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16 de outubro de 2023

Navegando na C&T e Educação – Um leve apanhado da vida nesta estrada – Alegrias, tristezas e curiosidades

Foi com grande expectativa que a comunidade do IFSC/USP acompanhou o Colóquio Especial ocorrido no dia 06 de outubro do corrente ano, subordinado ao tema “Navegando na C&T e Educação – Um leve apanhado da vida nesta estrada – Alegrias, tristezas e curiosidades” e apresentado pelo Prof. Roberto L. Lobo e Silva Filho, presidente do Instituto Lobo de Pesquisa e Gestão Educacional, ex-reitor da USP e ex-diretor do IFQSC/USP.

No resumo de sua palestra, o Prof. Lobo optou apenas por informar os tópicos de sua apresentação oral, tais como: Revolta contra a desigualdade / Busca do conhecimento – a beleza da física / A luta pela ciência brasileira – inovanddo / Gestão da educação / Defesa da autonomia universitária e da gestão consequente / Experiência internacional USA e Europa / A formação de quadros para a educação superior / O combate à evasão / A tecnologia e formação de engenheiros CAPES e CNI / e, levantando debates em assuntos de educação, ciência e tecnologia, subtemas que aumentaram ainda a curiosidade de como seria a sua intervenção.

Antes mesmo do início deste colóquio, tivemos a oportunidade de dialogar com o palestrante, principalmente sobre duas das particularidades do título apresentado – alegrias e tristezas. Para o Prof. Lobo, no capítulo das alegrias, existiram duas de grande significado. A primeira foi ter sido convidado, em 1972, pelo Prêmio Nobel da Química (1968), Prof. Lars Onsager, para viajar até Miami (EUA) e participar em um simpósio de homenagem a esse laureado, onde, em sua alocução, apresentou um trabalho da autoria do Prof. Lobo. “Eu era ainda muito novo e ele era já um senhor. Sem nos conhecermos pessoalmente, o Prof. Lars me chamou para casa dele e foi sensacional essa troca de experiências e de conhecimentos. Conversamos longamente e chegou um momento em que eu expliquei para ele que estava tentando trazer para o Instituto gente madura. Sorrindo, ele disse que eu não precisava de gente madura, já que alguém como eu, que era capaz de conduzir um grupo lato, aos trinta e poucos anos, não precisaria de muito mais. Foi um incentivo muito grande que recebi dele”, comemorou, sorrindo, o Prof. Lobo. Outra alegria do Prof. Lobo foi quando ele recebeu o título de Doutor Honoris Causa pela Universidade de Purdue (EUA), uma honraria que foi sugerida por seu orientador.

No capítulo dedicado às tristezas, o Prof. Lobo sublinhou que a maior delas foi quando saiu da reitoria da USP depois de, segundo ele, “terem sido quatro anos de imenso trabalho, muito cansaço, além de ter minha mãe doente”. O Prof. Lobo foi o primeiro reitor da USP sob o conceito da autonomia. “Tive que reeducar toda a Universidade de São Paulo com um orçamento próprio, sem o controle do Estado. Tive que mudar a forma de distribuição de recursos e tudo isso originou um trabalho muito grande, com ‘brigas’ com o governador Fleury sobre as cotas de ICMS, etc.. Quando você tem um orçamento fixo, quanto mais alunos você coloca na universidade melhor é para qualquer governo, sendo que é pior para a própria universidade, já que ela fica com muito mais gente para gerir, com a mesma verba”, sublinhou o Prof. Lobo.

Outra tristeza mencionada pelo pesquisador foi que, nesse mesmo período que esteve à frente dos destinos da USP e por ocasião da aquisição de um equipamento oriundo de Israel, ele terá sido acusado injustamente de superfaturamento do material. Nesse período, a USP era invejada por muitas outras instituições, graças à sua pujança. Então, recebemos vários equipamentos de Israel, sendo que o pagamento era feito através de troca por café, uma negociação que nesse tempo era perfeitamente legal, sem a introdução de divisas. De repente, surgiu um escândalo nos jornais provocado por um professor do Estado de São Paulo, alegando que esse equipamento estava superfaturado, algo perfeitamente absurdo, constatado, inclusive, pelos mais diretos colaboradores, todos docentes da USP. Isso me desgastou muito, mas, o que que mais me entristeceu foi que ninguém da Universidade de São Paulo levantou um dedo para me defender publicamente. Então, em face a isso, eu não tinha mais nada que fazer na USP, até porque a partir daí a Universidade começou a ser objeto de briga entre os partidos políticos”, concluiu o palestrante.

Este colóquio especial contou com uma introdução feita pelo Prof. Glaucius Oliva, tendo o Diretor do IFSC/USP, Prof. Osvaldo Novais de Oliveira Junior, agraciado o palestrante com uma placa de homenagem em nome da Unidade.

(Rui Sintra – Jornalista)

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