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22 de junho de 2011

Ressonância magnética: saiba mais sobre a nova técnica e sobre o laboratório do IFSC

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC) conta com espaços físicos que abrigam laboratórios de reconhecimento nacional e, inclusive, internacional. Um deles, o Centro de Imagens e Espectroscopia in vivo por Ressonância Magnética – CIERMag, coordenado pelo docente Alberto Tannús, é um dos Main Research Centers – ao pé da letra, “Centros Principais de Pesquisa”-, do Programa CInAPCe da FAPESP, e desenvolve estudos em parceria com diversos órgãos do governo e particulares


A história do Laboratório e a inserção em grandes projetos

Tudo começou a se concretizar em 1994, por iniciativa do professor Horácio Panepucci, quando este lançou um espaço físico para o Laboratório. Até então o grupo já desenvolvia atividades de pesquisa em Imagens por RMN (isto desde 1982, quando Tannús iniciou suas atividades de Doutorado no IFSC). Nesse momento, Tannús atuava como professor visitante da University of Minnesota, no Center for Magnetic Ressonance Research. “Desde essa época, iniciamos a construção do Laboratório de Imagens, com orientação de estudos em modelos animais. De meu retorno, em 1997, começamos a fazer mudanças físicas do Laboratório e estabelecê-lo da forma que está”, conta o docente.

Mas, foi em 2000, depois de negociações com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), que se deu início a “Cooperação Interinstitucional de Apoio a Pesquisas sobre o Cérebro (CInAPCe)”, programa de cooperação entre diversos grupos de pesquisa do estado, com vistas ao estudo da Plasticidade Cerebral. “Foi bem na época de variação brusca do câmbio; isso atrasou os planos. Finalmente, em 2005, a FAPESP transformou nossa proposta de ‘Projeto Especial’ em um programa. A partir de 2007 esse projeto foi concretizado, o que nos deu o título de Main Research Center” do referido programa”, conta.

Tendo esse fato sido considerado um marco inicial, a partir deste momento, as aplicações de Ressonância Magnética em Imagens e Espectroscopia no IFSC ganharam força. “Tínhamos um sistema de ultrabaixo campo, que funcionou durante algum tempo no IFSC, mas era uma infraestrutura inadequada para atender pacientes. A operação do sistema acontecia as quintas e sextas-feiras à tarde, mas teve mesmo um caráter de utilização experimental, em voluntários e pacientes. Tínhamos um médico lotado aqui no IFSC, por meio da Secretaria Estadual da Saúde, que trabalhou conosco durante quatro anos, e fazia a análise dos resultados, além de expedir laudos”.

Nessa época, a capacidade do sistema, em si, ainda era muito limitada. Segundo o professor, o laboratório atendia, apenas, parte das metodologias utilizadas em RM. “Estávamos limitados pelo que tínhamos desenvolvido até aquele momento e não continuamos esse desenvolvimento, pela necessidade das clínicas para o desenvolvimento de metodologias dos planos de saúde”.

Gerar a possibilidade para que tantos estudos e pesquisas pudessem ser, de fato, implementados, em 2000 o Grupo de RM do IFSC optou por uma nova diretriz. “O CInAPCe originou a temática de pesquisa do Grupo, com orientação para imagens e espectroscopia in vivo, em sistemas biológicos, particularmente em modelos animais. Já a filosofia voltada ao desenvolvimento tecnológico teve sua orientação encaminhada para o Citesc (Centro de Ciência, Inovação e Tecnologia em Saúde deSão Carlos), esforço regional convertido em modelo nacional por recomendação do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), junto ao Ministério da Saúde. “Esse projeto vem criando uma infraestrutura em São Carlos, que atenda à região e também possua abrangência nacional. O Citesc é a consequência das pesquisas tecnológicas desenvolvidas nos Institutos de Ciência e Tecnologia, que possuam características de Extensão. Ele abriga diversos projetos, além de ter espaço físico e recursos para o desenvolvimento dessa tecnologia”, esclarece Tannús.

Outro órgão que tem demonstrado genuíno interesse em pesquisas relacionadas à RM é a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), através do Sistema Brasileiro de Tecnologia (Sibratec), programa do MCT que compreende três modalidades de redes: uma de serviços, outra de extensão e, por fim, a de centros de inovação, esta última ligada diretamente aos interesses do Grupo de RM do IFSC. “Essas redes têm orientação para diversas temáticas, entre elas a que nos atinge diretamente, que é a de Equipamentos, Insumos e Processos de Uso Médico, Odontológico e Hospitalar, com o propósito de atender demandas de empresas, para o desenvolvimento de equipamentos ou processos, dos quaisas próprias empresas carecem”, diz Tannús. “Através de programas como esse, todos saem ganhando: as empresas, que têm oportunidade de realizar consultoria para desenvolvimento de um novo produto, aplicando apenas uma contrapartida, proporcional ao seu faturamento; as Instituições, que ganham recursos, vindos, inclusive, na forma de equipamentos, consultoria etc.; a sociedade com o novo produto lançado e assim por diante”.

Tal projeto se inclui na onda empreendedora, que tem crescido vertiginosamente no Brasil. Como no exemplo citado acima, pesquisadores não terão seu espaço físico nem intelectual limitados aos muros das Universidades e Laboratórios de Pesquisa. “Para os estudantes do IFSC, por exemplo, é uma oportunidade de serem expostos a esse ambiente de interação entre centros de desenvolvimento e empresas, além de uma oportunidade de emprego, uma opção além da Academia”, afirma o docente. “Esta é uma aposta para tornar os cursos do IFSC mais atraentes para bons estudantes e aumentar a competitividade, criando uma alternativa de mercado de trabalho para os egressos destes cursos”, afirma o docente.

Uma moderna e mais “saudável” técnica

Mas, afinal, o que é a Ressonância Magnética?

Primeiramente, define-se o objeto de estudo. No caso do Laboratório de RM do IFSC, o núcleo do átomo seria esse objeto. Porém, a energia utilizada “não envolve as energias normalmente utilizadas nas reações nucleares, e sim a energia envolvida na interação entre o momento magnético do núcleo e um campo magnético aplicado à região”, esclarece Tannús.

Por analogia, é como se tentássemos girar o guidão de bicicleta, enquanto as rodas desta giram: as rodas não irão girar na mesma direção do guidão. O mesmo efeito acontece com o núcleo, quando se submete seu momento magnético a um campo magnético externo. “Esse campo externo provoca um torque, que seria uma ação de rotação. O fato de ele girar, em resposta a essa tentativa de torque, numa direção, que não aquela imposta pelo torque, cria esse movimento ‘fora do comum’. A velocidade de rotação do núcleo do átomo é proporcional ao torque externo aplicado nele pelo campo magnético. Quanto maior o campo magnético, maior o torque e maior a velocidade que ele gira”, explica o docente.

No laboratório do IFSC, a frequência dos equipamentos que o compõe giram em torno de 85MHz. Isso significa que, para interagir com esse sistema, é preciso utilizar campos magnéticos que oscilem próximos a essa taxa. “É radiação eletromagnética na faixa de rádiofrequência. Para interagir com esse núcleos é preciso produzir campos magnéticos que oscilem nesta faixa de rádiofrequência”.

No caso de seres humanos, para RM, os núcleos observados são os de hidrogênio (H), por dois motivos: o núcleo do H emite sinal bem superior ao de outros núcleos magnéticos, além de encontrar-se em abundância no corpo humano.

Das técnicas de diagnóstico por imagem mais conhecidas, como tomografia computadorizada de raios-X e ultrassom, a RM apresenta melhor resolução espacial, além de não utilizar radiação ionizante. Outro benefício, de acordo com o docente, é que a RM não necessita de meios de contraste, embora os utilize. “Utiliza-se para acelerar o resultado do diagnóstico, mas esse contraste não é absolutamente necessário. As outras técnicas, por outro lado, obrigam a utilização dos meios de contraste como uma tentativa para diferenciar tecidos moles”.

Projeções futuras e parcerias presentes

Desde que o Laboratório de RM do IFSC passou a ser reconhecido comoMain Research Center, muitos colaboradores juntaram-se ao Grupo, para o desenvolvimento de pesquisas e obtenção mais rápida de resultados.

Entre os parceiros, figura o Laboratório de Neurofisiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a Faculdade de Medicina e a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto (FFCLRP), ,faculdade de Medicina da USP, campus São Paulo,Instituto de Física Gleb Wataghin da Unicamp, o Instituto de Radiologia (INRAD) em São Paulo e, finalmente, o hospital Albert Einstein, através do Instituto do Cérebro. “Pretendemos expandir nossos estudos, assim como colocá-los em prática, sempre preservando a temática que diz respeito à plasticidade do cérebro”, explica. “O fato de sermos CInAPCe, nos permitirá, no futuro, utilizar a estrutura do Citesc. Por sermos Citesc, podemos fazer o desenvolvimento tecnológico e, por participarmos dessa rede, há o incentivo ao desenvolvimento da instrumentação, que é o que alcançará a população diretamente e lhe trará inúmeros benefícios”, finaliza.

Assessoria de Comunicação

Data: 22 de junho

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