovens cientistas impossibilitados de se sustentar e às suas famílias, uma situação provocada pelo substancial contingenciamento dos investimentos públicos nas áreas de ciência e tecnologia, e principalmente, pelo corte na atribuição de bolsas. Muitos desses jovens pesquisadores estão neste momento em busca de outras soluções profissionais, longe de seus laboratórios e de suas especializações.

Sob os auspícios do governo, CNPq e CAPES poderiam, na opinião desses cientistas, criar um programa emergencial de bolsas de pós-graduação e de pós-doutorado, suprindo estas dificuldades que acarretam graves prejuízos para o país.

Dando como exemplo o Campus da USP de São Carlos, o número de jovens pesquisadores que estão enfrentando a pandemia, sem qualquer provento, é preocupante. Um levantamento inicial feito pela Associação de Pós-Graduandos indicou que há mais de 100 pesquisadores sem renda no Campus, dentre alunos de pós-graduação e pós-doutorandos. Muitos desses pesquisadores estão atuando em pesquisa para o combate da COVID-19.

Para o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, a situação dramática desses jovens cientistas tem que ser resolvida em curto prazo, até porque eles são indispensáveis nas pesquisas que continuam sendo desenvolvidas nos laboratórios:

“Estamos adaptando nossas tecnologias de biossensores para a detecção de COVID-19, e devido à urgência da demanda precisamos contar com profissionais experientes. Felizmente, temos uma equipe altamente qualificada, com doutoras e doutores que já publicaram dezenas de artigos em revistas científicas. Com seu espírito de solidariedade e amor à ciência, essas doutoras e esses doutores estão trabalhando no projeto de COVID-19. Para mim, é frustrante e constrangedor que várias delas e vários deles estejam sem bolsa ou emprego. Somente um programa emergencial de bolsas pode resolver esse problema no curto prazo. Assim como profissionais de diversas áreas estão recebendo apoio do governo e doações de entidades privadas, acredito que os cientistas jovens precisam ser apoiados. E não se trata de auxílio sem retorno, pois os jovens cientistas podem contribuir com seu trabalho, tanto nas soluções para os problemas trazidos pela pandemia da COVID-19, quanto para muitas outras áreas em que há carência no País.”

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

2 de julho de 2020

Biossensor será adaptado para realizar o diagnóstico do coronavírus

Foto ilustrativa

Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, que desenvolveram um biossensor para detectar câncer de cabeça e pescoço, vão adaptar a tecnologia para detectar o vírus da COVID-19, aliás, como foi anteriormente sugerido, em noticia veiculada no nosso site (AQUI) pelo docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior .

O objetivo é introduzir no biossensor já existente uma sequência de DNA capaz de identificar o vírus. Para o dispositivo chegar aos hospitais, o grupo de pesquisa busca parcerias para acoplar o biossensor a equipamentos de medida portáteis e realizar sua produção em larga escala.

“Biossensores podem ser definidos como dispositivos analíticos capazes de detectar a concentração ou presença de um alvo utilizando sondas biomoleculares, materiais derivados biologicamente ou biomiméticos (que imitam o comportamento biológico)”, afirma Paulo Raymundo Pereira, pesquisador do IFSC que participa do projeto. “Eles estão intimamente associados ou integrados a um transdutor físico-químico ou microssistema de transdução, os quais permitem acompanhar os resultados da detecção.”

Paulo Augusto Raymundo Pereira (arquivo pessoal)

O pesquisador explica que o biossensor possui três componentes principais. “Um deles é uma biomolécula de reconhecimento que interage especificamente ou captura o alvo da análise”, relata. “Também há um dispositivo ou transdutor para converter um evento biológico alvo-biorreceptor em um sinal mensurável e um equipamento para processar a saída de sinal quantificável.”
De acordo com Pereira, os elementos biológicos receptores mais comuns utilizados para fabricação de biossensores são enzimas, organelas, células, tecidos, antígenos, anticorpos, ácido desoxirribonucleico (DNA), ácido ribonucleico (RNA), aptâmeros, lipossomas, lipídios e microorganismos. “Os transdutores tipicamente empregados são ópticos, eletroquímicos, piezoelétrico, acústico de superfície, fenômenos magnéticos, termistores e eletroquimiluminescentes”, conta. “Um sinal é geralmente produzido como uma resposta de uma interação específica entre a molécula-alvo e um biorreceptor, com esse evento sendo medido e registrado.”

Genossensores

Os pesquisadores do IFSC desenvolveram genossensores capazes de detectar a metilação do DNA do gene MGMT (do inglês o6-methylguanine DNA methyltransferase). “A metilação está envolvida na oncogênese do carcinoma espinocelular de cabeça e pescoço e pode ser usada na detecção precoce do câncer para aumentar as chances de cura, mas infelizmente o diagnóstico geralmente é feito nos estágios finais da doença”, ressalta Pereira.

O estudo foi realizado em parceria com o Hospital do Amor, em Barretos (interior de São Paulo).

(Adaptado do texto da autoria de Júlio Bernardes/Jornal da USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de junho de 2020

Sistema de descontaminação do ar desenvolvido pelo IFSC/USP

Um novo equipamento desenvolvido no Grupo de Óptica do IFSC/USP (EMBRAPII), sob a supervisão do pesquisador Prof. Vanderlei Bagnato, promove a descontaminação de partículas suspensas no ar, minimizando as chances de contaminação para os ocupantes de espaços fechados. O novo equipamento faz com que todo ar existente em um determinado recinto circule rapidamente por um sistema, que, usando radiação UVC interna, descontaminando o mesmo de forma rápida. Além disso, o sistema desenvolvido promove um gradiente de pressão, proporcionando a decantação mais rápida das partículas que, estando no chão, não chegam facilmente à área de respiração das pessoas. Em outras palavras, o sistema remove as partículas da área de respiração, sem causar poeiras, diminuindo as chances de contágio.

Para que minimize as chances de contágio, o sistema foi idealizado para descontaminar o ar de forma continua, até porque gotículas e aerossóis expelidos à medida que as pessoas falam, respiram ou tossem, estão carregados de microorganimos contidos na saliva e nas vias respiratórias.

Gotículas e aerossóis expelidos à medida que falamos, respirados ou tossimos. Normalmente carregados de microorganimos contidos na saliva e nas vias respiratórias

Além dos cuidados que se deve ter com equipamentos de uso pessoal (máscaras e higienização), bem como a descontaminação de utensílios, pacotes, mobílias, superfícies e assoalhos, ainda resta prestar atenção ao ar que nos envolve e que respiramos. Ao existir um indivíduo contaminado em uma sala, sua respiração, tosse, espirros e fala, ajuda a transmitir para o ar vírus e bactérias. Estas partículas permanecem no ar na forma de micro partículas, ou mesmo em aerossol por várias horas. Sendo abundantes na região de nossa respiração (dentro do volume de ar que se aspira), existem grande chances de que apenas respirando as pessoas adquiram os microorganismos. Independentemente das partículas expelidas na respiração, as vestes, cabelo e outras partes do corpo podem, também, carregar por algum período, partículas infectadas que são deixadas no meio ambiente. Mesmo utilizando máscaras, um pouco destas partículas vaza para o ambiente. Certamente, as máscaras diminuem muito estes fatores, mas não os anulam por completo.

Como funciona o sistema:

Para testar o sistema, foram colocados aerossóis contaminados dentro de um ambiente, e o circulador-descontaminador atuou neste sistema. Placas coletores de microorganismos foram colocadas no ambiente e foi comparada o acumulo e crescimento de microorganismos com e sem a ação do circulador. O resultado mostrou que após alguns minutos de circulação, nada mais se revela como contaminantes no ar.

O sistema funciona da seguinte maneira: um fluxo de ar quase laminar é criado próximo ao chão, arrastando as partículas em suspensão. O fluxo de ar e partículas passam pelo sistema com desinfecção em exposição intensa ao UVC e é retornado ao ambiente, por cima. Ao passar pelo UVC, em alguns segundos a descontaminação ocorre.

Experimentos realizados mostram que durante uma única passagem nesta intensa luz, 99,99% dos microorganismos são eliminados. Com diversas passagens, atinge-se alta diminuição microbiana. A operação do sistema é que a cada 15 mim, 100 m3 de ar circulam pelo sistema. Desta forma, quando ligado, todo o ar de uma sala de tamanho médio (5x5x4 m) passa pelo sistema a cada 15 minutos. A grande vantagem do sistema é que tudo que circula passa pelo processo de descontaminação, e aquilo que a pressão de cima para baixo ajuda a depositar no chão, representa menos risco às pessoas.

Várias salas do IFSC-USP (incluindo salas de aula) já estão sendo equipadas com este sistema, afim de permitir a circulação e manutenção de estudantes e funcionários essenciais , diminuindo riscos de contaminação.

Placas de Petri com meio de cultura após 24 horas da realização da coleta de E. coli nebulizada no ambiente. No topo quando não há ação de descontaminação observa-se um grande números de colônias. Após descontaminação observa-se mais de 100.000 vezes de decréscimo dos microorganismos

Em locais de alta circulação e de estadia de pessoas, estes equipamentos serão, certamente, indispensáveis. Em principio, o sistema opera com grande segurança e sem risco para as pessoas, podendo ser empregado em diversas situações.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

26 de junho de 2020

A importância da Nanotecnologia no combate à COVID-19

Prof. Valtencir Zucolotto (IFSC/USP)

Como toda tecnologia disruptiva, a nanotecnologia – área que desenvolve e utiliza materiais em escala nanométrica – tem sido amplamente requisitada para o enfrentamento da pandemia causada pelo vírus SARS-COV-2 e da COVID-19. Um resumo dos principais avanços da utilização da nanotecnologia e suas frentes é apresentado a seguir. Note-se que nosso objetivo é trazer uma visão realista daquilo que já está sendo feito e testado em laboratórios no mundo, sem considerar todos os possíveis caminhos pelos quais a Nanotecnologia, em conjunto com a biotecnologia e a (bio)medicina, ainda vão contribuir de maneira decisiva para o controle e erradicação da atual pandemia.

Diagnóstico: A área de diagnósticos tem sido amplamente beneficiada com estudos e aplicações da Nanotecnologia. Como exemplo, temos os kits de diagnóstico à base de nanopartículas que atuam no conceito de Point-of-Care (POC), para diagnóstico de doenças de maneira simples, sem a necessidade de grandes equipamentos e, sempre que possível, manuseados pelo próprio paciente. Esses sistemas estão em consonância com recentes determinações da OMS [1], que priorizam o diagnóstico genético ou de proteínas a partir de sistemas POC, direcionados à COVID-19. Nesse sentido, a Nanotecnologia pode e vem atuando de maneira importante na fabricação de kits de diagnóstico rápido, como o sistema desenvolvido pelo pesquisador Seo et al., [2] que utiliza Grafeno para detectar o vírus SARS-COV-2 em concentrações muitíssimo baixas, da ordem de femtoMolar (10-15 M). Em outro grupo de pesquisa, Chen et al. [3] relataram a utilização de chips de diagnóstico que utilizam nanopartículas do polímero poliestireno para a detecção eficiente de anticorpos anti-SARS-COV-2 em amostras de soro humano. Esses dispositivos são de simples manuseio e a presença de anticorpos é revelada numa região (uma tira de papel) do dispositivo na forma de listras coloridas, indicando testes positivos ou negativos.

Extraído de Ref 3: Chen et al., Anal. Chem., Just Accepted Manuscript • DOI: 10.1021/acs.analchem.0c00784 – BOX com dispositivo diagnóstico

Em outros dois trabalhos recentes, a importância da Nanotecnologia fica evidente ao se explorar as propriedades únicas de nanomateriais ópticos e magnéticos para diagnóstico, ou seja, as propriedades desses materiais que permitem seu uso nessas aplicações provavelmente não estariam presentes se o material fosse processado em uma escala maior (na macroescala). No primeiro trabalho, as propriedades ópticas únicas exibidas por nanopartículas de ouro depositadas num chip na forma de nanoilhas de ouro, são exploradas por Qiu et al. [4] para a fabricação de dispositivos muito eficientes para a detecção de material genético do vírus SARS-COV-2. A segunda pesquisa é de um grupo de pesquisadores chineses [5] que utiliza nanopartículas magnéticas (nanoimãs) para a extração de material genético do vírus da SARS-COV-2 em amostras de pacientes, de maneira mais rápida, o que permite que testes convencionais como o PCR (sigla para Polymerase Chain Reaction, que é o teste mais utilizado e mais preciso para diagnóstico da COVID-19) apresentem resultados em um intervalo de tempo bem menor.

Terapia: Nas áreas de terapia contra os efeitos devastantes da COVID-19, um trabalho recente e bastante interessante de Dormont et al. [6] relata a utilização de nanopartículas capazes de levar um fármaco, (o alfa-tocoferol) que diminuem os efeitos da inflamação aguda causada pela COVID-19, responsável, em muitos casos, pelo agravamento da doença. As nanopartículas possuem um tamanho de 70 nm (diâmetro) e foram capazes de liberar o fármaco e diminuir muito os efeitos da hiperinflação, com ótimos resultados em modelos animais. Vale lembrar que a liberação controlada de um fármaco diretamente na região afetada, diminuindo os efeitos colaterais, é possível com a utilização de nanocápsulas que carregam o fármaco e podem liberá-lo de maneira controlada no interior da célula doente, pois são cerca de mil vezes menores que uma célula humana.

Extraído de Ref 6: Dormont et al., Sci. Adv 10.1126/sciadv.aaz5466 (2020) – Ilustração nanocápsula

Na área de Prevenção, duas abordagens muito interessantes têm utilizado Nanotecnologias, para a fabricação de Vacinas, e de Máscaras contendo nanopartículas.

Em dois trabalhos recentes, dois tipos de nanopartículas, incluindo nanopartículas de ouro de 40 e 100 nm de diâmetro [7] ou nanopartículas a base de polímeros [8] foram utilizadas como Vacinas para SARS-COV e MERS-COV, respectivamente. Em ambos os trabalhos, as nanopartículas foram complexadas com proteínas dos vírus e foram capazes de induzir respostas imunológicas importantes em testes in vivo.

Ainda na área de Prevenção, Zhong et al. [9] desenvolveram recentemente um novo tipo de máscara autolipante, e é capaz de auto esterilizar quando exposta à luz solar, o que causa um aquecimento localizado no elemento filtrante da máscara a base de grafeno (que pode atingir 80oC), que a esteriliza. Na área de fabricação de máscaras, outro trabalho recente e que pode rapidamente ser colocado em prática foi reportado por Leung et al. [10]. Os pesquisadores produziram elementos filtrantes a base de Nanofibras de PVDF, um polímero tecnológico importante, capazes de barrar a passagem de vírus. Os filtros podem ser utilizados em máscaras, respiradores, ventiladores, etc. Apenas 6 camadas das nanofibras foram suficientes para barrar 98% dos microrganismos (classificação N98).

Referências

1-Report of the WHO-China Joint Mission on Coronavirus Disease 2019 (COVID-19); WHO: Geneva, Switzerland, 2020.

2-Seo et al., https://dx.doi.org/10.1021/acsnano.0c02823.

3-Chen et al., Anal. Chem., Just Accepted Manuscript • DOI: 10.1021/acs.analchem.0c00784.

4-Qiu et al., https://dx.doi.org/10.1021/acsnano.0c02439.

5-Zhao et al.,  A simple magnetic nanoparticles-based viral RNA extraction method for efficient detection of SARS-CoV-2, bioRxiv preprint doi: https://doi.org/10.1101/2020.02.22.961268.

6-Dormont et al., Sci. Adv 10.1126/sciadv.aaz5466 (2020).

7-Sekimukai et al., Microbiology and Immunology. 2020;64:33–51

8-Lin et al., Adv. Funct. Mater. 2019, 1807616.

9-Zhong et al., https://dx.doi.org/10.1021/acsnano.0c02250.

10-Leung et al., Separation and Purification Technology 245 (2020) 116887.

Prof. Dr. Valtencir Zucolotto

Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia USP/São Carlos

Link para CV Lattes: http://lattes.cnpq.br/5768000922241088

Prof. Zucolotto: É Professor Titular no Instituto de Física de São Carlos – IFSC da Universidade de São Paulo (USP), onde coordena o Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia GNano/IFSC/USP. É Editor da Série de Livros Nanomedicine and Nanotoxicology (Springer-Nature). As pesquisas do Grupo GNano, lideradas pelo prof Zucolotto, estão focadas no desenvolvimento de nanomateriais teranósticos, incluindo nanopartículas, nanotubos e nanorods para aplicações em nanomedicina, e nos aspectos toxicológicos e de Segurança dos nanomateriais.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

22 de junho de 2020

Central de descontaminação de máscaras no IFSC/USP

Alunas e pós-graduandas do IFSC/USP nos momentos iniciais do processo de desinfecção de máscaras

Conforme tinha sido anteriormente sublinhado pelo diretor do Instituto de Física de São Carlos, (IFSC/USP), Prof. Vanderlei Bagnato, quando da criação de uma câmara de ozônio para descontaminação de máscaras faciais usadas pelos profissionais de saúde, o Instituto instalou, recentemente, em suas instalações, uma central de descontaminação de máscaras com capacidade para desinfetar entre oitocentas e mil unidades em cada duas horas.

Durante os próximos dias, utilizando duas câmaras de descontaminação, alunas e pós-graduandas do IFSC/USP estão colaborando nessa tarefa, tendo iniciado já uma operação de larga escala para a descontaminação e acondicionamento individual de cem mil máscaras TNT (indicadas para uso médico e hospitalar) enviadas por uma empresa de confecções sediada em Guaxupé (MG), destinando-se esse material para diversas unidades de saúde.

As demandas para a descontaminação de máscaras descartáveis já utilizadas pelo pessoal de saúde (reciclagem) também está aumentando, justificando, por isso, a decisão de se instalar a central de descontaminação no Instituto, como forma de contribuir para o combate à COVID-19, nomeadamente na proteção do pessoal da área de saúde.

As duas câmaras de descontaminação por ozônio em pleno funcionamento

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de maio de 2020

Novo modelo matemático para modelagem da COVID-19 no Brasil

Um novo estudo realizado por pesquisadores da USP de São Carlos, nomeadamente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), foi recentemente publicado em nível internacional, onde é apresentada uma nova abordagem para modelar e caracterizar a epidemia COVID-19 no nosso país, usando uma rede complexa de múltiplas camadas. Sabendo-se que existem vários fatores envolvidos na disseminação da epidemia, como as características individuais de cada cidade/país, este trabalho confirma que a verdadeira forma da dinâmica da epidemia é um sistema grande e complexo, como a maioria dos sistemas sociais. Nesse contexto, redes complexas são um ótimo candidato devido à sua capacidade de lidar com propriedades estruturais e dinâmicas.

O modelo aprimora o SIR tradicional e é aplicado ao estudo da epidemia brasileira, analisando possíveis ações futuras e suas consequências. A rede é caracterizada por considerar estatísticas de infecção, morte e tempo de hospitalização. Para simular isolamento, distanciamento social, ou medidas de precaução, em seu trabalho os pesquisadores removeram camadas e/ou reduziram a intensidade dos contatos sociais. Os resultados mostram que, mesmo tomando várias premissas otimistas, os atuais níveis de isolamento no Brasil ainda podem levar ao colapso do sistema de saúde e a um número considerável de mortes (média de 149.000).

Se todas as atividades voltarem ao normal, o crescimento da epidemia sofre um aumento acentuado em relação ao padrão atual, e a demanda por leitos de UTI supera 3 vezes a capacidade do país. Isso, certamente levaria a um cenário catastrófico, já que nossa estimativa atinge uma média de 212.000 mortes, mesmo considerando que todos os casos são efetivamente tratados.

O aumento do isolamento (até um bloqueio) mostra ser a melhor opção para manter a situação sob a capacidade do sistema de saúde, além de garantir uma diminuição mais rápida de novas ocorrências de casos (meses de diferença) e um número de mortes significativamente menor (média de 87.000).

Para conferir este trabalho da autoria dos pesquisadores Leonardo Scabini, Altamir Júnior e Odemir Bruno, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), e de Lucas Ribas, Mariane Neiva e Alex Farfán, do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

 

8 de maio de 2020

Em aproximadamente uma semana poderão faltar UTI’s no estado

Em aproximadamente uma semana poderão faltar UTI’s no estado de São Paulo, se forem confirmadas as tendências de proliferação do novo coronavírus no país.

O docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Luiz Vitor de Souza, analisa, em vídeo, sua opinião pessoal sobre a evolução do novo coronavirus no Brasil e, particularmente, no estado de São Paulo, tomando em consideração as curvas de incidência do vírus no nosso país, comparadas com as da Coreia do Sul e Itália.

Embora os resultados da fraquíssima quarentena registrada no Brasil tenha reduzido a velocidade da propagação da COVID-19, é quase certo, segundo o pesquisador do IFSC/USP, que essa medida não está sendo suficiente para evitar a falta de leitos de UTI’s no país, provocando um inevitável colapso do sistema de saúde.

Para assistir o vídeo, clique na imagem abaixo.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de maio de 2020

05 de maio – Dia Mundial de Conscientização da Lavagem das Mãos

Dia 05 de maio é considerado o “Dia Mundial de Conscientização da Lavagem de Mãos”, uma iniciativa que se surgiu e intensificou durante a pandemia da COVID-19.

Numa iniciativa conjunta do IFSC/USP, CIBFar, e LEMIMO, com o apoio da FAPESP, a Profª Illana da Cunha Camargo, coordenadora do Laboratório de Epidemiologia e Microbiologia Molecular (LEMIMO/IFSC/USP) coordenou a produção de um pequeno vídeo de conscientização sobre a importância e forma correta de lavar as mãos, num trabalho especialmente dedicado à sociedade.

A lavagem correta das mãos não só é necessária neste período de pandemia, como também no cotidiano de todos nós, preservando-nos contra outros tipos de bactérias, fungos e vírus.

A higiene das mãos é um ato reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um dos mais efetivos na prevenção de doenças. Por isso, em meio à pandemia do coronavírus, o que nos cabe é adotá-la como um hábito permanente e frequente e, dessa maneira, nos unirmos para barrar o contágio.

Para além dos momentos mais habituais (antes e depois do preparo de alimentos, assim como após o uso do banheiro), é importante lavar as mãos todas as vezes em que tiver contato com maçanetas de portas externas, botões e superfícies de elevadores, corrimãos, balcões em geral, carrinho e cestas de supermercados, máquinas de cartão e outros objetos compartilháveis.

Caso não seja possível lavar as mãos logo após situações como essas, o Ministério da Saúde orienta não tocar olhos, boca e nariz até que a higiene de fato seja realizada. Lembrando que, se for possível ter por perto um frasco de álcool gel, a proteção imediata estará garantida.

Para acessar o vídeo, clique na imagem abaixo.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de maio de 2020

IFSC/USP: Ajudando a entender estruturas como as do COVID-19

Em artigo publicado no dia 9 do corrente mês, na prestigiada revista científica Science, intitulado Emergence of Complexity in Hierarchically Organized Chiral Particles, um grupo de cientistas internacionais – entre os quais brasileiros – conseguiu resultados importantes para o entendimento de partículas que apresentam estruturas complexas muito semelhantes às que existem em diversos seres vivos na natureza, incluindo vírus como o Sars-Cov-2 (covid-19).

O Prof. Sérgio Ricardo Muniz, pesquisador do IFSC/USP, faz parte dessa equipe, sendo um dos autores do artigo, e contribuiu com o entendimento da interação da luz com essas estruturas, que revela informações importantes a respeito desses sistemas.

Objetivos e particularidades da pesquisa

O objetivo da pesquisa, de um modo geral, está ligado ao entendimento dos mecanismos físico-químicos que levam ao surgimento de estruturas complexas observadas na natureza, especialmente no contexto de sistemas complexos auto-organizados. Isto é, estruturas que “se montam sozinhas” a partir de blocos fundamentais, seguindo leis físicas que regem as interações moleculares. Quanto à importância deste trabalho, Sérgio Muniz destaca que um dos grandes avanços apresentados neste estudo, e uma das razões pelo que mereceu tanto destaque internacional “(…) é que ele mostra como realizar e entender  – do ponto de vista fundamental – a formação de estruturas sintetizadas em laboratório, com grau de complexidade comparável – ou até maior – que as produzidas por sistemas biológicos, na natureza(…)”, destacando que isso não era conhecido antes. O estudo fornece princípios físicos e estratégias que podem ser usados para contornar dificuldades práticas para produzir estruturas com esse grau de complexidade, no laboratório, a partir de moléculas simples.

Os pesquisadores demonstraram um sistema físico-químico concreto e acessível, como modelo experimental para explorar as diversas variáveis envolvidas no problema geral, que é bastante complexo. O estudo concentrou-se nesse sistema modelo, baseado em estruturas de Au-Cys (átomos de ouro com o aminoácido cisteína), e apresenta uma gama impressionante de estudos experimentais, usando uma variedade de técnicas bastante avançadas e modernas, para atacar o problema.

“Esses resultados experimentais são comparados e corroborados por modelos e cálculos computacionais, com parâmetros realísticos, do sistema molecular proposto. O mais importante, porém, é que apesar da complexidade e número de variáveis do problema, o estudo consegue concluir e apontar os princípios físicos gerais que servem de guia para entender o processo e abrir caminhos para novas técnicas de síntese de sistemas complexos (com várias aplicações práticas). Esses mesmos princípios físico-químicos guiam a produção de estruturas complexas em sistema biológicos naturais, abrindo também possibilidades de aplicações nessa área, no futuro”, salienta Sérgio Muniz.

A contribuição do IFSC/USP

A contribuição do Prof. Sergio Muniz nesta pesquisa iniciou-se em junho de 2019, quando o Prof. André Farias de Moura, do Departamento de Química da UFSCar, o procurou para fazer um experimento de aprisionamento óptico  com essas micropartículas especiais, de Au-L-Cys e Au-D-Cys, que têm propriedades quirais e uma estrutura de aparência “espinhosa” (parecida com um ouriço-do-mar), conforme explica o pesquisador do IFSC/USP. “Essas micropartículas são produzidas artificialmente, através de um processo espontâneo de “auto-organização” e “automontagem” (‘self-assembly’), desenvolvido pelo grupo da Universidade de Michigan (UM), e têm algumas propriedades físicas e físico-químicas incomuns para partículas desse tipo, chamadas de coloides. Além dessas propriedades, elas têm uma forma estrutural bastante complexa, comparável à de sistemas biológicos, ou em processos físico-químicos produzidos por organismos vivos. Estruturas microscópicas desse tipo têm sido notoriamente difíceis de produzir por meio de processos artificiais. Como esse tipo de material pode ter várias aplicações práticas e tecnológicas, ele tem sido bastante estudado no últimos anos. Materiais como esses, inspirados em sistemas biológicos (bio-inspirados), também são denominados de materiais biomiméticos. O grupo do Prof. Nicholas Kotov (UM) é um dos especialistas mundiais nessa área de pesquisa, enquanto o grupo do Prof. André Moura é especialista em modelos e cálculos computacionais de propriedades físico-químicas de sistemas moleculares”, elucida Sérgio Muniz.

O desafio de aprisionar opticamente essas novas partículas despertou o interesse imediato do pesquisador do IFSC/USP, tendo em vistas que um dos focos de seu laboratório é entender processos nano-termodinâmicos (isto é, relações entre energia, calor e trabalho) em máquinas extremamente pequenas, como nanomáquinas e máquinas moleculares. Segundo Muniz, estudos recentes em sistemas quânticos têm mostrado que nanomáquinas (no contexto da física quântica) têm propriedades especiais muito interessantes, talvez com limites diferentes dos impostos às máquinas clássicas. Esse é um tema de pesquisa efervescente e extremamente relevante, pois além de oferecer um entendimento dos processos fundamentais da natureza, pode vir a ter aplicações tecnológicas importantes, como, por exemplo, indicando novos caminhos para produção de novas fontes de energia, mais eficientes e sustentáveis. “De fato, esse é um dos grandes temas de pesquisa que estamos explorando em São Carlos, tanto em experimentos no meu laboratório, como em colaboração com colegas teóricos no IFSC/USP e do exterior, mas há muita pesquisa a ser feita ainda para responder essas grandes perguntas”, sublinha Sérgio.

Imagem de microscopia eletrônica da partícula sintetizada pelos pesquisadores (Crédito: Divulgação)

“Após alguns meses de trabalho, envolvendo dois estudantes de pós-graduação – a doutoranda Thalyta Tavares Martins e o mestrando Pedro Faleiros Silva, ambos do meu laboratório no IFSC/USP –, conseguimos demonstrar não só o aprisionamento óptico dessas partículas, mas também o controle do movimento e rotação dessas micropartículas, efetivamente criando micro-rotores controlados por luz. Em outras palavras, micromáquinas que podem ser controladas por certas propriedades ópticas da luz do laser de aprisionamento. Usando técnicas especiais, podemos controlar essas propriedades, com grande precisão no laboratório. Os resultados iniciais, porém, eram diferentes das previsões iniciais. Esses efeitos estão diretamente ligados à forma como essas partículas interagem com a luz. Em dezembro de 2019, numa reunião para discutir e tentar entender essas observações, percebi que havia aspectos do problema que não eram bem entendidos e que poderíamos resolver isso usando outras técnicas. Essas novas medidas combinaram espectroscopia e microscopia óptica de fluorescência, com técnicas de imagem resolvidas no tempo (com resolução temporal da ordem picosegundos) e foram importantes para entender melhor os processos internos de transferência de energia nessas estruturas” enfatiza o pesquisador, acrescentando que a análise desses dados também ajudou a entender a interrelação da estrutura nanométrica (nanoplaquetas de Au-Cys) com as estruturas supramoleculares, e, especialmente, as propriedades da luz emitida (fluorescência) por essas partículas, quando excitadas com luz ultravioleta (UV).  “Também nos indicou que deveria haver dois tipos de processos envolvidos nas propriedades de polarização da luz emitida e espalhada por essas partículas, que são importantes para aplicações práticas”.

 A estrutura do vírus da COVID-19 e o desenvolvimento de vacinas e tratamentos

O Prof. Sergio Muniz é enfático ao afirmar que a pesquisa realizada não está diretamente ligada ao desenvolvimento de vacinas ou tratamentos para o vírus COVID-19, lembrando que ela foi iniciada bem antes da pandemia. Admite, porém, que seus resultados e conclusões podem inspirar novas ideias e iniciativas envolvendo sistemas biológicos.

Por outro lado, segundo o pesquisador, os resultados estão ligados a propriedades físicas e químicas de grande interesse prático em diversas aplicações, como, por exemplo, propriedades de estabilidade física e química de coloides em soluções e aerossóis, e em processos de catálise assimétrica, para síntese química. Especialmente, para processos de síntese controlados por luz (fotocatálise). Além disso, propriedades ópticas, como polarização e emissão/absorção de luz, têm aplicações nas áreas de fotônica e optoeletrônica. “O conhecimento e compreensão dos princípios físicos e químicos que dirigem a complexidade de estruturas biológicas – desde a nano-escala , como nos vírus -, até a interação seletiva de nanopartículas ou micropartículas de interesse terapêuticos, por exemplo, em sistema de entrega dirigida de fármacos a alvos específicos dentro do organismo -, são guiados pelos mesmos princípios físico-químicos investigados neste estudo. A síntese de estruturas com simetria parecida com as do vírus COVID-19, por exemplo, ou no desenvolvimento de estruturas moleculares ,para atacar ou desativar a ação do vírus nas células”.

A infraestrutura do IFSC/USP (CEPOF)

O laboratório de pesquisa do Prof. Sergio Muniz, no IFSC/USP, é um dos mais novos laboratórios do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CePOF), que é um dos CEPID-FAPESP. O laboratório estuda propriedades quânticas da matéria, desde a escala atômica até a escala macroscópica. Em linhas gerais, estuda Tecnologias Quânticas, tanto do ponto vista da pesquisa fundamental (básica) como aplicada, usando a Óptica como ferramenta principal. Os pesquisadores usam lasers (luz) para aprisionar e controlar átomos, moléculas e estruturas, que vão desde a escala atômica (sub nanométrica) até micropartículas, na escala de dezena de micrometros. No laboratório relacionado à pesquisa publicada na Science, utilizam-se “pinças ópticas” (tema do prêmio Nobel de Física de 2018), para aprisionar micro e nanopartículas, observadas num microscópio especial, construído no próprio laboratório. Esse é o sistema experimental que deu início à colaboração com os pesquisadores do artigo, embora não diretamente relacionado aos resultados publicados nesse primeiro artigo. “Temos outros estudos em andamento, com resultados parciais muito interessantes, ainda não publicados”, conclui Sérgio Muniz, que ainda enfatizou a importância da infraestrutura de pesquisa disponível no IFSC/USP, especialmente devido ao apoio da FAPESP nas últimas décadas, como algo fundamental para o sucesso da sua participação nesse trabalho, recentemente publicado. “Se a infraestrutura não estivesse já disponível, com a qualidade necessária, quando tivemos a ideia não teria sido possível fazer no tempo que foi feito. Isso ressalta, uma vez mais, a importância de investimentos estáveis, e de longo prazo, na pesquisa brasileira.”, alerta o pesquisador.

Além dos professores Sérgio Muniz e André Moura, o artigo tem vários autores brasileiros, alunos e ex-alunos de Moura. Nicholas Kotov (Univ. de Michigan) e Christopher Murray (Univ. da Pensilvânia) são também autores principais da pesquisa, com seus estudantes e outros pesquisadores dos EUA e da China. O financiamento do lado brasileiro da pesquisa, teve recursos da FAPESP, através de dois CEPIDs (CePOF e CDMF) e outros projetos, do CNPq e da CAPES.

Links relacionados:

DOI: 10.1126/science.aaz7949

ALTMETRIC

SCIENCE

 

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de maio de 2020

EPTV destaca trabalho do Prof. Glaucius Oliva (IFSC/USP)

Nunca se falou tanto de ciência, cientistas e pesquisadores , como agora, num momento em que uma pandemia caiu sobre a cabeça de todos os povos do mundo. E, infelizmente, foi através desses momentos difíceis, como os que se vivem hoje, que as pessoas começaram a dar mais valor e a prestar atenção aos profissionais da saúde e aos cientistas que, de repente, suspenderam suas próprias pesquisas em andamento e triplicaram seus esforços para entrar no olho do furacão da COVID-19.

Em São Carlos, quase todo o mundo acompanha os últimos desenvolvimentos relacionados ao combate à pandemia, um combate que nasce nos laboratórios das universidades e instituições públicas sediadas na cidade – UFSCar, USP e EMBRAPA-, bem como em outras instituições de pesquisa e em empresas de tecnologia avançada.

E quem trabalha perto da ciência sabe o quanto um pesquisador se dedica, se empenha e se sacrifica para que algo inovador possa ser criado em benefício da sociedade, do país.

Num gesto nobre, a EPTV de São Carlos lançou no decurso desta semana uma série de reportagens intitulada “Craques da Ciência”. Na terceira reportagem desta série (23/04), o destaque foi para o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Glaucius Oliva, que, por pertencer ao grupo de risco, está em isolamento em sua residência.

Além de ser um dos mais destacados pesquisadores nacionais e ex-presidente do CNPq, Glaucius Oliva é uma pessoa que irradia boa disposição, presta muita atenção às pessoas que o rodeiam, e tem um elevado espírito humanista.

Nesta terceira reportagem da série “Craques da Ciência”, são também destacados, em fotos, alguns dos principais pesquisadores que trabalham no CIBFar – Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (FAPESP), onde Glaucius Oliva é coordenador:

Arlene Correa (DQ/UFSCar);
Paulo Cesar Vieira (FCFRP/USP);
Vanderlan Bolzani (IQ/UNESP);
Adriano Andricopulo (IFSC/USP);
Rafael Guido (IFSC/USP);
Mônica Pupo (FCFRP/USP);

Para assistir a esta reportagem, clique na imagem abaixo.

(Imagens de: Léo Ramos Chaves/Fapesp e Adri Felden)

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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