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16 de abril de 2012

Outros planetas com vida em nossa galáxia?

Os mistérios que envolvem nossa galáxia, com o passar dos anos, vem sendo desvendados por muitos estudiosos. Uma das últimas descobertas afirma que estamos rodeados por bilhões de planetas que, para surpresa dos pesquisadores, podem abrigar alguma forma de vida, uma vez que, em princípio, poderiam possuir água, na forma líquida.

GalaxiaMas, antes de entusiasmar-se antecipadamente, é preciso fazer um breve histórico para ter-se ideia da dimensão de tal descoberta. Por isso, explicar alguns “personagens” dessa novidade extraterrestre é um ponto importante.

Em nosso universo, existe uma classe de estrelas, as chamadas “anãs vermelhas”, que compõe cerca de 80% da galáxia. De cor avermelhada, essas estrelas são um pouco mais frias do que o sol (que, em sua superfície, chega a uma temperatura de 5.500º Celsius), com uma temperatura de cerca de 4.000º Celsius.

Uma equipe internacional de astrônomos descobriu que, em volta de muitas das anãs vermelhas, orbitam planetas rochosos, ou seja, planetas com superfícies sólidas, como a Terra. Através de um mapeamento feito por um instrumento chamado HARPS, do Observatório Europeu (ESO)- localizado ao sul do Chile-, esses pesquisadores descobriram que cerca de metade dessas estrelas possui um planeta rochoso (do tamanho da Terra ou até dez vezes maior) em sua órbita.

Mas, não foi só isso. Tais planetas, que receberam o nome de “super Terras”, além de orbitar em torno das estrelas anãs, fazem-no a uma distância ideal. Eles orbitam em zonas habitáveis, ou seja, em locais nem muito quentes (onde a água poderia evaporar), nem muito frios (onde a água poderia congelar). “Esse planetas orbitam a uma distância apropriada. Cogita-se, então, que 40% das anãs vermelhas têm planetas em sua órbita, numa distância que possibilita a existência de água líquida”, explica o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Daniel Augusto T. Vanzella.

Essa descoberta da enorme quantidade de planetas como a Terra, até então uma suposição dos astrônomos, foi, finalmente, confirmada no último mês, o que deu notoriedade à notícia. No entanto, o que isso significa e quais as possibilidades que tal novidade deve gerar?

Na companhia de outras formas de vida

De acordo com Vanzella, a principal porta que se abre é a chance de vida em outros planetas. “Baseando-se em nossa experiência aqui na Terra, supõe-se que o surgimento e evolução de qualquer forma de vida só são possíveis pela água na forma líquida. Recentemente, algo parecido criou muito entusiasmo entre os astrônomos, quando se vislumbrou a possibilidade de existência de água líquida sob a superfície gelada de um satélite de Júpiter, chamado Europa”, explica o docente.

Sendo assim, qualquer parte do universo que apresente indícios de água na forma líquida, pode tornar-se um local propício para evolução de vida.

Em princípio, não somos afetados pela descoberta. A começar pelo fato de estarmos muitos distantes de tais planetas, não muito mais próximos que 30 anos-luz. Ou seja, a luz demora, no mínimo, 30 anos para chegar a algumas super Terras. Considerando-se que a velocidade da luz é de quase 300 milhões de metros por segundo, seres humanos chegarem até esses planetas fisicamente ainda é algo impensável, por mais avançada que esteja a tecnologia. “Algumas dessas estrelas anãs estão a milhares de anos-luz de distância, inclusive. Mas, os planetas a 30 anos-luz, do ponto de vista astronômico, são considerados nosso vizinhos”, diz Daniel.

Mesmo já tendo encontrado esses planetas, os pesquisadores ainda estão um pouco distantes de encontrar vida nas super Terras, mesmo que microbiana. “Não temos tecnologia suficiente para chegar nesses planetas, nem mesmo por sondas. De maneira mais imediata, não enxergo nenhuma consequência dessa descoberta”, opina o docente.

Estrela_an_vermelhaO próximo passo da pesquisa, ao que tudo indica, é procurar os locais exatos de existência da água em forma líquida. “A temperatura das super Terras não depende, apenas, da distância que elas estão das anãs vermelhas, mas também de sua composição atmosférica. O fato de serem planetas rochosos já é um ponto favorável, e estarem a uma distância apropriada, também. Mas, se a atmosfera deles for muito densa ou rica em ‘gases-estufa’, por exemplo, podem ser muito mais quentes do que deveriam, não possibilitando a existência de água na fase líquida”.

Para confirmar tais suposições, uma possibilidade é que a Terra esteja no mesmo plano de órbita de alguns desses planetas. Só assim, composição e densidade da atmosfera e, possivelmente, outras formas de vida poderão ser vistas quando essas super Terras passarem entre nosso planeta e a estrela anã. “Determinando-se a composição e densidade da atmosfera das super Terras e concluindo-se que estas não sejam tão densas, o indício de existência de água líquida pode ser, efetivamente, confirmado, dando esperança às outras possibilidades”, conclui Vanzella.

Todos os resultados já conseguidos engordam os olhos de estudiosos e, até mesmo, de pessoas comuns. A existência de vida fora da Terra chama atenção há muitas décadas, mas, as últimas descobertas, diferente de tudo o que se falou até hoje sobre seres extraterrestres, está, cada vez mais, com os pés no chão, embora ainda estejamos anos a anos-luz distantes de qualquer forma de vida que possa existir.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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