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7 de outubro de 2013

O biólogo do futuro

Atualmente, nosso planeta abriga mais de sete bilhões de pessoas e mesmo que o controle da natalidade já tenha quase se transformado numa política pública, em alguns países, a tendência é que o mundo continue crescendo. Diante disso, é comum escutarmos que um dos maiores desafios colocado aos cientistas e pesquisadores do mundo é a descoberta de novas fontes de energia que deem conta de sustentar a (cada vez mais) numerosa população do mundo.

Biologo_do_futuroEssa também é a opinião do docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Richard Charles Garratt. bioquímico de formação, já trabalha no IFSC há muitos anos com pesquisas relacionadas, principalmente, à biologia molecular e cristalografia de proteínas, afirmando que, de fato, a descoberta de novas fontes de energia pode ser considerada um dos principais desafios para o século XXI e obviamente, a física tem uma grande contribuição a fazer através de descobertas de métodos e meios mais eficazes de transformar a energia para produzir, principalmente, eletricidade e combustíveis, duas coisas das quais mais necessitamos hoje em dia.

Mas, quando o tema é desafios da física para o século atual, Richard vai além e congrega duas áreas de estudos para lançar aquela que ele considera, de fato, uma das maiores provocações aos pesquisadores mundiais, principalmente para os que trabalham em sua área de atuação, e sobre isso faz uma importante (e interessante) observação: a física mudará a maneira como fazemos biologia. Porém, para entender essa colocação (e o próprio desafio em si) são necessárias algumas considerações prévias.

De acordo com Richard, a biologia tem se tornado uma ciência mais quantitativa se comparada ao seu antigo modelo. Isto é, na biologia é possível quantificar e descrever coisas de uma maneira menos descritiva do que no passado, o que a tem transformado numa disciplina mais exata: Se perguntássemos a um biólogo do século XVIII o que é um elefante, ele daria uma descrição anatômica, uma classificação clássica das espécies, como ‘é um animal que possui uma tromba, orelhas grandes, um paquiderme’ etc. Um geneticista do século XX responderia à mesma pergunta da seguinte maneira: ‘o elefante é uma máquina produzida por genes de elefantes para produzir mais genes de elefantes’. No entanto, se essa mesma pergunta for feita hoje, a descrição do biólogo será: ‘um elefante é, efetivamente, uma determinada sequência de nucleotídeos. Esta sequência é diferente para cada espécie e pode ser escrita com exatidão, elucida o docente.

Nesse sentido, biólogos alteram sua maneira de enxergar e descrever as coisas, o que os aproxima das ciências exatas e, consequentemente, dá uma espaço maior aos físicos para se tornarem, também, colaboradores protagonistas nessa área: Os biólogos do futuro terão que dominar a matemática tão bem quanto os físicos de hoje, o que não é uma grande novidade. Na área de biologia estrutural, por exemplo, os físicos sempre tiveram um papel importante. O próprio Francis Crick, que codescobriu a estrutura do DNA, era físico de formação, relata Richard.

Na atuBiologo_do_futuro-1alidade, portanto, físicos e biólogos tornam-se grandes parceiros. Mas, alguns desafios muito antigos ainda precisam ser desvendados. Um dos mais importantes, na opinião de Richard, é o do enovelamento de proteínas. Sobre isso, a grande pergunta é: como, a partir de uma sequência de aminoácidos, é possível prever a estrutura tridimensional de uma proteína?

Para os leigos, essa pergunta pode parecer estranha e sua resposta, no mínimo sem importância. Mas, resolver esse desafio é possibilitar o planejamento de moléculas com novas atividades que, num futuro, poderão ser transformadas em vacinas e remédios para a cura das mais variadas e graves doenças que hoje atingem muitas pessoas, como câncer, Alzheimer e AIDS, só para citar alguns exemplos: Esse é um desafio que, provavelmente, não será descoberto pelos biólogos tradicionais. Penso que um físico é que acabará resolvendo esse problema, opina Richard.

De acordo com Richard, já existem muitos físicos trabalhando para resolver o desafio em questão, mais uma prova de que a parceria física/biologia é, de fato, promissora. Já é muito comum, inclusive no próprio IFSC, encontrar físicos experimentais estudando seres vivos através de técnicas de ressonância magnética nuclear, físicos teóricos aplicando a física na compreensão da transmissão de impulsos nervosos ou calculando a velocidade de espalhamento de uma doença em uma comunidade.

Porém, ainda que a física desempenhe papel protagonista em diversos estudos biológicos, Richard afirma que a biologia continua mantendo seu posto de ciência do próximo século: Por sua complexidade, o avanço da biologia de uma forma exata é muito mais difícil do que em outras áreas da ciência e por isso ela está atrasada e representa, nesse momento, um grande desafio aos estudiosos, afirma.

Mas, se hoje é possível sequenciarmos genomas facilmente, graças aos avanços tecnológicos relacionados a diversas áreas de estudos, o casamento entre físicos e biólogos gerará muitos frutos. E, pela disposição dos pesquisadores e velocidade das descobertas, num futuro próximo tudo deverá estar disponível a todos os bilhões de pessoas que nosso planeta abrigará.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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