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8 de dezembro de 2016

Um quinto paradigma para ciência e tecnologia

No editorial de um volume especial publicado recentemente pela revista científica circuitos_250Ceramics International, do grupo Elsevier, o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prof. Dr. Osvaldo Novais de Oliveira Jr., discute o impacto do que ele denomina quinto paradigma da ciência e tecnologia. O convite para assinar o texto foi feito por editores da Elsevier, os quais conheceram o docente durante visita ao IFSC/USP há alguns meses e souberam de seu interesse no uso de inteligência artificial para editoração científica.

O editorial Shaping the Future of Materials Science with Machine Learning, assinado pelo Prof. Osvaldo e pelos Profs. Drs. Jose Fernando Rodrigues Junior e Maria Cristina Ferreira de Oliveira, ambos do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação (ICMC/USP), apresenta um volume que compila 24 artigos publicados em várias revistas científicas, entre 2007 e 2016, destacando o uso do aprendizado de máquina em ciência dos materiais. O aprendizado de máquina é realizado com técnicas para ensinar tarefas a sistemas computacionais por meio de processos interativos comumente denominados de “treinamento”.

O Prof. Osvaldo explica que o “quinto paradigma da ciência e tecnologia” define a era em que os sistemas artificiais (ou seja, as máquinas) poderão gerar conhecimento, com pouca ou nenhuma intervenção humana. Para ele, há diversas razões para acreditar nessa previsão, haja vista que as metodologias denominadas Big Data e o aprendizado de máquina têm possibilitado armazenar um vasto conteúdo de dados numa única máquina, que pode ser treinada para executar tarefas variadas.

“De fato, os desafios em armazenar, gerenciar, compartilhar e extrair enormes quantidades de dados estão longe de ser triviais. São necessárias várias camadas de recursos e ferramentas, incluindo amplo armazenamento, segurança de dados, gerenciamento de informação e, em geral, inteligência artificial eficaz”, destaca o editorial.

Na última década, houve um rápido desenvolvimento na compreensão de fala e texto por máquinas, o que melhorou, por exemplo, a qualidade dos tradutores automáticos. Para Osvaldo, esse avanço permitirá que, dentro de cinco ou dez anos, já existam máquinas com nível de compreensão textual elevado. Segundo ele, o início do quinto paradigma se dará com a soma dessa habilidade com as novas metodologias que permitem armazenar dados facilmente processados por máquinas.

O docente do IFSC/USP crê que a ciência dos materiais continuará sendo central para as novas tecnologias, pois materiais cada vez mais sofisticados serão necessários para construir e alimentar com dados as máquinas inteligentes. Exemplos são os nanomateriais para diagnóstico e terapia em medicina, e a produção de sensores e materiais apropriados para veículos autônomos.

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Segundo o Prof. Jose Fernando Rodrigues Junior, da carroça ao ônibus espacial, ou do ábaco ao super computador, a humanidade sempre foi beneficiada com os resultados que os meios tecnológicos lhe proporcionaram. No entanto, ele afirma que, apesar de haver especulações sobre os cenários futuros decorrentes das novas tecnologias, as previsões não são precisas. Elas se baseiam na configuração existencial do tempo presente, tentando-se prever os fatos de uma realidade que ainda não se consolidou.

Para o docente do ICMC/USP, a geração de conhecimento advindo de máquinas deve levar a uma nova configuração existencial guiada pela tecnologia. “As consequências são imprevisíveis. Mas pode-se especular, mesmo sabendo-se que se irá errar. Imagine, por exemplo, uma existência onde computadores sejam capazes de programar computadores. Se isto ocorresse hoje, teríamos uma cadeia de acontecimentos semelhante ao que ocorreu com os datilógrafos devido ao advento de editores de texto eletrônicos. Mais rápidos, sem fadiga, e com memória ilimitada, os computadores alcançariam descobertas científicas em horas. O cenário é indescritível com os conhecimentos atuais”.

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Ainda na opinião de Jose Fernando, tal realidade está mais perto do que se imagina, pois a evolução científico-tecnológica ocorre de maneira supralinear, autoalimentando-se, e resultando em um avanço exponencial. “Já há resultados significativos como os algoritmos de Deep Learning [Aprendizado Profundo] e os tradutores de idiomas baseados em muitos exemplos e em probabilidade bayesiana”, explica o docente, mencionando também que a consolidação do novo paradigma depende de aperfeiçoamentos nos algoritmos de aprendizado de máquina, sensores de dados, modelos matemáticos, descrições de fenômenos físicos e de avanços na ciência de materiais que resultem em dispositivos computacionais mais robustos.

Caso as previsões dos autores estejam corretas, daqui a vinte anos as máquinas inteligentes poderão “sair” das páginas de HQ’s e livros de ficção-científica para, talvez, formular novas teorias físicas ou resolver problemas complexos de química e engenharia.

Para conferir o volume especial em sua íntegra, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

7 de dezembro de 2016

Transmissão ao vivo de colóquio com prêmio Nobel de Física

AMS-_seminario_TingNa próxima quinta-feira, 8 de dezembro, às 14 horas (horário de Brasília), a Organização Europeia para Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em inglês) transmitirá, ao vivo, o colóquio “The first five years of the Alpha Magnetic Spectrometer (AMS) on the International Space Station”, que será ministrado por Samuel Ting, físico estadunidense ganhador do prêmio Nobel de Física de 1976, e pesquisador do Massachusetts Institute of Technology (MIT-EUA).

Durante o colóquio, Ting falará sobre o experimento AMS, espectrômetro magnético multipropósito instalado na estação espacial internacional, desenvolvido para medir partículas elementares produzidas fora do sistema solar, e que já coletou mais de 90 bilhões de raios cósmicos. Ting também apresentará resultados inesperados colhidos durante os cinco anos do experimento, apresentando possíveis interpretações para os mesmos.

Para assistir à transmissão ao vivo, basta acessar o endereço eletrônico https://indico.cern.ch/event/592392/ na data e horário do evento.

7 de dezembro de 2016

New mechanisms to accelerate drug discovery for NTD’s

Doenças Tropicais Negligenciadas (NTD’s, na sigla em inglês) foi o tema que reuniu alunos e pesquisadores no seminário New mechanisms to accelerate drug discovery for Neglected Tropical Diseases (NTDs), que foi ministrado pelo Dr. Jadel Kratz, na tarde de 07 de dezembro, na sala 201 do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), na Área II do campus USP São Carlos.

JADEL_KRATZ_250O Dr. Kratz lidera as atividades de pesquisas pré-clínicas da Drugs for Neglected Diseases Initiative (DNDi), uma organização focada no desenvolvimento de novos tratamentos para as Doenças Tropicais Negligenciadas. Em sua apresentação, o especialista discutiu os mecanismos que têm acelerado a descoberta de medicamentos para esse tipo de doença, que abrange a malária, dengue, doença de Chagas, leishmanioses, esquistossomose, tuberculose, hanseníase, entre outras.

Jadel Kratz é graduado, mestre e doutor em farmácia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde concluiu dois pós-doutorados. Em 2013, finalizou um terceiro pós-doutorado na Universidade de Innsbruck, na Áustria. Desde 2015, tem se especializado em gestão estratégica de inovação tecnológica, através da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

7 de dezembro de 2016

Bolsas de mobilidade internacional para alunos de graduação

A Agência USP de Cooperação Acadêmica Nacional e Internacional (AUCANI) abriu editais de Bolsa Mérito e Bolsa MRE, do Ministério das Relações Exteriores, destinados aos AUCANI_LOGOestudantes do PEC-G, para o 1º semestre de 2017.

O Edital 599/2016 – PEC-G Bolsa Mérito é destinado a alunos USP do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que demonstrem desempenho acadêmico excepcional (CLIQUE AQUI).

o Edital 600/2016 – PEC-G Bolsa MRE é destinado a alunos USP do Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que demonstrem passar por dificuldade de ordem financeira que comprometam suas condições de moradia e alimentação no Brasil (CLIQUE AQUI).

Atenção: desde os dois últimos processos seletivos para a Bolsa MRE, dois relatórios emitidos pelo Banco Central do Brasil são exigidos no ato da inscrição. O candidato deve fazer a solicitação dos relatórios ao Banco Central do Brasil conforme instruções (CLIQUE AQUI).

O Banco Central enviará os relatórios aos candidatos por correio, portanto, recomenda-se fortemente que a solicitação seja feita o mais cedo possível.

As inscrições devem ser realizadas até às 12h do dia 19 de janeiro de 2017, pelo Sistema Mundus.

A consulta aos editais e inscrições são realizadas na área pública do Sistema Mundus (não é necessário fazer login).

As dúvidas devem ser enviadas exclusivamente pelo Fale Conosco do Sistema Mundus, (Assunto Editais – Intercâmbio).

Assessoria de Ciomunicação – IFSC/USP

6 de dezembro de 2016

Nanotecnologia é tema de duas discussões

MATTHIAS_HILLENKAMP3-300Na tarde de 5 de dezembro, o pesquisador Matthias Hillenkamp, da Universidade Claude Bernard Lyon (França), ministrou o seminário Size effects in physically prepared metal nanoparticles, que ocorreu na Sala Celeste do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Hillenkamp discutiu diferentes métodos experimentais para a fabricação e caracterização de clusters e nanopartículas em fase gasosa, através de meios físicos.

Posteriormente, pelas jorge25016h, o pós-doutorando do Grupo de Polímeros “Bernhard Gross” do IFSC/USP, Jorge Augusto de Moura Delezuk, apresentou a palestra Micro/Nanomotors: Synthesis, Application and Future, na qual falou sobre os micro e nanomotores que, na última década, têm sido desenvolvidos para uma série de aplicações, haja vista a habilidade que essas ferramentas têm de se mover rapidamente em diferentes meios.

Delezuk é licenciado em química pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG – Paraná) e mestre e doutor em físico-química pelo Instituto de Química de São Carlos (IQSC/USP), tendo desenvolvido pesquisa na Universidade Claude Bernard Lyon e na Universidade da Califórnia (EUA).

Ambos os seminários foram organizados pelo Grupo de Polímeros desta Unidade.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

6 de dezembro de 2016

A Nova Revolução na Biologia

Desde a revolução iniciada pela descoberta do DNA por Watson e Crick, em 1953, a Biologia tomou novos e explosivos rumos. Em todos os grandes centros de pesquisa os projetos se multiplicaram e a própria Teoria da Evolução foi ampliada com novos paradigmas.

O imenso significado da descoberta prometia novas conquistas na saúde humana, GENOMA-250animal e vegetal. Surgiu um grande projeto estilo “homem na lua”, que foi o Genoma Humano, altamente financiado tanto por governos como por empresas privadas. Estas últimas, interessadas sobretudo nas aplicações em saúde com os fármacos, cujas indústrias movimentam trilhões de dólares em saúde e evolução humana, animal e vegetal.

A ideia do DNA como a molécula da vida contendo os planos detalhados de tudo na Biologia, verdadeira chave para o entendimento da própria vida no seu mais amplo sentido, atingiu todas as grandes forças sociais: economia e finanças, políticas públicas e privadas, ideologias e suas éticas associadas, e até teologias. As forças da Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) impactaram os destinos e projetos de toda a Humanidade. Abro um parêntese para ressaltar o absurdo da atual política do governo de plantão minando até a própria estrutura do Ministério de CTI.

No Brasil a FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), sob a direção cientifica de um brilhante cientista – J. F. Perez – iniciou um Projeto Genoma que mobilizou a comunidade científica não apenas de São Paulo, mas do Brasil, inclusive com fortes colaborações internacionais, como deve ser feito nas boas políticas em CTI. No início da grande revolução, pensava-se que o Genoma Humano seria da ordem de centenas de milhares de genes, mais um reflexo antropocêntrico do Homo Sapiens Sapiens, mas agora sabe-se que é da ordem de 22 mil. Porém, como em toda revolução científica, a própria inovação é autodestrutiva, um conceito claramente expresso por J.Schumpeter no famoso livro Capitalismo, Socialismo e Democracia, ainda em 1942!

A ignorância dos cientistas existe sim, mas é auto corrigível pelo próprio Método Científico, mas parece que a ignorância dos políticos é auto sustentável – pela presença de um Sistema de Corrupção inerente ao sistema de Poder- como discutido por Machiavel ainda em 1532. no seu livro O Príncipe.

SERGIO

Volto agora ao Projeto Genoma, exatamente para ilustrar essa magnifica e salvadora dinâmica de autocorreção: com o passar do tempo e muitas evoluções não apenas das tecnologias de investigação do genoma, cujo projeto atingiu suas metas em 13 anos, antes do prazo esperado de 15 anos! Novas surpresas explosivas: mesmo no reduzido número de 22 mil genes, a grande maioria parecia ser lixo genético. O genoma humano obtido de um mosaico de genes de várias origens, continha apenas 1% dos genes ativos! Mas um consórcio internacional cognominado ENCODE mostrou que o” lixo deveria ir para o lixo” pois interagia com os outros ligando e desligando suas funções. Essa é a beleza da CTI – ser auto corretiva.

Esse novo campo vem sendo chamado de Modelo do Conectoma – Passamos do Genoma ao Conectoma.

Mais recentemente ainda(2016), os mecanismos de ação do CONECTOMA vem sendo analisados e sabe-se que quase 47% dependem não apenas do DNA, mas do RNA (outro polinucleotídeo menor) mas de proteínas (poliaminoácidos). Peço desculpas pelo uso destes termos, que na realidade são conhecidos de quaisquer jovens que passaram no ENEM. Os idosos podem consultar seus netos e bisnetos para ajuda ou irem para a democrática WEB.

Resumindo, estamos em plena época da outra revolução do Conectoma. A boa notícia é que poderemos editar o genoma de uma pessoa se nos apossarmos dos tecnologias do Conectoma. Ou mais disruptivo ainda, lembrando o livro 1984 de Huxley, editar o próprio Homo sapiens-sapiens!

Paro por aqui, esperando não ter perturbado o sono dos leitores.

PS: Aos leitores curiosos, não lembra o problema da matéria escura na Cosmologia? Prometo discutir isso em outra crônica.

(Prof. Sérgio Mascarenhas)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

5 de dezembro de 2016

Galhos e raízes da árvore da ciência*

Em 2017, cerca de 4,5 milhões de pessoas, como estudantes, professores e pesquisadores com currículos registrados na Plataforma Lattes, poderão identificar por meio de uma busca na internet as árvores genealógicas acadêmicas às quais pertencem, arvorereconstituindo laços entre orientadores e seus pupilos construídos nos últimos 75 anos.

Uma versão-piloto de um sistema web está sendo criada por pesquisadores das universidades Federal do ABC (UFABC) e de São Paulo (USP), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além do Lattes, o sistema será abastecido por outras duas fontes: o banco de teses e dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), com mais de 600 mil documentos, e uma lista de membros da Academia Brasileira de Ciências (ABC). “Estamos fazendo o cruzamento de dados de pesquisadores para complementar informações e evitar possíveis registros duplicados”, explica Jesús Pascual Mena-Chalco, professor do Centro de Matemática, Computação e Cognição da UFABC e coordenador do projeto.

A genealogia acadêmica organiza os vínculos entre gerações de pesquisadores. O orientador é considerado o “pai” dos mestres e doutores que ajudou a formar. Esses, por sua vez, poderão gerar “netos” acadêmicos e assim por diante. A abordagem ganhou expressão com o lançamento de plataformas internacionais disponíveis na internet, como o Mathematics Genealogy Project e o Neurotree Project, que permitem mapear ancestrais acadêmicos em matemática e neurociência.

O projeto brasileiro tem a ambição de ser mais amplo e abranger pesquisadores do país em todas as áreas do conhecimento. Segundo Mena-Chalco, isso é possível graças à Plataforma Lattes, que se tornou fonte de informações para pesquisadores que buscam dados sobre a ciência brasileira a fim de estudar seus fenômenos e tendências. “O Brasil é o único país com uma plataforma que registra as atividades de toda a sua comunidade científica”, diz.

Os usuários poderão colaborar, fornecendo dados que estejam faltando. “A ideia é que o sistema seja permanentemente atualizado. Quanto mais antigo o vínculo, menor a chance de encontrarmos referências sobre ele na Plataforma Lattes. E há casos de pesquisadores que se esquecem de informar o nome de seus orientadores”, explica Mena-Chalco. Além de fomentar estudos em história e sociologia da ciência, a genealogia acadêmica tem aplicações potenciais no campo da avaliação, medindo a influência que um cientista teve nas gerações seguintes.

Em 2015, Mena-Chalco e colaboradores propuseram em um artigo científico um novo indicador, o índice-h genealógico, para avaliar o êxito de um cientista na tarefa de formar sucessores. Um pesquisador com índice-h genealógico 5 é aquele que teve ao menos cinco “filhos” acadêmicos (orientandos), sendo que cada um deles orientou pelo menos cinco pesquisadores. “Trata-se de uma proposta de indicador para avaliar a fecundidade acadêmica de um pesquisador”, diz.

A equipe de Mena-Chalco tem realizado projetos pontuais para testar a proposta. No início do ano, ele publicou um artigo na revista Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, em colaboração com as biólogas Maria Carolina Elias, pesquisadora do Instituto Butantan, e Lucile Floeter Winter, professora da USP, que identifica as raízes históricas da protozoologia no Brasil, área que investiga os protozoários, alguns deles causadores de doenças como leishmaniose, malária e Chagas. A partir de análises do Currículo Lattes e do banco de dados da Capes, foi possível reconstituir a árvore genealógica da área, tendo como base um conjunto de 248 cientistas que contribuíram de maneira relevante na formação de pesquisadores em protozoologia, ao orientarem, cada um, pelo menos 10 teses de doutorado. No final, a árvore reuniu 1.997 pesquisadores, dos quais 20 destacaram-se como pioneiros (ver ilustração). O médico Carlos Chagas (1879-1934) aparece como fundador da linhagem, depois de ter elucidado o mecanismo da doença que leva seu nome, causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. O levantamento também apontou pioneiros mais recentes, como o bioquímico Walter Colli, professor da USP, e o microbiologista Isaac Roitman, da Universidade de Brasília.

Segundo Maria Carolina Elias, o objetivo do trabalho era mensurar a contribuição dos pioneiros, mas também foi possível avaliar outras características na protozoologia no Brasil. “Ao rastrear as relações entre orientadores e orientandos, conseguimos observar como a área evoluiu e qual é o cenário atual”, diz ela. Observou-se, por exemplo, que 68,4% dos pesquisadores que obtiveram o título de doutor em protozoologia continuam atuando na área, enquanto 16,7% migraram para outros campos.

O estudo também mostra uma relação entre o aumento do contingente de pesquisadores e a expansão de políticas de apoio à pesquisa nessa área. Entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1990, houve um crescimento da comunidade científica em protozoologia em consequência da criação do Programa Integrado de Doenças Endêmicas, o Pide, financiado pelo CNPq, que investiu US$ 12 milhões em cerca de 200 projetos de pesquisa sobre doenças endêmicas entre 1976 e 1986. “O programa teve um impacto enorme. Nesse período, vemos mais pesquisadores sendo orientados na área”, diz Maria Carolina.

O grupo de Mena-Chalco também está mapeando árvores genealógicas individuais. A primeira foi a de Etelvino José Henriques Bechara, professor do Instituto de Química da USP, apresentada em novembro de 2015 em uma homenagem feita na USP para comemorar os 70 anos do pesquisador. O levantamento mostra que Bechara tem 34 filhos acadêmicos, ou seja, pessoas orientadas por ele no mestrado e/ou doutorado ou supervisionadas no pós-doutorado, além de 582 descendentes. “Já tenho tataranetos acadêmicos e nem os conheço”, diz Bechara. “É gratificante saber que meus alunos seguiram adiante orientando outras pessoas, que por sua vez já estão formando outra geração”, afirma o químico, que trabalha com radicais livres desde o doutorado, conduzido sob a orientação do italiano Giuseppe Cilento, professor da USP nos anos 1950 e 1960 e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) entre os anos 1960 e 1970. Para Bechara, árvores genealógicas acadêmicas mostram dimensões do trabalho dos pesquisadores que os indicadores tradicionais não registram. “Tenho 48 anos de vida universitária e a qualidade do meu trabalho sempre foi medida pelos artigos que publiquei. A genealogia mostra se fui capaz de formar pesquisadores qualificados e de passar adiante meus valores científicos”, afirma.

A busca por ancestrais acadêmicos às vezes traz boas surpresas. Foi o que aconteceu com o matemático francês naturalizado brasileiro Jean-Yves Béziau, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que há 10 anos começou a investigar suas raízes. “Fiquei surpreso ao ver que sou descendente acadêmico do matemático e filósofo alemão Gottfried Leibniz (1646-1716)”, diz. A descoberta ocorreu depois que Béziau foi convidado a participar do Mathematics Genealogy Project, um dos repositórios de genealogia acadêmica mais antigos. Criado em 1997 pelo Departamento de Matemática da Universidade de Dakota do Norte, nos Estados Unidos, mantém registros que remontam ao século XIV. No total, são mais de 200 mil doutores em matemática e áreas correlatas, como engenharia. Para chegar até Leibniz, Béziau partiu de seu orientador, o matemático Daniel Andler, professor da Universidade Sorbonne, em Paris, e viu que mais 11 pessoas o separavam de Leibniz.

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O Mathematics Genealogy Project é um exemplo de projeto que conseguiu ir longe no tempo. Um dos desafios para quem faz pesquisa nessa área é identificar os orientadores mais antigos. O sistema de currículo Lattes foi lançado em 1999 e contém poucas menções a pioneiros da ciência brasileira. Com frequência, é preciso recorrer a registros históricos para reconstituir a árvore. “Parte de nosso trabalho com a genealogia acadêmica na área de protozoologia foi manual”, ressalta Maria Carolina. Jesús Mena-Chalco destaca outra dificuldade. “No passado, não existia a figura do orientador como a conhecemos hoje. Por isso, tivemos de recorrer a outras fontes para identificar ancestrais acadêmicos”, explica.

Desafios desse tipo são também enfrentados por Alberto Laender, professor titular do Departamento de Ciência da Computação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Ele iniciou no ano passado, juntamente com o seu colega Fabrício Benevenuto, um projeto em genealogia acadêmica denominado The Science Tree, que pretende reunir dados genealógicos de pesquisadores dos mais diversos países. O objetivo é estudar a formação, a evolução e a disseminação de grupos de pesquisa ao redor do mundo. Os dados estão sendo coletados de diversas fontes, entre elas a Networked Digital Library of Theses and Dissertations (NDLTD), que possui registradas mais de 4,5 milhões de teses e dissertações do mundo todo, e também da Plataforma Lattes, o que permitirá integrar as árvores dos pesquisadores brasileiros que se formaram em instituições do exterior com as de seus orientadores.

De acordo com Laender, sua equipe trabalhou inicialmente com dados de apenas 638 mil pesquisadores, com os quais gerou uma floresta de cerca de 98 mil árvores. “Os dados da NDLTD são registrados por instituições acadêmicas de diversos países e muitas vezes não são preenchidos de forma apropriada. Muitos trabalhos não contêm, por exemplo, o nome do orientador”, explica. Uma das principais dificuldades, ele diz, é obter dados que possam ser identificados e processados automaticamente. “Ainda que a disponibilidade de dados sobre pesquisadores seja muito maior do que no passado, estudos de genealogia acadêmica ainda exigem um trabalho de limpeza, mas que no fim vale a pena”, diz Laender. Os primeiros resultados da pesquisa foram apresentados em uma conferência internacional sobre bibliotecas digitais realizada em Newark, Estados Unidos.

*Por: Bruno de Pierro – Pesquisa Fapesp

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

2 de dezembro de 2016

I Workshop SPIE Chapter e Colloquium diei

meglinsky300Durante a manhã de 02 de dezembro, ocorreu no Auditório “Professor Sérgio Mascarenhas” do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), o I Workshop USP-IFSC SPIE Chapter, um evento promovido pelo SPIE Student Chapter e pelo Grupo de Óptica do IFSC/USP.

Na ocasião, o Prof. Dr. Igor Meglinsky, da Universidade de Oulu (Finlândia), apresentou os eventos denominados Optical diagnostics and imaging of blood and lymph vessels and microcirculation therein e Online computational tool for the needs of Biophotonics and Biomedical Optics – este último realizado no âmbito do programa de colóquios do IFSC denominado Colloquium diei, onde o docente falou sobre uma ferramenta denominada “Monte Carlo”, cujo uso, segundo Meglinsky, é adequado para as principais aplicações nas áreas de biofotônica e óptica biomédica.

O Prof. Meglinsky atua no Grupo de Biofotônica do Laboratório de Optoeletrônica e Técnicas de Medição, sediado na Faculdade de Informação Tecnológica e Engenharia Elétrica da Universidade de Oulu. O Grupo é integrado por 10 especialistas, com formações nas áreas de engenharia, física e biologia celular.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

2 de dezembro de 2016

Câmara Municipal congratula pesquisadores

A Câmara Municipal de São Carlos, por iniciativa do vereador Marquinho Amaral, deliberou no último dia 01 de novembro, por unanimidade de seus membros, congratular publicamente os Prof. Dr. Vanderlei Bagnato, Dra. Natália Inada e Dra. Fernanda Carbinatto, pesquisadores do Grupo de Óptica do IFSC/USP, pela conquista do “Prêmio Mercosul de Ciência e Tecnologia”, na categoria “Integração”, pelo desenvolvimento do projeto de equipamento para tratar lesões pré-malignas no colo do útero.

Clique AQUI para acessar o documento oficial.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

2 de dezembro de 2016

Chega ao fim a Edição – 2016

Chegou ao fim, na noite de 28 de novembro, no Teatro Municipal de São Carlos, a série Concertos USP / Prefeitura Municipal de São Carlos – Edição 2016, com a apresentação do 71º Concerto da “USP-Filarmônica”, com regência do maestro José Gustavo Julião de Camargo e com a participação dos solistas Fernando Corrêa (viola), Gilberto Ceranto (violino) e Willian Rodrigues (viola), que interpretaram obras de Karl Stamitz (1746 – 1801) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791), integradas na seguinte programação:

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Concerto em Ré maior para Viola e Orquestra (Karl Stamitz) – Fernando Corrêa (Viola)

I – Allegro (non tropo);

II – Andante moderato;

III – Rondo (Allegreto);

Sinfonia Concertante para Violino e Viola em Mi bemol – K.364 FernandoCorraViola150-CreditoFoto-AndrEstevo-200(Wolfgang Amadeus Mozart) – Gilberto Ceranto (violino) e Willian Rodrigues (viola)

I – Allegro majestoso;

II – Andante;

III Presto;

Quanto aos solistas, vale a pena deixar algumas notas neste espaço.

Fernando Corrêa (Viola) iniciou-se no violino aos nove anos de idade, no Conservatório Cacilda Becker, na cidade de Pirassununga (SP). Em 2007 começou a estudar viola, sob orientação de Fábio Schio. Graduou-se em Música pela Universidade de São Paulo (USP), onde foi aluno de viola dos professores Ricardo Kubala e Horácio Shaefer. Recebeu ainda orientações, em violino, de Milton Fernando Bergo. Atuou como violinista na YOA (Orquestra das Américas) em turnê pelo Chile, com os maestros Carlos Miguel Prieto e Benjamin Zander, fazendo concertos com os solistas Timothy Chooi, Lois Lortie e Sarah Chang. Fernando Corrêa foi chefe de naipe das violas da USP – Filarmônica e atualmente é violinista da Orquestra Sinfônica de Ribeirão Preto.

No que WillianRodrigues-150-FotoCredito-AndrEstevo-350diz respeito a Willian Rodrigues (Viola), iniciou seus estudos de violino com Elisa Fukuda, foi chefe de naipe na Camerata Fukuda e solou com a Orquestra de Rádio e TV Cultura. Atuou como músico convidado da Orquestra Sinfônica Brasileira e da OSESP, sob direção de Frank Shipwey. Aualmente, Willian Rodrigues é chefe de naipe da Orquestra Sinfônica de Piracicaba, integrando também o Quarteto L’Arianna, ao lado da família Micheletti. Destaca-se a participação de Willian Rodrigues no Ensemble Mentemanuque, sob a direção do Prof. Rubens Russomanno Riccciardi.

Finalmente, algumas notas sobre Gilberto Ceranto (violino). É formado em Violino Moderno no Conservatório de tatuí, em 2014, sob orientação de Vinicius Trisolio, tendo também estudado Violino Barroco com Juliano Buosi. Atualmente, Gilberto Ceranto é graduando do Departamento de Música da FFCLRP (USP), spalla da USP – Filarmônica, orientando do Prof. Rubens Russomanno Ricciardi, fazendo aulas com Claudio Micheletti. Gilberto Ceranto também integra o Ensemble Mentemanuque e a Oficina Experimental da USP, sob a GilbertoCeranto150-CreditoFoto-AndrEstevo-350regência da Drª Silvia Berg.

A programação referente à série Concertos USP /Prefeitura Municipal de São Carlos – Edição 2017, está já sendo elaborada, prevendo-se para o próximo mês de março a realização do primeiro concerto.

Esta série de eventos culturais contou com os apoios de todos os órgãos dirigentes da Universidade de São Paulo (USP) e do Grupo Coordenador das Atividades de Cultura e Extensão Universitária do Campus de São Carlos – USP, numa organização conjunta do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Prefeitura Municipal de São Carlos, Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP/USP) e, principalmente, do Departamento de Música da FFCLRP/USP.

As entradas para os concertos inseridos na Série Concertos USP / Prefeitura de São Carlos – temporada 2017, continuarão a ser livres e gratuitas.

(Fotos: André Estevão – FFCLRP/USP e Rui Sintra)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de dezembro de 2016

Biopharmaceuticals: Myths vs. Facts

Sob a organização do Laboratório de Química Medicinal e Computacional (LQMC) e do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos (CIBFar/FAPESP) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), ocorreu na tarde de 1º de dezembro, na sala 201 do IFSC, o seminário Biopharmaceuticals: Myths vs. Facts, que foi ministrado pelo Dr. Francisco Varela (Pfizer – Estados Unidos), que discutiu o FRANCISCO_VARELA_250mercado de produtos farmacêuticos.

Especializado em Engenharia Financeira pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT (EUA) e doutor em Ciências Químicas pela Universidade Nacional de La Plata – UNLP (Argentina), Varela é Diretor Sênior do departamento de inteligência de mercado e suporte estratégico da Pfizer, uma companhia especializada no desenvolvimento de pesquisas na área de biofármacos.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

1 de dezembro de 2016

Prof. Vanderlei Bagnato (IFSC/USP) participa de Plenária

O docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, participou, como membro permanente, da Plenária da Pontífica Academia das Ciências, que ocorreu entre os dias 25 e 28 de novembro, na Casina Pio IV, no Vaticano, presidida pelo Papa Francisco.

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Subordinada ao tema Ciência e Sustentabilidade – Impacto dos conhecimentos científicos e da tecnologia sobre a sociedade humana e sobre o meio ambiente, a Plenária congregou todos os cientistas que fazem parte da Academia de Ciências do Vaticano, tendo o evento contado, igualmente, com a presença do astrofísico britânico Stephen Hawking, que publicamente já assumiu a sua condição de ateu.

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Vanderlei Bagnato esteve acompanhado pelo Prêmio Nobel da Física (1997), Prof. William Phillips, que teve oportunidade de trocar breves palavras com o Pontífice.

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Durante o evento, os membros da Pontifica Academia das Ciências refletiram e discutiram como os avanços científicos já alcançados – ou ainda aqueles que serão descobertos – podem impactar de maneira positiva, ou negativa, no desenvolvimento sustentável das sociedades e em seu meio ambiente.

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Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de dezembro de 2016

Impacto, foco e governança desafiam a ciência brasileira

O simpósio Desafios para a Ciência e Tecnologia no Brasil, com o qual a FAPESP comemorou o centenário da Academia Brasileira de Ciências (ABC), reuniu boa parte dos membros titulares da Academia sediados em São Paulo e destacados pesquisadores de universidades e instituições paulistas de pesquisa.

No encontro, em que se “celebrou a ciência”, nas palavras de Luiz Davidovich, presidente da ABC, 11 acadêmicos apresentaram um diagnóstico do estado da arte da pesquisa em suas respectivas áreas de conhecimento e apontaram perspectivas para o avanço da ciência brasileira nos próximos anos.

Alguns desafios estratégicos começaram a ser apontados antes mesmo das apresentações, na mesa de abertura. “O impacto da ciência brasileira está caindo, apesar do número de trabalhos aumentar”, diagnosticou José Goldemberg, presidente da FAPESP. Isso decorre, em sua avaliação, da falta de foco da pesquisa, que pulveriza recursos, gera frustrações, inibe o surgimento de “ideias novas” e distancia a ciência da sociedade.

Esse quadro é agravado pelo sistema de avaliação das agências que enfatizam o número de artigos publicados e não necessariamente a qualidade. “Temos que introduzir sistemas de avaliações novos para medir corretamente esse impacto.”

“Publicar vale a pena, mas não é tudo”, sublinhou o presidente da ABC. E retomou a questão da ciência a serviço da sociedade, ainda que a pesquisa, inicialmente, não sinalize resultados práticos. Lembrou que no início do século 20, Einstein, Max Planck e Werner Heisenberg desenvolveram investigações básicas que, um século depois, materializavam-se em 1/3 do Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano na forma de dispositivos de física quântica, como lasers, por exemplo. ” A diferença entre ciência básica e aplicada está cada vez mais difusa por conta da rapidez com que se desenvolvem a pesquisa e as novas tecnologias”, reconheceu. “Mas precisamos seguir avançando na direção de inovações disruptivas.”

Eduardo Moacyr Krieger, vice-presidente da FAPESP, introduziu no debate o desafio da qualidade da produção científica e da formação de recursos humanos. O Brasil, ele afirmou, “aprendeu” a fazer ciência e a formar recursos humanos, tanto que cresceu o número de artigos publicados e de doutores. “Mas esse número ainda é insuficiente e a qualidade do que se faz também. Há, portanto, o desafio de compatibilizar a expansão ainda necessária com o apoio a núcleos de excelência em áreas prioritárias”, afirmou.

Para Krieger, o grande desafio da ciência é produzir e usar o conhecimento para o desenvolvimento social e econômico. Em sua avaliação, o diálogo da ciência com o setor produtivo tem sido profícuo – “Veja o exemplo da FAPESP”, sublinhou –, mas não identifica o mesmo sucesso na interlocução com o setor de saúde. “A pesquisa em cooperação com o setor público é pouco explorada.”

Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da FAPESP, retomou o debate sobre o papel da ciência. “O impacto social e econômico da ciência não depende apenas da universidade”, emendou. “Quem leva o impacto à sociedade é o governo ou a empresa. Universidade não faz produtos, ou cria políticas. Para ter impacto econômico de ciência e pesquisa é preciso ter atividade de pesquisa na empresa, dentro da empresa. Não estou falando sobre transferir resultados de universidades ou institutos para empresas, mas sobre a empresa, ela mesma, ter pesquisadores que foram bem educados em universidades e que são capazes de criar novos produtos, processos e serviços. Acontece que a economia brasileira tem um sistema de desincentivo à pesquisa nas empresas; aqui a empresa prospera por outros meios.”

A questão do impacto e foco da ciência no país, a qualidade da formação de recursos humanos e o papel do Estado no compartilhamento do conhecimento com a sociedade voltaram à pauta ao longo do dia de apresentações e debates.

“O Brasil precisa ter uma agenda top down de pesquisa”, afirmou João Fernando Gomes de Oliveira, vice-presidente da ABC e membro do Conselho Superior da FAPESP. “As agendas tentam contemplar todos os setores e não têm foco. Falta governança na pirâmide de decisões no país”, ele diagnosticou.

Na avaliação de Carlos Américo Pacheco, diretor-presidente do Conselho Técnico-Administrativo da FAPESP, o quadro de governança é agravado pelo fato de as agências terem perdido a “capacidade de ter massa crítica”, comprometendo a capacidade técnica do Estado.

Pacheco lembrou que o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE) – criado em 2001, durante a 2ª Conferência Nacional de Ciência e Tecnologia, no período em que ocupava o cargo de secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia – foi concebido como uma “instância geradora” de temas para os Fundos Setoriais – constituídos dois anos antes. “Em vez de fazer top down do Planalto, o CGEE ouvia a planície. Esse papel precisa ser resgatado.”

(In FAPESP 2016)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de dezembro de 2016

Programa de Intercâmbio BRASIL – EUA

A Sociedade Brasileira de Física (SBF) e a American Physical Society (APS) lançaram a 5ª Chamada de Propostas para o programa de intercâmbio APS/SBF para estudantes e professores de pós-graduação em Física.

Através do Programa Visitas de Estudantes de Física Brasil-EUA, estudantes de pós-graduação poderão se candidatar a bolsas de viagem para uma variedade de oportunidades em física, tais como: 1) participar de cursos de curta duração ou escolas de verão; 2) visita a um professor na sua área específica de pesquisa; 3) trabalho temporário em laboratórios; ou 4) qualquer outra sugestão de atividades que professores e alunos julguem merecedoras de apoio para a viagem. As bolsas tem um valor máximo de 3 000 dólares americanos

O Programa Cátedras Brasil/EUA patrocina os físicos no Brasil e nos Estados Unidos que desejem ministrar cursos de curta duração, ou série de palestras no outro país. As bolsas tem um valor máximo de 4.000 dólares americanos.

Este ano, a Sociedade Brasileira de Física oferecerá 5 bolsas de viagem para o Programa Visitas de Estudantes de Física Brasil-EUA e 1 bolsa de viagem para o Programa Cátedras Brasil-EUA.

Para consultar o Programa Visitas de Estudantes de Física Brasil-EUA, clique AQUI.

Para consultar o Programa Cátedras Brasil–EUA, clique AQUI.

Os candidatos brasileiros deverão enviar seus projetos até o dia 31/12/2016, para Maria Beatriz Mattos, através do email biamattos@sbfisica.org.br

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

1 de dezembro de 2016

Óptica quântica foi tema de encontros científicos

Durante o dia 21 de outubro, algumas dezenas de pesquisadores se reuniram no Anfiteatro Verde do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), onde participaram do Workshop on Quantum Information and Metrology, que foi organizado pelos especialistas Rafael Paiva (IFSC/USP), Raul Teixeira (Universidade Federal de São Carlos – UFSCar) e Romain Bachelard (IFSC/USP).

quantum_250As pesquisas relacionadas à informação quântica e à metrologia foram os principais assuntos abordados durante o evento. Ambas as áreas de pesquisa têm sido fundamentais para o desenvolvimento de novas tecnologias. Isso porque a informação quântica, por exemplo, permite desenvolver metodologias para aprimorar o processamento de dispositivos eletrônicos. Já na área de metrologia, têm sido estudadas novas maneiras de melhorar parâmetros de medidas utilizados em informação quântica.

Além dos organizadores, os seguintes especialistas também ministraram palestras nesse encontro: Frederico Brito (IFSC/USP), Carla Hermann (Joint Quantum Institute – EUA), Diogo Pinto (IFSC/USP), Tracy Northup (Universidade de Innsbruck – Áustria), Sébastien Gleyzes (LKB – UPMC – França) e Celso Villas Boas (UFSCar).

O evento reuniu alguns participantes que, posteriormente, entre os dias 23 e 28 de outubro, estiveram no Quantum Optics VIII, um encontro bianual que ocorre na América Latina desde 2000. Neste ano, a conferência aconteceu em São Sebastião, no interior de São Paulo, sob a organização dos pesquisadores Antônio Zelaquett Khoury, Arturo Lezama, Breno Marques, Carlos Monken, Daniel Felinto, Juan Pablo Paz, Karen Fonseca Romero e Paulo Nussenzveig.

A conferência, composta por palestras e apresentação de pôsteres científicos, reuniu cerca de 150 alunos e pesquisadores de diversos países, que desenvolvem pesquisas nas áreas de óptica quântica, processamento de informação quântica, teste fundamental de mecânica quântica, óptica não-linear, interferência quântica, entre outras linhas, que foram abordadas por dezenas de palestrantes*.

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Para Rafael Paiva, o evento realizado no IFSC/USP fortaleceu a interação entre cientistas que trabalham com informação quântica e metrologia na região de São Carlos, principalmente, no IFSC e na UFSCar. Já o Quantum Optics VIII permitiu analisar o panorama do desenvolvimento da óptica quântica na América Latina. “Eu voltei desse evento bianual, conversando com um pesquisador argentino, que quer trabalhar em parceria comigo, numa linha de pesquisa bastante semelhante à minha”, disse ele, que iniciará essa nova colaboração.

*Antonio Acin (ICFO), Cyril Elouard (Néel Institut), Julio Barreiro (UCSD), Francisco Elohim-Becerra (University of New Mexico), Janos Bergou (Hunter College/CUNY), Luiz Davidovich (UFRJ), Claude Fabre (LKB – ENS), Daniel Felinto (UFPE), Karen Fonseca Romero (National University of Colombia), Marcelo França Santos (UFRJ), Sébastien Gleyzes (LKB – Ecole Normale), Carla Hermann (JQI – Maryland), Antonio Khoury (UFF), Andrei Klimov (Universidad de Guadalajara), Gerd Leuchs (Max Planck Institute for the Science of Light), Gustavo Lima (Universidad de Concepción), Alex Lvovsky (University of Calgary), Marcelo Martinelli (IF/USP), Paolo Mataloni (Sapienza University of Rome), Jeronimo Maze (PUC – Chile), Morgan Mitchell (ICFO), Marcos Oria (UFPB), Luis A. Orozco (University of Maryland), Miguel Orszag (PUC – Chile), Sebastião de Pádua (UFMG), Olivier Pfister (University of Virginia), Eugene Polzik (University of Copenhagen), Ernst Rasel (University of Hannover), Arno Rauschenbeutel (University of Vienna), Wolfgang Schleich (University Ulm), Jorge Seman (UNAM), Alephraim Steinberg (Toronto University), Raul Teixeira (UFSCar), Sascha Wallentowitz (PUC – Chile), Martin Weitz (University of Bonn), Andrew White (University of Queensland), Christian Schmiegelow (Universidad de Buenos Aires), Pascale Senellart (Université Paris Sud) e Luiz Davidovich (UFRJ).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

30 de novembro de 2016

Long-term and new challenges in lattice QCD

BLOSSIER-300No High-Energy Physics Seminars que se realizou na tarde de 30 de novembro, na sala F-210 do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), o pesquisador Benoit Blossier, da Universidade Paris-Sud (França), apresentou o seminário intitulado Long-term and new challenges in lattice QCD, no qual falou sobre a regulação da técnica de cromodinâmica quântica (QCD, na sigla em inglês).

De acordo com Blossier, a QCD tem se estabelecido como uma importante ferramenta para o estudo de fortes interações em baixas energias.

Benoit Blossier é pesquisador no Laboratório de Física Teórica d’Orsay, da citada universidade francesa, na qual trabalha com física de partículas, mais especificamente com a fenomenologia dos Mésons B e Matéria QCD.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

30 de novembro de 2016

Docente do IFSC participará de Cantatas de Natal

A partir de amanhã, 30 de novembro, tem início as Cantatas de Natal no Centro Cultural da USP São Carlos. Ao todo, cinco cantatas serão realizadas, entre elas a que será conduzida pelo Coral Santa Cecília, que se apresentará em conjunto com a Camerata Octo+, da qual faz parte o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), José Pedro Donoso Gonzalez, atuando como violoncelista.

Centro_CulturalConfira abaixo a programação geral das Cantatas de Natal:

– 30 de novembro, 20 horas: Doces Flautistas;

– 1º de dezembro, 20 horas: Coral Santa Cecília e Camerat Octo+;

– 7 de dezembro, 20 horas: Coral USP São Carlos;

– 8 de dezembro, 20 horas: Coral Alvorada;

– 14 de dezembro, 20 horas: Coral do professor Wilson Cury.

O Centro Cultural fica localizado à Rua Carlos Botelho, ao lado do Observatório Astronômico “Dietrich Schiel”. Para mais informações sobre este e outros eventos realizados pelo Centro Cultural da USP de São Carlos, envie e-mail a cultura@sc.usp.br

Imagem: Centro Cultural (créditos: Globo.com)

Assessoria de Comunicação- IFSC/USP

30 de novembro de 2016

App permite envio imediato de ocorrências

Transitar pelas ruas, principalmente à noite, pode gerar uma sensação de insegurança, principalmente quando se está sozinho. Tal sensação pode surgir em razão da existência de vias com pouca iluminação pública, ou pela exígua circulação de pedestres e veículos em algumas regiões. Dentro dos campi universitários, a sensação nem sempre é diferente, mesmo quando há guaritas universitárias.

campus_uspFoi com o intuito de reforçar ainda mais a segurança dentro do campus USP São Carlos, que, desde 4 de abril deste ano, os transeuntes que possuem número USP podem baixar o aplicativo (app) “CAMPUS USP”, para o relato imediato de ocorrências de furtos, roubos, sequestros, vandalismo, má iluminação pública, vazamento de água, presença de animais abandonados, violência contra a mulher, incêndio, emergências médicas ou situações anômales nas dependências do campus.

As ocorrências podem ser geradas através de textos, fotos ou áudios, que são encaminhados imediatamente para a prefeitura ou para a central de segurança do campus. O aplicativo ainda traz uma opção de alerta que, quando identifica um “agito” no aparelho, envia notificações imediatas para a guarda universitária.

O aplicativo, compatível com smartphones, que contêm GPS e sistemas Android ou IOS, é gratuito e pode ser baixado na App Store e na Google Play, sendo necessário fazer login com o número USP para utilizar as opções de registros de ocorrência, chamada de emergência, mapa de segurança e o modo “alerta”.

Ao registrar uma ocorrência, o usuário recebe uma mensagem de confirmação na tela do smartphone, bem como um e-mail com o protocolo da ocorrência – dúvidas e problemas de utilização do aplicativo podem ser reportados AQUI.

O aplicativo, que foi desenvolvido por um ex-guarda universitário do campus USP de Piracicaba, pode ser utilizado nos seguintes campi da USP: Armando de Salles Oliveira, Quadrilátero da Saúde e Direito, Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Fernando Costa, Piracicaba, Bauru, Lorena (Áreas I e 2), Ribeirão Preto e São Carlos (Áreas 1 e 2).

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Em São Carlos, o aplicativo é coordenado pelo chefe da seção de segurança do campus USP São Carlos, Antenor Alves de Souza. Ele diz que, embora o aplicativo seja um anseio da comunidade uspiana, desde abril houve pouco acesso ao app, reforçando-se assim a necessidade de utilizar o sistema para manter um contato muito mais rápido e eficiente com a guarda universitária em situações de emergência.

Desde seu lançamento, o aplicativo teve 7.602 downloads e 733 ocorrências registradas, sendo que, do total de relatos relacionadas à segurança, 428 registros referiam-se a denúncias comprovadas e 178 correspondiam a testes ou enganos. No que se refere às ocorrências reais, houve 189 chamadas diretas para o telefone de atendimento da Guarda Universitária, 96 ativações do sistema de alerta, 45 denúncias de atividades suspeitas, 36 relatos de problemas de trânsito, 28 registros de animais abandonados e roubos/furtos, e 6 denúncias de vandalismo. Não houve relatos de sequestro.

Em relação à gestão dos campi, no total foram registradas 127 ocorrências relacionadas a problemas de iluminação pública, presença de buracos nas vias e casos de vazamento de água.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

29 de novembro de 2016

As redes do IFSC contra o zika vírus

Em 11 de novembro de 2015, o Ministério da Saúde brasileiro decretou emergência em saúde pública no país. A razão? Um surto de microcefalia causado por um vírus recém-descoberto em território nacional: o zika vírus. Embora ainda não se tenha certeza absoluta da relação entre zika vírus e o surto mencionado, diversos estudos realizados desde então associam os dois fatos.

Zika_virus_2016Alarmados, diversos órgãos federais e estaduais, inclusive agências de fomento, têm investido pesado em pesquisas que possam não somente comprovar a associação entre zika vírus e microcefalia, mas também incentivar pesquisadores brasileiros a encontrar soluções para exterminar o vírus do território brasileiro, bem como encontrar formas de diagnóstico e tratamento às infecções causadas por ele.

Esse foi o caso do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) que, em parceria com o Departamento de Ciência e Tecnologia (Decit/SCTIE/MS), lançaram uma chamada em junho de 2016 para “selecionar propostas para apoio financeiro a projetos que visem contribuir significativamente para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovação no País, com foco especial na prevenção, diagnóstico e tratamento da infecção pelo zika vírus e doenças correlacionadas”. O investimento da chamada soma R$65 milhões, que serão distribuídos entre as instituições e centros de pesquisa que tiverem propostas aprovadas.

Aberta a pesquisadores de todo o Brasil, no total, 32 propostas foram selecionadas, sendo duas delas de autoria dos docentes do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) Valtencir Zucolotto (Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia) e Vanderlei Salvador Bagnato (Grupo de Óptica).

Embora sejam oriundas da mesma instituição de pesquisa, as propostas têm focos diferentes: enquanto a rede que será coordenada por Zucolotto irá mirar uma maneira rápida (e barata) na detecção da infecção, Bagnato voltará seus esforços para o extermínio das larvas do Aedes aegypt* de maneira eficiente e ecologicamente correta.

Diagnóstico rápido e barato

A proposta de Zucolotto consiste no desenvolvimento de dispositivos para detecção rápida de zika vírus e dengue, e a separação entre eles. “Tendo como base amostras de pacientes, estes dispositivos tem a presença de nanotecnologia. A base para a diferenciação dos dois tipos de vírus [zika e dengue] será dada através da detecção genética, ou seja, nós conseguiremos fazer a diferenciação entre zika e dengue analisando o DNA de cada um deles”, explica Zucolotto.

Zika-_ZucolottoOs testes disponíveis para fazer esse tipo de detecção são hoje demorados e de alto custo, além de não serem capazes de diferenciar os dois vírus. Porém, através da “assinatura genética” de ambos, essa diferenciação se torna possível. “Algumas partes da sequência de DNA de zika e dengue são muito parecidas, mas outras são totalmente diferentes. É por esse caminho que tentaremos fazer a separação e diferenciação entre eles”, conta o docente.

Zucolotto, que será coordenador da rede em questão, contará com a colaboração de outras instituições de pesquisa, somando quase 50 participantes no total, entre docentes, alunos e pesquisadores em geral. Sua proposta, que se encaixa na linha temática “Desenvolvimento de novas tecnologias diagnósticas”, contará também com pesquisadores da EMBRAPA, FioCruz e UFG**. Além disso, possíveis parcerias com instituições do exterior também são visadas no projeto. “Pesquisadores da Argentina e da Alemanha já demonstraram interesse em trabalhar conosco em outros projetos similares, mas que não foram aprovados na ocasião. Agora existe grande chance de que essa parceira se concretize”, diz Zucolotto.

Extermínio amistoso ao meio ambiente

Moléstias, como o zika vírus, para serem combatidas, passam por três etapas distintas: o combate ao vetor, que é quem carrega e transmite o vírus, o combate ao microvetor, que está contido no vetor e, finalmente, o combate à doença transmitida.

Zika-_BagnatoA proposta de Bagnato, que se encaixa na linha temática “Desenvolvimento e avaliação das estratégias para controle de vetores em seus vários estágios de desenvolvimento”, mira no combate ao vetor do zika vírus, ou seja, no combate à larva do Aedes aegypti. E a maneira que isso será feito chama a atenção, justamente por ter como base uma das moléculas da curcumina, um dos componentes do açafrão, tempero comumente utilizado na culinária brasileira. “Colocaremos na água onde as larvas se desenvolvem uma molécula que é extraída da curcumina. Ao dissolvermos a curcumina na água, as larvas a absorvem. E, com a presença de luz do sol, ocorre uma fotorreação. A luz, em conjunto com essa molécula, mata as larvas”, explica Bagnato.

De acordo com o docente, a prova de conceito já foi realizada, isto é, já foi comprovado que a soma curcumina e luz do sol é capaz de matar as larvas do Aedes aegypti (clique aqui para mais detalhes). O próximo passo será a prova de campo, etapa durante a qual diversos testes serão feitos. “O interessante de nossa proposta é que as moléculas são biocompatíveis, não agredindo o meio ambiente e nem seres humanos. Se, porventura, uma pessoa ingerir curcumina, nada acontecerá, diferente dos inseticidas comuns utilizados para eliminar os mosquitos”.

Assim como na rede coordenada por Zucolotto, Vanderlei também conta com instituições parceiras para concretização do projeto, entre elas a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e a empresa PDT Pharma.

No próximo dia 30 de novembro, ocorrerá o seminário Marco Zero, durante o qual todos os coordenadores dos grupos de trabalho da Rede Zika estarão reunidos em Brasília para discutir, entre outras coisas, os ajustes metodológicos e outros aspectos relacionados à execução dos projetos aprovados. Que o zero também chegue ao número de vítimas brasileiras do zika.

*Vetor do zika vírus, dengue e chikungunya

**Empresa Brasileira de Agropecuária, Fundação Oswaldo Cruz e Universidade Federal de Goiás

Assessoria de comunicação- IFSC/USP

28 de novembro de 2016

O que é mais vantajoso: 110 ou 220V?

De algum tempo para cá, estamos vendo entrar em extinção aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos que têm seu funcionamento com 220 volts. Mas, afinal, o que é mais vantajoso ao consumidor: aqueles que funcionam com 110 ou 220?

Luiz_Nunes-_110-220-1Para responder a essa pergunta, primeiramente é interessante entender melhor como funciona o circuito elétrico dentro dos aparelhos que comumente utilizamos em nosso dia a dia. Quando plugamos um aparelho eletrônico ou eletrodoméstico na tomada, há dois polos principais : em um deles entram elétrons e do outro saem elétrons. Durante essa travessia, o aparelho, ao servir de “intermediário”, é colocado em funcionamento. Ou seja, é essa travessia de elétrons de um polo para outro que ocorre dentro dos aparelhos é que aciona seus motores, aquece suas espirais etc.

Com essa simples definição em mente, podemos avançar para nossa pergunta inicial: o que é melhor, então, aparelhos que funcionam com 110 ou 220 volts? A resposta é: depende.

Tudo é relativo (e fiação)

Tecnicamente, não há diferença nenhuma. Seja em 110 ou em 220, o desempenho dos aparelhos e o mesmo e os fabricantes escolhem a voltagem de acordo com a disponibilidade de cada local. Em países europeus, por exemplo, a maioria das tomadas é de 220V, enquanto no Brasil e Estados Unidos predominam 110V.

Porém, não referente ao desempenho, mas à economia de energia, poderá haver desvantagens dependendo do aparelho escolhido. Como muitos sabem, os “vilões” das contas de luz são chuveiros, secadoras de roupas, secadores de cabelos, aquecedores etc. O que eles têm em comum? Precisam produzir calor e, por esse motivo, gastam muito mais energia. Nestes casos específicos, o 220V pode ser mais vantajoso. “Considerando-se alguns padrões de funcionamento, uma geladeira funcionando no 220V economiza menos de 10% de energia se comparada a uma de 110V. Mas já uma secadora de roupas ligada no 220V gasta, em média, 30% a menos, uma economia expressiva”, explica o docente do Grupo de Física Teórica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Luiz NuLuiz_Nunes-_110-220nes de Oliveira.

Para entender melhor essa economia de energia, imagine uma queda d´água, supondo que 110V represente uma queda d´água de um metro e 220V de dois metros. Quanto maior a queda, mais fácil se retirar energia. Comparando-se com exemplos reais, 220V exige a passagem de menos elétrons e, portanto, menor gasto energético nos fios que conduzem eletricidade até a tomada. “É a passagem de corrente elétrica que aumenta o gasto de energia, uma energia gasta à toa, diga-se de passagem, pois quanto mais corrente passa no fio, mais calor é gerado, que, inclusive, cresce com o quadrado da corrente”, exemplifica o docente.

Ou seja, se você dobrar a corrente, aumenta-se quatro vezes o calor que passa pelo fio, uma consequência indesejada e que pode causar até mesmo incêndios, em casos extremos.

Mas, na realidade, o que realmente influencia o maior ou menor gasto dos aparelhos elétricos é o fio por onde a energia passa. Se a fiação de uma casa for dimensionada de acordo com os padrões atuais, aparelhos de 110 e 220V trarão o mesmo gasto. E, para melhor entender essa premissa, façamos uma analogia: imagine um cano de PVC por onde passa água. Mas imagine que, em vez de água, passe mel por esse cano. Num cano mais grosso, o mel passará sem maiores dificuldades, enquanto num cano com diâmetro menor, a dificuldade será maior. “Se você construir uma casa e a fiação estiver de acordo com as normas, o gasto de energia no fio será insignificante. Mas há muitas casas que não possuem a fiação adequada e, por isso, a chance de maior gasto, bem como de curtos circuitos é grande”, elucida Luiz Nunes. “O mesmo vale para emenda de fios: se elas forem mal feitas, o gasto de energia quando a eletricidade passa por eles será maior. No caso de 220V, esse gasto será, realmente, quatro vezes maior”.

Alguns poréns

Qualquer aparelho elétrico consome energia de duas maneiras. Parte do gasto ocorre no próprio aparelho e esse consumo é o mesmo com 110V ou 220V. Um chuveiro, por exemplo, gasta eletricidade para esquentar a água. Seja com 110V, seja com 220V, a resistência no seu interior precisará da mesma energia para elevar a temperatura de, por exemplo, 15ºC a 40ºC, seja com 110 V ou 220V. Mas, para a eletricidade chegar até o aparelho, ela precisa correr pelos fios escondidos dentro das paredes, e os fios também gastam eletricidade.

O consumo nos fios depende da voltagem do aparelho. Se o aparelho funcionar a 110V, os fios gastarão quatro vezes mais energia do que se ele trabalhar a 220V. “Digamos que os fios gastem 10% da energia consumida por um chuveiro de 220V, os mesmos fios gastarão 40% da energia consumida por um chuveiro de 110V. Da mesma forma, se a fiação gastar 0,5% da energia consumida por um chuveiro de 220V, a mesma fiação gastará 2% da energia de um chuveiro de 110V. No primeiro caso, boa parte da conta de luz se deverá aos fios que alimentam o chuveiro, e será muito vantajoso trabalhar com 220V. No segundo, quase não haverá diferença entre 110V e 220V”, exemplifica o docente.

A questão, portanto, é quanta energia os fios gastam. Numa casa construída com os padrões modernos, a fiação é grossa o suficiente para tornar insignificante o consumo ao longo dos fios. Entretanto, muitas das casas construídas no século XX não seguiram esse padrão, e mesmo hoje muitas são construídas com instalações elétricas abaixo do padrão, pois o cobre dos fios custa muito caro. Outro problema são as conexões (emendas entre fios) mal feitas, que também consomem energia. Nesses casos, uma fração importante da conta de luz será gasta para aquecer os fios ou as conexões, sem nenhum resultado desejável. Aparelhos com 220V reduzirão esse gasto inútil em relação a aparelhos com 110V.

Por que, então, 110V tem predominado em alguns países, como o nosso?

Simplesmente por uma questão de segurança. Levar um choque de uma tomada de 220V é duplamente mais perigoso. De acordo com Luiz Nunes, ao colocar as mãos numa tomada, nós fazemos o papel dos aparelhos: servimos de intermediário para entrada e saída de elétrons. Mas, diferente dos aparelhos, não temos nenhum motor interno que aglomere toda essa energia e a devolva ao outro polo da tomada.

Visualize algo maior: a energia produzida na Hidrelétrica de Itaipu (PR). Até chegar a nossas casas, há um trajeto pelo qual ela passa no qual diversas alterações de voltagem são produzidas, tudo isso nos transformadores localizados nas linhas de transmissão. Até aí, são altíssimas voltagens, já que há muitas perdas energéticas pelo caminho. Somente nas subestações de distribuição é que essa voltagem é reduzida para, posteriormente, caminhar pela fiação dos postes e, finalmente, chegar aos interruptores domésticos (entenda melhor o processo clicando aqui).

Mesmo que as tomadas representem perigo, o maior número de acidentes, principalmente com crianças, ainda é nos fios de alta tensão. Quem já soltou pipa sabe bem do que estamos falando. Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade, em 2013 foram registrados dois óbitos diários causados por acidentes com eletricidade, além de 173 incidentes que não chegaram a matar, mas deixaram sequelas.

Assim fica mais fácil se conformar com uma conta de energia mais “rechonchuda”. Reduzir o perigo que está em nosso alcance diariamente é a melhor pedida, mesmo que financeiramente, em alguns casos, isso não pareça nem um pouco vantajoso.

Assessoria de Comunicação

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