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22 de novembro de 2013

Uma nova parceria internacional no IFSC

Um workshop que oficializou uma promissora parceria. Assim pode ser definido o Workshop on Quantum Sensors, evento promovido pelo Grupo de Óptica (GO) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) entre os dias 19 e 20 de novembro.

O evento contou com palestras de pesquisadores da University of Birmingham e University of Nottingham, e é o marco inicial de uma parceria que tem início entre essas universidades e o IFSC para estudos aprofundados sobre uma área recente de pesquisa: o desenvolvimento de sensores quânticos.

Um tipo muito promissório de sensores quânticos é baseado em campos de luz interagindo com átomos resfriados para temperaturas extremamente baixas para evitar que os efeitos quânticos sejam mascarados por efeitos perturbativos ligados ao movimento dos átomos ou outras fontes de ruído.

A proximidade física entre a University of Birmingham e a University of Nottingham possibilitou a criação de um centro de pesquisa dedicado ao desenvolvimento de primeiros prototipos de sensores quânticos. “Nós temos, hoje, o Midland Ultracold Atom Research Centre , uma instituição entre as duas universidades, para dar conta desses estudos. Recentemente, surgiu o desejo da realização de parcerias com o Brasil e já tínhamos conhecimentos dos trabalhos feitos no IFSC. Esse é um forte centro de pesquisa de átomos frios”, conta o docente da University of Birmingham e um dos palestrantes do workshop, Jonathan Goldwin. “Estou há quase quatro anos na University of Birmingham e o grupo de pesquisa que trabalha nessa área foi formado há cinco ou seis anos”.

Sensores-Jon-3Jonathan diz que a decisão de formar um consorcio de pesquisa que envolva os três institutos deve-se principalmente ao fato de se tratar de um assunto tão complexo, que seria difícil a realização por uma única instituição.

Foi a partir disso que surgiu a ideia de realização do Workshop on Quantum Sensors, que contou com a coordenação do docente do IFSC, Philippe Wilhelm Courteille, responsável, inclusive, por intermediar as conversas entre os pesquisadores dos diferentes países. “Eu já conhecia esses pesquisadores e tive oportunidade de visitar seus grupos de pesquisa. Foi quando vi interesses de estudo comuns e que os grupos de pesquisa, tanto da Inglaterra quanto do Brasil, só tinham a ganhar com essa colaboração”, conta o docente.

Além do interesse dos grupos em concretizar a parceria, convenientemente, a FAPESP abriu uma chamada, cofinanciada pelas universidades de Birmingham e Nottingham, na qual grupos de pesquisa nacionais e estrangeiros poderiam se unir para realizar estudos. “Muitos grupos submeteram propostas e a nossa foi uma das escolhidas”, relembra Philippe.

Por se tratar de uma área recente de estudos, ainda não existem muitas aplicações. No entanto, de acordo com o docente da University of Nottingham e também um dos palestrantes do workshop, Peter Krüger, um fato interessante a esse respeito é que os estudos realizados já permitem mensurações em laboratórios referentes aos dados básicos conseguidos até o momento. “Esse é um momento muito interessante, pois os estudos já alcançaram maturidade suficiente e já se chegou ao momento de pensarmos, inclusive, em suas aplicações. Conversamos com físicos, de um lado, e com engenheiros, do outro”, conta.

O real intercâmbio

Sobre o workshop realizado no Instituto e a troca de informações científicas entre todos os envolvidos, tanto Peter como Jonathan dizem que o intercâmbio de informações e pessoas será significativo. “Para o desenvolvimento de novos dispositivos, por exemplo, sempre nos questionamos sobre o seguinte: ‘Nós, realmente, podemos utilizar o conhecimento e a infraestrutura que temos em um local para construir um dispositivo e ir até o outro local utilizá-lo para fazer medidas?’. Esse é o tipo de intercâmbio que procuramos”, elucida Peter. “Há especialistas em um local, mas no outro pode haver uma infraestrutura melhor. Queremos explorar esse ponto”.

Jonathan também opina sobre esse tópico e afirma que há muitos interesses em comum no novo centro de pesquisa que está sendo formado. “Faz muito sentido essa nova tentativa. É claro que a distância pode trazer dificuldades, mas as pessoas, hoje, conseguem se deslocar com mais facilidade. Aliás, o que faz mais sentido aqui é o intercâmbio de pessoas”.

E, dentro dessa filosofia, novos leques são abertos aos estudantes tanto da Inglaterra como do próprio IFSC, uma vez que parcerias internacionais permitem a realização de estágios de curta duração e, claro, facilidades para realização de mestrado e doutorado nas referidas universidades. “O intercâmbio de estudantes é muito importante, pois os professores, quando viajam, não têm muito tempo para ficar fora de seus países, mas eles podem enviar seus alunos para ficar durante meses ou anos, se for o caso, desenvolvendo projetos locais e criando ligações ainda maiores entre grupos de pesquisa diferentes”, declara Philippe.

Jonathan ressalta que, no caso do intercâmbio de pessoas, além da experiência num local diferente de estudos, novas técnicas podem ser aprendidas e trazidas ao país de origem. “Esse é, provavelmente, o principal benefício que isso pode trazer, porque possibilita o crescimento de especialistas em locais diferentes”, afirma. “Por outro lado, também é importante que venhamos para ficar alguns dias, porque, dessa forma, é possível analisar o trabalho de outras pessoas e pensar, ‘sim, eu também quero fazer isso'”, complementa Peter.

Sensores-Peter-1Sobre a temática escolhida para o workshop, Jonathan afirma que, ao mesmo tempo em que pode ser muito limitada, traz à tona problemas fundamentais da física e aplicações reais nas quais as pessoas estão, de fato, interessadas. “Sabemos que as pesquisas brasileiras referentes a essa temática têm se fortalecido com o passar dos anos, e encontramos, aqui, um campo de pesquisa que, claramente, já está bem estabelecido”, diz.

Já nos que se referem às perspectivas do novo campo de estudos “abraçado” pelos pesquisadores, Jonathan diz que essa é uma oportunidade para se buscar o “próximo salto”. Ele faz uma breve comparação com a invenção do laser e o fato de que, quando foi descoberto, as pessoas não pensavam em suas aplicações. “Eles testemunhavam algo novo e mudaram a maneira como utilizamos a luz”, exemplifica. “Pensando por esse ângulo, esse campo parece-me, realmente, muito promissor”.

Mesmo que esse seja apenas o início de uma parceria e de um novo centro de pesquisa, e também muito cedo para dizer se tudo correrá bem, pelas declarações e entusiasmo dos envolvidos podem-se esperar, em breve, novos resultados e um intercâmbio de informações e pessoas extremamente satisfatório. “Se você me perguntar se escolhemos as pessoas certas para essa parceria, eu lhe respondo, ‘sim, escolhemos'”, afirma Peter.

WOQS

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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