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27 de abril de 2020

Desenvolvimento de genossensores para câncer de cabeça e pescoço

Um trabalho de pesquisa em colaboração entre o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e o Hospital de Amor, de Barretos, mereceu destaque com a capa de uma revista científica internacional, de nome “Talanta”.

O destaque é atribuído a uma metodologia inovadora para detectar, com um dispositivo de baixo custo, a propensão de humanos em desenvolver câncer de cabeça e pescoço. Esse dispositivo é um genossensor, ou seja, detecta um gene ou sequência de DNA em células de pacientes. Para o trabalho em questão, a detecção foi feita com um filme nanoestruturado que continha uma sequência de DNA específica para detectar marcadores de câncer de cabeça e pescoço.

Segundo o Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Jr., do IFSC-USP, um dos pontos mais relevantes do trabalho foi o design dessa sequência pelos colaboradores do Hospital de Barretos. Chamou a atenção, também, a ausência de falsos positivos e negativos para células tumorais e células sadias, apesar de a técnica de detecção ser bastante simples, a partir de medidas de impedância eletroquímica.

Porque motivo esta técnica de detecção ainda não foi cogitada para o combate da COVID-19?

A menção à técnica de detecção ganha muita relevância no contexto atual da luta contra o Covid-19, cuja detecção mais eficiente é feita com a técnica PCR (do inglês polymerase chain reaction). Um teste de PCR é equivalente a um teste com um genossensor, como o desenvolvido pelas equipes do IFSC/USP e do Hospital de Amor de Barretos. A diferença principal está no alto custo e na necessidade de equipamentos sofisticados com operadores altamente qualificados para a técnica de PCR. Medidas elétricas ou eletroquímicas, como as usadas para os genossensores das equipes brasileiras, podem ser realizadas com equipamentos muito mais simples e a um custo muito menor do que com PCR.

É de se perguntar porque motivo esse tipo de metodologia de genossensores não ter sido difundido para a batalha de testes que são agora necessários para o Covid-19.

O Prof. Osvaldo enfaticamente sublinha: “Em todos os nossos artigos de biossensores, incluindo os genossensores e imunossensores (como os que detectam anticorpos de infectados com o Covid-19), ressaltamos a importância de desenvolver métodos de mais baixo custo. Essa ênfase também é dada por pesquisadores no mundo todo, atuando em biossensores. Ocorre que, para transformar os resultados científicos com esses biossensores em testes clínicos com certificação, são necessários vultosos recursos. Dentre outras ações de pesquisa e desenvolvimento, devem-se implementar processos de manufatura para produção em grande escala dos biossensores e criar equipamentos de medida portáteis e fáceis de usar. Como o número de testes requerido para muitas doenças é relativamente baixo, empresas e governos acabaram por não investir para tornar a tecnologia de biossensores uma realidade para toda a sociedade. Se alguém pudesse imaginar que um dia precisaríamos de milhões de testes de uma vez só, certamente os investimentos teriam sido feitos. Espero que com essa grande crise mundial os investimentos apareçam

Mas, como a Covid-19 é uma infecção inteiramente nova, seria possível adaptar a tecnologia de genossensores rapidamente? A resposta é sim, diz o Prof. Osvaldo. “Para a detecção do Covid-19, a única inovação crucial seria introduzir as sequências que detectam o vírus, algo que poderia ser feito com a identificação do genoma do vírus, como grupos brasileiros já o fizeram.

Para acessar o artigo científico, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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