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17 de novembro de 2016

Um “show” com William Phillips – Prêmio Nobel de Física de 1997

Sem qualquer tipo de intervenção humana, um pequeno pião pairava sobre uma base colocada em uma mesa de madeira. Quem entrasse no Auditório “Professor Sérgio Mascarenhas” do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) na tarde de 11 de novembro último, poderia cogitar que um mágico ensaiava para uma apresentação. Para provar que não havia nenhum objeto entre o pião e a base, o Prêmio Nobel de Física (1997), William Phillips, passava a mão entre ambos e até “capturava” o pião com uma taça. Mesmo assim, o pião se mantinha no ar.

WILLIAM_1_250Minutos depois, o cientista destruiu alguns volumosos baldes de plástico após inserir pequena garrafas com nitrogênio líquido sob eles. Foi preciso adquirir um novo balde, ainda mais resistente, para utilizá-lo posteriormente, de modo que este último não se quebrasse durante os testes. É que o cientista se preparava para a aula-show intitulada As maravilhas da Física nas Proximidades do Zero Absoluto de Temperatura. Organizada pelo Centro de Pesquisa em Óptica e Fotônica (CEPOF), pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) e pelo IFSC/USP, a palestra foi assistida por cerca de 350 pessoas que lotaram o Auditório, a partir 17h daquela tarde – sendo que uma média de 200 telespectadores acompanharam o evento através do site IPTV/USP.

Caixas de isopor, garrafas de café contendo nitrogênio líquido, bexigas, vaso de rosas, entre outros objetos também foram sido colocados no palco do Auditório. E, como um maestro que faz os últimos ajustes sonoros antes de um concerto, Phillips se concentrava seriamente em organizar e “afinar” seus instrumentos, refazendo e preparando os experimentos, garantindo que tudo ocorresse como o planejado naquela tarde.

Simpático e acostumado a falar para grandes plateias, o cientista não demonstrou nenhum sinal de dificuldade ao realizar os experimentos, realizados após explicações dadas com o apoio de slides. Com o novo balde no centro do palco, ele encheu ligeiramente uma nova garrafa de plástico com nitrogênio líquido e inseriu sob o objeto, utilizando óculos de proteção. Em seguida, deu continuidade à sua apresentação, tendo citado Albert Einstein e falou sobre o Zero Absoluto – a temperatura mais fria que, na escala Celsius, é definida como -273,15ºC. Embora não seja possível alcançá-la, há registros de testes que resultaram na obtenção de temperaturas próximo ao Zero Absoluto. Ao enfrentarem temperaturas muito baixas, átomos e moléculas podem apresentar características ou fenômenos incomuns – daí o interesse em resfriá-los.

Enquanto Phillips falava sobre formas de se resfriar esses elementos, o nitrogênio inserido na garrafa de plástico que havia sido colocada sob o balde, resultou numa explosão, revelando a artimanha do físico. O barulho ocasionou sustos e aplausos no Auditório. Na aula, o físico também jogou bexigas com nitrogênio para o público e até quebrou uma rosa que ele próprio havia congelado.

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Esta não foi a primeira vez que William Phillips esteve no IFSC. Em 2013, por exemplo, o cientista ministrou uma aula pública que inaugurou o curso de Licenciatura em Ciências Exatas do Campus USP São Carlos. Nessa ocasião, também estiveram no Instituto outros cientistas laureados com o Prêmio Nobel, como Eric Cornell (Prêmio Nobel de Física – 2001), Dudley Herschbach (Prêmio Nobel de Química – 1986), Serge Haroche e David Wineland (Prêmio Nobel de Física – 2012).

Phillips nasceu no outono de 1948, em Wilkes-Barre, uma cidade do estado norte-americano da Pensilvânia. Seus pais, William (Bill) Cornelius Phillips e Mary Catherine Savino (depois, Savine), foram os primeiros de suas respectivas famílias a cursar uma universidade – o Juniata College. Em sua biografia, publicada em uma série de livros que traz o perfil de laureados com o Prêmio Nobel, William registrou que cresceu cercado por familiares, amigos, igreja, escola, e por atividades físicas e intelectuais – seus pais davam muito valor à educação e ao hábito de leitura.

Desde a infância, William sempre gostou de ciências e, quando aprendeu a ler, ia frequentemente à biblioteca local. A curiosidade pelo mundo que o cercava era tão grande, que Phillips havia montado uma coleção particular de garrafas com produtos domésticos, criando o seu primeiro laboratório científico. Quase tudo o que encontrava analisava com um microscópio que havia ganhado de familiares. Entre as paixões de sua infância – como pesca, basquete, andar de bicicleta e subir em árvores -, a ciência foi a única que nunca o abandonou completamente.

Em 1956, William mudou-se com seus pais para o município de Butler, próximo à cidade de Pittsburg. Foi nessa época que ele começou a apreciar a simplicidade e beleza da física, o que fez com que o físico decidisse passar a vida trabalhando com ciência. Durante o colégio, William mantinha um laboratório no porão de sua casa, onde, sem saber dos perigos aos quais se sujeitava, desenvolvia experimentos com fogo, explosivos, foguetes, eletricidade, luz ultravioleta e inclusive amianto. Mas, a ciência não ocupava todo o seu tempo. William também corria e jogava tênis na escola. Foi nessa época também que ele trabalhou na Universidade de Delaware (EUA), desenvolvendo experimentos de pulverização.

No início da década de 1970, ele se formou em física pelo Juniata College, tendo, em 1976, realizado o doutorado na mesma área no Instituto de Tecnologia de Massachusetts – MIT, em Cambridge (EUA). Em 1997, conquistou o Prêmio Nobel de Física, graças a um método que desenvolveu para esfriar e fixar átomos através de luz e laser.

Philips não sabe ao certo quantas aulas interativas, como esta dada no IFSC/USP, já ministrou, embora mensure que já tenha apresentado centenas delas. Para ele, uma das características mais importantes da sociedade moderna é o fato dela estar conectada com as novas tecnologias, demandando o desenvolvimento de equipamentos cada vez mais modernos.

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À Assessoria de Comunicação do IFSC/USP, Phillips explicou que, através dos experimentos que demonstra em suas aulas, pretende transmitir não apenas o quanto que a ciência é importante no cotidiano das pessoas, mas, também, como ela pode ser tão divertida, de modo que possa atrair o maior número de pessoas para o universo científico. “É importante conquistar os jovens que têm grande interesse por ciência e prestar atenção naquilo que ela nos ensina”.

Assessoria de Comunicação – IFSC/USP

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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