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26 de outubro de 2012

O Céu sobre São Carlos: semana entre 26 de outubro e 1º de novembro

Chico-8O Sol continua sua peregrinação pela constelação de Virgem nesse final de mês. No último dia 23, o astro deixou o planeta Saturno em conjunção (clique aqui para ver ilustração). Nessa posição, Saturno e Virgem ficam escondidos por trás da luminosidade solar e devem estar visíveis ao amanhecer nas próximas semanas, quando o Sol deixa rapidamente as dependências desta constelação para entrar na “casa” de Libra. Saturno tem residência fixa em Virgem por mais de dois anos, já que o seu período orbital é de 29,5 anos. Se a nebulosidade da primavera permitir, acompanhe o aparecimento de Saturno ao amanhecer nas proximidades do planeta Vênus, que acaba de entrar em Virgem. Vale a pena acordar por volta das 6 horas nas próximas semanas, pois os dois planetas terão máxima aproximação.

O movimento dos planetas é diferente. Eles parecem estar passeando em relação às estrelas fixas de fundo. Palavras como aproximação, conjunção, oposição, movimento retrógado e elongação máxima se aplicam bem a estes astros “errantes”. Isto, às vezes, complica nossa observação. Na verdade, o movimento aparente destes astros, muitas vezes perceptível no dia a dia, se deve à proximidade dos mesmos da terra e que todos nós estamos orbitando o Sol. O movimento relativo faz Mercúrio estar hoje em um lugar e amanhã desaparecer em conjunção, por exemplo. Paralelamente, a Terra percorre 2,5 milhões de quilômetros em torno do Sol e Mercúrio a distância de 4 milhões de quilômetros do astro. É preciso “pregar” o olho no céu para entender o movimento dos planetas.

Chico-7-1Já o movimento mensal do Sol pelas 12 constelações do Zodíaco, com orientação do plano da eclíptica (clique aqui para ver ilustração) se deve à translação de um ano ao longo de sua órbita em torno do Sol. Touro arrasta consigo o planeta Júpiter ao lado de seu olho cintilante, a estrela alfa Aldebaran, e tem como ornamento as Plêiades e as Híades, aglomerados estelares que podem ser vistos a olho nu. As estrelas da constelação representam a cabeça e a parte dianteira do touro da mitologia grega. O aglomerado (Híades) desenha a face do animal.

No início da semana, a Lua estará crescente na constelação de Peixes, atingindo seu ápice de luminosidade na Lua cheia no dia 29, quando nosso satélite estará ao lado de Áries, no zênite, à meia noite. Nos dias que se seguem, a Lua percorrerá a constelação de Áries, alcançando Touro em 1º de novembro com 85% de sua iluminação. O satélite vizinho possui inúmeros pontos de observação interessantes. A sua superfície é formada em parte por crateras, originadas pelo choques com asteroides, principalmente no início de sua existência (4,6 bilhões de anos atrás) e que podem ser vistas com um binóculo. Podemos observar, também, grandes áreas mais escuras a olho nu, denominadas de “mares” (termo inventado pelos astrônomos do século XVII). Os mares foram formados por impactos de grandes asteroides na Lua ancestral, gerando grandes fraturas na crosta lunar. A lava do interior do satélite saiu pelas rachaduras da crosta, cobrindo as crateras da região dos mares. O resultado foi uma superfície plana, formada por rochas pouco refletoras.

Aproveite para observar a aproximação máxima da lua com Júpiter nos próximos dias (clique aqui para ver ilustração). Os dois astros estarão a uma distância angular de apenas meio grau, aproximadamente o diâmetro de uma Lua cheia (a espessura de meio dedo indicador ou de um lápis com os braços esticados). O melhor horário para observar esse encontro é durante o nascer da Lua a leste por volta das 23 horas de 1º de novembro, quando nosso satélite natural estará um pouco abaixo de Júpiter por algumas horas. Eles estarão a nordeste, 10 graus acima do horizonte. Um lugar alto auxiliará na observação.

Chico-20Mas se você pensa que esta visão é espetacular a olho nu, procure um telescópio para observar os quatro principais satélites de Júpiter no mesmo horário da aproximação (para ver ilustração ampliada, clique aqui). Pouco antes, por volta das 22h50, você verá apenas três pontos brilhantes acima do grande planeta gasoso, através da ocular do telescópio: são as luas gigantes Calisto, Europa (ao lado) e Ganimedes (pouco acima). A quarta Lua, Io, estará escondida atrás de Júpiter. Tente olhar o Planeta durante 10 a 15 minutos. Você verá Io saindo do eclipse e se distanciando, em questão de minutos, um pouco abaixo da borda de Júpiter. Esse é um fenômeno incrivelmente rápido para os padrões astronômicos, já que Io tem quase o mesmo tamanho da nossa Lua e está cinco vezes mais distante em comparação com a distância da Terra ao Sol.

O mais interessante é que as Luas de Júpiter formam um relógio universal. Cada pessoa posicionada em qualquer parte da superfície da Terra verá Io sair do eclipse em 1º de novembro exatamente ao mesmo tempo, sem nenhum atraso. Este fenômeno foi usado por muito tempo para sincronizar relógios em diferentes continentes. Galileu demonstrou que os planetas giram em torno do Sol a partir dessa visão espetacular. Portanto, sinta-se um Galileu! Tire um tempo nesta semana para compartilhar com aqueles que se maravilham com o céu, com a Lua e as luas de Júpiter ao mesmo tempo e no mesmo ponto do espaço.

Previsão fornecida pelo docente do IFSC, Francisco Eduardo Gontijo Guimarães

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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