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2 de maio de 2013

1st. Summer Internship

Ficar fora de casa dois meses, longe dos amigos e família, num local onde o idioma e a cultura são diferentes dos quais estamos acostumados. Topar uma aventura desse tipo pode despertar sentimentos diversos: saudades, medo, curiosidade, novidade. Mas, se à aventura for somada a chance de estar num dos institutos de pesquisa mais bem conceituados da América Latina e do mundo e, ainda por cima, com todas as despesas pagas, a aventura pode ser resumida em duas palavras: oportunidade irrecusável.

Estagio_de_verao-final-1“O Brasil é o maior país da América Latina e essa foi uma proposta atraente para mim”, declarou o chileno, Antonio Alfredo Ibáñez Landeta. “Meu amigo veio para cá o ano passado e achei uma boa ideia, também! Foi quando decidi me inscrever para o estágio. Senti-me muito feliz quando recebi a convocação”, relembrou o peruano, Andrés Galindo Céspedes. “Esse Instituto é um dos melhores da América Latina! Há muita tecnologia e é muito importante para qualquer pesquisador pertencer, ou ter em seu currículo, uma experiência vivida aqui”, justifica a mexicana, Ania Pereda Torrez. “Essa é a primeira vez que faço um intercâmbio. Estou me sentindo muito bem aqui e agradeço por ter sido selecionada”, comemora a peruana, Edith Tueros Cuadros.

As declarações acima foram dadas por alguns dos participantes do 1st Summer Internship do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), realizado entre janeiro e abril deste ano, que trouxe 14 alunos de diferentes países do globo, especialmente da América Latina para, durante dois meses, estagiarem em diferentes grupos de pesquisa do IFSC, sob orientação de alguns dos docentes responsáveis pelos respectivos grupos (para conhecê-los, clique aqui) .

Quando questionados sobre os motivos que os levaram a optar pelo Instituto para realizar um estágio de curta duração, a maioria dos participantes converge para as mesmas razões. Ter contato com estudos de um importante instituto de pesquisa, conhecer o maior país da América latina, estar num ambiente multidisciplinar de estudos e com alta infraestrutura tecnológica, são as mais populares.

Com as principais despesas pagas pelo Instituto (passagem aérea, hospedagem e alimentação), os alunos puderam usufruir de um ambiente de pesquisa com o qual alguns deles nunca tiveram contato. A argentina, Maria Cecilia Gomez, relembra sua surpresa ao chegar ao Instituto e deparar-se com um laboratório de pesquisa que, segundo ela, “é muito maior do que os que já conheci”. Mesmo sem o intuito de fazer sua pós-graduação no Instituto, ela afirma que um pós-doutoramento no Brasil faz parte de seus planos. A chilena Yuly Straub complementa essa informação. “Os projetos têm linhas de pesquisa muito legais e existem laboratórios adequados para acompanhá-las. Nos países de onde viemos é muito difícil se chegar à etapa clínica”.

Estagio_de_verao-final-10É possível também notar nos depoimentos de cada um dos participantes o entusiasmo com a multidisciplinaridade do Instituto. E o estágio foi uma das ações que tornou esse fato ainda mais concreto: de todos os participantes, mais da metade deles vêm de áreas correlatas à física, e não da física, especificamente. O estágio abriu portas para biólogos, bioquímicos, químicos, bioinformáticos e biotecnólogos. “Sempre gostei muito de física na escola, mas me distanciei dela com o tempo. Essa foi uma oportunidade muito legal de retomar a física em meus estudos universitários”, conta Eduardo Andrés Calfucoy, bioquímico da Universidad do Chile.

A parte que nos toca

Mas, por que a escolha pelo Instituto de Física, quando outros institutos e centros de pesquisa do Brasil e do mundo oferecem programas similares com os mesmos benefícios? Diversas razões já foram citadas acima, mas chama atenção os casos daqueles que já estiveram por aqui e decidiram voltar.

Um exemplo é o do do chileno Rodrigo Andres Cortes, que esteve no IFSC por um mês, em setembro do ano passado, e regressou em março para finalizar seu trabalho de conclusão de curso sob orientação do docente do IFSC, Richard Charles Garratt. “Sou muito agradecido ao professor Richard por ter me dado essa oportunidade, principalmente com um assunto que gosto muito, que é a biologia molecular. Já penso na continuação de meus estudos no Brasil”, afirma o graduando.

Estagio_de_verao-final-11Embora estejam em maioria, não só de latinos foi composto o estágio. Alessandro Ofner é um exemplo (e, ao mesmo tempo, a única exceção). Vindo da ETH Zurich (Suiça), ele conta que um de seus professores ficou por um tempo no Instituto para realizar pesquisas e “falou muitas coisas bonitas do IFSC e de São Carlos”. Quando soube do estágio de verão do Instituto, não pensou duas vezes para se candidatar. “Aqui é muito diferente da Suíça, pois uns colaboram muito com os outros. Na Suíça, trabalhamos com projetos individuais e não há muita interação. Temos contatos com aqueles que trabalham em projetos diferentes, mas um dia por semana. Essa colaboração que ocorre todos os dias aqui, na qual cada um tem a chance de expor suas diferentes ideias, é algo muito importante para o desenvolvimento da ciência”, elogia o estudante. Mesma opinião compartilha a colombiana Glenda Gisela Ibañez, afirmando que “a união e colaboração entre os grupos de pesquisa é algo que chamou minha atenção”.

A colombiana Claribel Domingues demonstrou entusiasmo pela oportunidade de poder estagiar em um dos melhores laboratórios de nanotecnologia da América latina. “Sei que é um dos melhores do mundo!”, diz. E a mexicana Maryan Anaya Moreno conta que, em seu país, a biofotônica, tema de sua atual pesquisa, não é de interesse para tratamentos de câncer. “Os pesquisadores mexicanos preferem direcionar as verbas para esse tipo de tratamento à radioterapia e não à pesquisa básica”. Por esse motivo, ela afirma que o mestrado no IFSC faz parte de seus planos.

Sobre algumas particularidades do IFSC, o argentino Emerson Burna também faz um colocação. “O governo colabora muito financeiramente com as pesquisas da USP, e na Argentina isso é mais difícil”, conta.

Não é de admirar que, depois de tantos olhares positivos, os estagiários pensem em prosseguir com seus estudos em solo brasileiro. A maioria deles é unânime em dizer que pretende realizar pós-graduações no IFSC. O colombiano Sebastian Duque Mesa diz que essa é uma possibilidade, mas a peruana Emérita Rengifo já foi além. “Esses dias me inscrevi para o mestrado no IFSC. Estou investigando todos os temas e conhecendo mais as linhas de pesquisa e optei pela biologia molecular. Já estou de olho nos pré-requisitos pedidos e espero que tudo corra bem”, relata.

Uma nova edição

O retorno imediato e positivo dos participantes da primeira edição do Summer Internship, obviamente, abre portas para que o programa seja realizado mais vezes no Instituto e, sobretudo, com periodicidade.

Dessa forma, todos saem ganhando, inclusive o IFSC e o país, como um todo. “Através do programa, aumentamos a variedade de nossa população estudantil. Quando se olham as instituições mais importantes de educação do mundo, entre elas universidades que desenvolvem pesquisas de ciência e tecnologia, há sempre uma grande diversidade de alunos de várias nacionalidades e culturas diferentes”, afirma o presidente da Comissão de Relações Internacionais do IFSC (CRInt), Osvaldo Novais de Oliveira Jr. “Isso quase inexiste no Brasil, um país monolíngue e com um número muito pequeno de estudantes estrangeiros”.

Sobre um balanço geral do jovem projeto, o diretor do IFSC, Antonio Carlos Hernandes, demonstra satisfação. “Nossa principal meta foi trazer estudantes do chamado ‘Cone Sul’ para o Instituto para que eles pudessem conhecer toda infraestrutura que o IFSC oferece. Agora, queremos o retorno dos alunos. Pelo que percebi, todos ficaram satisfeitos e a expectativa é extremamente positiva para seguirmos adiante”, conta.

Diante desse quadro otimista, novas e periódicas edições do programa já são previstas. Inclusive, uma nova chamada encontra-se aberta até o próximo dia 30 de abril, na qual outros estudantes estrangeiros farão um estágio nos mesmos moldes do 1º Summer Internship (para saber mais,  clique aqui), com início previsto para junho deste ano.

O docente do IFSC, Richard Charles Garratt, que também é membro do CrInt e o principal idealizador do projeto, afirma que ainda é cedo para tirar conclusões sobre os erros e acertos dessa primeira edição do programa de estágio. Mas, enfatiza o entusiasmo, tanto por parte dos participantes quanto da CRInt para novas realizações. “O que nós não sabemos, ainda, é se o mecanismo de seleção foi eficaz. Sendo um dos objetivos do programa selecionar alunos de bom nível, precisamos medir essa resposta”, explica Richard. “O que eu penso é que um programa desse tipo não pode ser realizado uma única vez. É preciso insistir, pois leva tempo para coletar dados que nos permitam tirar conclusões sobre o sucesso, ou não, do programa”.

Erros ou acertos à parte, é certo que não faltarão candidatos para a próxima edição do Summer Internship, prevista para janeiro do próximo ano. E, aos poucos, o retorno aos alunos e ao Instituto, certamente, poderá ser medido e, inclusive, copiado por outras instituições que prezem pela diversidade de pessoas e ideias, no mundo acadêmico.

Estagio_de_verao-final-7

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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