Muitas expectativas recaem atualmente sobre o polêmico uso das células-tronco nas terapias celulares. Há mais de dez anos, imprensa noticia, praticamente todos os meses, uma suposta nova descoberta dos benefícios deste tipo de terapia. Quais partes desta polêmica são condizentes com a realidade da ciência? Como as células-tronco podem, de fato, promover avanços na medicina mundial?
Esta foi a discussão promovida pelo professor Marco A. Zago, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), em mais uma edição do tradicional Colóquio do IFSC, realizada na manhã desta sexta-feira. O Auditório Prof. Sérgio Mascarenhas agregou mais de cem pessoas, dentre alunos de graduação, de pós-graduação e docentes, para entender essa misteriosa célula. O interessante, segundo Zago, era explorar este tema junto a uma platéia de cientistas não-médicos, o que constitui um relevante desafio.
Na verdade, segundo o pesquisador, a célula-tronco pode ser aplicada, atualmente, em alguns tipos específicos de medicina regenerativa, como transplante de células, imunoterapia e até mesmo terapia genética. Mas o que normalmente circula pelos meios de comunicação é que essa terapia pode curar enfermidades como câncer, cirrose hepática e infarto do miocárdio, o que não procede. O fato é que esse método pode ser aplicado em doenças hematológicas e metabólicas, através de células da medula óssea do próprio indivíduo. A diabete melito, por exemplo, assim como defeitos ósseos graves e outras doenças auto-imunes, já podem ser tratadas com as famigeradas células-tronco.
Assim, Zaga foi, aos poucos, desmistificando o uso de células-tronco na terapia celular. Ao mesmo tempo desfazendo a ilusão de que esse tipo de célula seja um remédio milagroso e passando uma mensagem otimista e esperançosa sobre essa terapia, o pesquisador ilustrou de maneira muito clara o título que deu à sua fala: “Terapia com células-tronco: realidade ou ilusão?”.
Na próxima semana, mais uma edição será realizada, como de praxe, na sexta-feira (26), às 10h30 no Auditório Professor Sérgio Mascarenhas do IFSC. O palestrante será o pesquisador Cássio Leite Vieira, do Instituto Ciência Hoje, que apresentará o tema “Os físicos e a fotografia: uma história da Física no século XX”.
Assessoria de Comunicação
