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27 de setembro de 2024

Em minicurso no IFSC/USP – Dr. Mike Zaworotko alerta para uma ciência que contribua para um desenvolvimento sustentado

“Na verdade,  com o passar dos anos foram descobertas novas propriedades nos cristais, nunca antes detectadas. O que nós queremos é materiais com melhores propriedades e que sejam mais baratos. Ou seja, uma ciência mais ambiciosa que se sustente em novas tecnologias para aplicações robustas com desenvolvimentos sustentáveis, como, por exemplo, na área farmacêutica ou na de materiais porosos, e que promovam uma verdadeira revolução no conhecimento”

O Dr. Mike Zaworotko (Universidade de Limerick – Irlanda) foi o cientista convidado para a realização de um minicurso no IFSC/USP subordinado ao tema “Principles of crystal engineering”, tendo como anfitrião o docente e pesquisador de nosso Instituto, Prof. Dr. Javier Ellena.

Entre os dias 17 e 23 de setembro, o Dr. Zaworotko teve a oportunidade de introduzir temas que, embora inseridos numa temática já bastante conhecida, encaminharam os participantes a realidades e circunstâncias atuais rumo a um novo entendimento e atuação, tendo em vista as alterações climáticas que surgiram recentemente e que continuam a pautar as preocupações e agendas dos cientistas em todo o mundo.

Desde 1990 que as atividades de pesquisa de Mike Zaworotko têm se destacado nos aspectos fundamentais e aplicados da engenharia de cristais. Atualmente, seu maior interesse se situa  em materiais metal-orgânicos (MOMs), especialmente fisissorventes microporosos e ultramicroporosos, bem como em materiais farmacêuticos multicomponentes (MPMs), como cocristais.

Através desses novos materiais, o Prof. Zaworotko junta-se a um seleto número de cientistas cujas preocupações se centralizam em vários desafios globais, como, por exemplo, a captura de carbono, purificação de água, energias renováveis e melhores fármacos.

Membro da Royal Society of Chemistry, da Learned Society of Wales e do Institute of Chemistry of Ireland e da Royal Irish Academy, Mike Zaworotko considera ultrapassado o entendimento de que a engenharia de cristais é uma área multidisciplinar da química e da ciência dos materiais que envolve o design e a síntese de estruturas cristalinas com propriedades específicas. Para ele, o mais importante é a aplicação de todos os conceitos.

Minicurso no IFSC/USP com o Dr. Mike Zaworotko

“Na verdade,  com o passar dos anos foram descobertas novas propriedades nos cristais, nunca antes detectadas. O que nós queremos é materiais com melhores propriedades e que sejam mais baratos. Ou seja, uma ciência mais ambiciosa que se sustente em novas tecnologias para aplicações robustas com desenvolvimentos sustentáveis, como, por exemplo, na área farmacêutica ou na de materiais porosos, e que promovam uma verdadeira revolução no conhecimento”, afirma o cientista irlandês.

Prof. Javier Ellena com o Dr. Mike Zaworotko

Além das matérias obrigatórias relativas ao minicurso apresentado pelo Prof. Zaworotko, todas elas se consubstanciaram no fato de que a teoria ficou para trás, sendo que o caminho que agora se percorre é no sentido de que em algum momento no futuro existam modelos pré-determinados nas propriedades estruturais dos materiais, embora, segundo o cientista “Ainda estejamos longe desse momento. No entanto, quando a ciência chegar nessa meta a engenharia de cristais conseguirá fazer melhores fármacos, materiais inovadores para a captação de carbono, novas energias renováveis e, acima de tudo, a existência de água pura em quantidade suficiente para a humanidade”, sublinha o Dr.  Mike Zaworotko.

Para o cientista, não é mais uma expectativa dos cientistas para conseguir tudo isso, mas sim uma obrigação de se chegar lá rapidamente, tendo em vistas as rápidas e severas mudanças climáticas que se têm observado. “As características climáticas mudaram num curto espaço de tempo. Repare como as temperaturas subiram em cerca de 1,5º em muitas partes do mundo, em pouco tempo. Repare como a Europa tem vindo a ser castigada com essas mudanças, atendendo a que as condições atmosféricas vêm agora de África e não do Atlântico Norte, como era usual desde já centenas de anos atrás. Inundações na Polônia – nunca antes vistas -, temperaturas de mais de 36º na Itália – nunca antes observadas”, pontua o cientista.

O Prof. Zaworotko adverte que as pessoas pensam que estas afirmações são um exagero, mas o certo é que se as temperaturas continuarem a aumentar nos próximos cinco anos, haverá possibilidade do clima ficar fora de controle. “Isso pode não acontecer, mas existe essa forte possibilidade e não será no tempo dos meus filhos ou dos meus netos, mas sim ainda no meu tempo de vida; e isso será um grande problema que poderá ser irreversível”, conclui o cientista.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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