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6 de setembro de 2012

Perfeito conforto nos ares

Se há alguns anos, viagens de avião eram luxo para poucos, elas hoje são tão ou mais comuns do que as realizadas por terra. E, com o barateamento das passagens aéreas, o número de usuários de aeronaves aumentou significativamente, tornando-se inevitável não pensar em melhorias e ajustes para esse meio de transporte.

Jurandir-1Com isso em mente, pesquisadores da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer) deram-se conta de que, mais do que nunca, o conforto do usuário nas cabines precisava ser aprimorado; e, para tornar os voos dos passageiros (ainda) mais confortáveis, procuraram por especialistas no assunto, entre eles, o docente da Escola Politécnica da USP, Jurandir Itizo Yanagihara que, em 2008, deu início ao projeto de pesquisa “Conforto em cabines de aeronaves: desafios científicos e tecnológicos num projeto cooperativo multidisciplinar”, descrito com detalhes no último Colloquium diei ocorrido no Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP).

Reunindo especialistas de diversas áreas de exatas e inclusive biológicas, Jurandir e sua equipe (composta por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), realizaram diversas simulações, com o foco voltado ao conforto do usuário, realizando testes ergonômicos, de pressão do ambiente, conforto visual, necessidades especiais e segurança, entre outros quesitos. “Com a popularização das viagens de avião, a preocupação com o conforto passou a ser mais importante do que nunca”, diz o docente.

Desde o seu início, a pesquisa utilizou algumas informações já conhecidas para basear os estudos, como, por exemplo, o fato de que o aumento de pressão no interior das cabines causa menos fadiga aos usuários durante o voo. “Hoje, existe uma tendência de se construir o avião de dentro para fora, começando pelas cabines”, informa o pesquisador. “Há, inclusive, o intuito de se fazer cabines parecidas com escritórios, para que o passageiro tenha a possibilidade de trabalhar enquanto viaja”.

Outro tópico já bastante explorado na pesquisa diz respeito ao conforto térmico. Alguns equipamentos foram construídos para fazer simulações relacionadas à temperatura nas cabines, culminando na construção de um modelo humano com sistema térmico para avaliar este tópico. “Nas simulações feitas com voluntários, viu-se que aqueles que tinham o controle sobre o ambiente térmico obtinham uma maior sensação de conforto”, conta Jurandir.

Conforto acústico também foi levado em consideração. De acordo com Jurandir, já foram feitas avaliações subjetivas de ruídos e vibrações com voluntários. Também foram feitos testes para se medir o efeito do campo visual, sempre se levando em conta o conforto do passageiro. “Já tínhamos dados de que corredores muito grandes, como os de supermercados, trazem desconforto visual a certas pessoas. Já existem, inclusive, aeronaves com divisórias entre certa quantidade de assentos, para resolver esse problema”, exemplifica Yanagihara.

Na equipe de Jurandir, da qual até psiquiatras fazem parte (abordando os aspectos psicofísicos da experiência de voo), os físicos não poderiam ficar de fora. Segundo o docente, o que diferencia a atuação de um engenheiro e de um físico na pesquisa em questão refere-se à parte aplicada. “O engenheiro, depois de fazer a análise dos fenômenos, pensa em como utilizá-los na prática, enquanto o físico pensa em como os fenômenos podem ser utilizados ainda na fase do projeto. Afinal, para fazermos um bom projeto, precisamos conhecer muito bem os fenômenos físicos envolvidos” afirma o pesquisador.

Jurandir-2Até o momento, mil voluntários já participaram da pesquisa. Todas as simulações são realizadas no Departamento de Engenharia Mecânica da Poli/USP, em São Paulo, onde foi criado um laboratório para tal propósito. Os resultados são avaliados através de questionários, respondidos pelos próprios voluntários, e o objetivo final da pesquisa, de acordo com Jurandir, é se criar uma equação geral de conforto.

O pesquisador afirma que o conhecimento que vem sendo produzido durante a pesquisa será usufruído, diretamente, pela sociedade. E alguns leitores podem estar se perguntando quanto tempo levará para que os preços de passagens em cabines tão confortáveis possam ser acessíveis a qualquer usuário disposto a fazer seus deslocamentos pelos ares.

Tal quesito ainda não foi levantado na pesquisa de Jurandir, mas, seguindo-se a tendência de popularização dos voos, pode ser que, num primeiro momento, o conforto total não esteja disponível a todos, mas em um futuro próximo talvez seja possível a qualquer passageiro acomodar-se numa poltrona de avião que seja mais confortável que sua própria cama.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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