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31 de março de 2011

Palestrante discute o papel da ciência em nossas vidas

Ministrar uma palestra com um tema provocativo como “Para que serve a ciência?”, especialmente quando o público é, em sua maioria, formado por pesquisadores cientistas, parece difícil e, sobretudo, provocativo.

Valendo-se de diversas argumentações e uma contextualização histórica, que foi desde a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, em 1808, passando pelo positivismo, de Auguste Comte, implantação da Universidade de São Paulo (USP), em 1984, até os tremores nas terras nipônicas, ocorridos nos últimos dias, Ulisses Capozzoli, jornalista especializado em divulgação científica, proferiu a reflexiva palestra sobre papel da ciência em nossas vidas.

“O papel do pesquisador científico é produzir conhecimento, como se produz uma fruta: você planta na terra, joga o adubo e, depois que ela nasce, você a vende no mercado. O cientista deve passar isso para a sociedade, o que pode ser feito através de um jornalista. Mas, esse jornalista também tem sua função primária, que é usar as informações que têm para produzir um artigo inteligível, com um conteúdo que possa ser compreendido por todos”, sugeriu o jornalista, na palestra que durou em torno de uma hora e meia.

Alguns conceitos, novos e interessantes, discutidos por Ulisses, tiveram como função principal alertar o público para o que ele chama de olhar de estranhamento. “Hoje estamos alienados! Não há mais surpresa nem reflexão sobre o que acontece ao nosso redor”, explica.

Já tendo passado pelo ensino superior em jornalismo, economia e psicanálise, o interesse na divulgação científica começou quando Ulisses trabalhou com índios, na Amazônia. “Meu interesse era ter a experiência do homem mais antigo do Brasil, esse homem da época de ‘quase’ fundação da agricultura. Trabalhei muito com índios e foi uma experiência maravilhosa!”, conta. “Quando lançaram o satélite Iras, em 1983, um repórter da Folha [de São Paulo] escreveu um artigo e não concordei com a opinião dele. Rebati com outro artigo, usando o mesmo tema, e as pessoas gostaram do que escrevi. Foi quando decidi trabalhar com jornalismo científico. Depois disso, fiz mestrado em ciência, e doutorado em radioastronomia”.

Embora muitos estejam conscientes da importância da ciência em nossas vidas, ela ainda não tem seu espaço adequado de divulgação. “Nos grandes jornais, há suplementos de turismo, telenovela, agrícola, e não há um suplemento de ciência”, lamenta Ulisses. “Nas mídias atuais, há mais ‘vedetismo’ do que informação. Se o jornalista escreve de uma maneira difícil, as pessoas, além de sentirem-se burras, perderão o interesse no assunto. A busca pelo conhecimento deve ser uma aventura! Devemos incorporar Shakespeare e Guimarães Rosa em nossa reflexão científica”, finaliza Ulisses.

Sobre o programa

A palestra “Para que serve a ciência” faz parte de uma série de eventos, inseridos no programa, Colóquio Interdisciplinar da Licenciatura em Ciências Exatas, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC).

O programa é coordenado pelo docente, Marcelo Alves de Barros, e tem palestras realizadas toda última quarta-feira do mês, no auditório Sérgio Mascarenhas. A participação é gratuita e toda comunidade são-carlense é benvinda.

Assessoria de Comunicação

Data: 31 de março

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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