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7 de abril de 2014

Terapia Fotodinâmica poderá ajudar a tratar pneumonia

Uma técnica que está sendo aplicada para diferentes patologias – e que tem sido profusamente desenvolvida no Grupo de Óptica do IFSC-USP – é a Terapia Fotodinâmica: um composto fotossensível torna-se ativo quando exposto à luz, promovendo um efeito terapêutico no local de sua aplicação. Quando o alvo do tratamento é um microrganismo, a técnica recebe o nome de Inativação Fotodinâmica, e não há relatos do desenvolvimento de resistência até então. Diante deste panorama, o Grupo de Óptica do Instituto de Física de São Carlos (USP) iniciou uma pesquisa para estabelecer um protocolo seguro, eficiente e não invasivo para o tratamento de pneumonia por Terapia Fotodinâmica. A técnica poderá ser auxiliar, pneumoniaquando aplicada com associação ao método convencional (antibióticos), diminuindo carga bacteriana, permitindo ação dos antibióticos e melhorando a resposta do organismo. Para que o tratamento seja menos invasivo possível, estamos testando fotossensibilizadores que possam ser inalados pelo paciente e que são ativados com Lasers na região do infravermelho, para que possa ser realizada iluminação extracorpórea.

O projeto iniciou-se em 2013 e é dividido em duas frentes: estudos in vitro, liderado pela mestranda do Programa de Pós-Graduação do IFSC (Física Aplicada Biomolecular), Ilaiáli Souza Leite, sob orientação da Dra. Natalia Mayumi Inada (Grupo de Óptica), pesquisa que recebeu Menção Honrosa no III SIFISC (2013); e estudos in vivo em modelo animal, projeto da doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UFSCar, Mariana Carreira Geralde, orientada dos Profs. Drs. Vanderlei Salvador Bagnato e Cristina Kurachi. Além de estudos visando estabelecer um protocolo seguro, investiga-se os efeitos da inativação fotodinâmica sobre o sistema imunológico, para determinar se a técnica auxilia os mecanismos de defesa, como a fagocitose de bactérias pelo macrófago alveolar. A Profa. Dra. Alexandra Ivo de Medeiros, do Laboratório de Imunologia da UNESP de Araraquara, é a colaboradora principal.

Os resultados preliminares são promissores: testes in vitro demonstraram redução significativa de uma das principais bactérias responsáveis pela pneumonia, a Streptococcus pneumonia, utilizando quantidades micromolares do fotossensibilizador. No modelo animal (camundongos do tipo hairless, desprovidos de pelos), verificou-se, por imagens de fluorescência, que após a instilação do composto fotossensível (aplicação da solução nas narinas, assemelhando-se ao uso de descongestionantes nasais), a substância se distribuiu nos pulmões. Nos experimentos de interação da luz na região do infravermelho e no tecido, observou-se que no comprimento de onda testado a iluminação é capaz de atravessar os pulmões. Experimentos futuros testarão a eficácia da inativação fotodinâmica no modelo animal, o impacto da técnica sobre o sistema imunológico e a eficácia contra uma cepa bacteriana resistente a antibióticos – a Klebsiella pneumoniae.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as infecções das vias aéreas inferiores estão entre as dez maiores causas de morte no mundo, ocupando o terceiro lugar (Gráfico). Em TERAPIA_FOTODINMICA_PARA_DOENAS_RESPIRATRIAS_-_04_ABRIL_2014dez anos (entre 2000 e 2011), foi responsável por 3.2 milhões de mortes em todo mundo*. A pneumonia é uma dessas infecções e segundo a UNICEF, a cada 30 segundos, uma criança menor de cinco anos de idade morre de complicações da doença, liderando o ranking das causas de mortalidade infantil**.

Afetando os pulmões, provoca o acúmulo de líquidos e secreções nos alvéolos, dificultando a respiração. Seus sintomas podem ser febre, tosse, dor no peito, náusea e falta de ar. É também um quadro comum entre pacientes hospitalizados que necessitam de ventilação mecânica para respirar. Pode ser causada por fungos, vírus ou bactérias, sendo este último o agente mais comum. Em casos mais severos, o uso de antibióticos é indicado, porém o tratamento é cada vez mais dificultado devido a diminuição da resposta efetiva dessa classe de medicamento. É necessário, então, que tratamentos alternativos ou complementares sejam desenvolvidos e utilizados.

Referências:

1 – World Health Organization (WHO). In: Media Centre, New Releases, 16 June 2006. Available in: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2006/pr32/en/ Accessed in: 18 July 2013.

2 – World Health Organization (WHO). In: Media Centre, New Releases, 12 November 2013. Available in: http://www.who.int/mediacentre/news/releases/2013/world-pneumonia-day-20131112/en/  Accessed in: 02 April 2014.

(Gráfico 01): WHO: Media Centre. In: The top ten causes of death. Fact sheet nº310, updated July 2013. http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/  Accessed in 02 April 2014.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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