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14 de agosto de 2012

O novo formato da Olimpíada Brasileira de Física

Atrair e, sobretudo, despertar novos talentos para a ciência, nunca foi uma tarefa fácil. Nos últimos anos, contudo, educadores de todos os níveis, contando com o auxílio de novas ferramentas tecnológicas e uma dose extra de criatividade, têm conseguido atrair mais estudantes para o mundo científico.

OBF-logoUm exemplo disso é a nova abordagem escolhida pelos diversos organizadores da Olimpíada Brasileira de Física (OBF). Se até o presente momento, a Olimpíada consistia somente na aplicação de provas aos participantes, a competição está tomando novos rumos. “Notamos, ao longo dos anos, que o modelo da OBF já está muito bem definido, consistindo na aplicação de provas para, no final, premiar os alunos. Mas, também percebemos que o aluno já ficou cansado desse modelo e nós reparámos que precisamos inovar, pois embora haja grande participação de alunos na OBF, nem todos têm aptidão para a física”, conta o docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP) e coordenador da OBF, Euclydes Marega Jr.

Com isso em mente, Euclydes, com o apoio da equipe da OBF, decidiu fazer um piloto, com atividades complementares à Olimpíada, visando ao enriquecimento da competição e especialmente ao aumento do número de interessados em participar da mesma. E algumas novas ações já foram, inclusive, implementadas.

A primeira delas foi criar uma OBF voltada somente a estudantes de escolas públicas. “Professores e alunos das escolas públicas tinham uma resistência grande em participar da OBF, pois achavam que a competição seria desequilibrada, uma vez que nas escolas particulares os alunos são mais bem preparados. Com essa nova ação, a participação de estudantes do ensino público aumentou muito. Esse ano houve participação de 1,2 milhão de alunos”, comemora Euclydes.

E as novas ações não param por aí. As artes também terão papel importante nesse novo momento da competição. Os responsáveis pela OBF lançarão, ainda no decurso deste ano, um concurso de ilustrações e os alunos que gostam de desenhar poderão mostrar seu talento, criando um logo para a OBF de 2013. Um tema ligado à física (obviamente) será lançado e os participantes da OBF de 2012 poderão submeter sua arte. “O participante não precisará desenhar nada de surreal! Ele terá apenas que ter habilidade artística para interpretar o tema proposto, sem cometer nenhum erro físico, como desenhar a Lua e a Terra uma ao lado da outra, por exemplo”, diz o docente.

Outra ideia, ainda no campo das artes, é que os participantes façam fotografias com o aparelho celular, mostrando qualquer fenômeno físico. “O aluno enviará a foto e deve explicar qual fenômeno que ele absorveu nela. Ele pode, por exemplo, fotografar uma lagartixa na parede e explicar porque a lagartixa não cai. A foto, claro, deverá ser artisticamente bonita”, explica Euclydes.

No caso da fotografia e do desenho, os trabalhos são individuais. Mas, tarefas visando à participação em equipe também estão sendo pensadas para o próximo ano. “As escolas têm pouca participação na OBF. Seu papel, até o momento, resume-se em inscrever o aluno na competição, mas depois disso há pouco acompanhamento. Os trabalhos em equipe têm o intuito de criar maior mobilização das escolas, junto aos alunos e professores”, afirma Euclydes. “Acreditamos que o jovem deve ter um espírito inovador e no caso dos trabalhos em equipe haverá um desafio no qual eles terão que desenvolver algo novo, e o professor será o líder da equipe”.

Adaptação aos novos paradigmas

OBF-1O principal objetivo de todas as ideias futuras – e as já em andamento – é trazer aos estudantes a noção de como as coisas se interligam, ou seja, como tudo que nos rodeia tem a ver com a física e outras ciências, algumas vezes ensinadas de maneira maçante em sala de aula.

Nas novas ações previstas a serem implantadas nas próximas OBF’s, a interdisciplinaridade veio como um chamariz que, além de incitar maior interesse dos alunos em participar da OBF (pré-requisito para participação nas outras atividades), explorará a criatividade do aluno e abordará ângulos diferentes. E todos os trabalhos serão premiados.

Euclydes conta que, quando coordenador de física do Centro de Divulgação Científica e Cultural (CDCC/USP), chegou a fazer uma Olimpíada de Ciências, na qual a ideia principal era apresentar um componente experimental. Em uma das modalidades, os participantes deviam fazer uma ilustração em cima de um tema sugerido. A ideia vingou e as ilustrações apresentadas pelos alunos ficaram com uma qualidade muito boa. “É justamente isso que queremos levar às próximas edições da OBF”.

De acordo com o docente, 40% dos inscritos na OBF não são selecionados para a segunda fase da Olimpíada. Atualmente, esse é o marco do fim da competição para esses alunos. Mas, com os novos planos de Euclydes e seus colaboradores, pode ser só o começo. E não só da participação na competição, mas do despertar de mais estudantes para ciência e, com sorte, para as artes.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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