Uma maneira divertida, mas responsável, de ensinar
Há muitos anos, um cientista afirmou que “na Natureza, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”. O conceito tornou-se tão universal que, hoje, é aplicado nas mais diversas situações, inclusive na transmissão do conhecimento.
Com isso em mente, tornou-se preocupação de alguns professores da atualidade reaproveitar métodos de ensino que, ao mesmo tempo, se encaixem à realidade dos novos estudantes e mantenham excelência e seriedade, não perdendo de vista a transmissão dos antigos- e tão importantes- conceitos básicos de algumas ciências.
Pensando em uma maneira mais didática, lúdica e interessante para transmissão de tais conceitos em sala de aula, Luiz Antonio de Oliveira Nunes, docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), orientou sua, na época, aluna de mestrado, Alessandra Riposati, para confecção do livro paradidático, Física em Casa, que explica conceitos de física, exclusivamente relacionados à eletricidade.
O livro, lançado em 2006 e patrocinado pelo Instituto de Nanotecnologia para Marcadores Integrados (INCT-INAMI), do qual Luiz Antonio é coordenador, já foi distribuído a diversos professores do ensino médio e fundamental de escolas públicas de São Carlos. Além de seu formato impresso, é disponibilizado gratuitamente na internet, para download- que, até a data presente, já teve mais de 15 mil acessos.
A linguagem, acessível a qualquer tipo de público, explora teoria e prática, esta última através da descrição de experimentos simples, que esclarecem os mais conhecidos conceitos de eletricidade, ensinados, muitas vezes, de maneira rudimentar e incompreensível em salas de aula. “Quando confeccionamos esse livro, a ideia era de que os usuários vissem começo, meio e fim, ou seja, conhecessem os princípios básicos dos fenômenos, como eles ocorrem e aonde se aplicam”, conta Luiz Antonio.
Ainda de acordo com o docente, que já ministrou diversos cursos, no Brasil, sobre métodos para ensino de física, o maior problema nas escolas é, justamente, o educador não conseguir transmitir ao aluno a importância de tais conhecimentos básicos. “Nenhum conhecimento é gerado sem motivo. No primeiro capítulo do livro, partindo da elucidação de conceitos básicos de eletricidade, chegamos à explicação do funcionamento de uma máquina de Xerox, por exemplo”.
Embora direcionado especialmente a estudantes, Luiz Antonio afirma que, para qualquer cidadão que tenha interesse em aprender física, o livro é de grande valia. Ele conta que a metodologia utilizada não é inovadora, mas sim a maneira como foi empregada. Em formato de histórias narrativas, as experiências contadas no livro requerem materiais simples, como canudos, pilhas e papel higiênico, para serem testadas e comprovadas. “Qualquer pessoa pode fazer todos os experimentos descritos no livro, que foram testados e funcionam perfeitamente”, afirma.
A prática da teoria
Na prática, o resultado já é satisfatório. Gláucia Grüninger Gomes Costa, que ministra aulas para estudantes do terceiro ano do ensino médio na escola estadual “Professor José Juliano Netto”, conta que já utiliza o material desde que este foi lançado. “Quando a Alessandra fazia seu mestrado, eu a ajudei a fazer o piloto do livro. Percebi que os alunos se interessavam e vi que era uma forma agradável de aprender física”, conta. “Quando fazemos os experimentos, os alunos sentem, veem, observam, e conseguem captar, muito melhor, os conceitos do que se tivessem contato, apenas, com a teoria”.
Gláucia, que é mestra e doutora pelo IFSC, até hoje desenvolve trabalhos na universidade com vistas à aplicação em sala de aula. “Sou experimental e sempre fui. Acho que, quando você vivencia os conceitos e os fenômenos, você aprende muito mais”, afirma. “Os experimentos do Física em Casa não são revolucionários ou modernos, mas são simples e se utilizam de materiais de baixo custo”.
Moldando uma realidade mais próspera
Gláucia garante que sua preocupação primordial é a compreensão dos alunos em relação ao conteúdo das aulas. “A eletricidade está, diretamente ligada, ao cotidiano dos alunos, quando, por exemplo, mexem em seus iPods ou computadores. É importante que eles tenham embasamento sobre os conceitos básicos presentes nos aparelhos modernos”, afirma a professora.
Sobre a metodologia trabalhada no Física em Casa, Luiz Antonio conta o que lhe serviu de base para pensá-la. “As perguntas dos estudantes de hoje, certamente, são as mesmas que eu tinha quando aluno era aluno do colegial. Foi pensando nessas questões que montamos o livro”, conta o professor, que já tem planos para lançar material semelhante, desta vez trabalhando os conceitos básicos de ondulatória.
Para fazer o download do livro, acesse www.lla.if.sc.usp.br/ensino/livro.htm
Assessoria de Comunicação