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21 de outubro de 2013

Um dos caminhos para o sucesso do país

O que é capaz de tornar um país economicamente atraente e de que maneira esse objetivo pode ser alcançado? Ao pensar na resposta para as perguntas acima, poderíamos achar que, aquele que for capaz de obtê-la, poderia “dominar o mundo”.

Jarbas-1No entanto, ao ouvir a opinião de especialistas, poderemos perceber que encontrar “a galinha dos ovos de ouro”, capaz de conduzir uma nação ao desenvolvimento, pode ser mais simples do que imaginamos e a inovação tecnológica e produção de conhecimento, certamente são os caminhos mais certeiros. Pelo menos, essa é a opinião do docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Jarbas Caiado de Castro Neto.

Professor titular do IFSC e sócio-proprietário da empresa “Opto Eletrônica”, Jarbas diz que “inovação está diretamente relacionada à formação de riqueza”, e vai mais além: ele afirma que, para que o Brasil alcance o patamar de país, de fato, em desenvolvimento, a distribuição de renda não é a saída. “Os países ricos não se preocupam em distribuir riquezas, mas sim em gerá-la. E nessa geração, a Universidade tem um papel fundamental, pois é responsável pelo estímulo à inovação que, por sua vez, traz a riqueza objetivada”. E, sobre isso, ainda faz um complemento: a Universidade não tem o papel direto de gerar riquezas, mas de formar pessoas com essa preocupação em mente.

Sobre países que seguem um modelo exemplar de inovação, Jarbas cita os Estados Unidos e justifica sua escolha de maneira muito específica. “Nas universidades de lá, há muitas competições que estimulam a criatividade dos alunos, enquanto no Brasil parece que é proibido pensar diferente. Eu acho que está cada vez mais inserido no espírito das universidades incitar seus alunos a pensar diferente, mas, no Brasil, ainda precisamos caminhar muito para que isso alcance um patamar ideal”, diz. “Devíamos ter como inspiração os países que estão dando certo, nesse sentido, e imitar suas iniciativas”.

Ainda no Brasil, no que diz respeito à inovação, Jarbas elenca algumas críticas e afirma que o país está na direção errada, uma vez que concentra sua geração de riquezas na extração de commodities para exportação. “Esse não é o caminho, pois é o tipo de atividade que concentra renda em vez de distribuí-la. Poucos são aqueles que se beneficiam das explorações naturais feitas por empresas como a Petrobras ou Vale do Rio Doce, e quando temos empresas que buscam inovação, muito mais pessoas são beneficiadas”, justifica.

O caminho para mudança

Embora para Jarbas o país não esteja no caminho correto, ele cita uma ação pontual, implantada pela própria administração pública que, até o momento, já trouxe bons resultados: a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP). De acordo com o docente, a FINEP, especialmente nos dias de hoje, tem dado bastante atenção ao aspecto inovador e esse é um ponto positivo. Mas, sobre a financiadora, Jarbas faz algumas observações: seu foco é na inovação social, enquanto deveria ser na tecnológica.

FINEPOutro ponto de mudança na FINEP, segundo o docente, é no que diz respeito à avaliação de projetos. “Na FINEP, são burocratas que julgam os projetos enviados, o que acaba por atrasar o processo de desenvolvimento de um produto”. Para Jarbas, a contagem de patentes também é uma filosofia que deveria ser implantada no país, especialmente pelas financiadoras de projetos, como FINEP e, inclusive, FAPESP e CNPq.

O docente, no entanto, destaca que o governo brasileiro tem falado e se preocupado mais com a inovação, o que não era algo que acontecia no passado. E, nesse contexto, ele cita a Coreia do Sul como um dos mais atuais exemplos de um país de mentalidade inovadora que, nos últimos anos, tem ganhado destaque mundial. “A Coreia do Sul, um país pequeno, registrou quase dez vezes mais patentes que o Brasil. As publicações científicas brasileiras correspondem a 2,5% das mundiais, o que está de acordo com o tamanho e número populacional do país. Já as patentes não acompanham esses números, e, para que essa situação seja revertida, é preciso incentivo aos pesquisadores”, afirma.

Segundo Jarbas, o número simbólico do registro de patentes no país vem em razão de uma cultura na qual se incentiva que alunos apenas publiquem artigos científicos. “Esse é um parâmetro utilizado para progressão na carreira, mas o registro de patentes, não”, diz. “As patentes deveriam estar inseridas nesse parâmetro, e aquelas que estão no mercado deveriam ter um valor, no mínimo, 10 vezes maior”.

Ainda nesse contexto, Jarbas diz que uma das soluções para que a cultura do registro de patentes ganhe mais força é o culto àqueles que já registraram patentes e que, posteriormente, conseguiram transformá-las em produtos. “Não podemos nos esquecer de que, com o registro de uma patente, é possível se produzir riqueza, também”.

Novamente, Jarbas faz questão de reforçar o papel da Universidade, não como a responsável pela inovação, mas sim como incentivadora a pesquisadores e cientistas para produzi-la. “Não é função da Universidade gerar produtos, mas sim formar pessoas criativas e criadoras; pessoas que abram empresas e, dentro dessa empresa, criem novos produtos e tecnologias que, cedo ou tarde, estarão à disposição da sociedade”.

O papel da inovação para projeção internacional

Sobre a importância da inovação no Brasil para seu reconhecimento internacional, Jarbas faz, novamente, uma comparação e cita o exemplo do Japão. “Os produtos produzidos nesse país são vendidos no mundo inteiro e isso é o que o fez e o faz ser conhecido mundialmente”, afirma.

HavaianasNa opinião do docente, o Brasil não é o país mais barato para se produzir mercadorias no mundo. No entanto, ele frisa que, para se desenvolver bons produtos, novamente, a inovação se faz totalmente necessária. “A Havaianas é um caso muito interessante, pois é a marca mais conhecida do Brasil internacionalmente, e não deixa de ser uma empresa inovadora. São produtos como os da Havaianas que poderão divulgar a ‘marca’ Brasil mundo afora”, exemplifica. “A Embraer é outro exemplo. Ela encontrou um nicho de mercado de aviação regional e, hoje, existem aviões no mundo inteiro produzidos pela empresa”.

Outro exemplo, segundo Jarbas, para projeção internacional do Brasil é o Ciência sem Fronteiras*. Embora o programa já tenha recebido diversas críticas, ele ressalta sua importância para internacionalização do país. “Não sei qual o custo exato do programa aos cofres públicos, mas acredito que ele terá um impacto de longo prazo aos brasileiros. Afinal, para ter uma ciência internacional é preciso se ter uma experiência internacional”.

A inovação no IFSC

Docente no Instituto há 37 anos, Jarbas afirma, durante esse tempo, acompanhou “evoluções violentas” no IFSC. “Duas ou três décadas atrás, o Instituto era fechado internacionalmente. E, no começo, a resposta que se preocupava em dar à sociedade com as pesquisas feitas aqui era, somente, através da explicação dos impactos sociais da ciência para o país”, relembra. “Agora o cenário é diferente”.

Logo_IFSCPara essa mudança de cenário, várias ações foram implantadas no IFSC e Jarbas destaca a criação dos Centros de Pesquisa, Inovação e Difusão (CEPID), de iniciativa da FAPESP, dois dos quais são sediados no Instituto**. “Os CEPIDs têm o enfoque científico de divulgação e inovação. Há 20 anos, o foco seria somente em publicações de artigos científicos”, afirma.

Ainda sobre o Instituto, Jarbas faz uma última consideração no que se refere à inovação tecnológica: embora afirme que o IFSC tenha evoluído significativamente, ele diz que ainda há muito a ser feito. Mas, os passos estão sendo dados na direção correta e esse, sem dúvidas, já é um ponto positivo. “O segredo, na minha visão, é não ter medo de dizer que inovação é riqueza, e incentivar as pessoas a buscarem isso. E no Instituto, ainda que timidamente, isso está sendo feito e, em alguns anos, estará consolidado”, conclui.

* Programa que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia, da inovação e da competitividade brasileira por meio do intercâmbio e da mobilidade internacional. O projeto prevê a utilização de até 101 mil bolsas em quatro anos para promover intercâmbio, de forma que alunos de graduação e pós-graduação façam estágio no exterior com a finalidade de manter contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Para saber mais, acesse http://www.cienciasemfronteiras.gov.br/web/csf

** A FAPESP aprovou 17 CEPIDs para o ano de 2013. Os dois CEPIDs com sede no IFSC são: CIBFar e CEPOF, sendo que, no segundo, Jarbas é o coordenador de inovação

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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