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26 de julho de 2018

Detecção de índices de melatonina em amostras biológicas

Um novo biossensor, que possibilita a detecção do hormônio melatonina, foi desenvolvido no Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do IFSC/USP, em um projeto sob responsabilidade da pesquisadora Laís Brazaca e supervisionado pelo Prof. Dr. Valtencir Zucolotto.

O projeto foi iniciado há cerca de três anos, em conjunto com a Profª Drª Regina Pekelmann Markus, do Instituto de Biociências Universidade de São Paulo (IB/USP), que desde a década de 90 investiga os efeitos do hormônio melatonina no organismo humano.

A melatonina é comumente conhecida como o hormônio do escuro e facilitadora do sono em humanos, porém esta molécula exerce outras funções independentes do ciclo claro/escuro ambiental. Estudos da Prof. Regina mostraram que a melatonina está intimamente relacionada à atuação do sistema imune. Laís Brazaca sublinha que, por exemplo, num processo infeccioso não se pode ter um grau elevado de melatonina no sangue, atendendo a que, por causa disso, as células de defesa não conseguem combater a infecção. Assim, a produção da melatonina é suprimida temporariamente permitindo que as células de defesa atinjam os agressores. Na sequência, o ritmo normal de melatonina deve ser restaurado. Devido a este e outros processos, as concentrações de melatonina podem funcionar como uma espécie de sinalizador que indica que algo não está funcionando bem no organismo. Importantes doenças, tais como o câncer, mal de Alzheimer, depressão e diabetes, entre outras, apresentam alterações na concentração de melatonina usual. Neste cenário, o biossensor desenvolvido pode ter um papel muito importante, auxiliando médicos a avaliar a presença ou não de algum processo estranho ao organismo. Caso sejam detectados níveis anormais de melatonina, mais exames devem ser realizados para realizar o diagnóstico preciso.

Embora existam outros sensores para detecção de melatonina, este novo biossensor tem a particularidade de se apresentar como um imuno-sensor, ou seja, um sensor que usa anticorpos para detectar a melatonina, trazendo mais especificidade para a detecção. “Como a melatonina tem propriedades eletroativas, é frequente usarem-se polímeros ou outros materiais que têm a particularidade de catalisar a oxidação da melatonina para fazer a detecção, só que dessa forma podem aparecer muitas interferências. Ao contrário, quando se utiliza um anticorpo, você garante que existe uma ligação mais específica com a melatonina, o que proporciona uma leitura precisa dos índices desse hormônio”, pontua Laís Brazaca.

Recentes descobertas realizadas pelo grupo de pesquisa da prof. Regina abrem novas possibilidades para a aplicação dos sensores. As pesquisas indicam que a melatonina é um biomarcador para a malignidade dos tumores. Tumores menos agressivos produzem mais melatonina, enquanto em tumores mais agressivos, se encontra uma menor concentração do composto. “Ao retirar-se um pequeno pedaço do tumor pelo processo de biópsia, o biossensor poderá fazer a leitura dos índices de melatonina, indicando qual o grau de malignidade desse tumor, ou seja, se ele é muito agressivo, ou não, permitindo ao médico proceder ao tratamento mais indicado para esse caso”, conclui Laís.

Apesar do sensor desenvolvido pelos pesquisadores já ter se mostrado capaz de quantificar melatonina em amostras biológicas provenientes de fígado de rato, este ainda deve ser validado para a utilização em outros tipos de tecido. Sendo assim, sua aplicação em tumores é futura.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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