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24 de setembro de 2020

A confusão entre “superávit” e “reservas” – O suicídio político de um governo

A importância do conhecimento para o bem-estar de um povo é reconhecida por políticos, organizações civis e imprensa em qualquer país, independentemente dos regimes de governo e de ideologias. Investimentos em ciência e tecnologia tornaram nações ricas. No Brasil, o Estado de São Paulo é o que mais investe em universidades, ciência, tecnologia e inovação. Não por acaso, o estado que gera quase metade da produção científica do Brasil é hoje o estado mais rico da federação. Contribuíram para essa conquista a criação da FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) e a autonomia das três universidades estaduais, Unesp, Unicamp e USP. Neste momento difícil com a pandemia do COVID-19, a resposta das universidades com o apoio da FAPESP é indicativa dos benefícios desses investimentos trazidos para a sociedade.

Causou perplexidade o Projeto de Lei 529 (PL529), enviado pelo Governador João Doria para apreciação da Assembleia Legislativa do Estado (ALESP), pois essa iniciativa vai de encontro ao discurso do Governador, que tem sido de valorização da ciência e de pautar as decisões do governo sobre a pandemia com base no conhecimento. Pois o PL529 atinge a autonomia das Universidades e da FAPESP, e pode gerar tal desarticulação no sistema de ensino superior e de pesquisa no Estado que chega a ser inacreditável. Segundo o artigo 14 do PL529, o superávit financeiro das universidades e da FAPESP seria recolhido aos cofres do Estado ao final de cada ano fiscal. O problema é que, como explicarei a seguir, não se trata de superávit, mas de reservas que essas instituições precisam ter para executar projetos de longo prazo e honrar restos a pagar do exercício fiscal anterior.

O objetivo divulgado do PL529 é justificável, qual seja o da introdução de medidas de austeridade para enfrentar a queda de arrecadação devido à pandemia. É justo que toda a sociedade contribua com sua parcela de sacrifício, e de fato isso ocorrerá inevitavelmente com as universidades que recebem aportes proporcionais à arrecadação. Assim, o necessário ajuste que as universidades estão tendo que fazer já embute sua contribuição. O mesmo se aplica à FAPESP, que recebe 1% da arrecadação do Estado, e também está fazendo ajustes. Num cenário ideal, em momentos de crise econômica deveríamos aumentar os investimentos em ciência e tecnologia para acelerar a recuperação no médio prazo, mas almejar isso diante de um governo que propõe o PL529 é sonhar demais.

Como se poderia esperar, o PL529, particularmente o artigo 14, tem recebido muitas críticas. Talvez a mais importante seja a de que é inconstitucional. Não é razoável uma lei ordinária abrigar um subterfúgio que inviabiliza a autonomia das universidades públicas e da FAPESP. Muitos lembram também a quebra do compromisso do Governador João Doria em preservar e fortalecer a FAPESP. Essa lembrança está relacionada a um vídeo divulgado pela Senadora Mara Gabrilli antes do segundo turno da eleição de 2018. No vídeo, o então candidato João Doria se compromete a manter a independência da FAPESP, que tinha sido atacada pelo vice-governador e opositor na eleição. E mais, que a FAPESP seria fortalecida com recursos adicionais àqueles transferidos do tesouro do Estado.

Além de concordar com as críticas acima, eu gostaria de acrescentar uma análise de algo que me surpreendeu. Refiro-me à pouca inteligência na concepção do artigo 14 do PL529. Qualquer pessoa sabe que se precisarmos de dinheiro devemos buscá-lo onde ele exista. E esse não é o caso das universidades estaduais paulistas. O governo do Estado deveria saber que essas universidades têm tido déficits nos últimos anos devido à recessão e queda de arrecadação. A USP, por exemplo, teria um pequeno superávit em 2020 após vários anos de déficit, se não fosse pela pandemia. No novo cenário com a queda de arrecadação, o mais provável é que 2020 ainda seja deficitário.

Se há déficit, como o Governo do Estado “achou” mais de R$ 1 bilhão, considerado como superávit, ao final de 2019, e que agora tenta retirar das Universidades? Ora, esses são recursos de reservas para honrar compromissos já assumidos em 2020 ou mesmo em outros anos para projetos de mais longo prazo. É como uma família que não gasta todo o décimo terceiro em dezembro, porque sabe que precisa pagar impostos no janeiro seguinte e terão que adquirir algum bem meses depois. A existência desses R$ 1 bilhão não quer dizer que as Universidades arrecadaram mais do que gastaram e investiram em 2019. Quer dizer que recursos ficaram em caixa para salários e investimentos em 2020, da mesma forma que no início de 2019 havia reserva oriunda de 2018. Uma análise similar pode ser feita para a FAPESP, que tem investido praticamente tudo que arrecada a cada ano, principalmente com a queda de arrecadação já mencionada. A FAPESP tem reservas para projetos de longo prazo, sendo que esse fundo de reserva remonta à iniciativa do Governador Carvalho Pinto.

Se o PL529 passar, no curto prazo as Universidades não terão como honrar compromissos, provavelmente não conseguirão pagar salários e décimo terceiro em dia. No médio e longo prazo não terão como planejar seus investimentos, com a consequente piora na gestão desses recursos públicos. Será na prática o fim da autonomia, e um retrocesso de décadas. O mesmo se aplica à FAPESP, cuja autonomia não foi atacada nem no governo militar.

Em sua defesa, o Governo do Estado de São Paulo tem afirmado que as atividades de ensino e pesquisa não serão afetadas. Que o dinheiro recolhido pode ser usado para pagar aposentados das Universidades. O argumento é frágil por dois motivos: i) são as próprias universidades que pagam seus aposentados, de forma que não faz sentido retirar o dinheiro e depois devolvê-lo quando as Universidades precisarem (o que certamente acontecerá); ii) a aritmética é implacável, e não há como não interromper atividades se as Universidades perderem recursos adicionais num ano em que serão deficitárias. Quanto à FAPESP, estima-se que perderia no confisco dessas sobras de 2019 quase metade do valor que investe num ano. Como não afetar o fomento de pesquisa se a Fundação, de repente, ficar efetivamente com metade do que disporia?

Desprezar o valor do conhecimento apesar do discurso de valorização da ciência, tentar retirar dinheiro de onde não tem, inviabilizar o funcionamento da FAPESP, Unesp, Unicamp e USP, de uma só vez, é o que posso chamar de suicídio político de um governo. O ato ainda não foi cometido, e espero que o suicídio não se efetive.

(Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior – IFSC/USP)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

24 de setembro de 2020

PL-529/2020 – Ex-diretor do IFSC/USP escreve para Governador João Dória

Na senda das inúmeras manifestações escritas que têm sido enviadas à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) sobre o polêmico PL-529 elaborado pelo Governo do Estado, o ex-diretor do IFSC/USP, Prof. Tito José Bonagamba, juntou-se ao coro de protestos sobre a eventual aprovação do documento, através de uma Carta Aberta dirigida, desta feita, ao próprio Governador João Dória, que abaixo reproduzimos.

“Carta Aberta ao Governador do Estado de São Paulo

24 de setembro de 2020, 72 anos da Lei no 161/194.

Caro Sr. João Doria

Governador do Estado de São Paulo

Assunto: Projeto de Lei no 529/2020 vs. Projeto de Lei no 10/1947

Tenho seguido, com grande apreço e admiração, todas as Coletivas de Imprensa sobre a condução das ações do Governo do Estado de São Paulo no combate ao novo coronavírus, com sua destacada participação, sempre contando com a expressiva e competente presença da Secretária de Estado de Desenvolvimento Econômico, Patrícia Ellen da Silva, cuja Alma Mater é a Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA), uma das mais importantes Unidades de Ensino e Pesquisa da Universidade de São Paulo (USP).

Nas Coletivas de Imprensa, tenho também apreciado a presença prestigiosa de vários nomes de grande expressão das Universidades Públicas Paulistas e Federais instaladas em nosso Estado, que o assessoram cientificamente e estão dando direcionamento a todas as ações realizadas.

Em todos seus discursos, o Senhor apropriada e invariavelmente destacou a importância da Ciência no combate ao novo coronavírus, sempre solidariamente apoiado pela Secretária de Estado. Por acreditar em suas convicções, assumi o papel de ouvinte assíduo das Coletivas de Imprensa, através da TV Cultura, por encontrar em vocês lideranças em nosso País que acreditam na Ciência e, consequentemente, nas Universidades Públicas Paulistas, órgãos vinculados à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo.

Ressalto, neste ponto, que as Universidades Públicas Paulistas contribuem firmemente para a mensagem “O que fazemos”, apresentada na página da Secretaria de Desenvolvimento Econômico:

https://www.desenvolvimentoeconomico.sp.gov.br/institucional/o-que-fazemos/

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico exerce um papel fundamental para a retomada do crescimento econômico do Estado, e trabalha para atrair investimentos, fomentar o empreendedorismo, a inovação tecnológica, além de oferecer qualificação profissional de acordo com as demandas atuais e futuras do mercado de trabalho.

Porém, para acreditar na Ciência, é necessário conhecer o trabalho realizado nas Universidades Públicas Paulistas e Federais instaladas em nosso Estado, que realizam pesquisa básica e aplicada de qualidade, incluindo desenvolvimento e inovação, com o apoio da FAPESP, e formam elevado número de profissionais qualificados em todas as áreas de conhecimento.

Os impactos positivos no desenvolvimento socioeconômico do Estado de São Paulo e do País, resultantes das atividades de ensino, pesquisa e extensão realizadas nas excelentes Universidades Públicas Paulistas, bem como os argumentos para preservar os recursos dessas instituições, incluindo os da FAPESP, já foram e estão sendo abundantemente apresentados pelas nossas lideranças, deste modo, não irei repeti-los aqui.

Obviamente, esses impactos não se limitam à área de saúde. Eles estão associados a todas as áreas de atuação das Universidades Públicas Paulistas, cujos grupos de pesquisa atuam de forma individual ou integrada, tanto no âmbito nacional quanto internacional, com resultados de qualidade e grande interesse para a Sociedade.

Tendo em mente o exposto acima, entendo, respeitosamente, que o Projeto de Lei nº 529/2020, proposto pelo Senhor e que tramita em caráter de urgência na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), segue o caminho contrário ao tão apreciado discurso utilizado no combate ao novo coronavírus.

Ao acompanhar as manifestações de apoio a este Projeto de Lei, fica evidente que os apoiadores desconhecem o valor dos projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação que são realizados nas Universidades Públicas Paulistas, com o apoio da FAPESP.

Durante minha gestão como Diretor do Instituto de Física de São Carlos (IFSC), USP, Unidade que atua fortemente em pesquisa, desenvolvimento e inovação, com resultados expressivos, convidamos alguns nomes de relevo da Indústria Brasileira e representantes da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo para nos visitar e conhecer nossas atividades. Sem exceção, todos ficaram impressionados com o que viram, pois não imaginavam que, no ambiente da USP, pudesse estar ocorrendo o precioso processo de transformar conhecimento básico em aplicado, de grande interesse para a Sociedade e com utilização imediata.

O IFSC/USP não é o único exemplo, pois essas atividades ocorrem praticamente em todas as Unidades de Ensino e Pesquisa da USP, com o estímulo e apoio da Reitoria, das Pró-Reitorias, da Agência USP de Inovação, do Inova USP, dos Parques Tecnológicos associados à nossa Universidade e da FAPESP. Estou seguro que posso estender este relato para todas as Universidades Públicas instaladas em nosso Estado.

Deste modo, solicito, respeitosa e encarecidamente, às/aos Parlamentares da ALESP que apoiam este Projeto de Lei, que procurem conhecer, de fato, as atividades realizadas nas Universidades Públicas Paulistas, antes de definirem seus votos, de modo a evitar atribuir ao Governo do Estado de São Paulo, à Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo e à ALESP o peso histórico de terem cometido um grave erro que afetará a sustentabilidade financeira e a autonomia das Universidades Públicas Paulistas e da FAPESP, instituições que têm sido historicamente partícipes e solidárias às questões associadas ao desenvolvimento socioeconômico do Estado de São Paulo e do País, com destaque para os momentos atuais de pandemia.

Estou certo de que as portas estarão abertas para toda(o)s a(o)s interessada(o)s em conhecer melhor o papel das Universidades Públicas Paulistas para o desenvolvimento socioeconômico do Estado de São Paulo e do País, incluindo o Senhor Governador, a Secretária de Desenvolvimento Econômico, o relator do Projeto de Lei, o Deputado Carlão Pignatari, bem como a(o)s demais Deputada(o)s Estaduais. Tenho certeza que se surpreenderão positivamente.

Finalizo esta carta ao Senhor, onde procurei ser respeitoso, lembrando que a data de 24 de setembro nos remete a um dos atos mais importantes do Governo do Estado de São Paulo e da ALESP. Em 24 de setembro de 1948, foi promulgada a Lei nº 161/1948, decorrente do Projeto de Lei no 10/1947 proposto pelo Deputado Estadual Miguel Petrilli. Esta Lei transformou o interior do Estado de São Paulo, com a criação dos Campi da USP nas cidades de Ribeirão Preto (Medicina) e São Carlos (Engenharia).

Espero que não prejudiquem o que o Governador do Estado de São Paulo e a ALESP estrategicamente e com visão de futuro realizaram 72 anos atrás e que procurei relatar sucintamente na matéria abaixo:

https://jornal.usp.br/artigos/data-esquecida-na-celebracao-dos-70-anos-da-usp-no-interior/

Atenciosamente,

Tito J. Bonagamba

Diretor do IFSC/USP (2014-2018)

Membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo

Membro da Academia de Ciências da América Latina”

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

 

 

24 de setembro de 2020

Até 05/10 – Inscrições para Webminicursos da 72ª Reunião Anual da SBPC

Estão abertas até o dia 5 de outubro as matrículas para os WEBMinicursos da 72ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que serão realizados na primeira semana do próximo mês.

No segundo ciclo da 72ª Reunião Anual da SBPC serão oferecidos outros sete WEBMinicursos, dentre eles, “Mediação em práticas educativas em museus de C&T”, “Criando experimentos para o estudo da linguagem”, “Hormônios e comportamento” e “Uso de jogos didáticos no ensino de parasitologia”. Veja AQUI a lista completa.

Os WEBMinicursos contam com quatro aulas, sendo as três primeiras videoaulas gravadas e disponibilizadas de 05 a 13 de outubro, e a última ao vivo, pelo Moodle, será realizada em data específica, na semana de 14 a 16 de outubro. Cada minicurso tem carga horária de oito horas, com direito a certificado de frequência para quem assistir a todas as aulas gravadas e à aula ao vivo.

Com o tema “Ciência, Educação e Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI”, a versão estendida e virtual da 72ª Reunião Anual da SBPC é realizada em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) nas primeiras semanas dos próximos meses: de 5 a 10 de outubro; de 3 a 7 de novembro; e de 30 de novembro a 5 de dezembro de 2020.

A programação científica será composta por painéis, mesas redondas e conferências, com transmissão pelo canal da SBPC no YouTube. O evento contará ainda com sessão de pôsteres e atividades da SBPC Jovem e Família, com atrações para todas as idades.

Os WEBMinicursos também serão ofertados todos os meses, com assuntos de diversas áreas do conhecimento. Os interessados poderão se inscrever em até três minicursos por ciclo.

Mais informações no site do evento: http://ra.sbpcnet.org.br/72RA/

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

23 de setembro de 2020

Prof. João Steiner (IAG/USP) – A morte de um Mestre… O luto de uma Universidade

Faleceu, no dia 10 do corrente mês, aos 70 anos, o Prof. João Steiner, professor titular do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP e um dos maiores vultos na área da astrofísica brasileira. Steiner graduou-se em Física na USP, fez mestrado e doutorado em astronomia no IAG, onde era professor desde 1977, sendo  um especialista em astronomia de raios X e núcleos ativos de galáxias e grande estudioso dos buracos negros.

O Prof. João Steiner foi o principal defensor e incentivador da participação do estado de São Paulo no projeto GMT, um supertelescópio de 24,5 metros em construção no Chile, que deve inaugurar uma nova era de observações do Universo. Apaixonado pela divulgação científica, o Prof. Steiner deixou como um de seus legados seus cursos em vídeo sobre astronomia, dedicados aos alunos ingressantes no bacharelado em astrofísica da USP, bem como sua participação periódica na Rádio USP.

O falecimento do Prof. Steiner causou um sentimento de grande perda para a USP, manifestado por inúmeras mensagens de pesar não só por parte da reitoria, como também por praticamente todas as Unidades, ao que o IFSC/USP, naturalmente, se associa, curvando-se em memória do eterno Mestre.

 

João Steiner uma das pedras fundamentais sob a qual uma nova geração de cientistas se formou

Para o docente e pesquisador do IFSC/USP – Grupo de Física Computacional e Instrumentação Aplicada, Prof. Luiz Vitor de Souza Filho, a contribuição do Prof. Steiner fica gravada para sempre na Universidade de São Paulo.

“A primeira vez que ouvi sobre o Prof. João Steiner foi em 2000 quando era aluno de doutorado na UNICAMP. Naquele momento, Steiner liderava a participação brasileira no Observatório SOAR enquanto que na UNICAMP eu começava a colaborar com a construção do Observatório Pierre Auger liderada pelo Prof. Carlos Escobar. Ambos os projetos eram muito ousados dentro do cenário científico brasileiro e com muitos paralelos que tornavam o trabalho do Steiner uma referência contínua.

A construção de grandes observatórios impõem desafios técnicos, científicos e organizacionais inimagináveis pra quem não tem contato com esta área de pesquisa. Antes do SOAR e do Observatório Pierre Auger, a participação brasileira nestes empreendimentos internacionais se dava raramente por iniciativas individuais e através de associação à instituições estrangeiras. SOAR e Auger abriram as portas para a formação de uma comunidade nacional, comprometida com a indústria local e com a formação de estudantes brasileiros no mais alto nível internacional.

João Steiner foi uma das pedras fundamentais sob a qual essa nova perspectiva de descobertas científicas se instalou e sob a qual uma nova geração de cientistas se formou. SOAR e Auger abriram as portas do sucesso para seus sucessores: Gemini, GMT e CTA.

Em 2004, comecei meu primeiro pós-doc no IAG e tive a oportunidade de acompanhar mais de perto o trabalho do Steiner. Minha primeira imagem dele como competente construtor de telescópios foi aos poucos sendo sobreposta com outras camadas. Pude então ver seminários dele e de membros do seu grupo sobre a análise das observações feitas pelos observatórios que ele ajudara a construir. Chamava-me atenção a busca que ele promovia por técnicas inovadoras de análise dos dados.
Em 2011, convidei ele pra dar um seminário de pesquisa no IFSC que ele aceitou prontamente. João foi um orador excepcional. Sabia entender as expectativas da audiência, se aprofundando quando possível e criando analogias fantásticas quando falava para um público menos especializado. Em 2011 ele escolheu o título “Como observar buracos negros super-massivos de baixa luminosidade ?” tema no qual ele fez várias publicações importantes nos últimos anos. Seu seminário encantou mais uma vez a plateia que não deixava ele ir embora mesmo depois do final do seminário.

Steiner tinha uma presença marcante, a figura nítida de um líder. Preenchia o espaço à sua volta o que muitas vezes o colocou em rotas de conflito com outras lideranças nacionais. Apesar de nunca ter trabalhado diretamente com ele, Steiner sempre me inspirou por ser um pesquisador completo e um líder por exemplo. Atuava na instrumentação e nos resultados finais de importantes descobertas científicas. Sua liderança era percebida nas suas realizações concretas, o que o destacava dos falsos líderes só de retórica.

No começo do ano, encontrei o João em uma reunião na FAPESP. Ele foi a primeira pessoa que se recusou a me dar um aperto de mão para me cumprimentar se justificando amistosamente que era parte do grupo de risco para o então novo Coronavírus. Os novos costumes de relacionamento social ainda não estavam implantados e estávamos todos nos adaptando. Era a primeira vez que eu participava de um reunião importante junto com o Steiner.

Sentei-me ao lado dele e fiquei observando-o, tentando mais uma vez aprender com sua experiência naquele novo contexto. Foram várias horas de reunião, saímos juntos da FAPESP e eu perguntei se ele podia me receber no IAG nos próximos meses porque eu precisava de uns conselhos dele sobre meus projetos. Ele disse que sim e pediu pra eu escrever um e-mail que marcaríamos um café. A pandemia se instaurou logo em seguida e eu não tive a oportunidade de voltar a vê-lo. Fiquei sem os importantes conselhos que ele certamente me daria. Ficamos todos sem uma das principais liderança da astrofísica brasileira das últimas décadas.

Espero que neste momento de múltiplo luto, saibamos nos inspirar nas conquistas do Prof. João Steiner para continuar traçando nossas vidas e os rumos da ciência brasileira”.

 

Cabe a nós, agora órfãos de João Steiner, valorizar e fazer crescer sua herança

O Prof. Luiz Nunes de Oliveira, igualmente docente e pesquisador do IFSC/USP – Grupo de Física Teórica -, recorda o grande amigo que foi João Steiner.

“Conheci o João, de verdade, há 25 anos. Na época, ele tinha um sonho. Queria inserir a ciência brasileira na idade de ouro da astronomia, a era dos grandes telescópios, que começava a iluminar o céu. Reconhecemos, hoje, que o sonho se concretizou e que isso somente foi possível porque Steiner pôs seu  entusiasmo e suas liderança, enorme disposição para o trabalho e capacidade incomum de comunicação a serviço da comunidade. João ofereceu o combustível que propeliu nossa astrofísica para a frente e para o alto.

Encontrei nele um grande amigo, numa dessas amizades que crescem desproporcionalmente ao número de oportunidades para convívio. Ele em São Paulo e eu em São Carlos, encontrávamo-nos esporadicamente. Bancas de concurso, reuniões de trabalho. O tempo para outras discussões era sempre curto, mas como não ser cativado por alguém que gostava de tudo o que estimula o pensamento.

Algumas as vezes, a conversa era sobre astrofísica. Uma nova ideia, a descrição inspirada de uma foto do céu ou a explicação para alguma questões que me intrigavam.

O que seria mais importante para a comunidade brasileira: resolução ou campo visual?

Existe um buraco negro no centro da galáxia? Ou falávamos sobre aspectos humanos da astronomia. Como se sente alguém numa elevação da cordilheira dos Andes quando o Sol se põe e o manto estrelado cobre a terra. Como foi feito o vídeo sobre a construção do SOAR. A emoção que as crianças iriam sentir ao ver o céu pelas lentes e espelhos de um telescópio a milhares de quilômetros.

João tinha ideias claras sobre as estruturas acadêmicas, e não lhe faltavam exemplos. Numa conversa de cantina, entre um gole de café e outro, enunciou um destilado do que aprendera em sua experiência com os institutos do CNPq: “Os elementos de que depende o sucesso de uma instituição são dois: missão e liderança.” Não por acidente, sua atuação como Diretor do Instituto de Estudos Avançados da USP revigorou a instituição. Mais tarde, durante um período relativamente curto, ele pôde explorar suas ideias ao trabalhar visando à constituição de uma rede de parques tecnológicos no Estado; estamos colhendo agora alguns frutos das sementes plantadas na época.

Outra de suas paixões era a divulgação ciências e ideias. João escreveu regularmente para a Super Interessante. A escolha de temas era uma das marcas de suas matérias; o que mais brilhava, entretanto, era a perspectiva diferente que oferecia sobre cada assunto. Ao discorrer sobre o fenômeno “El Niño”, por exemplo, ele lembrou que o efeito das estações do ano sobre o clima foi reconhecido na pré-história. Já a segunda influência mais importante, o aquecimento das águas do Pacífico, somente atraiu o interesse da ciência na década de 1980. Mais recentemente, passou a falar na Rádio USP. Seu curso de astronomia faz enorme sucesso no Youtube.

Suas palestras eram memoráveis. No IFSC, ora discutia assuntos especializados, ora falava para o grande público. Em cada caso, o tempo foi sempre muito pequeno para tantas perguntas. Numa ocasião, falou sobre o futuro da Astrofísica para o Conselho de Pesquisa da USP. Ao final da sessão, alguns conselheiros correram para a frente, para pedir que ele repetisse a palestra em eventos nas suas unidades. À frente de todos, o mais entusiasmado era o representante da Faculdade de Filosofia Ciências, Letras e Humanidades, um jovem filósofo que, de imediato, apreciara a profundidade das ideias apresentadas por Steiner.

A família de João é ilustre na hierarquia católica. Dom Paulo e Dona Zilda fazem parte dela, assim como Leonardo Arns, Arcebispo de Manaus. Ele não era religioso, mas tenho para mim que e a amplitude de seus interesses e a combinação de firmeza de caráter com a generosidade de espírito tinham raízes na formação recebida na infância. Homem renascentista de nossos tempos, ele nos deixa um legado extraordinário. Uma fração foi gravada, em papel  e meio digital; outra se materializou em um observatório astronômico no Chile. A terceira fração, majoritária, também consiste de bens duráveis, se bem que intangíveis e incontáveis: a inspiração, a visão e a motivação que dele recebemos. Cabe a nós, agora órfãos, valorizar e fazer crescer essa herança. Temos a nossa frente um desafio à altura dos grandes enigmas cosmológicos”.

A última visita do Prof. João Steiner ao Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) aconteceu em junho de 2019, quando, de forma muito amistosa, concedeu uma entrevista à Assessoria de Comunicação, no âmbito de sua palestra intitulada “Conversa sobre Buracos Negros”, apresentada aos alunos da Escola Estadual Dr. Álvaro Guião, na cidade de São Carlos, e que abaixo recordamos.

Clique na imagem abaixo para recordar essa entrevista.

O IFSC/USP curva-se respeitosamente em memória do Prof. João Steiner.

Rui Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

22 de setembro de 2020

Fórum Internacional – “Em direção ao novo normal: como o coronavirus está alcançando outras perspectivas de pesquisa e ensino Universitário”

Realiza-se no próximo dia 22 do corrente mês, às 14h00, através do Youtube (https://youtu.be/GECPkUUpYx8), o quarto evento referente ao “Fórum Internacional: em direção ao novo normal –  como o coronavírus está alcançando outras perspectivas de pesquisa e ensino universitário”.

Durante o Fórum poderemos conhecer os planos institucionais relacionados ao momento atual da Covid-19 e, sobretudo, sobre a era “pós-pandemia” a partir de um olhar de destacadas autoridades universitárias do Brasil e exterior.

Contaremos com a presença dos seguintes palestrantes:

-Prof. Dr. Robert C. Robbins, Presidente – Universidade do Arizona (EUA);

-Prof. Dr. Rui Vicente Oppermann, Reitor – UFRGS;

Mediador:  Prof. Dr. Carlos Gilberto Carlotti Jr., Pró-Reitor de Pós-Graduação – USP.

21 de setembro de 2020

Pró-Reitoria de Pós-Graduação (USP) divulga disciplina “A Crise das Pandemias”

A Pró-Reitoria de Pós-Graduação da USP está com pré-matrículas abertas até dia 29 de setembro para a disciplina DPG5005 – A Crise das Pandemias e as Oportunidades para a Construção de um Mundo mais Seguro, Menos Desigual e Sustentável, que será oferecida de não-presencialmente neste semestre pelo sistema e-disciplinas, entre 30 de setembro e 08 de dezembro do corrente ano.

A disciplina tem por objetivo fornecer aos participantes uma base científica para a compreensão da dinâmica das pandemias a partir do desenvolvimento e a COVID-19 no Brasil e no mundo. Fortemente ancorado em uma perspectiva comparada e multidisciplinar, este curso de pós-graduação será oferecido em duas fases de modo a expor e analisar o contexto atual, assim como as implicações futuras da pandemia, tanto na Saúde e na Economia, quanto na Ciência e Tecnologia, na Educação e no universo do Meio Ambiente e da Política.

No Módulo 1, com foco nos desdobramentos ainda em curso da crise, as aulas buscarão expor e construir o conhecimento sobre dimensões da pandemia, desde as características biológicas do vírus e os aspectos clínicos da doença, até as políticas públicas executadas no Brasil para proteção da população e da sociedade. Neste módulo, as aulas discutirão as origens da pandemia, o desenvolvimento global da Covid-19 e o peso das desigualdades sociais e regionais que marcam o globo e, em especial em países emergentes como o Brasil. Nessa fase, será analisada a evolução do mercado de trabalho (formal e informal), a eficácia da rede de proteção social, o sistema de saúde e as respostas do governo Federal e dos estados na contenção da crise. No mesmo sentido, o avanço dos ensaios clínicos, as estratégias de testagem e a modelagem epidemiológica receberão tratamento de especialistas da USP e de centros de renome internacional.

No Módulo 2, o curso estará orientado para a prospecção de temas que se apresentaram em toda a sua fragilidade ao longo do desenvolvimento da pandemia. Questões de governança mundial e nacional, a agricultura extensiva, as ameaças do clima, o desperdício da biodiversidade, a fragilidade da OMS e a cooperação internacional e a segurança alimentar comporão um panorama do que pode e precisa ser remodelado no mundo e no Brasil. Nesse novo ambiente, terá lugar especial o debate sobre o peso específico da pesquisa, da Inovação e da Educação na construção de um mundo melhor. Nesta segunda fase o curso contará com duas exposições de pesquisadores internacionais.

Os docentes responsáveis pela disciplina são: Glauco Arbix, Ester Cerdeira Sabino, Lorena G. Barberia, José Eduardo Krieger e João Paulo Cândia Veiga.

A pré-matrícula nesta disciplina poderá ser realizada pela Web no período de  21 a 29.09.2020 através do sítio https://uspdigital.usp.br/janus, da mesma maneira que as disciplinas habituais. Basta colocar o código da disciplina DPG5005 ou acessar pela área de concentração 110 – Pró-Reitoria de Pós-Graduação.

 

Informações da disciplina DPG5005:

Conteúdo – Módulo 1:

1-As Pandemias em Perspectiva Histórica;

2-Virologia da Sars-Cov-2;

3-Novas estratégias terapêuticas e vacinas;

4-Epidemiologia e Modelagem de Doenças Infecciosas;

5-Sistemas de Prevenção: a Epidemiologia e a Modelagem da Pandemia;

6-Sistemas e Serviços de Saúde na Assistência, Controle e Monitoramento da Pandemia;

7-As Respostas dos Governos de Contenção à Pandemia;

8-Desigualdade de Renda, Pobreza e a Nova Vulnerabilidade Social;

9-Impactos Psicológicos do Isolamento Social;

10-Pandemia e o Trabalho;

11-A Vida nas Cidades e as Pandemias;

12-Mudanças climáticas, eventos extremos e as pandemias;

13-Um Mundo pós-Covid-19;

 

Conteúdo – Módulo 2

1-As Pandemias em Perspectiva Histórica;

2-Desafios dos Sistemas de Saúde no mundo Globalizado;

3-Governança Global e Nacional para Enfrentamento de Pandemias;

4-Políticas Públicas baseadas em Evidências;

5-As Tensões na Geopolítica Mundial;

6-Os Impactos na Economia;

7-Novas Dimensões da (In)Segurança Alimentar;

8-Informação e Desinformação na Pandemia;

9-O Agronegócio e as Questões Socioambientais;

10-Mudanças na Natureza do Trabalho e no Emprego;

11-Educação e Formação de Profissionais na Pós-Pandemia;

12-Oportunidades para a construção de uma economia de baixo carbono, menos desigual e de um mundo mais seguro e sustentável;

13- Futuro;

 

Conteúdo (ementa em inglês):

Module 1

1-Pandemics in Historical Perspective;

2-Sars-Cov-2 Virology;

3-New therapeutic strategies and vaccines;

4-Epidemiology and Modeling of Infectious Diseases;

5-Prevention Systems: Epidemiology and Pandemic Modeling;

6-Health Systems and Services in Pandemic Treatment, Control and Monitoring;

7-The Containment Responses of Governments to the Pandemic;

8-Income Inequality, Poverty and the New Social Vulnerabilities;

9-Psychological Impacts of Social Isolation;

10-Pandemic and Work;

11-Life in Cities and Pandemics;

12-Climate Change, Extreme Events and Pandemics;

13-A Post-Covid-19 World;

Module 2

1-Pandemics in Historical Perspective;

2-Health System Challenges in a Globalized World;

3-Global and National Governance for Coping with Pandemics;

4-Evidence-based Public Policies;

5-Tensions in Geopolitics;

6-The Impacts on the Economy;

7-New Dimensions of Food (In) Security;

8-Information and Disinformation in the Pandemic;

9-Agribusiness and Socio-Environmental Issues;

10-Changes in the Nature of Work and Employment;

11-Education and Training of Professionals in the Post-Pandemic;

12-Opportunities for building a low-carbon, less unequal economy and a safer and more sustainable world;

13-The Future;

Forma de avaliação

-100% Trabalho Final;

-Um trabalho, a ser realizado em duplas, responderá por 100% da nota final. Os grupos e as duplas serão formados com alunos e alunas de áreas diferentes da Universidade. No trabalho final os alunos serão avaliados pela sua capacidade de redigir um trabalho que dê conta de pelo menos duas dimensões tratadas no decorrer do curso

Crédito – Esta disciplina atribuirá 4 créditos para o aluno.

Inscreva-se AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

18 de setembro de 2020

“Colloquium diei” com o pesquisador Matthias Vojta (TU Dresden)

O Instituto de física de São Carlos (IFSC/USP) realizou no passado dia 18 de setembro, a partir das 10h30, através do canal Youtube, mais um colóquio integrado no programa Colloquium diei, subordinado ao tema Strong correlations and quantum criticality: From spin liquids to high-temperature superconductivity, com a participação do pesquisador Matthias Vojta (TU Dresden – Germany).

Em sua apresentação, Vojta mostrou de que forma os sistemas quânticos de muitos corpos apresentam interações fortes, que se apresentam fundamentais tanto na busca por novos fenômenos, quanto no design de novos materiais.

A primeira parte da palestra descreveu aspectos gerais das transições de fase quântica, incluindo desenvolvimentos recentes de criticidade quântica, seguindo-se alguns exemplos de transições de fase quântica quando colocadas em contato com experimentos recentes.

Clique na imagem para assistir ao colóquio.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

17 de setembro de 2020

VI Congresso Internacional de Inovação e Tendências em Engenharia (Colômbia)

A Faculdade de Engenharia da Universidade Católica da Colômbia realiza entre os dias 30 de setembro e 02 de outubro do corrente ano, de forma virtual, através da plataforma Cisco Webex, a 6ª edição do Congresso Internacional de Inovação e Tendências em Engenharia.

Inserido na Semana da Engenharia 2020 da citada Universidade, este evento acadêmico irá proporcionar uma ampla interação com um importante grupo de palestrantes, pesquisadores, empresários e empresários nacionais e internacionais, especialistas especialistas na liderança de iniciativas de transformação em engenharia, considerada uma referência na implementação de soluções que gerem impacto econômico e social em ecossistemas de inovação.

Na sexta edição deste congresso, o país convidado é o Brasil, contando, desde já, com a participação dos seguintes palestrantes:

*Luis Carlos Hernández – Doutor e Mestre em Tecnologia Ambiental e Recursos Hídricos pela Universidade de Brasília (UnB);

*Reginaldo Teixeira – Ph.D. em Engenharia Mecânica pela School of Manufacturing and Mechanical Engineering da University of Birmingham (Reino Unido);

*Renato P. Cunha – Graduado em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ);

*Vanderlei Bagnato – Doutor pela Universidade de São Paulo com dupla graduação em Engenharia de Ciência dos Materiais pela Universidade Federal de São Carlos e Física pela Universidade de São Paulo.

Nestes três dias de congresso, os destaques vão para algumas das conferências que serão apresentadas, como, por exemplo:

– Exemplos recentes de soluções inovadoras e tecnológicas para reduzir e gerenciar a escassez de água;
– Marketing digital 360 °;
– WBAN-COVID19: Telemonitoramento de pacientes com COVID-19 em isolamento domiciliar;
– Telecomunicações: tendências e oportunidades de desenvolvimento;
– Narrativas interativas, aprendizado e inovação;
– Ética e inteligência artificial;
– Inovação na avaliação da aprendizagem com o uso de tecnologias;
– Inovação e criatividade: agora mais do que nunca;

Informações adicionais sobre este evento poderão ser obtidas (AQUI),  ou através do email ingenieria@ucatolica.edu.co.

Para se inscrever no evento, clique AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

16 de setembro de 2020

As viagens no tempo – Ficção ou realidade em um futuro longínquo?

(In: Busybody)

Os filmes de ficção científica sempre nos inspiram a pensar que determinados equipamentos ou situações, atualmente impossíveis, podem virar realidade em um futuro.

E foi assim que, com viagens espaciais, a conquista da Lua, telefones sem fio, mundos quânticos, uma variedade de instrumentos que emitiam luz vermelha (atuais lasers) e carros voadores, a sétima arte nos empolgou ao longo das últimas décadas, principalmente no decurso do último século, sendo que alguns (muitos) dos artefatos criativamente inventados para divertir o público se tornaram reais e estão aí em pleno funcionamento.

As viagens no tempo sempre foram um “prato cheio” nos filmes de ficção científica: poder recuar no tempo para corrigir, alterar determinada situação ou acontecimento, ou avançar no tempo para ver o futuro. Com efeito, a ciência até pode nos fornecer alguma esperança (muito remota) em podermos viajar no tempo – claro, neste momento de forma meramente teórica.

No episódio-3 da série Mundo Mistério (Netflix), este tema das viagens no tempo foi elaborado com algum destaque por Felipe Castanhari, do Canal Nostalgia. Em entrevista ao Canaltech, Castanhari relata a visita que fez ao Campus USP de São Carlos e a conversa que manteve com o Prof. Daniel Varela Magalhães, pesquisador-colaborador no Grupo de Óptica do IFSC/USP e docente da EESC/USP, sobre esse assunto, onde os relógios atômicos têm um significado não só importante, como intrigante no tema abordado.

Confira a entrevista, clicando na imagem abaixo.

Relógio atômico – IFSC/USP

Rui – Sintra – Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

16 de setembro de 2020

Até 10/10: CEPOF-IFSC/USP abre quatro vagas (doutores) para a área de Biofotônica

O CEPOF, Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica – um dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPIDs) apoiados pela FAPESP, com sede no Instituto de Física de São Carlos (IFSC-USP) – está buscando candidatos (4 vagas), com forte experiência em BIOFOTÔNICA, em um ou mais tópicos listados a seguir:

– Terapia Fotodinâmica e ação fotônica antimicrobiana;
– Fotobiomodulação;
– Fotoimunoterapia para células-alvo;
– Novos fotossensibilizadores, síntese orgânica, reações fotocatalíticas;
– Agricultura digital, segurança alimentar e ambiental;
– Biofotônica quântica;
– Inteligência artificial;
– Instrumentação.

Os projetos visam investigar aspectos inovadores em Biofotônica. O candidato deve ter obtido título de Doutor em Física, Biologia, Engenharia, Química, Ciências Biomédicas, e áreas relacionadas, nos últimos 5 anos.

Documentos necessários (a serem enviados para cristina@ifsc.usp.br):

– Duas cartas de recomendação (informação de contato);
– CV com lista de publicações e expertise;
– Declaração de uma página sobre o interesse (deixar claro o(s) tópico(s) de interesse específico).

Inscrições até o dia 10 de Outubro de 2020. Previsão de início: Janeiro-Fevereiro de 2021.

A vaga está aberta a brasileiros e estrangeiros. O selecionado receberá Bolsa de Pós-Doutorado da FAPESP no valor de R$ 7.373,10 mensais e Reserva Técnica equivalente a 15% do valor anual da bolsa para atender a despesas imprevistas e diretamente relacionadas à atividade de pesquisa.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

15 de setembro de 2020

Alunos da Semana de Engenharia Civil homenageiam docente do IFSC/USP

Como tem sido habitual até o presente momento, a Secretaria Acadêmica da Engenharia Civil (SACivil) realizou, no final do semestre anterior, o projeto relativo a “Avaliação dos Professores”, no qual os alunos foram convidados a avaliar os seus docentes a fim de fornecer um retorno sobre as atividades.

Nesta iniciativa, além de um relatório individual, que já foi enviado, é sempre selecionado o professor que obtém melhor pontuação entre cada ano do curso para um Certificado de Excelência, reconhecendo os esforços ao longo do semestre.

Neste sentido, o docente do IFSC/USP, Prof. Valmor Mastelaro, do Grupo de Nanomateriais e Cerâmicas Avançadas, foi o escolhido pelos ingressantes de 2019, na disciplina Física III, com nota 4,74, tendo sido homenageado no dia 14 do corrente mês, de forma virtual, pela Comissão Organizadora da Semana da Engenharia Civil (SEC) e pela Secretaria Acadêmica da Engenharia Civil (SACivil).

O IFSC/USP parabeniza o Prof. Valmor Mastelaro pela homenagem recebida.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

 

14 de setembro de 2020

Pesquisador do IFSC/USP torna-se editor da “AVS Quantum Science”

O docente, pesquisador e atual diretor do IFSC/USP, Prof. Vanderlei Bagnato, foi indicado como Editor Associado do AVS Quantum Science, um jornal científico que reúne alguns dos maiores nomes da ciência internacional, como, por exemplo:

Xuzong Chen – Peking University (China);
Yong Chen – Purdue University (USA);
Kwek Chuan – Center for Quantm Technologies (Singapure);
Ivette Fuentes – Universoty of Notthingham (UK);
Philippe Bouyer (University of Bordeux (FR).

O AVS Quantum Science é um periódico interdisciplinar, que abrange uma ampla gama de áreas de pesquisa, desde Matéria Condensada e Física Atômica, Molecular e Óptica, Biologia, Química e Ciência dos Materiais, até Ciência da Computação e Engenharia, tudo através dos fundamentos da Ciência Quântica.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de setembro de 2020

Participe no processo seletivo do Sintec-IFSC/USP – Empreendendo Física

Empreendimento e física são duas palavras que parecem não caminhar juntas, entretanto, elas podem ser grandes irmãs.

Quer conhecer mais sobre essa visão?

Venha para a Sintec-IFSC, a empresa júnior do nosso Instituto de Física de São Carlos.

Tem interesse em participar do processo seletivo?

Preencha o forms AQUI e em breve você será contactado.

Para mais informações, fique ligado nas redes sociais (Facebook e Instagram @sintec.ifsc).

Em caso de dúvidas, envie um e-mail para sintec@ifsc.usp.br

Participe!  Sintec-IFSC, juntos empreendendo física!

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

 

12 de setembro de 2020

Bolsa de pós-doutorado em sensores químicos para aplicação agroambiental

Estão abertas até dia 25 do corrente mês as inscrições para o Projeto Temático intitulado Rumo à convergência de tecnologias: de sensores e biossensores à visualização de informação e aprendizado de máquina para análise de dados em diagnóstico clínico (VER AQUI), com a oferta de uma oportunidade de pós-doutorado com bolsa da FAPESP.

O projeto, com sede no Instituto de Física de São Carlos, da Universidade de São Paulo (IFSC-USP), e atividades na Embrapa Instrumentação Agropecuária, em São Carlos, desenvolve sensores nanoestruturados empregando nanomateriais funcionais aplicados no reconhecimento de substâncias-alvo específicas de interesse agroambiental, como contaminantes em alimentos (metais pesados, pesticidas, antibióticos e patógenos) e doenças em plantas. A pesquisa permitirá a fabricação de plataformas de detecção de baixo custo, portáteis e versáteis.

Os candidatos devem possuir título de doutor obtido há menos de sete anos em uma das seguintes áreas: química, física, ciência e engenharia de materiais ou áreas afins.

Eles também devem ter experiência nas áreas de obtenção e caracterização de nanomateriais e no desenvolvimento e aplicação de sensores e biossensores. É desejável também terem experiência internacional de no mínimo três meses em instituição de fora do país, durante ou após o doutorado.

A inscrição pode ser feita pelo envio de e-mail para o pesquisador principal da vaga, Luiz Henrique Capparelli Mattoso (cnpdia.lnna@embrapa.br).

Consulte AQUI.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

12 de setembro de 2020

“Programa Experimental de Sanitização do Ar” no Hospital da Unimed São Carlos

O Hospital da Unimed São Carlos recebeu um Sanitizador de Ar, desenvolvido Grupo de Óptica do IFSC/USP, sob a supervisão do pesquisador Prof. Vanderlei Bagnato, contribuindo com o experimento do grupo sobre o equipamento que promove a descontaminação de partículas suspensas no ar. O experimento conta também com a Bióloga, Thaila Quatrini Corrêa, e a Biomédica, Kate Blanco, ambas do CEPOF – IFSC/USP.

Os circuladores de ar com reatores a luz UVC foram idealizados para descontaminar o ar de forma continua, até porque gotículas e aerossóis expelidos à medida que as pessoas falam, respiram ou tossem, estão carregados de microorganimos contidos na saliva e nas vias respiratórias. Em locais de alta circulação e de estadia de pessoas, estes equipamentos serão, certamente, indispensáveis. A princípio, o sistema opera com grande segurança e sem risco para as pessoas, podendo ser empregado em diversas situações.

Resultados

No Hospital da Unimed São Carlos, o equipamento foi alocado em diferentes ambientes: recepção do pronto atendimento 24 horas, sala de triagem e sala de medicação. Ao final, o grupo verificou que, em média, pode-se afirmar que os circuladores de ar com luz ultravioleta foram capazes de reduzir acima de 1 log (90%) de microrganismos presentes no ar do ambiente avaliado, correspondendo a uma grande melhora da situação microbiana do ambiente.

Como funciona o Sanitização do Ar?

O novo equipamento faz com que todo ar existente em um determinado recinto circule rapidamente por um sistema, que, usando radiação UVC interna, descontaminando o mesmo de forma rápida. Além disso, o sistema desenvolvido promove um gradiente de pressão, proporcionando a decantação mais rápida das partículas que, estando no chão, não chegam facilmente à área de respiração das pessoas. Em outras palavras, o sistema remove as partículas da área de respiração, sem causar poeiras, diminuindo as chances de contágio.

(In: UNIMED São Carlos)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

 

10 de setembro de 2020

“Colloquium diei” com Prof. Dr. Alberto Salleo (Stanford University)

Charge transport in conjugated polymers and the importance of order, from atomic to local to mesoscale foi o título do colóquio apresentado pelo IFSC/USP, no passado dia 04 de setembro de 2020, inserido na iniciativa Colloquium diei, com a participação do Prof. Dr. Alberto Salleo, docente e pesquisador da Stanford University (EUA).

Em sua apresentação, Salleo começou por informar que polímeros conjugados são uma família de semicondutores não convencionais que se prestam a técnicas de deposição de baixo custo, como impressão, sendo que eles têm sido usados ​​para uma série de aplicações, incluindo transistores, células solares e LED’s.

Em todos esses dispositivos, o transporte de carga é de suma importância. O transporte de carga é medido pela mobilidade da transportadora. A mobilidade do portador em polímeros conjugados continua a aumentar com relatórios recentes de mobilidades de efeito de campo excedendo 10 cm2 / V.s (para referência, silício amorfo, o semicondutor mais vendido no mundo, quando medido por área, tem uma mobilidade de 1 cm2 / V.s).

O transporte de carga é intrinsecamente dependente de processos que ocorrem em várias escalas de comprimento e é fortemente dependente da micro-estrutura dos materiais. Em seus trabalhos, o pesquisador tem usado XRD baseado em síncrotron para determinar o empacotamento de células unitárias e para demonstrar a importância da conectividade entre cristalitos de polímero.

Além disso, Salleo tem estudado a organização de mesoescala de polímeros, usando duas técnicas baseadas em microscopia eletrônica de transmissão, permitindo quantificar a ordem local e as correlações em centenas de nanômetros.

Esses estudos multiescala de microestrutura são fundamentais para orientar a compreensão do transporte de carga em polímeros conjugados.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

10 de setembro de 2020

Sirius recebe primeiro experimento de pesquisadores externos

André Godoy e Aline Nakamura posicionam cristal de proteína de SARS-CoV-2 para análise no Sirius

André Godoy e Aline Nakamura posicionam cristal de proteína de SARS-CoV-2 para análise no Sirius

Proteína pouco entendida do vírus SARS-Cov-2 é um dos alvos do estudo da equipe da Universidade de São Paulo (USP) no acelerador síncrotron do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM)

Em resposta à pandemia, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), organização social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), antecipou a abertura da primeira estação de pesquisa do Sirius para apoiar pesquisas relacionadas à Covid-19. Pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos, da USP, foram os primeiros usuários da maior e mais complexa infraestrutura científica do País.

Dois jovens pesquisadores do grupo de São Carlos chegaram ao CNPEM em 1º de setembro. Na bagagem, trouxeram mais de 200 cristais de proteínas do vírus SARS-CoV-2 para analisar na estação de pesquisa Manacá. Sirius vai ajudá-los a elucidar a estrutura molecular dessas proteínas, que são fundamentais para o ciclo de vida do vírus, além de permitir a identificação de moléculas que se ligam a essas proteínas e podem dar origem a novos medicamentos.

O trabalho dos pesquisadores da USP começou assim que a emergência sanitária mundial foi anunciada, no início do ano. Antes da abertura em caráter excepcional da primeira estação de pesquisa do Sirius, o grupo realizou experimentos em fontes de luz síncrotron da Inglaterra e da Suécia, de maneira remota.

“Para buscarmos ligantes que podem se conectar às proteínas do vírus, inibindo a sua atividade, precisamos de uma fonte de luz síncrotron. Neste sentido, o Sirius passa a ser um “salto quântico” para a comunidade de cristalografia brasileira”, explica o coordenador da pesquisa, Prof. Glaucius Oliva, um dos pioneiros da área no Brasil.

Oliva está em São Carlos, assim como a maior parte de seu grupo. No Sirius, os pesquisadores André Godoy e Aline Nakamura são os responsáveis pelas coletas de dados. Embora a estação de pesquisa Manacá esteja na chamada fase de comissionamento científico, na qual experimentos são realizados para testar a infraestrutura, a possibilidade de fazer os experimentos no País empolga os pesquisadores.

“O Sirius superou minhas expectativas. Ter uma máquina dessas aqui e fazer análises dessa complexidade é uma conquista para o País. “O que você conseguia fazer em horas [no antigo acelerador de eletróns do CNPEM], agora você faz em minutos. Isso torna a técnica escalonável do ponto de vista de quantas amostras você consegue analisar, e permite fazer novas técnicas”, celebra André Godoy, pesquisador com dez anos de experiência em análises realizadas em fontes de luz síncrotrons espalhadas pelo mundo.

Sirius: o começo de um futuro brilhante

Apesar dos primeiros experimentos com SARS-CoV-2, Sirius ainda é um projeto em andamento. “A Manacá é a primeira linha de luz a entrar em comissionamento científico, e que foi aberta antecipadamente em resposta emergencial à pandemia. Até o final deste ano, a expectativa é finalizarmos a montagem de mais cinco estações de pesquisa. A depender de recursos orçamentários, devemos entregar 14 linhas de luz até o final de 2021. Estamos diante de um marco importante do Projeto, atendendo os primeiros usuários, mas ainda há muito trabalho a ser feito. A própria Manacá receberá melhorias, como recursos de automação”, pondera Harry Westfahl Jr., Diretor do Laboratório Nacional de Luz Síncrotron (LNLS), do CNPEM, e responsável pelo desenvolvimento e construção das linhas de luz do Sirius.

Embora a fase inicial do projeto contemple 14 linhas de luz, Sirius poderá comportar até 38 estações de pesquisa, otimizadas para experimentos diversos, que poderão ser realizados simultaneamente, para atender pesquisas nas mais diversas áreas, como saúde, energia, novos materiais, meio ambiente, dentre outras.

“Temos muito trabalho pela frente, mas cada avanço do Sirius reforça que temos competência para lançar a ciência e a tecnologia do País a um novo patamar. A comunidade científica brasileira faz um ótimo trabalho e nós atuamos para apoiá-la, oferecendo condições de pesquisa inéditas no País. Estamos montando uma máquina para ser competitiva internacionalmente, projetada por brasileiros e construída em parceria com a indústria nacional. Trabalhamos para que o Sirius seja motivo de orgulho para o País”, afirma Antonio José Roque da Silva, Diretor-Geral do CNPEM e do Projeto Sirius.

Ao saber do mais novo avanço do Sirius o Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes celebrou: “Sirius é um equipamento fantástico que todos deveriam conhecer. Admirável por cientistas e também por quem não é da área, o Projeto é um legado científico para o Brasil e para o planeta. Um ótimo exemplo da importância de termos equipes capacitadas no País para a produção de conhecimento”.

Trabalhos na quarentena

No início do ano, quando despontou a crise de saúde pública global, enquanto as equipes do CNPEM, com número reduzido de pessoas e jornadas especiais de trabalho, corriam para disponibilizar antecipadamente a linha de luz Manacá para pesquisas com SARS-Cov-2, o grupo do Instituto de Física de São Carlos conseguiu autorização para manter as atividades, enquanto a maioria dos laboratórios da USP estava fechada.

“Cristalizar proteínas é sempre um grande desafio. A técnica exige muitas etapas, todas limitantes. Trabalhar na pandemia é particularmente complexo. Mantivemos quatro pessoas trabalhando e elas assumiram uma vida totalmente espartana para se dedicar à pesquisa”, explica Glaucius Oliva, líder do Centro de Pesquisa e Inovação em Biodiversidade e Fármacos e financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) em São Carlos.

Os esforçam renderam resultados. O grupo obteve mais de 200 cristais de proteínas do vírus para analisar no Sirius. Ao chegarem ao CNPEM, do lado de fora dos recipientes utilizados para transportar os cristais, os pesquisadores escalados para coletar os dados no Sirius exibiam as fotos dos colegas de trabalho que não vieram à Campinas.

Pesquisadores da USP na chegada ao Sirius exibem fotos dos colaboradores que ficaram em São Carlos

Embora não estejam no CNPEM, os demais integrantes do grupo têm bastante trabalho a fazer. “O pessoal que ficou em São Carlos não cansa de receber coisas, a gente está mandando dados pra eles começarem a trabalhar nas proteínas, pra adiantar o processo”, explica Godoy.

Estratégia ‘Fragment Screening’

O objetivo dos pesquisadores da USP é revelar detalhes da forma de proteínas não estruturais (NSP) do SARS-Cov-2 e compreender os mecanismos de ligação delas a substratos que podem inibir suas atividades, interferindo no ciclo de vida do vírus e dando origem a novos medicamentos antivirais de ação direta.

Uma das  estratégias do grupo é usar uma técnica conhecida como ‘fragment screening’ (triagem de fragmentos), onde se usa altas concentrações de pequenas partes de moléculas de fármacos para identificar, tanto pela forma quanto pelas propriedades químicas, novos potenciais pontos de ligação de alta afinididade na intrincada estrutura das proteínas.

Dentre as proteínas estudadas pela USP, uma delas, a endoribonuclease viral NSP-15, tem funções ainda não totalmente compreendidas pela ciência. Uma das hipóteses é que ela seja usada para driblar o sistema imune das células.

Outras proteínas de interesse na pesquisa são a NSP-3 e NSP-5, esta última também conhecida como a principal protease do SARS-Cov-2. Ambas têm importante papel na replicação e transcrição do material genético do vírus.

Os dados coletados no Sirius permitem identificar o posicionamento exato de cada átomo da proteína e assim verificar em quais pontos se ligaram os complexos de fragmentos. Os resultados apoiarão o desenvolvimento de novas moléculas que podem vir a ser um novo fármaco para a COVID-19.

Sobre o Sirius

Financiado pelo MCTI, o Sirius é uma das fontes de luz síncrotron mais avançadas do mundo. Este grande equipamento científico possui em seu núcleo um acelerador de elétrons de última geração, que gera um tipo de luz capaz de revelar a microestrutura de materiais orgânicos e inorgânicos. Essas análises são realizadas em estações de pesquisa, chamadas linhas de luz. O Sirius irá comportar diversas linhas de luz, otimizadas para experimentos diversos, e que funcionarão de forma independente entre si, permitindo que diversos grupos de pesquisadores trabalhem simultaneamente, em diferentes pesquisas nas mais diversas áreas, como saúde, energia, novos materiais, meio ambiente, dentre outras.

As diferentes técnicas experimentais disponíveis nas linhas de luz do Sirius permitirão observar aspectos microscópicos dos materiais, como os átomos e moléculas que os constituem, seus estados químicos e sua organização espacial, além de acompanhar a evolução no tempo de processos físicos, químicos e biológicos que ocorrem em frações de segundo. Em uma linha de luz é possível acompanhar também como essas características microscópicas são alteradas quando o material é submetido a diversas condições, como temperaturas elevadas, tensão mecânica, pressão, campos elétricos ou magnéticos, ambientes corrosivos, entre outras. Essa capacidade é uma das principais vantagens das fontes de luz síncrotron, quando comparadas a outras técnicas experimentais de alta resolução.

As linhas de luz do Sirius são instrumentos científicos avançados, projetados para solucionar problemas em áreas estratégicas para o desenvolvimento do País. Inicialmente, um conjunto de 14 linhas de luz foi planejado para cobrir uma grande variedade de programas científicos. Ao todo, Sirius poderá abrigar até 38 linhas de luz.

Sobre o CNPEM

Ambiente de pesquisa e desenvolvimento sofisticado e efervescente, único no País e presente em poucos polos científicos no mundo, o Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização social supervisionada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações (MCTI). O Centro opera quatro Laboratórios Nacionais e é berço do mais complexo projeto da ciência brasileira – o Sirius – uma das mais avançadas fontes de luz síncrotron do mundo. O CNPEM reúne equipes multitemáticas altamente especializadas, infraestruturas laboratoriais mundialmente competitivas e abertas à comunidade científica, linhas de pesquisa em áreas estratégicas, projetos inovadores em parcerias com o setor produtivo e ações de treinamento para pesquisadores e estudantes. O Centro constitui um ambiente movido pela busca de soluções com impacto nas áreas de saúde, energia, meio ambiente, novos materiais, entre outras.   As competências singulares e complementares presentes no CNPEM impulsionam pesquisas e desenvolvimentos nas áreas de luz síncrotron; engenharia de aceleradores; descoberta de novos medicamentos, inclusive a partir de espécies vegetais da biodiversidade brasileira; mecanismos moleculares envolvidos no surgimento e na progressão do câncer, doenças cardíacas e do neurodesenvolvimento; nanopartículas funcionalizadas para combate de bactérias, vírus, câncer; novos sensores e dispositivos nanoestruturados para os setores de óleo e gás e saúde; soluções biotecnológicas para o desenvolvimento sustentável de biocombustíveis avançados, bioquímicos e biomateriais.

(Por: Maria Livia Conceição Gonçalves – CNPEM)

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP