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9 de junho de 2014

Projeto do IFSC destaca-se e ganha financiamento internacional

A Global Innovation Iniciative (GII) é uma iniciativa que foi criada em 2013 com o intuito de formar parcerias de pesquisa internacionais, intermediadas pelos consulados dos Estados Unidos e Reino Unido, visando estreitar relações multilaterais entre os países do globo. Para isso, a organização exerce o papel de financiadora de projetos de pesquisa com foco em ciência, tecnologia, engenharia e matemática, sendo que tais projetos devem estar relacionados a questões de importância global “que promovem uma investigação de ponta e fortalecem parcerias”, de acordo com definição do próprio site da GII.

GII-_IgorNão é preciso dizer que muitos cientistas foram atraídos pela iniciativa e, especialmente, pelas propostas de financiamento oferecidas por ela. Diante disso, no ano passado, centenas de projetos foram submetidos à GII, mas somente 23 selecionados, entre eles um de autoria colaborativa entre o Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), através do docente Igor Polikarpov, em parceria com a Universidade de Bath (representando Reino Unido) e a Universidade do Estado de Ohio (representando EUA). “A ideia de parceria nesse projeto surgiu durante uma reunião promovida pela Pró-Reitoria de Relações Internacionais da USP, Sandpit Workshop, e que estimulou a viagem de alguns pesquisadores da USP para Bath, onde ocorreu a reunião”, relembra Igor.

Sobre o projeto

A proposta dos pesquisadores de Bath, Ohio e Brasil é direcionada a duas vertentes: a primeira seria para o estudo de enzimas capazes de decompor materiais plásticos e de compósitos. Como bem se sabe, plásticos vêm sendo produzidos e utilizados cada vez mais mundo afora e o tempo de decomposição desse tipo de material é muito longo (uma garrafa pet, por exemplo, demora 400 anos para se decompor). “Nos últimos anos, experimentos demonstraram que algumas enzimas conseguem degradar alguns tipos de plásticos num tempo muito menor. Se formos capazes de desenvolver cepas de bactérias que produzam essas enzimas de maneira eficiente, conseguiremos degradar esse tipo de material muito mais rapidamente”, explica o docente.

A segunda vertente da pesquisa, embora tenha um foco muito parecido, vai por um caminho completamente diferente: em vez de degradar o material que já existe, propõe a criação de um “plástico novo”, mais limpo e principalmente renovável. Dessa forma, nossos computadores, por exemplo, em vez de terem seus componentes feitos de silício ou cobre, seriam substituídos por uma matéria-prima limpa e altamente biodegradável. “Imagine que conseguíssemos imprimir uma placa-mãe de um computador em papel ou com uso de um plástico biodegradável?”, elucida Igor.

GII-_Igor-1Com os objetivos claros e bem traçados, as três instituições envolvidas no projeto tem papéis bem definidos. A Universidade de Bath possui um forte Centro de Química Renovável; os pesquisadores da Universidade Estadual de Ohio tem experiência na parte de engenharia de materiais. No caso do IFSC, a maior contribuição será relacionada ao trabalho com enzimas, com as quais Igor já trabalha há muitos anos e já encontrou resultados interessantes. “Seguindo já algumas linhas que estão sendo desenvolvidas em nosso Grupo [de Biotecnologia Molecular], como o estudo de hidrolases de glicosídeos um dos principais componentes da biomassa, também estudaremos diferentes enzimas capazes de degradar polímeros”, explica Igor.

De acordo com o docente, embora abarque importantes instituições de pesquisa, o TransAtlantic Discovery, Characterization and Application of Enzymes for the Recycling of Polymers and Composites (titulo do projeto em questão) inicia-se com um pequeno apoio financeiro, mas seus objetivos são ambiciosos e, sendo os estudos bem-sucedidos, o projeto servirá de base para expressivas ações futuras, como a substituição de plásticos por outro material completamente sustentável. “O objetivo principal desse projeto, em princípio, é a troca de ideias e experiências entre pesquisadores de diferentes locais, o intercâmbio de estudantes etc., fortalecendo a integração entre os grupos”, afirma o docente.

A principal vertente

Descobrir novas enzimas, mais eficientes para a degradação dos polímeros comuns, ou encontrar um novo substituto para o plástico comumente utilizado hoje? Embora qualquer um dos dois projetos seja desafiador, Igor diz que a produção de um novo material passa por um caminho mais “claro”. “Os polímeros comuns frequentemente possuem ligações que não são encontradas em biopolímeros e não são produzidas por organismos vivos, como plantas, por exemplo. Por isso, muitas vezes não existem enzimas com capacidade de quebrar essas ligações, permitindo que esse material se decomponha mais rapidamente na natureza”, explica Igor.

Mas, Igor afirma que, independente da vertente escolhida, dois grandes desafios se colocam à frente, e ressalta que qualquer contribuição relevante será válida, pois trata-se de projetos com temáticas globais e de importância para qualidade da vida no planeta e, claro, dos próprios seres que o habitam.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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