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1 de novembro de 2013

O resultado do Universitário por Um Dia

Desde que foi oficialmente institucionalizado pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) em 2011, o programa Universitário por Um Dia (1Dia) tem ganho notoriedade entre alunos e professores de escolas do ensino médio público e privado, principalmente do estado de São Paulo. O retorno do programa para angariar e, sobretudo, encantar estudantes tem sido medido de diversas maneiras: seja pelo número de matriculados, seja pelo depoimento de professores que, dificilmente, trazem uma única turma para participar do programa e dar aos seus alunos a oportunidade de conhecer o lado prático da física, muitas vezes não demonstrado em sala de aula por motivos diversos.

1Dia-logoDo início em 2001, quando o programa era realizado pelos pesquisadores do Centro Multidisciplinar para o Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos (CMDCM), sob a coordenação do docente do IFSC, Antonio Carlos Hernandes, que tinha como expectativa atingir 150 alunos por ano, aos dias de hoje o crescimento no número de alunos participantes saltou para mais de 30 vezes. São 5.000 alunos por ano visitando o IFSC e a USP São Carlos. “Hoje, o 1Dia é muito mais que um programa que procura revelar a beleza da ciência. Os estudantes são estimulados a serem parte do IFSC e da USP. Somente no Instituto, 24 alunos ingressaram nos últimos anos”, frisa Hernandes.

Traçar um perfil desses ingressantes, no entanto, não é uma tarefa fácil: metade dos ingressantes estudou o ensino médio e fundamental em escolas particulares, parte em escolas públicas e em particulares e a minoria integralmente no ensino público. 90% prestaram outros exames vestibulares e poucos participaram de Olimpíadas de Física ou Matemática. No entanto, a esmagadora maioria declara ter tido conhecimento sobre o IFSC através de seus professores do ensino médio e pesquisas na internet e ter optado pela física no Instituto por acreditar que “será a faculdade que oferecerá o melhor ensino e as melhores oportunidades”.

Embora os 24 ingressantes em questão tenham participado do 1Dia, alguns deles não o fizeram no “formato original” do programa que, normalmente, consiste no agendamento para turmas de cerca de 30 alunos, que vêm acompanhados por algum docente da escola.

A participação num formato diferenciado foi o caso de Carolina Sayuri Takeda. Com uma vontade inata de estudar ciências exatas desde criança, Carolina, vinda de Londrina (PR), ao amadurecer melhor a ideia, optou pela física. Foi nesse momento que ela começou a fazer pesquisas sobre a universidade que estivesse ao encontro de suas expectativas, e concluiu, sem pensar muito, que a melhor escolha seria o IFSC. “Foi quando eu e meus pais entramos em contato com o IFSC e marcamos uma visita. Vim durante as férias de julho e o Herbert* ficou o dia todo conosco e nos apresentou os laboratórios, salas de aula, biblioteca. Foi muito bom e decisivo para minha escolha, tanto que só prestei a Fuvest”, relembra a ingressante deste ano no curso de Bacharelado em Física.

Caso parecido foi o de Vinicius Delgado Amaral Pinto. Morador de Guarulhos (SP), ele optou pelo curso de Física Computacional em São Carlos. “Quando disse aos meus pais que queria fazer física, eles ficaram assustados por achar que o curso não oferecia muitos campos de trabalho e estudo. Meu pai, então, fez pesquisas na internet e achou que, em São Carlos, o curso era melhor do que em São Paulo. Agendamos uma visita, viemos conhecer o IFSC e, a partir de então, eles aprovaram minha escolha pela carreira”, conta. “Um ano depois disso, um amigo meu também estava interessado em conhecer o Instituto e voltei para cá com ele”.

Depois de duas visitas ao IFSC e a aprovação definitiva dos pais, Vinicius ingressou no Instituto em 2013 e afirma que a parte de pesquisa é o que mais chamou sua atenção. “Chegamos a ver os laboratórios do IFSC, os equipamentos e a estrutura são ‘absurdos’!”, relata.

1Dia-10Mas, a maneira como foram feitas as visitas de Carolina e Vinicius são a minoria. No entanto, mesmo entre um número maior de participantes, os alunos que fazem parte do 1Dia têm a oportunidade de vislumbrar muito bem as dependências do IFSC, bem como experimentos práticos e interativos que são realizados durante o Show da Física que encerra o programa. Esse é o caso de Gustavo Roberto Marini que esteve no IFSC o ano passado acompanhado de seus colegas do ensino médio.

O atual estudante de Bacharelado em Física conta que seu interesse pela física começou graças à divulgação científica que é feita sobre o assunto. “O que realmente me inclinou para essa área foram os trabalhos de divulgação feitos pelo astrônomo Carl Sagan. Depois de assistir às séries apresentadas por ele, comecei a fazer pesquisas sobre o assunto por conta própria e passei a ter uma visão diferente”, conta. “Eu gostava de física, astronomia e matemática, só que optei pela física por considerar uma área mais científica. Tenho grande vontade de me tornar um cientista”.

Gustavo conta que, mesmo já decidido a fazer física, não sabia onde faria, e que a participação no 1Dia foi decisiva para sua escolha. “Eu queria um curso de física bem tradicional, ou seja, que tivesse uma forte direção para área acadêmica e aqui em São Carlos é oferecida a habilitação em teórico-experimental, que era exatamente o que eu queria”.

Sobre a participação no 1Dia, ele afirma que o que mais chamou atenção foi a biblioteca do Instituto. Gustavo conta que, em sua cidade (Americana-SP) há apenas uma biblioteca, que ele considera de qualidade ruim. “A biblioteca de minha cidade tem um quinto do tamanho da biblioteca do IFSC. Fiquei muito maravilhado com essa situação, e muito estimulado em relação a isso”, afirma.

Sobre a evolução do 1Dia

De quando era realizado somente em algumas dependências do IFSC até agora, o 1Dia passou por notáveis transformações. Herbert afirma que o perfil dos participantes tem se mantido o mesmo, pois as visitas continuam, na grande maioria, sendo agendadas pelas escolas, que trazem alunos com os mais diversos interesses e diferentes informações prévias. “Temos visitantes que chegam aqui, mas que já conheciam a cidade, o campus e, algumas vezes, até o próprio Instituto. Mas, temos visitantes que vêm sem saber o que é a Fuvest, a USP e uma universidade pública”, conta. “Sobre os perfis, a mesma coisa: temos alunos que já pensam em prestar vestibular, tanto em física como em outras áreas, assim como estudantes que já tem interesse em seguir a carreira de físico e querem conhecer melhor o Instituto e o que ele oferece”.

1Dia-9Já no que se refere ao conteúdo, este foi aprimorado ao longo dos anos e tais melhoras foram feitas quase sempre baseadas nas expectativas dos próprios participantes. Herbert conta que essas modificações dizem respeito principalmente à apresentação dos experimentos e à orientação vocacional, uma vez que alunos com interesses em todas as áreas do conhecimento são recebidos no 1Dia. “Os experimentos são feitos sempre na tentativa de inseri-los no cotidiano dos alunos, mas também relacionados à grade curricular de nosso cursos, isto é, se o aluno, futuramente, estiver matriculado em algum de nossos cursos e fizer uma disciplina de laboratório, ele verá o mesmo experimento”.

Sobre o feedback do programa até o momento, Herbert afirma que este pode ser medido de várias maneiras: tanto pelos alunos que participaram do 1Dia no passado e que, hoje, são alunos de graduação do IFSC, como também pelo retorno dos professores das escolas do ensino médio que, de acordo com Herbert, sempre inscrevem mais de uma vez suas turmas para fazer a visita. “Os professores que vêm num ano, sempre voltam no ano seguinte, pois até mesmo o interesse destes estudantes pelas aulas é maior”, conta o educador.

Sobre os planos futuros para o programa Universitário por Um Dia, Hernandes, que além de idealizador do programa também é o atual diretor do IFSC, acredita que poderá ocorrer uma expansão muito rápida, uma vez que a finalização do Centro de Convenções na área 2 do campus USP São Carlos propiciará um ambiente com infraestrutura para recebimento de mais de uma escola ao dia. “Eu gostaria muito de ver o IFSC recebendo 100 mil alunos por ano. É bastante factível com a disponibilidade de uma grande sala no Centro de Convenções. Hoje, temos 0,2% dos alunos que passaram pelo 1Dia nos últimos 3 anos como ingressantes no IFSC. Se chegarmos próximo de 100 mil, teremos conseguido atrair os melhores talentos para o Instituto. Isso seria fantástico”, concluiu o diretor do IFSC.

* Herbert Alexandre João é educador no IFSC e o atual coordenador do programa

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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