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1 de junho de 2012

Os cientistas do amanhã

No Brasil, maior país da América Latina e também um dos mais populosos do Globo, a educação (especialmente sua deficiência) é tema constante de notícias nos veículos de comunicação. Paralelamente, diversos fatos confirmam que, entre estudantes de ensino fundamental e médio, moram talentos que, muitas vezes pela falta de oportunidades, passam despercebidos.

Cientista-1Para minimizar esse problema, por uma iniciativa do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), coordenada pelo docente e diretor, Antonio Carlos Hernandes, institucionalizou-se o programa Cientista do Amanhã, que visa descobrir talentos em ciências e formar os futuros cientistas do país (como o próprio nome do programa sugere). “Esse trabalho já era feito em meu Grupo de Pesquisa*, bem como o 1Dia, desde 2003″, relembra Hernandes.

O Cientista do Amanhã, agora institucionalizado, conta com a participação de 18 alunos e objetiva fazer o acompanhamento de estudantes do ensino médio (1º, 2º ou 3º ano), desde o momento que ingressam no programa até a finalização do ensino médio.

Durante o programa (que tem duração variada para cada aluno), o jovem cientista realiza uma “Iniciação Científica Júnior”, com direito a um orientador (no caso, um docente do próprio IFSC), devendo finalizar sua participação com a apresentação de um “mini projeto”. “Os participantes do projeto são alunos indicados pelos professores das escolas nas quais estudam e que possuam um perfil diferenciado, ou seja, precisam ter facilidade na área de ciências exatas e ter gosto em estudá-las”, explica Herbert Alexandre João, educador do IFSC. “Portanto, o objetivo é escolher um aluno que tenha paixão pela área de exatas, especialmente por física, e dar condições para seu ingresso na universidade pública”.

Nessa nova fase do programa, na qual o número de participantes é muito maior do que era antes de ser institucionalizado, o processo ainda se encontra em fase de seleção. Seleção que leva em consideração, somente, o mérito acadêmico dos alunos, identificado pelo professor na escola de origem. Até o final de junho, quinzenalmente aos sábados, os participantes virão até o IFSC para realizar atividades diversas e assistir a várias aulas. “Depois de reunir os participantes dessa primeira edição, pudemos notar a deficiência que existe em formação básica. Então, nesse primeiro momento, estamos fazendo uma capacitação dos alunos para que, em algum momento do próximo semestre, eles possam desenvolver algo mais específico nos laboratórios de pesquisa”, justifica Hernandes.

Nesse meio tempo, enquanto participará do Cientista do Amanhã, o aluno manterá sua rotina escolar e, no tempo livre, irá para o IFSC realizar atividades. Isso pode ser duas vezes por semana, quatro vezes por semana, quantas vezes o aluno puder. Dessa forma, ele estará convivendo com outros pesquisadores e, antes mesmo de ingressar no ensino superior, sentindo o verdadeiro clima universitário. “O aluno estará acessando ambientes frequentados, quase que exclusivamente, por universitários, como biblioteca, restaurante universitário, laboratórios de pesquisa etc.”, explica Herbert.

Cientista-boxApesar de todo clima universitário, os estudos realizados pelo participante, durante o programa, são de nível médio. Ou seja, o que o aluno aprende no IFSC, pode ser “reaproveitado” na escola. “O aluno, além de disciplinas, também aprenderá sobre rotina de estudos, responsabilidade, prazos, falar em público, coisas que vão além do conteúdo”, afirma Herbert.

Não há ônus algum para os participantes do Cientista do Amanhã. Pelo contrário: embora não sejam contemplados com bolsas de estudo, tem as refeições pagas no restaurante universitário da USP (mais uma oportunidade de ter contato com os universitários).

Desde quando é realizado somente nos laboratórios do CCMC, o Cientista do Amanhã já se mostra efetivo: todos os oito alunos que já participaram do programa, até o momento, ingressaram em universidades públicas, depois de concluírem o ensino médio e, juntamente, sua iniciação júnior no IFSC. “Não estamos preocupados em quantidade. O que buscamos é o aluno interessado e que tenha talento para isso”, finaliza Hernandes.

Como ser um cientista?

CientistaNo momento, o Cientista do Amanhã conta com a participação de 14 alunos (quatro inscritos não conseguiram acompanhar e já estão fora do programa). A maioria deles terá que aprender coisas que, para alguns, poderá ser mais complicado do que a própria física: apresentar seminários, administrar tarefas e prazos, fazer cronograma de estudos etc.

Os atuais candidatos a cientistas já tem meio passo a frente: gostam de exatas. E estão dispostos a cumprir essa “aventura” até o final.

“Nossos professores de física escolheram alunos que tinham aptidão e gostavam da disciplina, o que é difícil de encontrar”, relembra a “futura cientista”, Keithilin Silveira Miguel, 16, da escola pública “André Donatoni” (Ibaté-SP).

Quando questionada sobre os motivos que a levaram a participar da experiência, ela, prontamente, responde: “Além de ser uma coisa que eu gosto, é para eu já estar apta a um mundo diferente da escola. Aqui é um mundo diferente! Você está aqui estudando, tem mais recursos e você já está em um mundo em que viverá futuramente”.

A mesma opinião partilha Marcelo Duchêne, 15, estudante do primeiro colegial da escola particular “Colégio São Carlos”, que não vê problema em levantar da cama logo cedo, no sábado, e vir até o IFSC participar das atividades do programa.

Mas, a autêntica rotina de um “cientista do amanhã” já pode ser descrita por Gabriel de Freitas Soga, 16. Gabriel, que cursa o terceiro ano na escola estadual “Álvaro Guião”, é “futuro cientista”, desde fevereiro deste ano. “Eu sempre tive muita vontade de entrar e usufruir dos cursos que tem aqui no IFSC”, conta o aluno que está alocado no Grupo de Polímeros do IFSC e é orientado pelo docente e vice-diretor do Instituto, Osvaldo Novais de Oliveira Jr. “No começo, eu ficava sozinho aqui no IFSC, sempre na biblioteca, estudando e fazendo as tarefas programadas. Agora, que juntou toda essa turma aqui, está muito legal”, confessa o jovem cientista, que no ano passado prestou FUVEST como treineiro e conseguiu entrar no curso de física computacional do IFSC, carreira que já decidiu que irá seguir, quando, novamente, prestar o vestibular no final desse ano.

*CCMC- Crescimento de Cristais e Materiais Cerâmicos

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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