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19 de julho de 2011

O Físico que foi para a Microsoft

Ser dono de uma vaga em grandes e globais empresas como Google, Facebook ou Microsoft é o sonho de muitos, sejam brasileiros, sejam europeus, sejam os próprios estadunidenses. Mas, para a grande maioria, a oportunidade de ocupar um cargo de destaque em organizações desse porte parece um sonho impossível de se concretizar, exceto quando ele se torna realidade

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André Muezerie, hoje com 34 anos, quando criança não pensava em ser médico ou advogado, como a grande maioria, mas tinha uma certeza: “Queria algo na área de exatas. Eu gostava bastante de matemática, de montar e desmontar aqueles brinquedos, do tipo Lego, que te dão bastante liberdade para criar coisas”, relembra.

Mesmo passando perto de optar pela engenharia como carreira profissional, no cursinho, através de um de seus professores, André teve conhecimento do curso de Física, do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), com ênfase em Física Computacional, que trazia um conteúdo forte em exatas, além de uma grade disciplinar com teor direcionado à computação.

Depois de formado, André iniciou seu mestrado, emendou o doutorado, ambos no IFSC. “Até o início de meu doutorado, eu estava inclinado a seguir carreira acadêmica. Ao longo dos quatro anos de doutorado é que a ideia de trabalhar em empresas foi aparecendo”, conta.

Com o doutorado finalizado, ele passou a trabalhar na empresa “3WT”, uma startup*. Depois de algum tempo, um colega o informou sobre o recrutamento que a Microsoft estava fazendo, na época, para contratação de novos funcionários. “Enviei meu currículo e, depois de algum tempo, recebi e-mail do headhunter**, encarregado de contratações na América do Sul, que agendou uma entrevista, em inglês, por telefone”.

Depois de passar por análise de currículo, entrevista por telefone e entrevista presencial, em São Paulo, com executivos da Microsoft, André seria selecionado para ocupar a vaga no grupo Failover Clusters– um recurso do Windows Server. “Na entrevista presencial, cinco profissionais da Microsoft me entrevistaram, em inglês, e formação e habilidades técnicas foram questionadas”, relembra. “Foi muito bom ser aprovado, mas a notícia ruim é que eu teria, ainda, que esperar pelo visto de trabalho, que só foi conseguido depois de sete ou oito meses que eu tinha sido, oficialmente, contratado”.

Já nas terras do Tio Sam

Depois de quase um ano de espera entre a primeira entrevista com executivos da Microsoft e liberação do visto de trabalho da embaixada estadunidense no Brasil, em outubro de 2007, André, finalmente, desembarcou na cidade sede da Microsoft, Redmond (Washington-EUA), acompanhado de sua esposa.

Incumbido de trabalhar com o Windows Server– software voltado para corporações- um dos principais produtos da Microsoft, André afirma que o curso de Física Computacional foi- e é- muito importante para o desenvolvimento de seu trabalho. “O que aprendi na parte computacional, obviamente, me ajuda muito. Já meus conhecimentos de física e matemática obtidos no curso, auxiliam-me na resolução e análise de problemas”.

Já em relação ao salário, ele afirma que “o que eu ganho, mesmo sendo brasileiro, é exatamente o mesmo que um estadunidense, exercendo a mesma função, e é compatível com o salário de empresas do mesmo porte, como Google. Uma das diretrizes da Microsoft é não discriminar pessoas por sua origem, religião etc. As oportunidades que os brasileiros têm são as mesmas de indianos, chineses e estadunidenses que trabalham lá”.

Ele conta que outros brasileiros trabalham com ele, inclusive um colega da turma de Física Computacional, além de engenheiros elétricos, “alguns deles formados na EESC/USP***”.

Além do ótimo salário, a empresa oferece benefícios, como convênios médico e odontológico e cursos internos e externos. “Dentro da empresa, desenvolvemos produtos novos. O ano passado, submeti uma patente sobre um produto que desenvolvi”, diz André.

Física Computacional x Computação

Mas, no final das contas, qual a diferença entre os dois cursos?

A Ciência da Computação é focada no estudo de algoritmos, suas aplicações e implementações, na forma de software. Simplificando, é o conjunto de técnicas que possibilitam a criação de programas de informática.

A Física Computacional, por outro lado, além de oferecer uma ampla base sobre funcionamento, operação e programação de computadores, dá ênfase à modelagem de problemas físicos, para que possam ser resolvidos com o auxílio da computação. De acordo com Guilherme Matos Sipahi, professor e coordenador do curso de Física Computacional do IFSC/USP, “o jeito de pensar do físico, moldado por seus estudos em teorias físicas, oferece um raciocínio diferente do profissional formado em ciências da computação. O físico computacional tem mais ferramentas, além das de computação, e trabalha, principalmente, na resolução de modelos e problemas, propondo soluções criativas”.

André, da mesma forma, diz que a Física Computacional oferece uma base forte em computação, mas também conteúdo voltado à matemática e resolução de problemas físicos. “A Física Computacional desenvolve mais a mente da pessoa, para resolver problemas e equações”.

Aos futuros ingressantes no curso, ele afirma que oportunidades existem e o curso de Física Computacional oferece muitas. “Um dos questionamentos que eu ouvia das pessoas era o que eu faria depois de formado. Falavam que ser professor seria minha única alternativa, mas eu sempre disse que existiam outras, o que foi comprovado”.

Já em seu caso particular, quando questionado sobre voltar ou não ao Brasil, André é breve: “Essa é a eterna dúvida de todo brasileiro que trabalha aqui nos Estados Unidos”, finaliza.

* empresa iniciante, com modelo de negócios repetível e escalável

** contratado da empresa, com missão de buscar executivos e profissionais pré-definidos para um cargo

***Escola de Engenharia de São Carlos

Assessoria de Comunicação

 

 

 

 

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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