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19 de janeiro de 2022

Pesquisadores da USP São Carlos criam luva que detecta pesticidas em alimentos

Cientistas da Universidade de São Paulo (USP) criaram um dispositivo sensor vestível embutido em uma luva de borracha sintética capaz de detectar resíduos de pesticidas em alimentos. O trabalho, apoiado pela FAPESP, foi idealizado e liderado pelo químico Paulo Augusto Raymundo-Pereira, pesquisador do Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP).

O dispositivo tem três eletrodos, localizados nos dedos indicador, médio e anelar. Eles foram impressos na luva por meio de serigrafia, com uma tinta condutora de carbono, e permitem a detecção das substâncias carbendazim (fungicida da classe dos carbamatos), diuron (herbicida da classe das fenilamidas), paraquate (herbicida incluído no rol dos compostos de bipiridínio) e fenitrotiona (inseticida do grupo dos organofosforados). No Brasil, carbendazim, diuron e fenitrotiona são empregados em cultivos de cereais (trigo, arroz, milho, soja e feijão), frutas cítricas, café, algodão, cacau, banana, abacaxi, maçã e cana-de-açúcar. Já o uso de paraquate foi banido no país pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

A análise pode ser feita diretamente em líquidos, apenas mergulhando a ponta do dedo contendo o sensor na amostra, e também em frutas, verduras e legumes, bastando tocar na superfície da amostra.

Sergio Antonio Spinola Machado, professor do Instituto de Química de São Carlos (IQSC-USP) e coautor da pesquisa, diz que não há nada semelhante no mercado e que os métodos mais utilizados atualmente para detecção de pesticidas se baseiam em técnicas como cromatografia (técnica analítica de separação de misturas), espectrofotometria (método óptico de análise usado em biologia e físico-química), eletroforese (técnica que utiliza um campo elétrico para separação de moléculas) ou ensaios laboratoriais.

“No entanto, essas metodologias têm custo alto, demandam mão de obra especializada e um tempo longo entre as análises e a obtenção dos resultados. Os sensores são uma alternativa às técnicas convencionais, pois, a partir de análises confiáveis, simples e robustas, fornecem informação analítica rápida, in loco e com baixo custo.”

Na luva criada pelo grupo, cada dedo é responsável pela detecção eletroquímica de uma classe de pesticida. A identificação é feita na superfície do alimento, mas em meio aquoso. “Precisamos da água, pois é necessário um eletrólito [substância capaz de formar íons positivos e negativos em solução aquosa]. Basta pingar uma gotinha no alimento e a solução estabelece o contato entre este e o sensor. A detecção é feita na interface entre o sensor e a solução”, detalha a química Nathalia Gomes, pesquisadora do IQSC-USP e integrante da equipe.

Sensores

O processo de verificação de presença de pesticidas é simples. Coloca-se um dedo de cada vez na amostra: primeiro, o indicador; depois, o médio e, por último, o anelar. No caso de um suco de frutas, basta fazer a imersão dos dedos no líquido, um de cada vez. A detecção é feita em um minuto e, no caso do dedo anelar, em menos de um minuto.

“O sensor no dedo anelar usa uma técnica mais rápida. Ele é composto por um eletrodo de carbono funcionalizado, enquanto os dos outros dois dedos por eletrodos modificados com nanoesferas de carbono [dedo indicador] e carbono printex, um tipo específico de nanopartícula de carbono [dedo médio]. Após a detecção, os dados são analisados por um software instalado no celular”, explica Raymundo-Pereira.

O pesquisador ressalta que a incorporação de materiais de carbono conferiu seletividade aos sensores, uma das propriedades mais importantes e difíceis de alcançar em dispositivos semelhantes. “Uma escolha criteriosa de materiais à base de carbono permitiu a detecção sensível e seletiva de quatro classes de pesticidas dentre os mais empregados na agricultura: carbamatos, fenilamidas [subclasse das fenilureias], compostos de bipiridínio e organofosforados. Assim, um dos diferenciais da invenção está na capacidade de detecção seletiva em presença de outros grupos de pesticidas, como triazinas, glicina substituída, triazol, estrobilurina e dinitroanilina. Com os métodos tradicionais isso não é possível.”

Outro destaque do dispositivo está na possibilidade de detecção direta, sem exigir preparo de amostra, o que torna o processo rápido. Além disso, o método preserva o alimento, permitindo o consumo após a análise.

A luva não tem prazo de validade e pode ser usada enquanto não houver danos nos sensores. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, professor do IFSC-USP e coautor da pesquisa, explica que os sensores podem ser danificados por solventes orgânicos (como álcool e acetona) ou por algum contato mecânico impróprio na superfície do sensor (um objeto que o arranhe, por exemplo).

Mercado

Raymundo-Pereira salienta que o produto é inovador e que já está em andamento o processo de requisição de patente junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). Ele afirma que não há um procedimento simples para a detecção de pesticidas, principal razão pela qual os testes para discriminação de diferentes classes de pesticidas e outros contaminantes ainda não estão disponíveis no mercado. Para ele, o uso de dispositivos como a luva, que permitem a análise química de materiais perigosos in loco, seria relevante em aplicações alimentares, ambientais, forenses e de segurança, permitindo um rápido processo de tomada de decisão no campo.

“Representantes das agências internacionais que fazem o controle da entrada de alimentos nos diversos países do mundo já usam luvas para manipulá-los. Imagine se tivessem um sistema de sensoriamento de pesticidas embutido? Alimentos contendo pesticidas proibidos seriam descartados já na fronteira. O dispositivo pode ser usado durante a colheita também.”

Segundo o pesquisador, o custo do dispositivo é basicamente o custo da luva, sem o sensor. “Os sensores custam menos de US$ 0,1. O custo principal é a luva. Usamos uma luva nitrílica porque é menos porosa que a de látex. Com a pandemia, o preço dela disparou. E o custo individual subiu. Mas, ainda assim, o dispositivo que criamos é um produto muito barato. Mais acessível que os testes feitos atualmente.”

(Agência FAPESP / Imagem de Nathalia Gomes USP))

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

19 de janeiro de 2022

Duas bolsas no Grupo de Biotecnologia Molecular (IFSC/USP)

O Grupo de Biotecnologia Molecular do IFSC/USP está procurando candidatos para preenchimento de duas vagas, com atribuição de bolsas.

Desenvolvimento Técnico Industrial

A primeira oportunidade diz respeito a Desenvolvimento Técnico Industrial (DTI), que tem como objetivo apoiar os projetos de biologia molecular, bioquímica e caracterização enzimática desenvolvida pelo grupo em colaboração com uma indústria biotecnológica. O valor da bolsa é de R$3.000,00/mês.

O candidato deve ter experiência comprovada para apoio técnico de laboratório de Biologia Molecular, Bioquímica e/ou Enzimologia, de preferência com alguma experiência em clonagem, expressão heteróloga e caracterização bioquímica das enzimas ativas em carboidratos complexos (CAZymes).

É necessário enviar o Currículo Lattes e uma carta de motivação, evidenciando a aderência aos pré-requisitos e habilidades requeridos.

Enzimas para produção de prebióticos

A segunda vaga está aberta para candidatos com Pós-Doutorado, igualmente com atribuição de bolsa, com o objetivo de identificar enzimas envolvidas na degradação de polissacarídeos complexos, conduzir sua expressão heteróloga e caracterização bioquímica visando produção sustentável de oligossacarídeos com potencial pré-biótico. O valor da bolsa é de R$7.373,10.

O(a)s candidato(a)s devem ter doutorado em Biologia Molecular, Bioquímica, Biotecnologia, Farmácia, ou áreas afins, de preferência com experiência em clonagem, expressão heteróloga e caracterização bioquímica das enzimas ativas em carboidratos complexos (CAZymes).

De igual forma, o(a)s candidato(a)s deverão enviar o currículo Lattes e uma carta de motivação, evidenciando sua aderência aos pré-requisitos e habilidades requeridas.

As inscrições para estas vagas deverão ser remetidas para o email do pesquisador responsável por estes projetos – Prof. Dr. Igor Polikarpov -, através do email  ipolikarpov@ifsc.usp.br

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de janeiro de 2022

Alterado o contato telefônico para marcação de tratamentos no “Centro de Reabilitação de Pacientes Pós-Covid-19”

Foi recentemente alterado o contato telefônico para a marcação de tratamentos no “Centro de Desenvolvimento e Treinamento para Tecnologias e Procedimentos de Reabilitação de Pacientes Pós-Covid-19”.

Assim, todas as marcações deverão ser feitas diretamente com a Santa Casa da Misericórdia de São Carlos através do número (16) 3509-1351.

Recordamos que o “Centro de Desenvolvimento e Treinamento para Tecnologias e Procedimentos de Reabilitação de Pacientes Pós-Covid-19” é o resultado de uma parceria estabelecida entre a Secretaria de Saúde de São Carlos, Santa Casa da Misericórdia de São Carlos, Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e o Instituto INOVA/CITESC – Centro de Inovação e Tecnologia em Saúde, sendo a única estrutura no país exclusivamente dedicada ao tratamento de pacientes (residentes em São Carlos e região) portadores de sequelas provocadas por  COVID-19.

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

13 de janeiro de 2022

UNICAMP – 2º Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos

Estão abertas até o dia 31 de deste mês as inscrições para o “2º Prêmio de Reconhecimento Acadêmico em Direitos Humanos”, promovido pelo Instituto Vladimir Herzog – UNICAMP.

O Prêmio, criado em 2020, tem origem na convicção sobre a importância de se renovar o compromisso da universidade com a defesa, direta ou indireta, dos direitos humanos das gerações do presente e do futuro. Ele assume publicamente a necessidade de criar e difundir conhecimentos, de todas as áreas, capazes de proteger e promover a dignidade da vida e de todas as formas de existência. A premiação das pesquisas sintonizadas com esses princípios visa reconhecer, a cada ano, a importância desse pacto entre a universidade pública e a sociedade.

As diretrizes do Prêmio permitem que numerosas pesquisas se engajem nessa pauta. Estão alinhadas com o Prêmio pesquisas compatíveis com o respeito à dignidade e à sustentabilidade da vida, renovando o direito da comunidade do planeta de ser, existir e cumprir suas funções nos processos de constante transformação.

Também são candidatas aquelas engajadas com a superação de todas as formas de desigualdade e com o desenvolvimento de práticas, técnicas e conceitos comprometidos com a preservação e reprodução da vida. Pesquisas que apoiam a formação de profissionais comprometidos com a vida digna, com a mudança social e com a preservação dos recursos naturais e culturais essenciais à existência plena das gerações do presente e do futuro também estão no perfil do Prêmio.

Pesquisas, ainda, que incentivam o respeito mútuo, a empatia, a cultura de paz, a equidade, o diálogo, as práticas de solidariedade local e global, voltada às necessidades dos mais vulneráveis e pautada pela responsabilidade compartilhada, também concorrem a esse Prêmio.

Dessa forma, não se trata de premiar pesquisas sobre direitos humanos, mas aquelas comprometidas com os direitos humanos, com o direito da comunidade do planeta em ser e existir plenamente. Ele assume, portanto, como desejável e plenamente possível que esse compromisso com a vida plena, digna e justa esteja presente em todas as áreas do conhecimento.

Esta segunda edição do prêmio acolhe candidaturas de pesquisas de graduação, mestrado e doutorado, concluídas em 2021, de todas as instituições públicas de ensino e pesquisa com sede no estado de São Paulo. São cinco categorias premiadas:

*Ciências exatas, engenharia e tecnologia;

*Ciências biológicas e da saúde;

*Ciências humanas, sociais e econômicas;

*Artes, comunicação e linguagem;

*Educação.

As informações estão disponíveis no Edital DeDH nº 02/2021, no site da Diretoria Executiva de Direitos Humanos da Unicamp (VER AQUI)

Mais informações também estão disponíveis nas redes sociais: @odh.unicamp e @vladimirherzog.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

11 de janeiro de 2022

IFSC/USP: fotoemagrecimento aumenta a eliminação de gordura

Nova terapia combinada com exercícios e alimentação adequada reduz em mais 20% a gordura acumulada

Um novo tratamento desenvolvido no IFSC/USP, designado “fotoemagrecimento“, combinado com as terapias tradicionais que utilizam exercício físico e nutrição adequada, foi capaz de reduzir em mais 20% a eliminação de gordura corporal no espaço de oito semanas.

Esta pesquisa, desenvolvida pelos pesquisadores Drs. Antonio de Aquino Junior, Fernanda Carbinatto e Prof. Vanderlei Bagnato, e recentemente publicada no “Journal of Obesity & Weight Loss Therapy”, é o resultado de um trabalho desenvolvido ao longo de uma década no sentido de combater a obesidade e de reduzir, de forma substancial, os valores de colesterol, triglicérides e de gordura visceral, esta última responsável pelo aparecimento do diabetes tipo 2. O estudo comprova, ainda, que todos esses benefícios provocam uma redução substancial de gordura acumulada no fígado.

A Drª Fernanda Carbinatto comenta que “Embora a terapia convencional, que alia o exercício físico a uma alimentação equilibrada, se apresente eficaz na redução da gordura e no emagrecimento das pessoas, o certo é que se adicionarmos a fototerapia obtemos, no espaço de oito dias, uma redução de mais 20% de gordura, sem qualquer tipo de medicamento, o que é, de fato, extremamente importante”.

“Esta forma de tratamento não tem apenas o objetivo de contribuir para um efeito estético. Aliás, esse não foi o objetivo de nossa pesquisa, mas sim de encontrar respostas para combater uma situação que já se tornou cotidiana, que é a obesidade e, com ela, o agravamento das condições de saúde das pessoas. O fotoemagrecimento é realizado com os equipamentos já desenvolvidos no Grupo de Óptica do IFSC/USP”, acrescenta o Dr. Antonio de Aquino Junior

Para conferir o artigo publicado, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de janeiro de 2022

Produção científica do IFSC/USP no mês de dezembro de 2021

Para ter acesso às atualizações da Produção Científica cadastradas no mês de  dezembro de 2021,  clique AQUI, ou acesse o Repositório da Produção USP (AQUI).

A figura ilustrativa foi extraída do artigo publicado recentemente, por pesquisador do IFSC, no periódico “Journal of Materials Chemistry A” (VER AQUI).

 

 

 

 

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

4 de janeiro de 2022

Inscrições abertas – concurso para docentes no Instituto de Física USP (IFUSP)

Estão abertas entre os dias 05 de janeiro e 03 de fevereiro de 2022 vagas para Professor Doutor e Professor Titular no Instituto de Física da USP (IFUSP), sendo que os procedimentos devem ser realizados pela plataforma (VER AQUI).

Serão aceitas novas inscrições, bem como os já inscritos poderão atualizar sua documentação, ou fazer eventuais correções.

Atenção: realize sua inscrição/atualização assim que possível, evitando instabilidades no sistema nas últimas horas. Não haverá extensão no prazo.

Posições e áreas disponíveis:

Professor Doutor:

-1 vaga para Física Experimental | Física Aplicada com Feixes Iônicos e Radiação (edital IF-68/19);

-1 vaga para Física Geral | Teoria de Sistemas Fortemente Correlacionados em Matéria Condensada (edital IF-69/19);

-1 vaga para Física Matemática | Óptica não Linear Experimental em Diferentes Escalas de Tempo (edital IF-70/19);

-1 vaga para Física Aplicada | Física da Atmosfera (edital IF-71/19);

Professor Titular:

-1 vaga para Física Nuclear | Física (edital IF-67/19);

Verifique as informações completas nos editais indicados pelo site da Instituição (AQUI).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

28 de dezembro de 2021

Equipes do Paulistano, EEFERP/USP e IFSC/USP analisam dados da avaliação multidisciplinar de atletas do Judô

Participantes do evento. Da esquerda para direita (sentados): Douglas Vieira, Tito J. Bonagamba, Cristiano R. A. Barreira e Marco Dagnino. Da esquerda para direita (em pé): Thais P. R. L. Silva, Cristina Madi, Cilene C. de Oliveira, Enrico F. Puggina, Fábio M. P. de Castro, Giovani Marcon, Tiago R. Figueira e Marcelo Papoti

Fruto de um grande esforço dedicado à integração da Ciência do Esporte com a Prática Esportiva, visando o alto rendimento, as Equipes da Clínica de Avaliação Multidisciplinar de Atletas de Alto Rendimento, da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (EEFERP/USP), e de Judô do Club Athletico Paulistano (CAP), realizaram intensas atividades conjuntas no período de 27 a 30 de outubro de 2021, nas dependências da EEFERP/USP, envolvendo cerca de 60 pessoas das duas instituições, incluindo 26 Judocas. Durante este período, a(o)s Judocas foram submetida(o)s a avaliações físicas, psicológicas e sociais por colaboradora(e)s dos seguintes grupos de pesquisa da EEFERP/USP:

– Grupo de Estudo e Pesquisa em Aspectos Socioculturais e Pedagógicos do Esporte – GEPESPE, coordenado pelo Prof. Renato Francisco Rodrigues Marques;

– Grupo de Pesquisa Fenomenologia e Práticas Corporais – GFEPAC, coordenado pelo Prof. Cristiano Roque Antunes Barreira;

– Grupo de Estudos em Desempenho Físico e Treinamento Esportivo – GEDEFITE, coordenado pelo Prof. Enrico Fuini Puggina; e

– Grupo de Estudos e Pesquisa em Ciências Fisiológicas e Exercício – GECIFEX, coordenado pelo Prof. Marcelo Papoti.

Abertura do evento. Da esquerda para a direita: Professores Hugo Tourinho Filho, Tito J. Bonagamba e Douglas Vieira

De forma complementar, toda(o)s atletas foram submetida(o)s à análise da densitometria corporal por meio da técnica de absorção de raios-X de dupla energia (DEXA), para determinação das massas óssea, muscular e de gordura.

Para maiores informações sobre essas atividades, por favor, leia a matéria divulgada no link abaixo:

https://www2.ifsc.usp.br/portal-ifsc/equipe-de-judo-do-club-athletico-paulistano-em-atividade-conjunta/

Posteriormente, ao longo do dia 22 de dezembro de 2021, em reuniões realizadas na EEFERP/USP, membros dos Grupos de Pesquisa acima indicados apresentaram os resultados das avaliações para a(o)s colaboradora(e)s do CAP, que promoveram importantes discussões, integrando os dados das avaliações físicas, psicológicas e sociais e oferecendo relevantes indicadores para a preparação individual da(o)s atletas, que culminaram com o agendamento das próximas etapas do projeto, devendo a primeira ser realizada nas dependências do CAP, no início de 2022, com a presença de colaborador(a)es da EEFERP/USP.

Além da discussão das avaliações, o evento contou com a apresentação virtual da palestra intitulada “Sensores e biossensores vestíveis para monitoramento de condições de saúde”, proferida pelo Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Jr, do Instituto de Física de São Carlos – Universidade de São Paulo (IFSC/USP), que, pela potencial aplicação dos sensores para a avaliação de Atletas de Alto Rendimento, também propiciou produtivas discussões e abriu excelentes perspectivas de colaborações.

O evento contou com a efetiva participação da(o)s seguintes colaboradora(e)s do CAP, EEFERP/USP e IFSC/USP:

CAP: Prof. Douglas Vieira, Marcos Dagnino, Giovani Marcon e Cristina Madi.

EEFERP/USP: Prof. Hugo Tourinho  Filho (Diretor da EEFERP/USP), Prof. Cristiano Roque Antunes Barreira (palestrante), Prof. Renato Francisco Rodrigues Marques (palestrante), Prof. Enrico Fuini Puggina (palestrante), Prof. Marcelo Papoti (palestrante), Prof. Tiago Rezende Figueira, Fábio Marzliak Pozzi de Castro (palestrante), Cilene Chivalsky de Oliveira e Thais Petroni Rocha Lima Silva.

IFSC/USP: Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Jr. (Palestrante) e Prof. Tito J. Bonagamba (Coordenador do Evento e do Projeto).

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

27 de dezembro de 2021

CEPOF-IFSC/USP e Diretoria de Ensino homenageiam professores e Clubes de Ciências

Premiação de Professores e estudantes da Escola Estadual Luiz Viviani Filho, da Cidade Aracy, em São Carlos. A premição foi feita pela Profa. Wilma Barrionuevo, representante do CEPOF-IFSC/USP

Na última semana foram homenageados 213 professores de escolas públicas da região de São Carlos. Destes, 70 receberam Menção Honrosa, por sua participação e ótimo desempenho junto aos 140 Clubes de Ciências criados, em 2021, pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica – CEPOF/USP, em parceria com a Diretoria de Ensino – Região de São Carlos.

As premiações foram realizadas nas próprias escolas e contaram com a presença da coordenadora de Difusão Científica do CEPOF, Profa. Wilma Barrionuevo.

Durante os eventos de premição, as Escolas receberam troféus e todos os 557 alunos participantes dos Clubes de Ciências receberam certificados, sendo que, destes, 183 receberam menção Honrosa e medalhas.

O reconhecimento dos Professores, estudantes e diretores foi feito diante da comunidade escolar, o que torna-se um estímulo para a participação dos demais estudantes e professores nas atividades experimentais desenvolvidas ao longo dos anos pelos Clubes de Ciências. Tais ações têm sido reconhecidas a nível estadual e nacional, visto que os Clubes melhores colocados têm obtido premiações também nessas esferas.

No decorrer de 2021 os 140 Clubes de Ciências foram criados e acompanhados nas escolas públicas estaduais de sete municípios da região de São Carlos, SP. O tema escolhido para ser desenvolvido foi “Educação, Ciência e Tecnologia no Enfrentamento da Pandemia”. A equipe coordenadora foi formada pela dirigente de Ensino, Debora Gonzalez Costa Blanco e pelos professores do CEPOF Vanderlei Bagnato, Euclydes Marega Junior, Sebastião Pratavieira, Wilma Barrionuevo e pela Profa. Marilia Faustino da Silva, da Diretoria de Ensino.

Professores da Escola Estadual Prof. Sebastião de Oliveira Rocha, sendo premiados

Os experimentos desenvolvidos pelos Clubes de Ciências foram transformados em vídeos, veiculados na TV Canal 10 da NET São Carlos e pela internet, no canal do CEPOF/ YouTube, para que sirvam de veículo propagador de solução tecnológicas, bem como de experimentos a serem utilizados didaticamente em Feiras de Ciências e em práticas de ensino em todo país. Os vídeos estão disponíveis no canal do CEPOF/Youtube, no link http: www.youtube.com/sitecepof

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

21 de dezembro de 2021

Springer Nature’s DDGs – Sustainable Development Goals programme

A programação da “5ª Escola de Pesquisadores do Campus USP de São Carlos” chegou ao fim no período da tarde do dia 02 de dezembro, com a aguardada apresentação do Prof. Sir Phillip Campbell, editor da Nature, que, ao vivo de Londres, dissertou sobre o tema “Researching, Engaging and Communicating about Human Aspects of Societal Challenges”.

Prof. Sir Philip Campbell -Graduado em Engenharia Aeronáutica (Universidade de Bristol – UK); -Mestrado em Astrofísica e Doutorado em Astrofísica (Queen Mary College – Universidade de Londres – UK); -Pós-Doutorado em Física da Atmosférica Superior (Universidade de Leicester – UK); -1979 – Entrada na Nature; -1982-1988 – Editor da Nature em Ciências Físicas; -1988-1995 – Editor-Chefe Fundador da Physics World; -1995-2018 – Editor-Chefe da Nature e Nature Publishing Group; -2018 até à presenta data – Editor-Chefe da Springer Nature; Recebeu, da Rainha de Inglaterra, o Título de Cavaleiro, em 2015.

Clique na imagem abaixo para assistir a essa magnífica palestra.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de dezembro de 2021

Revisões sistemáticas: evidenciando a evidência

“Revisões sistemáticas: evidenciando a evidência” foi o tema abordado pelo Prof. André Brunoni, professor Associado da Faculdade de Medicina da USP, Diretor do Serviço Interdisciplinar de Neuromodulação do Instituto de Psiquiatria HC-FMUSP e Pesquisador Senior do ELSA-Brasil e do LIM-27.

A apresentação do Prof. Brunoni, líder mundial na área de neuromodulação, com mais de 300 publicações na área, índice H de 50 e 10.000 citações, inseriu-se na programação da “5ª Escola de Pesquisadores do Campus USP São Carlos”, que ocorreu entre os dias 30 de novembro e 02 de dezembro.

O palestrante é reconhecido como um dos pesquisadores mais influentes do mundo pelo Web of Science / Clarivate Analytics em 2019, 2020 e 2021.

Confira esta apresentação clicando na imagem abaixo.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de dezembro de 2021

Nanomedicina – A importância das nanopartículas de prata

Colloids and Surfaces B: Biointerfaces, 210 (2022) 112254. doi:10.1016/j.colsurfb.2021.112254

Em um recente artigo publicado pela Colloids and Surfaces B: Biointerfaces – (Elsevier), assinado pelos pesquisadores do IFSC/USP, Renata Rank Miranda, Isabella Sampaio e Prof. Valtencir Zucolotto, é dada uma visão geral sobre as pesquisas que estão sendo feitas a nível mundial sobre a importância das propriedades antitumorais das nanopartículas de prata e seu potencial uso no tratamento de diversos tipos de câncer, consolidando, assim, o fato de que elas constituem, dentre os nanomateriais inorgânicos, uma nova e promissora fronteira rumo a um uso clínico ampliado – diagnóstico e terapia.

A utilização de nanopartículas de prata é considerada uma estratégia eficaz para o tratamento de câncer, nas suas mais diversas formas, assumindo-se também e em simultâneo, como uma excelente forma de diagnosticar precocemente a doença e de manter uma boa qualidade de vida aos pacientes sujeitos a este tipo de tratamento, comprovando que a nanotecnologia é uma realidade comprovada na preservação da vida e do meio-ambiente. Por outro lado, as propriedades físico-químicas das nanopartículas de prata – ópticas, térmicas e de condutividade elétrica, por exemplo – as tornam eficazes no combate a bactérias, fungos e até mesmo vírus, já para não falar na sua utilização em têxteis, produtos relativos a cuidados de saúde, bens de consumo, dispositivos médicos e, claro, biossensores, entre outros.

Renata Rank Miranda e Isabella Sampaio

Estimando-se que em 2020 ocorreram 19,3 milhões de novos casos de câncer no mundo, e que os quimioterápicos convencionais, apesar de muito eficazes, podem ter ação limitada devido à resistência aos medicamentos, toxicidade e efeitos colaterais graves, estas nanopartículas de prata podem representar um reforço importante para os tratamentos convencionais com base em quimioterapia e radioterapia.

A primeira autora deste estudo, Dra. Renata Rank Miranda, destaca a importância da avaliação que foi feita no artigo publicado. “Neste artigo de revisão, discutimos sobre como algumas propriedades intrínsecas das nanopartículas de prata podem ser aproveitadas em diferentes modalidades da oncoterapia e diagnóstico. Na última década, pesquisas científicas têm apontado que estes nanomaterias podem atacar diferentes características do câncer, como estresse oxidativo, metabolismo energético e resistência a medicamentos. Além disso, as nanopartículas de prata podem atuar como carreadores de quimioterápicos convencionais, o que além de aumentar o potencial antitumoral destes medicamentos, também possibilita o seu direcionamento para as células cancerígenas, o que é extremamente importante para reduzir efeitos colaterais e melhorar a qualidade de vida de pacientes. Graças a propriedades físicas, como alto número atômico e ressonância plasmônica de superfície, as nanopartículas de prata são ótimos agentes radio e fotossensibilizadores, e seu uso na radioterapia e fototerapias tem se demostrado muito eficiente em combater células tumorais”.

Prof. Valtencir Zucolotto

Para Isabella Sampaio, coautora deste trabalho “Vale a pena ressaltar também o uso das nanopartículas em sistemas de detecção. As propriedades desses nanomateriais podem ser exploradas para melhorar o desempenho dos biossensores eletroquímicos, permitindo, por exemplo, detectar quantidades ainda menores dos biomarcadores de câncer. Isso é especialmente importante para o diagnóstico precoce da doença, aumentando a chance de cura do paciente. As nanopartículas também podem ser exploradas no desenvolvimento de biossensores colorimétricos, em que a oxidação dessas nanopartículas e a mudança de coloração da suspensão indicam a presença dos biomarcadores na amostra coletada. Esses dispositivos apresentam vantagens em relação aos métodos convencionais, como análise simples e rápida além de portabilidade, o que permite que eles sejam utilizados para a triagem da população em regiões com pouca infraestrutura”.

Para o Prof. Dr. Valtencir Zucolotto, também coautor deste artigo e Coordenador do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia do Instituto de Física de São Carlos (GNano-IFSC/USP), “As nanopartículas de prata, que por muito anos têm sido aplicadas principalmente como agentes bactericidas e sanitizantes, passam a ser exploradas em outras áreas médicas, e a exemplo de outros nanomateriais produzidos pelo GNano, figuram como protagonistas em áreas de fronteira da Nanomedicina”.

Para conferir este trabalho, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de dezembro de 2021

Utilizando a “Web of Science” para fazer levantamentos bibliográficos e análises bibliométricas”

Deborah Dias, da Clarivate, foi a primeira palestrante do terceiro dia (02/12) da “5ª Escola de Pesquisadores do Campus USP de São Carlos”, tendo apresentado e aprofundado a discussão sobre o tema “Utilizando o “Web of Science” para fazer levantamentos bibliográficos e análises bibliométricas”.

Confira este evento clicando na imagem abaixo.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de dezembro de 2021

Um mistério – qual é o tempo de vida do nêutron?

Figura 1: James Chadwick (1891-1974), físico britânico que descobriu o nêutron em 1932. Recebeu o prêmio Nobel de física em 1935 (Crédito: Wikipedia)

Por: Prof. Roberto N. Onody *

“Rutherford, isso é uma transmutação!”, gritou Frederick Soddy para Ernest Rutherford. Rutherford respondeu que era melhor não chamar o fenômeno de transmutação espontânea, pois eles poderiam ser tachados de serem alquimistas. O ano era 1901. Eles haviam descoberto o decaimento ou a transformação do tório em rádio (ambos são elementos químicos radioativos).

No final do século XIX e início do século XX, físicos tentavam compreender a natureza dos materiais radioativos. As radiações emitidas pelos núcleos radioativos foram chamadas de alfa, beta e gama. Hoje sabemos que: a radiação alfa corresponde à emissão, pelo núcleo atômico, de dois prótons e dois nêutrons; a radiação beta, à transformação de um nêutron em um próton (o qual permanece no núcleo atômico) com a liberação de um elétron e um antineutrino; a radiação gama, à emissão de uma onda eletromagnética de alta frequência, os raios-gama.

Foi bombardeando o berílio com partículas alfa que, em 1932, J. Chadwick (Figura 1) descobriu a existência de uma partícula eletricamente neutra e com massa um pouco maior do que a do próton – o nêutron. No seu núcleo, o berílio tem quatro prótons e cinco nêutrons. Ao ser bombardeado por partículas alfa, o berílio se transforma no carbono e libera um nêutron. É uma transmutação artificial.

9 Be  +  4 He(α)              12 C  +  1 n

Os nêutrons têm carga elétrica (total) nula. Eles podem ser produzidos de muitas maneiras: em reatores nucleares; na atmosfera, pela incidência de raios gama e, nos laboratórios, em aceleradores que fazem íons de deutério (um próton e um nêutron) colidirem com íons de trítio (um próton e dois nêutrons).

Os núcleos atômicos são compostos por nucleons (prótons e nêutrons). Os prótons têm carga positiva e se repelem eletricamente. Para manter coesos os núcleos atômicos (com mais de um próton), são necessários os nêutrons. Os nucleons interagem entre si através da força nuclear (atrativa), que age para manter a estabilidade do núcleo.

Os nêutrons no interior do núcleo, através do decaimento beta, podem se transformar em prótons (emitindo, adicionalmente, um elétron e um antineutrino) e prótons podem se transformar em nêutrons (emitindo um pósitron e um neutrino ou ainda, capturando um elétron e emitindo um neutrino).

Portanto, os nêutrons e prótons enquanto eles estão ligados entre si no núcleo, têm uma probabilidade de se transformarem um no outro. Essa probabilidade depende do balanço energético do núcleo (que deve ser calculado via mecânica quântica).

Já para nêutron e prótons livres, os resultados são bem diferentes. Os nêutrons livres são sempre instáveis, isto é, decaem com o tempo. Por outro lado, os prótons livres são estáveis. Isso porque, como a massa do próton é menor do que a do nêutron, não há como ele decair e conservar a energia ao mesmo tempo.

Através do decaimento beta, um nêutron livre se transforma em um próton, um elétron e um antineutrino

n0            p+  +  e  +  ν

Esse decaimento ocorre pelo fato de que os nucleons interagirem entre si através da força fraca. Ela é uma das 4 forças fundamentais da natureza. As outras 3 são as forças forte, eletromagnética e gravitacional. Para entendermos melhor o decaimento beta, precisamos discutir, brevemente, o Modelo Padrão das partículas elementares.

Figura 2: Em verde o quark positivo up, em vermelho o quark negativo down. Todos os quarks têm spin ½. Logo, um número ímpar de quarks forma férmions (como o próton e o nêutron) e um número par de quarks forma bósons (como os mésons π com cargas: 0, +e, -e) (Crédito: R. N. Onody)

O Modelo Padrão foi proposto na década de 1960 e deu um arcabouço teórico quântico para a unificação das três forças: fraca, eletromagnética e forte. A quarta força da natureza, a gravitacional, não está incluída. A interação gravitacional é atualmente mais bem descrita pela Teoria da Relatividade Geral, proposta por Albert Einstein em 1915. É um formalismo teórico com uma criatividade disruptiva, o apogeu da genialidade de Einstein. Embora fartamente corroborada pelos resultados experimentais, a Teoria da Relatividade Geral, porém, é clássica. Ninguém conseguiu (até hoje) quantizá-la.

O Modelo Padrão é uma teoria quântica de campos baseada em doze partículas elementares fermiônicas (os férmions obedecem à estatística de Fermi-Dirac e têm spin semi-inteiro): seis quarks, todos com cargas elétricas fracionárias (1/3 e 2/3) do próton e do elétron e seis léptons, dos quais três têm cargas elétricas iguais à do elétron e três não têm nenhuma carga. No Modelo Padrão existem também partículas bosônicas (os bósons obedecem à estatística de Bose-Einstein e têm spin inteiro) que são os mediadores e os responsáveis pelas forças que atuam entre os férmions.

Em ordem crescente de suas massas, os quarks são chamados: up, down, charm, strange, bottom e top. O próton e o nêutron são formados por três quarks: dois up e um down (próton) e dois down e um up (nêutron). (Figura 2).

Na temperatura média do universo atual, os quarks estão confinados (presos) no interior dos nucleons. Teoricamente, o desconfinamento deve ocorrer na temperatura de Hagedorn, cerca de 1,7 1012 Kelvin. Experimentos de colisão entre íons pesados realizados no LHC (Large Hadron Collider), parecem indicar o desconfinamento. Acredita-se que, nos primeiros 10 microssegundos do universo após o Big Bang, os quarks eram livres. Para a teoria quântica de campos, a maior temperatura possível é a temperatura de Planck, que vale 1,4 1032 Kelvin!

Agora que entendemos melhor o que são dois componentes do decaimento beta, o próton e o nêutron, vamos analisar os outros dois – o elétron e o antineutrino. No Modelo Padrão, além dos 6 quarks, existem também seis léptons. Três deles têm o mesmo valor da carga negativa do elétron. São eles (em ordem crescente de suas massas): elétron, múon e tau. Os outros três têm carga nula: o neutrino do elétron, o neutrino do múon e o neutrino do tau. Todos os 6 léptons e 6 quarks têm suas respectivas antipartículas e têm spin ½, ou seja, são férmions.

Figura 3: O principal detetor de nêutrons ultrafrios em Los Alamos, EUA (Crédito: Los Alamos National Laboratory)

Na teoria quântica de campos, todos os férmions interagem entre si via bósons (mediadores da interação). Para as forças fracas (responsáveis pelo decaimento beta), os mediadores são os bósons carregados W + e W  e o bóson neutro Z 0.  Para a força eletromagnética, o mediador é o fóton. No caso da força nuclear (entre nucleons) os mediadores são os mésons e, para a força forte entre os quarks, os mediadores são os glúons.

À luz do que aprendemos do Modelo Padrão, o decaimento beta agora pode ser visto de maneira mais profunda e em duas etapas.

Primeiro, um (dos dois) quark down do nêutron decai em um quark up (transformando assim, o nêutron no próton) e emite um bóson W . Este bóson vive somente cerca de 10 – 25 segundos!

d                 u  +  W   

Em seguida, o bóson W  decai em um elétron e um antineutrino do elétron

W                e   +    ν

Agora é hora de explicarmos o dilema: qual é o tempo de vida do nêutron?

Para se determinar, experimentalmente, o tempo médio de vida do nêutron (que chamaremos de τ) são utilizados dois métodos distintos denominados “beam” e “bottle”. O surpreendente aqui, é que os valores obtidos para τ são diferentes!

Essa discrepância foi inicialmente, atribuída à falta de precisão dos experimentos (pois as barras de erros se sobrepunham). Mas, a partir de 2005, a precisão experimental aumentou tanto, que a explicação dada anteriormente já não era mais aceitável. À comunidade cientifica sobrou o quebra-cabeças: o que acontece com o nêutron ou com experimento? Qual a explicação? Ninguém sabe.

O mais preciso experimento tipo “beam” 1, foi realizado no NIST (National Institute of Standards and Technology), EUA. Um feixe colimado de nêutrons colide com uma camada fina de fluoreto de lítio (LiF). Essa colisão ocorre numa região que é uma armadilha para o confinamento de prótons. A colisão libera nêutrons livres, partículas alfa e trítio. Detetores contam o número de trítios e de partículas alfa, o que, por sua vez, permite calcular o número inicial de nêutrons livres. Depois de um certo intervalo de tempo, mede-se o número de prótons livres (que não decaem) e que, por hipótese, é igual, ao número de nêutrons decaídos nesse tempo. Como o decaimento é exponencial no tempo, o tempo de vida do nêutron pode ser calculado τ N(Δt) = – N(0) Δt onde N(t) é o número de nêutrons no instante t e Δt o intervalo de tempo.

O valor encontrado para o tempo médio de vida do nêutron foi τ1    =   887,7    (± 2,0) segundos , ou seja, cerca de 14,8 minutos.

O outro método, o “bottle” (também conhecido como UCN, Ultracold Neutrons) aprisiona (por longos períodos) nêutrons ultrafrios através de fortes campos magnéticos não homogêneos e o campo gravitacional terrestre. Como no caso do método “beam”, os nêutrons presos nessa armadilha decaem com o tempo. A grande diferença é que aqui são contados os nêutrons sobreviventes e não o número de prótons gerados (leia discussão mais adiante).

Recentemente 2, no laboratório do Los Alamos Neutron Science Center, essa técnica foi utilizada com nêutrons ultrafrios, isto é, com energia menor do que 180 neV (1 neV = um nano eletronvolt, que corresponde a uma temperatura de cerca de 0,002 Kelvin). A contagem dos nêutrons sobreviventes (Figura 3) foi feita em tempos variando de 20 segundos a 1.800 segundos.

Repetindo o experimento em vários ensaios, os pesquisadores obtiveram um outro valor para o tempo médio de vida do nêutron τ2    =   877,75    (± 0,50) segundos , uma diferença de 10 segundos!

Discussão

Qual experimento está errado? Ou os dois estão certos?

Se um dos experimentos está incorreto, então o erro tem que ser sistemático e deve ser sutil, muito sutil, pois tem ludibriado os físicos há mais de 15 anos.

Se os dois estiverem corretos, as consequências serão bem mais radicais, apontando a existência de uma teoria de partículas elementares além do Modelo Padrão. Isso porque, como τ1 (do experimento “beam”, que mede prótons decaídos) é maior do que τ2 (do experimento “bottle”, que mede nêutrons sobreviventes), tudo se passa como se o nêutron livre pudesse decair em outra partícula (até aqui, indetectável) além do próton. Ou seja, τ1 é maior porque mede o tempo de decaimento do nêutron no próton e em outra (ou, talvez, outras) partícula desconhecida. Se essa explicação estiver correta, abrir-se-ão as portas para se entender a matéria escura.

*Físico, Professor Sênior do IFSC – USP

e-mail: onody@ifsc.usp.br

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(Agradecimento: ao Sr. Rui Sintra da Assessoria de Comunicação)

Referências:

1 A. T. Yue et al., Phys. Rev. Lett. 111, 222501 (2013)

https://doi.org/10.1103/PhysRevLett.111.222501

2 F.M. Gonzalez et al., Phys. Rev. Lett. 127, 162501 (2021)

https://doi.org/10.1103/PhysRevLett.127.162501

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de dezembro de 2021

Acesso ao Ensino Superior – Mídia e jornalismo científico fornecem temas para provas

Os responsáveis pela elaboração das provas de acesso ao Ensino Superior – ENEM e vestibulares – estão cada vez mais se alicerçando em publicações e reportagens veiculadas pela mídia sobre inovações tecnológicas e pesquisas científicas bastante atualizadas para, a partir daí, lançarem as questões que farão parte dessas provas.

Nos últimos anos, várias provas de ingresso demonstraram isso.  No vestibular da UNICAMP de 2019, por exemplo, uma das questões teve como base artigos e reportagens publicadas no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), divulgando pesquisas do Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF-FAPESP). O texto explicava a ação da luz e curcumina na eliminação das larvas do Aedes aegypti. O mesmo aconteceu no ENEM de 2021, onde muitas questões foram elaboradas a partir de reportagens científicas, e novamente uma questão como o tema curcumina e larvas do Aedes aegypti foi apresentada.

“Também no ENEM deste ano, tivemos uma questão envolvendo a óptica das cores, tema que vem sendo apresentado aos alunos do ensino médio nas “Semópticas “- Semanas da Óptica promovidas pelo CePOF – durante muitos anos”, destaca o Prof. Sebastião Pratavieira (VER AQUI).

Este tipo de inspiração para as questões das provas mostra não apenas a relevância e a aplicação dos conhecimentos produzidos pela comunidade científica para os alunos, mas também o tipo de avaliação que tem sido almejada para a formação dos aspirantes aos vestibulares: a capacidade de converter o aprendizado em ferramenta para compreender e resolver problemas, fugindo das questões mais mecânicas do tipo “pergunta-e-resposta”.  Desta forma, torna-se extremamente importante que os alunos e professores/preparadores de vestibulandos fiquem atentos às reportagens, palestras, notícias e conteúdos que vão sendo publicados não só pelos institutos e pelas universidades, como também pela mídia cientifica, todos eles constituindo excelentes fontes de informação. Embora as bases do conhecimento venham através dos livros, é junto aos meios de divulgação científica que os alunos encontram as complementaridades que os obrigam a um raciocínio mais profundo, preparando-os de fato para usar seu conhecimento e, assim, ajudando-os no momento da prova de acesso.

É interessante perceber a relevância desse tipo de abordagem ao notar que, quando termina o ENEM, a hashtag #aprendinoENEM recebe um imenso número de buscas e visualizações, pois por meio delas os alunos compartilham fatos que eles desconheciam, mas que acabam descobrindo – muitas vezes já na prova.

Por isso, é importante que os alunos estejam atentos a essas notícias e reportagens, para que esses conhecimentos não cheguem tarde demais! O site de instituições de ensino e pesquisa como o do IFSC/USP, os vídeos e palestras veiculados no canal do CePOF no YouTube, bem como o site de notícias de agências de fomento como o da Agência FAPESP, são fontes ricas desse tipos de conteúdo, e consumir esses conteúdos com frequência, buscando compreendê-los, certamente contribuirá para a formação e o ingresso dos alunos ao ensino superior! Afinal, como já disse um aluno, “se eu estivesse atento a isso antes, já saberia o caminho das respostas certas… e não descobririam isso só na hora do ENEM!”

Fica a dica!

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

20 de dezembro de 2021

Como encontrar a melhor revista para publicar seu artigo

“Como encontrar a melhor revista para publicar seu artigo” foi o título da apresentação feita por Thaís Vick, da Elsevier no decurso da “5ª Escola de Pesquisadores do Campus USP de São Carlos”, evento que ocorreu entre os dias 30 de novembro e 02 de dezembro.

Para conferir esta palestra, clique na imagem abaixo.

 

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de dezembro de 2021

O NILC e as ferramentas de auxílio à escrita científica

Nesta palestra inserida no segundo dia da “5ª Escola de Pesquisadores do Campus USP São Carlos”, o docente e pesquisador do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, apresentou o tema relativo ao Núcleo Interinstitucional de Linguística Computacional (NILC) subordinado ao tema “O NILC e as ferramentas de auxílio à escrita científica”.

Clique na imagem abaixo para acessar essa palestra.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de dezembro de 2021

Equipe brasileira vence o “McGill Physics Hackathon-2021”

Os vencedores

Alunos do IFSC/USP fizeram parte da equipe vencedora

Nem canadenses, nem indianos, nem americanos, nem chineses. A equipe de pós-graduandos brasileiros não deu chance alguma e conquistou os três prêmios que estavam em disputa no “McGill Physics Hackathon” (VER AQUI), uma competição de programação aplicada à física que ocorreu nos dias 06 e 07 de novembro, de forma remota, promovida pela Universidade McGill, em Montreal, no Canadá.

Sumariamente, este Hackathon – como praticamente todos os outros -, reuniu três dezenas de equipes oriundas de vários países que competiram entre si na área de programação, desenvolvendo e apresentando projetos para a resolução de problemas de física em apenas 24 horas, para um júri internacional previamente escolhido.

A equipe brasileira, constituída pelos alunos de pós-graduação Felipe Fontinele (mestrando – Universidade de Alberta-Canadá), Igor Reis (doutorando – IFSC/USP), Pedro Henrique Cintra (mestrando – UNICAMP), João Augusto (mestrando IFSC/USP) e Vitor Dantas (mestrando IFSC/USP), não deu qualquer chance às restantes equipes concorrentes, tendo conquistado a primeira posição na classificação geral, além do “Prêmio de Melhor Projeto em Astrofísica” e o “Prêmio Escolha Popular”.

Conhecendo-se desde alguns anos, já que todos fizeram sua graduação juntos na Universidade de Brasília, os vencedores desta competição apresentaram uma simulação das órbitas de três corpos celestes (poderiam ser estrelas, buracos negros ou outros corpos celestes de massas grandes). Igor Reis relembra que “(…) o intuito dos projetos apresentados nesta competição não se baseavam na dificuldade de cada um deles, mas sim na resolução de um problema específico da física que pudesse ser entendido por todos, e realmente nós nos superamos em todos os sentidos (…)”. Para Pedro Henrique Pinheiro “Este projeto é o resultado de uma paixão que todos nós sentimos pela Física da Gravidade, principalmente no quesito das estrelas. Foi muito emocionante!”, comenta o estudante.

Felipe Fontinele foi, na opinião de todos, o líder da equipe e o “cabeça” da estratégia, o responsável por fazer todas as contas da relatividade, todos os cálculos que precisaram ser feitos para que o projeto ficasse perfeito. Modestamente, Felipe tenta diminuir essa importância que, contudo, viria a ser fundamental para a conquista não de um, mas de três prêmios. “Cada um de nós fez a sua parte e todos nós somos bem treinados para resolver problemas de física e isso foi fundamental. Este projeto parte do ponto que no Universo você encontra muitos sistemas constituídos por dois corpos, tais quais uma estrela e um planeta ou até duas estrelas, todos eles orbitando entre si. O projeto que nós apresentamos, com a devida dificuldade inerente, foi sobre a dinâmica de sistemas de três corpos, que são raros no Universo, mas que são extremamente interessantes. Nos sistemas com dois corpos você observa sempre órbitas simples, como círculos e elipses bem definidas, enquanto que nos sistemas com três corpos você tem órbitas muito complicadas e até mesmo caóticas: são fenômenos muito complexos”, explica Felipe.

Corroborando com seu colega de equipe, João Augusto acrescenta que “Para corpos que têm uma massa muito baixa – planetas e algumas estrelas – a teoria de gravitação de Newton explica muito bem como esses corpos se movimentam, contudo, o questionamento do nosso projeto foi outro. A pergunta fundamental de nosso projeto foi, o que aconteceria se em vez de três corpos celestes colocássemos três buracos negros, que são extremamente massivos, com velocidades muito rápidas? (VER AQUI)”, explica João .

Vitor Dantas complementa a fala de João. “Para fazer isso que João está explicando, não podemos fazer a teoria de gravitação de Newton, mas sim a teoria de gravitação proposta por Einstein no começo do Século XX. Uma das comprovações dessa teoria é o fato de se ter observado que a órbita do planeta Mercúrio (primeiro planeta de nosso sistema solar, o que se encontra mais próximo do Sol) tinha um comportamento orbital muito estranho. Aí, a teoria de Newton cai por terra quando se observa que a força gravitacional fica muito grande quando os objetos ficam muito próximos uns dos outros, ou quando têm uma massa muito grande”. Todos estes problemas, constatações, cálculos e simulações foram criados e apresentadas pela equipe brasileira, repetimos, em apenas 24 horas, causando, inclusive, admiração nos membros do júri.

Quanto aos prêmios conquistados, os estudantes pretendem guardar o dinheiro para investi-lo em suas pós-graduações.

“1º Lugar Geral” – USD 1.000,00;

“Prêmio Melhor Projeto de Astrofísica” – 5 telescópios (substituídos por valor pecuniário);

“Prêmio Escolha Popular” – USD 400,00;

Para acessar o projeto vencedor, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

16 de dezembro de 2021

No IFSC/USP: Imunossensor detecta proteína de Spike do SARS-CoV-2 através da saliva

Um trabalho desenvolvido por pesquisadores do IFSC/USP, em colaboração com colegas da UNICAMP e da EMBRAPA-Instrumentação, resultou na criação de um imunossensor que detecta a proteína Spike do SARS-CoV-2 em amostras de saliva, inclusive em amostras de vírus inativados que conservam a proteína. A nova metodologia é rápida e extremamente eficaz, empregando equipamento de baixo custo.

Como é do conhecimento público, em diversos países os testes para diagnóstico da COVID-19 não têm sido realizados com a frequência e abrangência necessárias em virtude da indisponibilidade e dos custos elevados das metodologias para detectar material genético do SARS-CoV-2. Os testes rápidos infelizmente não servem para diagnóstico, porque identificam apenas se uma pessoa tem anticorpos para a SARS-CoV-2. Esses anticorpos só são detectados vários dias após a infecção.

As melhores opções para diagnóstico do SARS-CoV-2 são através do conhecido RT-PCR, que detecta o material genético do vírus, mas cujos resultados demoram a ser processados. Além disso, o custo também é alto. Uma alternativa é empregar genossensores que podem detectar material genético de forma mais rápida, mas esses sensores ainda não estão disponíveis comercialmente.

As dificuldades acima motivaram a pesquisa do IFSC/USP e de seus parceiros, com a criação do novo imunossensor cuja detecção da proteína é feita através de espectroscopia de impedância elétrica. O sensor consiste de eletrodos de ouro revestidos com uma película de carboximetilquitosana (um derivado solúvel da quitosana) sobre a qual se deposita uma camada de anticorpos específicos para a proteína Spike. Em contato com uma amostra de saliva que contém o vírus, a proteína Spike é reconhecida, o que gera um sinal elétrico. Como é possível medir esse sinal com um instrumento portátil de baixo custo, podem-se desenvolver testes em larga escala, e empregados em qualquer local.

Segundo a Dra. Juliana Coatrini Soares, uma das autoras do trabalho, o sensor tem baixo custo porque é fruto da nanotecnologia: “Empregamos filmes ultrafinos de material biocompatível, com espessura de poucos nanômetros, que requerem pouco material. Nossa estimativa é que cada sensor custe menos de R$2,00 por unidade. O resultado do teste fica pronto em apenas 10 min. Além disto, o material biocompatível permite emprego em biossensores vestíveis, que poderão ser aplicados para diagnóstico em tempo real.

Para o pesquisador do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, há uma busca intensiva no mundo por novas metodologias de diagnóstico. “Para a COVID-19, em particular, é essencial que o diagnóstico possa ser feito com testes rápidos, o que se torna possível com imunossensores como os que desenvolvemos.”

Para acessar o artigo científico relativo a esta pesquisa, clique AQUI.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

15 de dezembro de 2021

Plano de gestão de dados e as publicações científicas

No decurso da “5ª Escola de Pesquisadores da USP São Carlos”, a última palestra relativa ao dia 1º de dezembro foi “Plano de gestão de dados e as publicações científicas”, uma apresentação que esteve a cargo de Elizabete Cristina de Souza de Aguiar Monteiro, da FFC/UNESP.

Clique na imagem abaixo para rever essa palestra.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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