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8 de abril de 2014

O projeto que transformará a graduação

Cerca de 30 alunos assistem a uma aula em uma das salas dos Laboratórios de Ensino de Física (LEF) do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP). Eles não são estudantes da universidade, mas sim de escolas públicas do ensino médio da cidade e região. À frente deles, um docente do IFSC ministra uma aula sobre conceitos básicos da Física Moderna e Contemporânea numa lousa eletrônica. De posse de um dispositivo eletrônico, que cabe na palma de suas mãos, os alunos respondem a questões lançadas pelo docente. Este, por sua vez, recebe o resultado em outro pequeno dispositivo, conseguindo, imediatamente, ter acesso ao número de erros e acertos dos aprendizes para cada uma das questões respondidas.

USP-logoA situação narrada acima, ocorrida no final do ano passado, descreve uma visita de alunos, inserida no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), coordenado, no IFSC, pelo docente Marcelo Alves Barros. Ela descreve novas ferramentas do ensino de graduação, uma realidade em algumas Unidades da USP graças ao Programa Pró-Inovação no Ensino Prático de Graduação (Pró-Inovalab), lançado pela Pró-Reitoria de Graduação da USP, em 2012.

Embora a situação descrita no primeiro parágrafo possa dar a entender que os beneficiários do programa serão alunos do ensino médio, na realidade, o público-alvo são os próprios universitários. Com o objetivo de “estimular o corpo docente a refletir sobre o ensino de graduação em suas Unidades e, consequentemente, melhorá-lo com fundamento em atividades sólidas e cientificamente relevantes”, o Pró-Inovalab, desde que foi instituído, tem tornado mais didático e até mesmo lúdico o ensino universitário.

Para fazer parte do programa e receber os recursos provenientes do mesmo, docentes das diversas Unidades da USP enviam propostas de projeto à Pró-Reitoria de Graduação. Os projetos são avaliados e os melhores são selecionados para que a Unidade da qual faz parte o autor (ou autores) do projeto receba uma verba que pode chegar até R$500 mil. O dinheiro é investido em ferramentas inovadoras, possibilitando um ensino de graduação mais didático e inteligível aos alunos de graduação.

No caso do IFSC, uma proposta de projeto, de autoria dos docentes Eduardo Ribeiro de Azevêdo e Valmor Roberto Mastelaro, foi enviada ao Pró-Inovalab e aprovada. A verba máxima foi conseguida e possibilitou que o objetivo do projeto em questão fosse viabilizado: a criação do Laboratório de Apoio ao Ensino de Física (LAEF). “A ideia principal foi montar um laboratório com vários recursos didáticos que os docentes pudessem tanto utilizar num espaço físico específico, como também solicitar equipamentos para uso em sala de aula nas disciplinas, sejam elas teóricas ou experimentais”, explica Eduardo.

O projeto foi constituído com a participação de todos os funcionários do LEF, com ações específicas dos funcionários Ércio Santoni e Jae de Castro Filho (responsáveis pela parte de Física Básica), Marcos Semenzato (responsável pela parte de Física Moderna), Daniele Santini (responsável pela infraestrutura computacional) e Herbert João (responsável pela parte de recursos didáticos). Além dos funcionários do LAEF, a montagem da nova infraestrutura também contou com a colaboração dos funcionários da oficina mecânica do IFSC na elaboração de kits didáticos e dos docentes Luiz Antonio de Oliveira Nunes (sistemas de aquisição em óptica), Sérgio Muniz (recursos didáticos), Lino Misoguti e Máximo Siu Li (laboratório de espectroscopia óptica), Sérgio Carlos Zílio (laboratório de lasers e óptica de Fourier) e José Fabian Schneider (elaboração e revisão de apostilas), além do apoio e participação efetiva do diretor do IFSC, Antonio Carlos Hernandes.

O projeto concretizado

Feitas as aquisições, para que os docentes do Instituto tivessem conhecimento dos recursos disponíveis, uma página na internet, hospedada na página on-line do LEF (http://www.lef.ifsc.usp.br/labApoio/), foi desenvolvida. Nela, é possível encontrar a descrição dos novos recursos disponíveis e requisitá-los para o uso em aula. A sala do laboratório tem capacidade para aproximadamente 40 estudantes e poderá ser solicitada para aulas especiais de conteúdo prático ou demonstrativo.

Inovalab-2Além do sistema de multimídia com LCD, computador e tela de projeção, a sala conta com lousa interativa sensível ao toque (Smart Board) e 12 laptops com softwares de processamento e aquisição de dados. Estão também disponíveis 50 licenças de software de laboratório virtual (para serem usados nos diversos laboratórios de computação do IFSC) e 25 CDs contendo uma enciclopédia com cerca de 600 vídeos de experimentos demonstrativos de Física, os quais também poderão ser retirados sob requisição. Disponibiliza-se ainda 25 dispositivos respondedores (clikers) juntamente com um software que, além de gerenciar as respostas, permitirá o uso de smarthphones como dispositivos respondedores. Há, ainda, um conjunto de kits para experimentos demonstrativos nas áreas de mecânica, ondas, termodinâmica, eletricidade e magnetismo e óptica, que permitem realizar os mais diversos experimentos de demonstração em sala de aula. Além dos kits de montagem, estão também disponíveis vários sensores (movimento, aceleração, força, pressão, temperatura, luz etc.) e interfaces de aquisição que permitem a tomada, análise e interpretação de dados com a utilização de computadores, facilitando o desenvolvimento dos referidos experimentos na própria sala de aula com projeção imediata dos resultados para um grande número de alunos. Para os experimentos não interfaceados ou visualização de montagens pequenas, está disponível também um kit de projeção com projetor LCD, câmera de vídeo e laptop.

As apostilas de laboratório do IFSC, escritas e revisadas por diversos docentes ao longo dos anos, estão sendo padronizadas com o apoio do setor gráfico do IFSC e os arquivos, em formato pdf, ficarão disponíveis para download. Outra novidade é que, com o apoio da biblioteca do IFSC, serão disponibilizados na página do LEF links para artigos de cunho didático que foram publicados por docentes do IFSC. “Foi feita uma triagem para disponibilizar os links, mas docentes que possam contribuir com artigos que não estão na lista poderão pedir a inserção através da própria página”, explica Eduardo.

A lousa eletrônica, citada no primeiro parágrafo desta matéria, foi instalada na sala 302, novo espaço criado especificamente para o Pró-Inovalab. Nesta sala, localizada no próprio LEF, os docentes poderão levar os alunos para ter aulas e explorar todos os novos recursos conseguidos através do programa. Além disso, novas práticas e experimentos foram inseridos nos laboratórios de física moderna. Em particular, criou-se um espaço no qual estão disponíveis um espectrômetro UV/Vis de alta resolução, um espectrômetro de FTIR e um kit de montagem e demonstração de princípios de lasers e óptica de Fourier. Dentro da filosofia do projeto, alguns desses experimentos também poderão ser requisitados para uso fora do laboratório, mediante disponibilidade. “A ideia geral do projeto não era simplesmente fazer novas aquisições, mas ter uma centralização dos recursos didáticos que pudessem ser fornecidos. A sala 302 é apenas o novo espaço físico, mas a ideia é reunir e dar o acesso a todos esses recursos pela página do Laboratório de Ensino”, explica Eduardo.

O compartilhamento na melhora do ensino

Inovalab-3Uma vez que o intuito maior em enviar um projeto ao Pró-Inovalab tenha sido reunir materiais em espaços específicos (físicos e virtuais), as vantagens para o ensino poderão ser sentidas imediatamente. “Uma das nossas preocupações foi de prover recursos que atendessem não só aos alunos do IFSC, mas principalmente aqueles de outras Unidades da USP de São Carlos atendidas pelo IFSC. Isso explica o foco em Física Básica, já que alunos dos cursos de física ministrados por docentes do IFSC para as outras Unidades também poderão ser beneficiados”, afirma Eduardo.

Outros projetos implantados no IFSC seguem filosofia parecida com o Pró-Inovalab, ou seja, de tornar o aprendizado mais dinâmico e aberto. “Não faltam projetos desse tipo no Instituto. O Pró-Inovalab vem para se somar a esse universo”, diz Eduardo.

Ele conta que o uso dos novos recursos fica a critério de cada docente, que poderá utilizá-los da maneira que achar mais adequada. No entanto, ele afirma que o emprego é bastante simples e espera que a aceitação por parte dos docentes seja positiva. “Estamos programando um curso para demonstração dos novos recursos e quando feita a solicitação, via página, um técnico do LEF ficará disponível para separar o material, podendo também auxiliar o docente na preparação da demonstração.”

No que diz respeito ao acesso e popularização desse tipo de instrumento nas escolas, a proliferação de softwares gratuitos e outras ferramentas didáticas sem custo têm tornado o aprendizado mais dinâmico em todas as esferas do ensino, inclusive no médio. Eduardo diz que este certamente não é o remédio que curará os males da educação no país. Mas, o aumento do uso de recursos auxiliares em salas de aula, tanto no ensino universitário quanto no fundamental e médio, deve se tornar uma tendência nos próximos anos e pode auxiliar de forma positiva na melhora do ensino. “No entanto, nada substitui a dedicação e conhecimento do professor e o comprometimento do aluno com seu próprio aprendizado”, ressalta o docente.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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