Prof. Vanderlei Salvador Bagnato fala sobre a excelência do IFSC

video
play-sharp-fill

Prof. Eric Andrade fala sobre o ambiente de pesquisa no IFSC

video
play-sharp-fill

Estudante Laureana Fontolan fala sobre sua pesquisa no IFSC

video
play-sharp-fill
Total de defesas: 1948 (100%)
Mestrado: 1092 (56.06%)
Doutorado: 856 (43.94%)

Silverio Crestana

Graduação: IFQSC – Bacharelado em Física
Mestrado e Doutorado: IFQSC – Programa de Pós-Graduação em Ciências / Área: Física Aplicada
Atividade profissional atual: Sócio-Gerente e Diretor da MR-Results

Silverio Crestana é casado, natural de São Carlos e sócio da MR – Results, empresa sediada em São Paulo e dedicada à gestão empresarial, consultoria em inovação, empreendedorismo e políticas públicas. Com 56 anos, Silvério confessa que a “paixão” pelas ciências exatas começou quando iniciou o antigo ginásio e colegial, com interesse muito grande por matemática e física. Esse interesse também desabrochou graças a um grupo de professores que muito o estimularam e que ainda hoje ele os elege como “memoráveis”. Tanto no Grupo Escolar Eugênio Franco, com a Profª Maria Terezinha Venusso de Toledo, quanto no Instituto Álvaro Guião, com os professores de matemática e física, Orlando Perez, Iria Müller Guerrini e Ana May Brasil, entre outros. O amor pelas ciências exatas foi também repartido pelo entusiasmo que Silvério Crestana começou a ter pelo seu País, estimulado pelas aulas de geografia, história e conhecimentos gerais de sua saudosa professora, Maria Aparecida Morais, num período marcado pela efervescência científica mundial, com a viagem do homem à Lua. Para Crestana, esses acontecimentos marcaram as crianças e jovens daquela época, com a abertura de muitas portas que deram a conhecer imensos e inovadores cenários relacionados com as novas tecnologias, novas fontes de energia e novos materiais; enfim, com as novas possibilidades que, a partir daí, começaram a ser exploradas.

Quando falamos do ensino médio a Silvério Crestana, a primeira imagem que aparece na sua memória é a do Instituto de Educação Álvaro Guião, de São Carlos, uma instituição que sempre teve tradição e era considerada uma das melhores escolas do Estado de São Paulo, primando pelo excelente grupo de professores: “Era uma escola fantástica, com laboratórios e uma boa biblioteca. Fazíamos grupos de estudo, participávamos de feiras de ciência. Uma vez o Vanderlei Bagnato (atualmente, renomado docente e pesquisador do IFSC-USP), colega de classe no Álvaro Guião e depois no IFSC-USP, foi convidado a apresentar um trabalho na Bienal de Ciência, em São Paulo. Ele nos incentivou e criamos um grupo constituído por ele, eu e o Ricardo Toledo, onde apresentamos experiências com pilhas elétricas, lâmpadas a gás, galvanoplastia e outras invenções que o Bagnato fazia no porão da casa dele. Foi a primeira vez que fui a São Paulo. Fomos num ônibus da Viação Cometa, ficamos no alojamento dos atletas do Pacaembu e de lá íamos para a Bienal, no Ibirapuera. No colegial já sabíamos se teríamos capacidade de entrar em uma boa universidade ou não. De minha classe de quarenta alunos, dezesseis entraram na USP, UNESP ou Unicamp. Alto índice tratando-se de uma escola pública”, recorda Crestana, esboçando um sorriso de saudade.

Contudo, nem sempre a vida foi fácil para este ex-aluno do IFSC-USP, principalmente pelas dificuldades enfrentadas para a subsistência de sua família. Morando na zona rural, a 25 km de São Carlos, Crestana é um dos nove filhos de um casal de lavradores que trabalhava de sol-a-sol, com a ajuda dos filhos. Todos eles estudaram, mas todo o santo dia partiam para a escola a bordo de uma Kombi bem velhinha: “Trabalhávamos das 6 às 11 horas da manhã no mangueiro, ou no cafezal, e depois meu pai nos levava para a escola. No final do dia, voltávamos para o sítio. Naquela época, não havia eletricidade em casa e estudávamos com luz de vela e lampião a querosene”, salienta Crestana. As dificuldades eram superadas pela vontade da família querer sair daquela situação sofrida, subdesenvolvida. Havia um esforço coletivo, todos se ajudavam e se apoiavam mutuamente: “Minha mãe, que nos alfabetizou na escola rural, sempre nos estimulou a ler, fazer as tarefas e trabalhos escolares. Lembro-me que, para cada filho, ela recomendava uma leitura. Li o “O Homem que Calculava”, de Malba Tahan, e depois revivíamos os capítulos brincando com os números nas caminhadas de final do dia. Meu pai contava as histórias que ele viveu na Segunda Guerra Mundial, onde serviu como pracinha brasileiro. Ele gostava de ler e tinha uma boa cultura; gostava de clássicos e muitas vezes citava Dostoiévski – ‘A vida é vida em qualquer lugar, a vida está em nós mesmos e não fora de nós’. Dizia que o nosso sucesso estava na nossa capacidade de estudar e fazer uma faculdade. Os irmãos mais velhos serviam como exemplo para os mais novos, tanto nos estudos como nos afazeres domésticos”, enfatiza nosso entrevistado. Além de seus pais, Silvério e seus irmãos também recebiam apoio e incentivo de tios e primos, para que todos eles estudassem, presenteando-os de quando em vez e sem distinção, com livros, enciclopédias, jogos e brinquedos educativos.

A decisão de cursar Física e de entrar para a universidade foi, de certa forma, uma espécie de “contaminação” do irmão mais velho de Silvério – Sílvio. Ainda no colegial, nosso entrevistado pensava em fazer matemática, mas depois conheceu a Física e decidiu-se definitivamente por ela. Sílvio fazia física e Silvério gostava daquele ambiente acadêmico que seu irmão frequentava com seus colegas, sempre estudando, preocupados com provas e listas de exercícios, mas ao mesmo tempo felizes com o que faziam, e também discutirem questões filosóficas, políticas e de fronteira do conhecimento. Não havia barreira intelectual com nenhuma outra área de conhecimento, já que, segundo Silvério “eles pareciam estar acima de qualquer contradição com as demais profissões”. Os professores e técnicos da Física eram muito próximos dos alunos, estando sempre juntos na cidade ou nas repúblicas, quer no cinema, quer também nos laboratórios: “Alguns professores faziam, inclusive, caminhadas e passavam por nosso sítio, lá no Alto da Serra de Analândia. Eram muito alegres, interessados em nossas vidas, e aquele jeito liberal e familiar desses cientistas também era muito estimulante. Minha decisão por fazer física foi, assim, muito natural”, pontua Silvério.

Nos primeiros anos de universidade, é natural o aluno passar por uma série de conflitos e dúvidas. Contrapondo os prazeres pelo conhecimento e pela ciência, estes ficavam diminuídos por aquilo que Silvério considera de “algumas aulas chatas, com provas e listas de exercícios burocráticos e cansativos”, embora sempre prevalecesse a ideia de que sem dificuldade não haveria sucesso. Alguns professores não se incomodavam com o desmotivação dos alunos, tratando essa situação como se isso fosse um processo seletivo natural, onde os melhores sobreviveriam. Silvério ressalta, todavia, que tirando essas raras exceções, sobressaía um número de excelentes professores, mas nem sempre eram eles que prevaleciam nas decisões sobre os cursos: “Neste parâmetro, presto minha homenagem aos caros Professores Almir Massambani, Renê Ayres, Dietrich Schiel e Robert Lee Zimmermann, já falecidos. Minha turma começou com vinte alunos e desses se formaram apenas meia dúzia, contando-se, entre eles, duas personalidades geniais – Vanderlei Bagnato e o José Nelson Onuchic, além dos demais, todos especiais -, mas as dificuldades não aconteciam apenas com os alunos de física. A crise política também estava presente em nosso dia-a-dia. Durante a graduação, envolvi-me bastante com o movimento estudantil: era uma época de regime militar e lutamos pela anistia, pela redemocratização, pelo ensino público e gratuito, por eleições diretas, e outras bandeiras. Nos últimos anos de graduação eu já tinha o perfil de quem não iria seguir a carreira acadêmica. Eu representava os estudantes na Congregação do Instituto e já rejeitava aquele ambiente competitivo entre professores, cientistas, recursos para pesquisa, número de publicações, cargos administrativos e conflitos gerados por vaidades pessoais, etc.”, recorda Silvério Crestana.

No último ano de física, Silvério pensou seriamente em desistir e só não levou por diante essa intenção graças ao Prof. Sérgio Mascarenhas que, segundo nosso entrevistado, sempre foi extraordinário, criativo e motivador, onde, ao mesmo tempo em que ele reconhecia a competência do aluno e o elogiava, simultaneamente propunha para ele um determinado desafio. ”Ele é um verdadeiro cientista. Foi o pioneiro na criação do Instituto de Física de São Carlos (USP), na Universidade Federal de São Carlos, no Centro de Pesquisa e Instrumentação da Embrapa e em tantas outras instituições. Ele sempre considera que o principal fator de sucesso nas instituições científicas e de pesquisa é a motivação das pessoas e não apenas o volume de recursos, os laboratórios bem montados e outros itens que se consegue, desde que você tenha um bom projeto de pesquisa. Com ele fiz o mestrado em dosimetria de radiações e física médica, depois fiz o doutorado em física nuclear e vivi o melhor período na área de pesquisa. Publicamos trabalhos científicos, participei de vários cursos e congressos no exterior. A convivência com ele, com os colegas do laboratório de biofísica e com os professores que visitavam o Prof. Sérgio sempre foram muito positivas. E, a propósito, foi em um curso no ICTP- International Cen-ter for Theoretical Physics, na Itália, que conheci a Denise, que também é física, nos casamos e temos um filho, o Bruno. Durante o mestrado e doutorado, eu já trabalhava em empresas. Na SAPRA-Serviço de Proteção Radiológica e depois, na construção de equipamentos para controle de qualidade em indústria de papel. Não segui a carreira acadêmica exatamente pelas contingências e oportunidades que surgiram ao longo de meu caminho.

 

A decisão de seguir o caminho do setor produtivo

A decisão de Silvério Crestana seguir o setor produtivo foi quase que natural, já que sempre gostou de trabalhar em áreas que permitiam pesquisar, adquirir novos conhecimentos e que tivessem aplicações e impactos positivos na sociedade, colocando de lado e desde cedo a perspectiva de uma carreira acadêmica. Logo após ter concluído seu doutorado, Silvério passou um período nos EUA, visitou o MIT e Berkeley, buscando um centro para fazer pós-doutorado. Aí, percebeu que em sua turma, no MIT, a maioria das pessoas era oriunda de empresas e que existia aí um universo imenso para explorar. Desistiu de fazer o pós-doutorado e decidiu “meter as mãos na massa”: “Nessa época eu era contratado na ENGEPRON- Empresa Gerencial de Projetos Navais, ligada ao Ministério da Marinha. Para conhecer melhor a área empresarial, sempre procurei me atualizar com novos cursos. Fiz um MBA em Gestão Empresarial na FGV- Fundação Getulio Vargas, e Especialização em Políticas Públicas, no Instituto de Economia da Unicamp”, salienta Silvério. O percurso profissional do ex- aluno do IFSC-USP é vasto. Primeiro, trabalhou na Sapra, em São Carlos, seguindo-se uma rápida passagem pela CPFL, em Campinas, onde o Prof. Rogério Cerqueira Leite estava criando um grupo de pesquisa. Em seguida, trabalhou durante um ano na COPPE, na UFRJ, tendo depois ingressado no projeto nuclear da Marinha do Brasil, onde trabalhou de 1988 até 2001, no cargo de pesquisador e gerente de projetos de segurança nuclear e meio ambiente, um projeto que foi muito bem sucedido. Havia uma estratégia nacional que visava dominar o ciclo de enriquecimento de urânio, produzir combustível nuclear e construir reatores de potência para geração de eletricidade e propulsão de submarino. O Centro Experimental de Iperó – SP constrói ultra-centrífugas para enriquecimento isotópico de urânio e o Brasil é um dos poucos países do mundo a dominar essa tecnologia. Os obstáculos foram criados por governos que não deram continuidade aos investimentos e demitiram muitos cientistas e engenheiros altamente qualificados. Nos últimos anos o Programa está sendo retomado.

Em seguida, Silvério participou de um processo seletivo na Korn Ferry Internacional, que estava selecionando gerentes para o SEBRAE- Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas, tendo sido contratado para a unidade de inovação e depois convidado a gerenciar a unidade de políticas públicas: “Fizemos um grande trabalho que culminou na aprovação do Estatuto Nacional das Micro e Pequenas Empresas, uma legislação semelhante ao Small Business Act, nos EUA. Também lideramos a criação de políticas públicas municipais para apoio às MPE’s, onde hoje elas são aplicadas em mais de três mil municípios brasileiros. Essa legislação trata de Acesso à Justiça, Crédito, Inovação, Compras Governamentais, Educação Empreendedora, e a Novos Mercados, além de reduzir a carga tributária por meio do Supersimples. Depois de nove anos no SEBRAE, fui consultor do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento, em Brasília e em 2011 associei-me a dois colegas na MR Results, empresa de consultoria onde mais me dedico, atualmente. A MR Results é uma pequena empresa de consultoria em gestão empresarial, inovação, empreendedorismo e políticas públicas”. Nessa empresa, Silvério Crestana compartilha sua experiência adquirida com as de outros dois sócios ao longo de mais de trinta anos de profissão. Atualmente é consultor da Frente Parlamentar do Empreendedorismo da Assembleia Legislativa, do SESCON-SP e do Sistema Sebrae.

Da Física, Silvério traz o método de trabalho: “Num laboratório, usamos regras básicas para produzir conhecimento científico, enquanto que no gerenciamento de projetos controlamos recursos e tempos para buscar resultados de boa qualidade. Muitas competências, tais como iniciativa, criatividade, raciocínio analítico, visão estratégica, pesquisa de informações, capacidade de tomar decisão, persistência, habilidade para liderar equipes, foco em resultados que gerem impacto, são importantes, tanto na física quanto nas empresas”, explica nosso entrevistado.

Em uma empresa, o salário de um físico se equipara ao de um engenheiro, administrador, economista, desde que esses exerçam funções equivalentes. A vantagem do físico é que ele se adapta bem em múltiplas funções. Normalmente, os salários das empresas são maiores que os dos professores das boas universidades, embora, com uma certa lógica, não exista estabilidade e flexibilidade como na academia. Na área de consultoria, é necessário ter muitos anos de experiência, ou seja, não é lugar para se iniciar uma car-reira. Segundo Silvério, os valores variam de acordo com os projetos, instituições, períodos e outras variáveis. Atualmente, os consultores que prestam serviços para instituições brasileiras, como o SEBRAE, ou para agências internacionais, como o BID, órgãos do governo ou instituições empresariais e empresas médias, cobram na ordem de R$ 200,00 a hora de consultoria, (da ordem de R$ 220 mil/ano) mas essa é apenas uma referência. Em alguns casos, os valores são calculados por projetos e os valores podem ser muito superiores a esses.

Quanto às expectativas para o futuro, Silvério Crestana é enfático ao afirmar que acredita muito no Brasil, pois sente que há uma evolução muito positiva em várias áreas, tanto na indústria, comércio, serviços, agronegócios, e também na educação. Sendo o Brasil a sexta economia mundial, as empresas querem melhorar a sua competitividade, mas, segundo o nosso entrevistado, o governo não pode atrapalhar, é preciso melhorar a eficiência na gestão pública: “Meu desafio é contribuir para isso. Essa não é uma tarefa fácil e nem se realiza sozinho. Sempre associado a outras pessoas e instituições, desejo continuar contribuindo na melhoria do ambiente empreendedor brasileiro, na inovação tecnológica, nas condições sociais dos cidadãos menos favorecidos e, para isso, é necessário modernizar a administração pública, não apenas com inovação tecnológica, mas, principalmente, com pessoas capacitadas e motivadas. Minha expectativa profissional é contribuir nesse esforço nacional, que deverá ser a prioridade dos governos nos próximos anos.”

Para os alunos do IFSC-USP, ou para aqueles que desejem ingressar futuramente em nosso Instituto, Crestana deixa algumas dicas, em forma de conselho: “Sejam empreendedores. Não se limitem a assistir aulas e fazer listas de exercícios. Aproveitem os professores e colegas para discutirem todos os tipos de problemas. Participem dos grupos de pesquisa e congressos científicos, construam equipamentos, usem mais os laboratórios. Um bom físico é um bom formulador de problemas. As melhores chances de fazer descobertas científicas ocorrem antes de completar 30 anos. O IFSC-USP está na fronteira de várias áreas do conhecimento, por isso, pensem em aplicar esses novos materiais, equipamentos e métodos. Não deixem eles se desatualizarem nas prateleiras nem nos “papers”. Inventem desafios que estimulem a inteligência e a racionalidade, mas não descuidem as emoções e o lado humano. Viagem, namorem, lutem por ideias, participem do CAASO, acompanhem a política local e a nacional. Sejam criativos!”, finaliza Silvério Crestana.

Também proponho que o IFSC-USP crie uma disciplina de empreendedorismo com o objetivo de contribuir para a disseminação da cultura empreendedora, e incentivar os alunos a se inserirem no mercado de trabalho com uma atitude empreendedora ou a criarem seus próprios negócios.

Jeremihas Sulzbacher Caruso

Graduação: IFSC – Bacharelado em Física / Habilitação: Informática
Mestrado: IFSC – Programa de Pós-Graduação em Física / Área: Física Aplicada / Opção: Física Computacional
Atividade profissional atual: Analista de Sistemas na Amdocs

Jeremihas Sulzbacher, que, em 1998, veio de São Paulo para São Carlos durante o seu ensino médio, enquanto suas irmãs cursavam Química na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), diz que sua paixão pelas ciências exatas surgiu ainda na época do colegial. Durante suas férias escolares, Jeremihas sempre acompanhou os trabalhos de suas irmãs nos laboratórios da universidade, o que só aumentou o interesse pelas exatas. Já na época de seu vestibular, suas duas irmãs estavam fazendo pós-graduação em Biofísica, no Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), onde Jeremihas teve a oportunidade de conhecer o Instituto. “Como as minhas irmãs estavam engajadas nesse meio, eu acabei encontrando uma porta fácil para aprender, já que elas me ensinavam bastante”.

Além das irmãs, Sulzbacher conta que os professores que teve durante o ensino médio também o influenciaram a seguir pelo caminho das ciências exatas. Pelo fato das irmãs trabalharem na biofísica e Jeremihas gostar bastante de computação e física, ele teve a sorte de conhecer alguns dos docentes do IFSC e de compreender e se apaixonar pelo curso de física computacional, que se tornou sua primeira opção no vestibular.

Jeremihas sempre esteve seguro sobre aquilo que realmente queria, assim como sempre soube que sentia uma forte atração pela computação, tendo bastante facilidade em lidar com números, embora confesse que a única vez em que divergiu nesse campo foi no momento em que resolveu aplicar a computação à biologia: “Assim que comecei minha graduação, na física, fiz iniciação científica em bioinformática, no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação [ICMC]”. Apesar de ter algum gosto por biologia, isso não bastou para que se interessasse profundamente pela aplicação que havia feito na área.

Quando Sulzbacher terminou sua graduação, no IFSC-USP, ainda não tinha noção se iria se dedicar à academia ou à indústria, mas tudo levava a crer que a direção era no sentido da área acadêmica. Mesmo assim, não deixou de procurar emprego e prestou provas para realizar uma pós-graduação. No final de sua graduação, só havia três caminhos para seguir: trabalhar, estudar, ou ambas as opções, simultaneamente. “Nessa época, me dediquei à vida acadêmica e comecei minha pós-graduação. Eu não estava de acordo com os empregos que tinham me oferecido até aí, porque o mercado de trabalho não era – e ainda não é fácil; é difícil achar um emprego em que você fique satisfeito com todas as condições. É necessário estudar todas as circunstâncias possíveis para poder aceitar algum serviço que tenha a ver com você, com suas habilidades”.

Naquela época, tudo o que foi oferecido a Jeremihas não o satisfez. Após essa fase, ele realizou seu mestrado, onde surgiu a proposta de atuar na Amdocs, empresa multinacional que desenvolve softwares e serviços para operadoras de telecomunicações. Apesar de enviar seu currículo para a empresa, o ex-aluno do IFSC confessa que ficou cético, já que a Amdocs exigia conhecimentos sobre vários métodos para aquele cargo. Todavia, o físico enviou um currículo para a companhia e, em menos de uma semana, a empresa ligou e marcou uma entrevista com Sulzbacher. Depois de realizar duas entrevistas e uma prova na empresa, ele foi contratado e já está na Amdocs há um ano e dois meses.

Para ele, a primeira dificuldade que encontrou quando ingressou na empresa foi perceber que, como cientista, ele tinha a obrigação de descobrir as coisas, mesmo que demorasse para que isso ocorresse. “Como profissional no mercado de trabalho, um cientista tem que fazer as resoluções de forma rápida, não pode perder tempo. Não pode sentar-se e tentar descobrir uma maneira de fazer com que algo funcione. É preciso sentar e fazer. Esse que é o grande diferencial entre o curso de física e outros voltados ao mercado de trabalho”. Na Amdocs, Jeremihas atua como analista de sistemas, campo que carece de profissionais no Brasil. Ainda de acordo com o físico, o salário de um especialista que almeja atuar na mesma área que ele, é bem relativo: “Isso depende muito da cidade em que você vai trabalhar. Por exemplo, em São Carlos o custo de vida é baixo e há muitos estudantes, o que significa que existe uma grande quantidade de estagiários disponíveis para as empresas e isso dificulta a contratação de profissionais. Em São Paulo, a média do salário pago para profissionais como Jeremihas é entre cinco a nove mil reais. Eu tive colegas que ganhavam doze mil reais, trabalhando em desenvolvimento de software e fizeram física computacional”.

Quanto ao futuro da tecnologia de informação (TI), ele diz que ela está sobrepondo às atividades humanas. “Todo o nosso trabalho manual está sendo substituído, mas alguém precisa fazer isso funcionar. Por exemplo, nós não vamos mais precisar carregar pedra, mas nós precisaremos saber como criar um robô que carregue essa mesma pedra”. Algo que ele aprendeu com um de seus amigos da física, foi que o ser humano é “preguiçoso” e, para Jeremihas, é exatamente isso que está acontecendo nos dias atuais. “Talvez essa ideia de a tecnologia substituir o homem não funcione, já que alguém terá que programar as tecnologias para fazer tudo funcionar. Mas, todo esse processo vai deixar o ser humano ainda mais preguiçoso e dependente das máquinas”, explica.

Em suma, com toda a sua bagagem de experiência, Jeremihas aconselha os alunos que estão cursando a graduação a que sintam curiosidade e busquem tudo aquilo que sonham, sem desistir. “Quando eu entrei no curso de física, tinha minhas dúvidas, acabei indo para a bioinformática e essa iniciação foi muito importante porque fez com que eu percebesse que não queria ir para a área biológica e sim continuar na física”, finaliza Jeremihas.

André Muezerie

Graduação: IFSC – Bacharelado em Física / Opção: Física Computacional
Mestrado e Doutorado: IFSC – Programa de Pós-Graduação em Física / Área: Física Aplicada / Opção: Física Computacional
Atividade profissional atual: Desenvolvedor de provedor na Microsoft USA

André Muezerie, ex-aluno do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), tem 37 anos e atualmente mora nos Estados Unidos, onde trabalha na sede da conceituada Microsoft, na cidade de Redmond, estado de Washington. Nascido na Holanda, André realizou a maior parte de seu ensino fundamental em São Bernardo do Campo, São Paulo, no colégio São José. Naquela época, pelo fato de ainda estar aprendendo o português, teve bastante dificuldade com as disciplinas sociais, porém, sempre teve maior facilidade com as exatas. Durante o ensino médio, sua família mudou-se para São Carlos, onde André fez curso colegial técnico em eletrônica na Escola Técnica Estadual Paulino Botelho. Um de seus professores do “cursinho” havia comentado com ele sobre o curso de Física Computacional oferecido pelo IFSC-USP. André achou o título da disciplina bastante curioso, pesquisou sobre o curso e decidiu que ingressaria no Instituto de Física de São Carlos. Após terminar sua graduação, o ex-aluno do IFSC-USP pretendia continuar na área acadêmica, tendo por isso iniciado o seu mestrado. Foi mais tarde, durante o doutorado, que resolveu ir para o setor industrial: “Eu me dei conta de que as oportunidades na indústria eram maiores e mais gratificantes para mim. Tenho bastante satisfação de trabalhar com algo mais concreto e ver esse trabalho amadurecer”. Assim que terminou o seu doutorado, André Muezerie começou a trabalhar numa startup em São Carlos, chamada 3WT – Wireless Web Word Tech -, onde atuou no desenvolvimento de sistemas embarcados. Após um ano e meio, uma ex-colega do André que também estudou no IFSC, avisou-o que um recrutador da Microsoft estava à procura de novos profissionais; foi aí que André resolveu enviar o seu currículo para participar da entrevista. Após passar por diversas etapas do recrutamento, André recebeu duas ofertas de emprego para trabalhar dentro da renomada empresa: a primeira era para atuar no grupo responsável pelo desenvolvimento do compartilhamento de arquivos do Windows, conhecido como SMB, enquanto a segunda oferta foi para trabalhar em outro grupo que desenvolvia um produto para prover alta disponibilidade no Windows Server, setor em que André atua até hoje como desenvolvedor. “Eu escolhi trabalhar com essa equipe, porque o produto que eles desenvolvem é mais abrangente, além do fato de que eles interagem muito com componentes de outros grupos. Então, achei que eu teria maior oportunidade de aprender coisas novas nesse setor e ter mais sucesso na minha carreira”, explica o ex-aluno do IFSC-USP. A ansiedade foi o principal obstáculo que André Muezerie enfrentou quando começou a trabalhar na Microsoft, já que não sabia como seria o seu futuro profissional na empresa. Porém, ainda de acordo com o físico computacional, no final tudo decorreu de forma tranquila. Segundo ele, o salário bruto de quem ingressa numa companhia parecida com a Microsoft, nos Estados Unidos, varia de acordo com a cidade e com o estado, mas pode chegar a, aproximadamente, R$ 229.000,00 por ano. “Nós sabemos que o pessoal que trabalha na Califórnia ganha cerca de vinte ou trinta por cento a mais do que aquele que trabalha em Washington”, pontua André, sublinhando que essa diferença se deve ao fato do custo de vida na Califórnia ser mais alto, principalmente devido aos altos custos de moradia e à cobrança de imposto de renda estadual em acréscimo ao Federal, que é comum a todos os estados. Trabalhando há sete anos na Microsoft, André Muezerie acredita na possibilidade de crescer profissionalmente, uma vez que a empresa oferece oportunidades para que seus funcionários mudem de projetos e de grupos dentro da própria firma, fator que tem dado bons resultados à empresa e aos próprios empregados. Por fim, segundo a opinião de André Muezerie, os alunos que ingressarem no IFSC deverão se dedicar bastante ao curso, traçar um objetivo profissional e batalhar muito para alcançarem o objetivo almejado. Ele completa, ainda, sugerindo aos alunos pensarem grande, não se restringindo aos mercados locais ou nichos específicos.

Maria Amélia Villela Oliva Dotta

Graduação: UFSCar – Ciências Biológicas
Doutorado Direto: IFSC – Programa de Pós-Graduação em Física / Área: Física Aplicada / Opção: Física Biomolecular
Atividade Profissional atual: Supervisora de projetos e de biotecnologia no laboratório da EMS

A ex-aluna do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP), Maria Amélia Villela Oliva Dotta, tem 31 anos e nasceu em São Carlos, mas atualmente vive na cidade de Campinas, onde trabalha como supervisora de projetos e de biotecnologia no Laboratório EMS S/A, uma indústria farmacêutcia nacional dedicada à produção de medicamentos genéricos e que, desde há alguns anos, busca produtos inovadores incluindo os biofármacos.

A USP sempre esteve presente na vida da pesquisadora, já que seu avô, o Prof. Dr. Swami Marcondes Villela, foi aluno e dire-tor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), a exemplo de seus pais, igualmente formados na mesma Unidade da USP. No ensino fundamental, realizado na Escola Educativa, em São Carlos, Maria Amélia já demonstrava grande interesse pelas ciências exatas e biológicas. Após ter participado de diversas feiras científicas e de eventos promovidos pela USP, por influência direta de seus pais, ingressou na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde cursou Ciência Biológicas. No terceiro ano da graduação, Maria Amélia participou de um curso de ciência que contou com a participação do Prof. Dr. Otavio Henrique Thiemann, do Grupo de Cristalografia do IFSC. Apaixonada pelo conteúdo apresentado por Otavio, que versava sobre filogenia de proteínas, ela conversou com o docente e iniciou um projeto de Iniciação Científica no Instituto de Física de São Carlos, o que abriu caminho para que a pesquisadora fizesse sua Pós-Graduação no Instituto, onde iniciou o seu Mestrado. Ao ser incentivada por Otávio a elaborar um projeto de doutorado voltado a rota de síntese do aminoácido selenocisteína em tripanosomatideos, ela aceitou o desafio e submeteu seu trabalho à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, que foi aprovado. “Deixei de lado a minha bolsa de mestrado e me apliquei totalmente ao doutorado direto”, salienta Amélia que, em 2009, teve a oportunidade de estagiar durante oito meses na Yale University, nos Estados Unidos. Na opinião da pesquisadora, a pós-graduação do IFSC-USP é bastante focada no âmbito acadêmico. Quando foi à universidade de Yale, ela se surpreendeu com o contato que aquela instituição tinha com as grandes empresas. “Percebi que a área das ciências exatas é o futuro para empresas alimentícias, farmacêuticas, agronômicas, entre outras que hoje necessitam de profissionais com a especialização interdisciplinar que o IFSC apresenta em sua pós-graduação, já que são poucos os cursos que têm o conceito da grade curricular do Instituto, fato que me permitiu ter mais segurança em minha profissão e maior contato, tanto com a física básica e aplicada, quanto com biotecnologia e cristalografia”, afirma Maria Amélia, acrescentando que nunca teve a intenção de atuar na área acadêmica. A justificativa está no fato de desde quando começou o curso de biologia, já tinha uma visão ampla sobre as ciências exatas, de que tudo o que aprendia tinha utilidade prática. Quando regressou ao Brasil, Maria Amélia contou a Otavio Thiemann que estava interessada em trabalhar na vertente industrial. “O Otávio contatou todas as pessoas que ele conhecia e que atuavam no mercado, sendo que dois meses após finalizar o meu doutorado fui contratada pela EMS. Estou lá há três anos”, diz a ex-aluna do IFSC-USP. Segundo Maria Amélia, mesmo sendo destaque na área de medicamentos genéricos, a EMS não possui linhas de produtos inovadores, como os biofármacos, provenientes de células animais. Assim a estratégia da empresa foi rumar na consolidação de parcerias com companhias estrangeiras que pudessem fornecer medicamentos para a indústria, revendendo-os, mas que tivessem um interesse suplementar em realizar transferência de tecnologia para a EMS produzir e comercializar seus próprios fármacos. Para isso, a EMS, que hoje emprega cerca de sete mil funcionários, possui uma equipe que viabiliza a busca por medicamentos importados e inovadores, cooperando com a internacionalização dos produtos da companhia. Atualmente, esse grupo, denominado “Divisão de Inovação Farmacêutica”, é coordenado por Maria Amélia. “Além de fazermos o trâmite junto ao Ministério da Saúde e da ANVISA no registro dos medicamentos importados, trabalhamos ao lado da equipe de produção onde auxiliamos na transferência de tecnologia , para que possamos concretizar o objetivo da empresa de criar seus próprios fármacos”, explica a egressa da USP.

Quando foi contratada pela EMS, Maria Amélia era analista de biotecnologia em uma equipe responsável por analisar a viabilidade de produtos importados para a empresa. Hoje, além de coordenar esta equipe, ela supervisiona diversos projetos de internacionalização. “Expandi meu horizonte para os produtos sintéticos. Então, tive que estudar a parte de farmacologia e química sintética para poder incorporar esses produtos no setor em que sou responsável atualmente”, revela a pesquisadora, que sublinha a importância da pós-graduação do IFSC, já que hoje são poucas as instituições que oferecem habilidades para profissionais que querem trabalhar com biotecnologia no ramo farmacêutico. De acordo com ela, a indústria tem uma dinâmica maior do que a da academia. Ao contrário do setor acadêmico, no industrial tudo ocorre de forma mais veloz “Sem muitos papéis burocráticos e assinaturas. A indústria não se importa muito com a quantidade de artigos que você publicou e em quais revistas eles foram destacados. O interesse dela está naquilo que você sabe fazer. Era essa dinâmica que eu buscava quando terminei o doutorado”, revela Maria Amélia Dotta. Para ela, outro diferencial de atuar na indústria é que o diploma de doutorado é bastante valorizado, mas não tanto assim… “De fato, o mercado valoriza o doutorado, mas não da mesma forma como ele é supervalorizado na academia. Contudo, um especialista que ingressar no mercado não ganhará menos do que o salário de um professor recém contratado na academia. Agora, um profissional com cerca de dez anos de experiência, pode receber facilmente vinte ou vinte e cinco mil reais, e isso tendo como referência apenas o mercado brasileiro”, diz Maria Amélia, que acrescenta: “Hoje, a indústria nacional sabe que não sobreviverá apenas com a produção de medicamentos genéricos. Em algum momento ela precisará internizar e ampliar a inovação nos seus produtos de linha”.

Com três anos de experiência na vertente industrial, Maria Amélia visa ascender profissionalmente. Na EMS, ela tem acompanhado não só o processo de inovação da empresa, como também desse mercado. Neste sentido, está bastante familiarizada com as dificuldades das companhias farmacêuticas e, atualmente, Maria Amélia pensa em criar a sua própria empresa, tendo em vistas a oferta de prestação de serviço e desenvolvimento na área em que já atua. Todavia, ela acredita que é importante saber valorizar e estar ciente do potencial que cada estudante possui. “Eu acredito nas vocações das pessoas. Gostar de ciência é fácil! Não falo isso apenas como cientista, mas também como profissional da indústria. O aluno que quer ingressar em um curso de física tem que pensar além da ciência”. Para a pesquisadora, o estudante deve refletir no modo em que quer utilizar a ciência, seja dentro da academia ou seja na ciência aplicada, a serviço da comunidade e do desenvolvimento tecnológico do Brasil.. Tendo surgido esse questionamento apenas no final de sua pós-graduação, Maria Amélia acredita que se tivesse pensado nesse leque de opções, ainda no início de sua vida acadêmica, talvez tivesse se direcionado para disciplinas e atividades que hoje seriam muito mais importantes para a sua profissão. “Meu curso de graduação foi de bacharelado e licenciatura; hoje, penso que, ao invés de ter optado por também se formar em licenciatura, poderia ter escolhido outras disciplinas que tivessem um viés mais aplicado”, completa Maria Amélia, que incentiva os jovens estudantes a pensarem no futuro e buscarem seus objetivos para que sejam concretizados.

Gustavo Henrique Frigieri Vilela

Graduação: UNESP – Farmácia e Bioquímica
Doutorado Direto: IFSC – Programa de Pós-Graduação em Física / Área: Física Aplicada / Opção: Física Biomolecular
Atividade profissional atual: Pesquisador na Área Médica da start-up Braincare

O ex-aluno do Instituto de Física de São Carlos, Gustavo Frigieri Vilela, de 36 anos, é casado e nasceu em Araraquara (SP), cidade paulista também conhecida como “Morada do Sol”. No ensino fundamental, realizado na E. E. Lea de Freitas Monteiro, Gustavo já demonstrava interesse e facilidade nas disciplinas de ciências exatas e biológicas, mas, na sua transição para o ensino médio daquela escola pública para o ensino particular – Anglo -, sentiu certa dificuldade e um “choque de realidade”, principalmente nas disciplinas de exatas. Após estudar bastante para se recuperar dessa mudança, Gustavo acabou se apaixonando ainda mais pelos números. Já na difícil época do vestibular, Gustavo ainda tinha dúvidas quanto à área que deveria seguir – ciências exatas ou biológicas – tendo feito vestibulares tanto para farmácia bioquímica, quanto para computação. Devido ao seu esforço, foi aprovado em ambos os vestibulares, tendo optado por cursar farmácia bioquímica, na UNESP, em Araraquara. Após graduar-se em farmácia, Gustavo trabalhou em um hospital na cidade de Matão (SP), como analista clínico, tendo vindo posteriormente para São Carlos, onde trabalhou na Farmácia Rosário. Já desenvolvendo sua atividade profissional na citada farmácia, eis que recebeu uma ligação do Prof. Dr. Sérgio Mascarenhas (IFSC-USP), que procurava por um medicamento e, Gustavo, ao explicar toda a composição química do remédio, recebeu do Prof. Sérgio o convite para participar de uma reunião, que resultou na ida do ex-aluno da UNESP para o IFSC-USP para realizar seu mestrado em Física Biomolecular. “O Prof. Sérgio tem o dom de passar todo seu conhecimento e de contagiar seu interlocutor com um entusiasmo indescritível”, comenta Gustavo. Durante o mestrado em Física Biomolecular, sob orientação do Prof. Sérgio Mascarenhas, Gustavo enfrentou algumas dificuldades em certas disciplinas, como, por exemplo, em termodinâmica, uma vez que sua bagagem de conhecimento adquirida na área farmacêutica não exigia muito cálculo, ao contrário dessa e de outras disciplinas da física que exigem muita concentração e estudo. Após seis meses de mestrado, Gustavo iniciou seu doutorado direto, também em Física Biomolecular. Após a defesa de seu doutorado, em 2010, iniciou pós-doutorado, supervisionado pela Profa. Dra. Yvonne Mascarenhas. “Quando eu voltei à área de pesquisa, pretendia atuar na academia, mas pelo fato de alguns projetos se terem transformados em produtos, com o apoio da FAPESP, o meu foco ficou direcionado para o mercado”, explica o jovem. Para concluir o pós-doutorado, Gustavo deu seguimento a uma pesquisa que já tinha iniciado no IFSC-USP, consubstanciada no desenvolvimento de monitor minimamente não-invasivo para monitorar a pressão intracraniana, com apoio da Sapra Assessoria, empresa voltada a proteção radiológica. “Hoje, o projeto do monitor já está patenteado, em fase de início da produção e aguardando o registro na ANVISA para comercialização”, conta ele. Com o desenvolvimento do produto, Gustavo Vilela e o Prof. Sérgio Mascarenhas criaram a startup Braincare, em São Carlos, que desenvolve projetos no campo de instrumentação médica. Um profissional com perfil acadêmico similar ao de Gustavo, que já possua doutorado e que almeje ingressar em uma empresa na área de instrumentação médica, poderá receber entre três a quatro mil reais, um salário que poderá dobrar ou triplicar, conforme esse especialista adquira novas experiências profissionais. Atualmente, o objetivo de Gustavo Vilela é continuar atuando na Braincare e disponibilizar o seu produto no mercado. “Além disso, nós também estamos visando o desenvolvimento de novos sensores voltados à área médica, mas cujos projetos ainda não podemos divulgar”, conclui o ex-aluno do IFSC-USP. Para Gustavo, a Física Computacional é um curso bastante completo, que abrange um grande leque de saídas profissionais, fator que compensa o esforço e dedicação dos alunos que pretendam seguir por esse caminho.

Silvio Antonio Tonissi Junior

Graduação: EESC – Engenharia Elétrica – Ênfase: Eletrônica
Mestrado: IFQSC – Programa de Pós-Graduação em Ciências / Área: Física Aplicada
Atividade profissional atual: Sócio-Gerente e Diretor da Eyetech

Silvio Antonio Tonissi Junior, 51 anos, sempre gostou das ciências exatas, áreas em que sempre teve mais facilidade, tendo conseguido boas notas durante os anos em que estudou na E. E. Coronel Paulino Carlos. Após terminar o Ensino Médio no Colégio Diocesano, Silvio pretendia cursar Engenharia Química, porém, na época, esse curso só existia na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), onde o vestibular ocorria apenas no meio do ano. Assim, sem muitas expectativas, resolveu prestar a prova para fazer Engenharia Elétrica, na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC-USP), tendo acabado se identificando com a área.

No ano de 1984,por influência de um amigo -um antigo técnico de nível superior do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) -, Silvio começou sua iniciação científica no Grupo de Óptica do IFSC, sob a orientação do Prof. Dr. Jarbas Caiado de Castro Neto. Pelo fato de se ter interessado pelo Instituto, após se formar na EESC deu início ao seu mestrado em Física. Depois que seu amigo largou a vaga de técnico, tendo ingressado como docente, Silvio conseguiu ocupar o lugar vago e começou a trabalhar com lasers, um dos campos em que atua até hoje prestando serviços, além de trabalhar na sua própria empresa.

Logo depois de concluir seu mestrado, Tonissi iniciou o doutorado, porém, nessa época, resolveu abrir em São Carlos,em parceria com alguns pesquisadores e ex-funcionários do Instituto, a empresa Eyetec, dedicada a suprir a demanda por equipamentos utilizados por médicos oftalmologistas que, até então, não eram fabricados no Brasil. Quando abriu a empresa, ele não sabia se ela renderia bons resultados: “A dificuldade era fazer com que a firma funcionasse. Na época, em cada dez empresas nascidas, apenas duas sobreviviam. Mas a Eyetec foi crescendo aos poucos e hoje ela congrega aproximadamente 50 funcionários”.

Para Silvio, criar uma empresa é um passo arriscado. “Com certeza, aqueles que pretenderem abrir uma terão que trabalhar bastante, lembrando que nada estará garantido. Você tem que estar sempre trabalhando para não perder para a concorrência”, explica. Os estudantes que almejarem seguir por este caminho, poderão auferir rendimentos superiores a R$ 15.000,00 por mês, de acordo com ele.

Em suma, Tonissi diz que é preciso fazer aquilo que realmente se gosta. Ele, por exemplo, era apaixonado pelas ciências exatas, mas não sabia exatamente em qual área gostaria de atuar e, aos poucos, através de suas próprias experiências e tentativas, encontrou exatamente o rumo que gostaria de seguir durante seu caminho profissional. “Os alunos devem fazer aquilo que eles gostam. Eles têm que estar sempre melhorando e, assim que aparecer alguma oportunidade, não podem ter medo de encarar. Eles devem se arriscar e, se não der certo, paciência: é tentar novamente”, finaliza.

Fale com a Pós-Graduação do IFSC
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..