Notícias

14 de março de 2012

O dispositivo limpo para monitorar o meio ambiente

Banana, inhame, cará, abobrinha, abacate. Não, não estamos falando de ingredientes de uma receita, mas sim de potenciais matérias-primas para a construção de biossensores, dispositivos que podem assumir o papel de “seguranças” do solo, água e ar que nos rodeiam.

Os simplesmente “sensores”, sobre os quais a maioria de nós já ouviu falar, são dispositivos capazes de detectar substâncias específicas (para as quais são designados). São os exemplos comuns os dispositivos capazes de medir taxas de glicose no sangue e os alarmes instalados em residências, que detectam movimentos através de luz infravermelha.

Um biossensor funciona da mesma forma, e recebe o plus “bio” por trabalhar com o auxilio de uma biomolécula. Mas, para que seu funcionamento seja possível, ele utiliza-se de um transdutor, dispositivo que irá transformar uma resposta química em um sinal possível de ser medido. Os mais comuns são os ópticos, eletroquímicos, de variação de massa e de capacitância.

DboraNo Grupo de Polímeros “Prof. Bernhard Gross” do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), uma das linhas de pesquisa da docente Débora Gonçalves consiste no preparo e a caracterização (definição) de sensores enzimáticos eletroquímicos. Ou seja, para construção destes biossensores, são utilizadas enzimas a partir de suas fontes naturais, como vegetais e frutos, por exemplo.

No caso específico de uma das enzimas estudadas por Débora, a polifenol oxidase, reações de oxidação de uma variedade de compostos tóxicos (fenol, catecol, atrazina, carbamatos, clorofenóis e outras classes de pesticidas) são catalisadas.

Há diversos estudos do Grupo voltados, também, à criação de métodos para imobilização de enzimas, uma vez que o conhecimento tal processo é condição essencial para construção de biossensores. O dispositivo (biossensor) que o Grupo tenta produzir, portanto, é formado, basicamente, por enzima e polímero. Depois da escolha da enzima específica é possível definir para qual propósito será direcionado o biossensor.

O monitoramento ambiental

Dbora-3Assim como temos, hoje, a produção de sensores comerciais, os biossensores já são uma realidade. A docente conta que, atualmente, existem empresas que comercializam biossensores. No Grupo de Polímeros, pelo uso de enzimas na forma de extrato de abacate em matrizes poliméricas, estão sendo construídos biossensores capazes de fazer o chamado “monitoramento ambiental”.

Tal medida consiste em um conjunto de observações e medições de parâmetros ambientais, contínuos, servindo como controle ou alarme para eventuais desequilíbrios ambientais. Emissões gasosas de uma fábrica, umidade de um solo ou poluentes na água de lagos são exemplos de monitoramentos ambientais que podem ser feitos, através, é claro, de sensores.

Comparado ao que se tem hoje no mercado, os dispositivos que Débora almeja produzir em laboratório serão superiores aos atuais, em diversos aspectos. Tamanhos menores e custos expressivamente inferiores são duas das diversas vantagens que eles podem apresentar. “Hoje, faz-se monitoramento ambiental através de cromatografia [técnica de separação de misturas e de seus componentes], com equipamentos muito caros. Se tivermos um sensor descartável, que possa ser utilizado localmente, será muito melhor. Nós trabalhamos pensando na miniaturização, aperfeiçoamento e custo mais baixo do dispositivo”, afirma.

Dbora-1No entanto, por tratar-se de uma pesquisa básica, o intuito principal é, justamente, fazer diversos testes, com enzimas e matrizes diferentes, buscando-se o biossensor mais eficiente, barato e amigo do meio ambiente- tanto no que diz respeito à maneira de ser produzido, como pela função a qual será direcionado.

No Brasil, atualmente, diversos grupos de pesquisa já possuem interesse no tema, o que abre inúmeras possibilidades para o avanço nos resultados e, consequentemente, à aplicação da pesquisa em questão.

Assessoria de Comunicação

Imprimir artigo
Compartilhe!
Share On Facebook
Share On Twitter
Share On Google Plus
Fale conosco
Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..