No começo do mês de fevereiro, o Prof. Dr. Luis Gustavo Marcassa, docente e atual presidente da Comissão de Graduação do Instituto de Física de São Carlos, participou de duas conferências voltadas à educação em Física organizadas pela American Physical Society (APS), que ocorreram durante o mês de fevereiro, na cidade de Seattle, Estados Unidos.
Com o intuito de compartilhar os conteúdos discutidos durante o encontro, o docente do IFSC/USP apresentou na manhã do dia 05 de março, no Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas (IFSC/USP), a palestra Relato sobre duas conferências de educação em Física da American Physical Society: 2015 Physics Teacher Education Coalition Conference e Building a Thriving Undergraduate Physics Program, onde falou sobre as palestras, o fato de a APS estar preocupada com os departamentos de Física e seus cursos de Física, o baixo número de alunos formados em graduação e licenciatura nessa área, além de ter ressaltado métodos para seguir carreira não acadêmica após o bacharelado, e para fazer com que a graduação em Física seja moderna e emocionante.
Luis Marcassa explicou que a preocupação da APS com o ensino superior da Física se deve aos recentes números de físicos formados anualmente. Nos Estados Unidos, existem aproximadamente 750 departamentos de Física. Parte dessas unidades forma, a cada ano, três ou quatro alunos nas modalidades de bacharelado e licenciatura em Física. Várias dessas instituições de ensino superior são públicas e sofrem ameaças, tais como cortes orçamentais e extinção de seus cursos. Por exemplo, o estado do Texas, EUA, decidiu que os cursos que formam menos de cinco alunos deverão ser extintos. Esta política está crescendo nos Estados Unidos, e outros países, como o Brasil, poderão se basear nesta medida. Por isso, a APS pediu para que tomemos atitudes a fim de evitar que este processo se espalhe, explicou ele. Neste sentido, dos 750 departamentos, 58% correm o risco de serem fechados.
Ainda de acordo com o docente do IFSC/USP, nos Estados Unidos formam-se, anualmente, 300 licenciados em Física, sendo que esse país necessita de 700. A APS afirmou que esse cenário precisa mudar para que o país se mantenha na vanguarda da ciência e da tecnologia, disse Marcassa, que afirmou também que a formação desses profissionais pode ser usada como justificativa para a existência destes departamentos junto ao público em geral, tendo em vista que é necessária a contratação de bons docentes na graduação do curso de Física.
No Brasil, os motivos pelo qual poucos alunos se formam em graduação são diversos. Entre eles, o docente citou a preocupação dos familiares com o futuro profissional de seus filhos, bem como a pouca informação sobre as diversas áreas em que esses especialistas podem atuar. Segundo o Prof. Luis, no caso da licenciatura, os obstáculos também são vários, tais como a desvalorização da área, o baixo salário, as más condições de trabalho, a falta de um programa nacional de valorização de docentes e de projetos de licenciatura, entre outros.
Marcassa disse também que é necessário investir na empregabilidade, em que os maiores problemas são os professores, que não incentivam a atuação dos alunos no setor industrial, focando, quase sempre, na área acadêmica. Além disso, ele sublinhou a importância de encontrar nichos para que esses docentes apontem as direções corretas aos alunos. A habilidade social e de comunicação também foi abordada por ele, tendo em vista que são elementos excepcionais para os físicos.
Por fim, entre os diversos tópicos relevantes para a formação desses alunos, o docente destacou a flexibilidade curricular, para que esses estudantes obtenham experiências nas mais diversas áreas da Física, o investimento das universidades em laboratórios de alta qualidade, a incorporação de apresentações orais nos currículos, monitorias valendo créditos e a participação de alunos da licenciatura em salas de aulas. Observar outros docentes ministrando aulas pode estimular e fazer com que esses estudantes descubram suas verdadeiras vocações, concluiu ele.
Assessoria de Comunicação