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12 de março de 2014

Como viajar no tempo

Hollywood já fez muito dinheiro com este enredo e milhões de pessoas já sonharam com o dia em que uma máquina do tempo as transportasse ao passado para que fosse possível fazer muitas coisas de maneira diferente. Mas, a viagem no tempo, como a conhecemos nos filmes de ficção científica, é impossível de ser realizada. Pelo menos esse é o estágio de nosso entendimento tendo como base as leis físicas escritas até o momento.

Dani-_viagem_no_tempo-1Mas, antes de dar um fim ao sonho de tantas pessoas, podemos dizer que, em certo sentido, as viagens no tempo são possíveis, sim. Só não o são da maneira que gostaríamos. Segue a explicação.

Para entender como e que tipo de viagem no tempo poderia ser realizada pelos seres humanos, a primeira coisa a ser feita seria entender melhor o conceito de tempo, em si. Sabe-se que o tempo juntamente com o espaço formam uma “teia” indissociável chamada “espaço-tempo”. A percepção de cada pessoa imersa nesse espaço-tempo depende da maneira como cada um se move. No entanto, “embora tenhamos liberdade para caminhar em qualquer direção no espaço, no tempo isso não é possível e temos a percepção de sermos obrigados a caminhar sempre para frente, em direção ao futuro, e nunca para trás”, explica o docente de Física Teórica do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Daniel A. Turolla Vanzella.

O que se aprendeu com a relatividade, formulada por Albert Einstein em 1905, é que o tempo não é o mesmo para todos (diferente do que Isaac Newton supôs quando formulou suas leis da Mecânica). Isso quer dizer que pessoas que realizam trajetórias diferentes terão uma percepção diferente do tempo. “O que determina essa diferenciação é o movimento que cada pessoa realiza. A percepção do tempo é diferente para as pessoas, dependendo da velocidade entre elas. Mas, para se sentir essa grande diferença, essas velocidades têm que ser próximas à velocidade da luz”, elucida Daniel. “Cada observador percebe a separação do espaço-tempo em espaço e tempo de maneira distinta”.

Para citar um exemplo concreto do que foi escrito acima, imagine a seguinte situação: uma pessoa parada na Terra e outra parada dentro de um foguete, com velocidade de deslocamento próxima à velocidade da luz, afastando-se da Terra e, depois de algum tempo, retornando ao planeta. “Enquanto para aquele que estava dentro do foguete vai ter-se passado, por exemplo, apenas um ano, para a pessoa que ficou parada na Terra terão se passado dez, cem ou mil anos. Tudo dependerá de qual foi a velocidade com que o foguete se deslocou. Isso é um tipo de ‘viagem ao futuro'”.

Dentro desse cenário possível de “viagem ao futuro”, ninguém ainda conseguiu realizá-la dessa maneira tão dramática, na prática. Isso porque, de acordo com Daniel, ainda não existe tecnologia que nos possibilite viajar a velocidades tão altas como as necessárias no exemplo acima.

Dabi-_viagem_no_tempoQuanto a uma viagem ao passado, isso é algo impraticável. Isso porque o tempo se move para frente e nunca para trás – que é o que possibilitaria uma volta ao tempo. “Para realizar uma viagem ao passado, a trajetória de alguém no espaço-tempo deveria ser ‘circular’, e isso é impossível, no melhor de nosso entendimento atual”, afirma Daniel.

Mas, se por um lado, o homem não conseguiu desenvolver um veículo capaz de fazer viagens a velocidades próximas a da luz, fazer com que partículas fundamentais (como prótons, elétrons e nêutrons) realizem as “viagens ao futuro” já é algo comum em muitos laboratórios de pesquisa do mundo. Os nêutrons, por exemplo, produzidos comumente em reações nucleares, vivem em torno de 12 minutos e depois se desintegram. No entanto, nêutrons se deslocando de maneira muito mais rápida, demoram em torno de uma hora para se desintegrar. “O simples fato de ter alta velocidade já faz com que o tempo passe mais devagar. Ou seja, este fato, que em escala humana é fora do comum, já é muito bem testado no mundo das partículas elementares”.

Mesmo diante do que foi descrito, não é preciso perder todas as esperanças de uma viagem no tempo como as encenadas nos filmes. Ainda que isso seja impossível no momento, muitas teorias já foram desfeitas e reformuladas com conclusões totalmente distintas. No entanto, com o avanço da tecnologia atual, a torcida de alguns pode ficar para que o homem produza um veículo de locomoção rápido o suficiente para que se tenha a chance de, ao menos, avançar no tempo.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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