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14 de novembro de 2012

O Céu sobre São Carlos- semanas entre os dias 16 e 22 de novembro

O_Ceu_sobre_So_CarlosO Sol continua sua peregrinação pela constelação de Libra nesse final de mês. No último dia 13, ocorreu um eclipse solar*. Infelizmente, o céu de São Carlos não foi agraciado pela a sombra lunar. Somente aqueles que povoam o extremo sul do nosso hemisfério, entre a Argentina, Oceano Pacífico e Austrália, puderam observar o fenômeno (clique aqui para ver ilustração). Em linguagem astronômica, o fenômeno ocorre quando a Lua nova passa pelo plano da Eclíptica sobre a linha imaginária que liga o Sol à Terra durante a sua evolução, o que torna o evento raro, difícil de ocorrer.

Saturno mantém residência fixa na constelação de Virgem por mais de dois anos devido ao seu longo período orbital de 29,5 anos. Saturno e Virgem estiveram escondidos por trás da luminosidade solar (máxima conjunção) nas últimas semanas. Eles devem estar visíveis ao amanhecer nas próximas semanas, já que o Sol deixou as dependências de Virgem para ocupar a constelação de Libra em novembro. Se a intensa nebulosidade da primavera permitir, acompanhe o aparecimento de Saturno a Leste pouco antes do amanhecer, às 6 horas. Aproveite para observar Vênus um pouco acima do horizonte a Nordeste. Ele acaba de entrar em Virgem e é o astro de maior luminosidade (86%) no céu de São Carlos. Vale a pena acordar por volta das 6 horas nas próximas semanas para acompanhar a dança monumental de Vênus e Saturno no nascer do Sol de primavera. Vênus se aproximará rapidamente de Saturno e estará ao seu lado (poucos minutos de arco) em 29 de novembro. Fique ligado!

A Lua crescente será vista como um sorriso a oeste, nesta semana. Marte pode ser visto ao anoitecer. O planeta está posicionado em Sagitário, sendo caracterizado por como um ponto vermelho brilhante. Mercúrio não esta observável, pois se encontra em oposição com o Sol. Nessa posição, o astro tem as mesmas características de uma Lua Nova. O planeta sairá da frente do Sol nas próximas semanas, quando aparecerá rente ao horizonte a Leste ao amanhecer.

O céu possui outros objetos especiais. As constelações fazem parte destes objetos. Elas foram criadas pelas civilizações para serem referências para aqueles que observam o céu noturno. São como países estampados em um mapa mundi. Assim, podemos também dizer que uma nebulosa se encontra, por exemplo, na constelação de Orion e que qualquer observador na Terra vai saber “mais ou menos” onde olhar no céu para tentar localizar esta nebulosa. É o mesmo que dizer que São Carlos se localiza ao sul do equador, no Brasil, em particular, a 22 graus de latitude sul e a 47 de longitude oeste, no centro do estado de São Paulo.Chico-nov-22-4

Mas, reduzir as constelações em uma carta celeste é muito diferente que observá-las em uma noite estrelada. A olho nu, as constelações parecem pontos ligados em um mapa e estão associadas a lendas, mitos e tragédias. É o caso de um grupo de constelações boreais associadas à mitologia grega: a princesa Andrômeda, sua mãe, a mítica rainha Cassiopeia de Etiópia, seu pai Cefeu e Perseu, aquele que a salvou das garras de monstros antológicos. As constelações, assim nomeadas, podem ser vistas ao norte durante toda a primavera e trazem em seu entorno objetos muito interessantes para se observar (veja carta mostrada no Quadro 2).

Das quatro constelações, Cassiopeia é a mais difícil de ver no céu de São Carlos, por estar localizada mais ao norte, rente ao horizonte. Esta notável constelação tipicamente boreal é atravessada pela Via Láctea e se encontra entre Perseu e Cefeu, ao norte de Andrômeda. A familiar forma de W de suas cinco principais estrelas é facilmente reconhecível nos céus de primavera, das quais Shedir é a mais brilhante.

Andrômeda abriga um bom número de objetos de interesse amador, o primeiro deles é a conhecida Galáxia de Andromeda, ou M31. Ela é o objeto mais distante que pode ser observado a olho nu. Está relativamente próxima de nós, situada a 2,9 milhões de anos-luz, e é a maior galáxia do Grupo Local**. Andrômeda é uma galáxia em espiral, similar à que vivemos, a Via Láctea. A olho nu, ela pode ser observada como um pequena nebulosidade de forma elíptica, meio apagada, na região um pouco abaixo de Andrômeda. A Lua nova dessa semana poderá permitir a observação em um local escuro ao redor da cidade. O uso de pequenos telescópios permite observar outras duas galáxias (M32 e M110) ao seu redor.

Alpheratz é a estrela mais brilhante da constelação Andrômeda. Ela já chegou a ser partilhada com a constelação vizinha de Pégaso. Hoje ela pertence exclusivamente a Andrômeda, entretanto ainda forma um conhecido asterismo (conjunto de astros próximos) com três outras estrelas da constelação de Pégaso, “O Grade Quadrado de Pégaso”. Pégaso representa o cavalo alado montado pelo herói Perseus.

Perseus é, das constelações gregas, a mais “mitológica”. Ele recebeu a tarefa de matar a princesa Medusa. Segundo a lenda, por ser muito feia, Medusa transformava em pedra aqueles que a olhassem diretamente. No céu, Perseu é representado com a mão esquerda segurando a cabeça de Medusa, assinalada pela estrela Algol, uma famosa estrela variável. Na realidade ela é formada por duas estrelas girando uma em torno da outra. A obstrução de uma pela outra produz uma forte modulação na intensidade, com período de aproximadamente dois dias.

* perfeito alinhamento entre o Sol, a Lua e a Terra que produz uma sombra sobre a superfície de nosso planeta

**aglomerado de galáxias no qual a Via Láctea está inserida

Previsão fornecida pelo docente do IFSC, Francisco Eduardo Gontijo Guimarães

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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