Notícias

2 de abril de 2014

Linguagem natural e a influência nas mídias sociais

O estudante de doutorado do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Renato Fabbri, envolve-se frequentemente em projetos de temática social, especialmente em pesquisas que relacionam sociedade e meios tecnológicos. Dessa atividade resultou, inclusive, seu atual projeto de doutorado, orientado pelo docente do IFSC, Osvaldo Novais de Oliveira Jr., que consiste numa pesquisa sobre redes complexas e processamento de linguagem natural para o aproveitamento da sociedade.

Renato_FabbriPara dar corpo à tese, Renato elaborou experimentos, tendo como palco redes sociais, que consistiu principalmente no seguinte: fazer análises das relações virtuais e definir critérios para seu próprio relacionamento com tais redes.

Sendo assim, o pesquisador fez experimentos de difusão e coleta de informações. Para um destes experimentos, escolheu a rede social Facebook, através de seu próprio perfil, e a acionou da seguinte maneira: ordenou seus amigos por “conectividade”, ou seja, dos menos conectados (poucos amigos em comum com Renato) aos mais conectados (muitos amigos em comum com Renato). “Minha principal ideia foi a de escolher um tecido social e percorrê-lo, enviando mensagens e coletando o retorno destas pessoas. Comecei a enviar, primeiramente, aos menos conectados, que reconheci como ‘fronteira de mundo’, pois quase todos os amigos deles não são amigos meus, e acionar progressivamente os mais conectados, chamados ‘hubs'”, explica o pesquisador.

Depois de “ativar” os destinatários, ou seja, enviar uma mensagem para cada um deles (no caso, uma mensagem descrevendo sua pesquisa com redes complexas, resultados e propósitos), Renato coletou resultados interessantes. Um deles foi a observação da diferença nas reações das pessoas a cada vez que a rede era acionada. Na primeira vez que percorreu a rede, a reação foi de surpresa; na segunda ativação, o estranhamento e curiosidade deram lugar à colaboração na transmissão da informação; no terceiro envio, os usuários se prontificaram para se vincular ao trabalho, propondo visitas, troca de conhecimentos, apresentações, enfim, todo o tipo de colaborações e parcerias.

O título do trabalho, “Uso de redes complexas e processamento de linguagem natural para o aproveitamento das propriedades naturais das estruturas sociais”, a princípio de difícil entendimento, tem tudo a ver com o que foi dito até o momento. Isto é, a principal intenção do trabalho é um maior aproveitamento das estruturas sociais que já existem em rede (no caso do experimento citado, esse aproveitamento foi através do Facebook) pela sociedade, para fins que lhe sejam convenientes. “No experimento em questão, tentei entender como se dá a circulação de informações. Mas, através disso, é possível encontrar pistas para a conveniente circulação de várias outras coisas, como de bens ou de notícias da mídia independente, por exemplo”, afirma Renato.

Os diversos vínculos criados trouxeram resultados promissores ao projeto do doutorando: além do expressivo feedback dos usuários das redes sociais, parcerias foram concretizadas. As aproximações incluem acadêmicos de diversas Unidades da USP e de outras Universidades, como o antropólogo Massimo Canevacci (IEA/USP), a filósofa Marília Pisani (CCNH/UFABC), a psicóloga Deborah Antunes (UFC) e o linguista e matemático Bento Silva (FCL/Unesp). Incluem também instituições de renome, como a Organização das Nações Unidas (ONU) e a Secretaria Geral da Presidência da República (SGPR). “Nas três rodadas de envio de mensagens, consegui, ainda, doações que somaram pouco mais de R$3 mil para investir no aprimoramento desse projeto”, conta Renato. “O termo ‘física antropológica’ é por vezes usado para definir este tipo de intervenção na própria rede, uma vez que, na metodologia utilizada, sou a própria ‘cobaia’ do estudo. O termo se deve, inclusive, às contribuições do professor Massimo, que é compreendido com um ‘antropólogo da cultura digital’.”

Renato_Fabbri-1O projeto continua caminhando a passos largos. Dos resultados colhidos até o momento, o pesquisador destaca as rotas que se formam para transmissão dos assuntos difundidos. “Mesmo pessoas que não se conheciam e não me conheciam, começaram a trocar informações. Foi algo muito bonito de ver! Sugerem veias cognitivas no tecido social”, comemora Renato.

Sobre as perspectivas futuras para o projeto, uma das frentes do trabalho é a observação da correlação entre traços topológicos e textuais, estudo em andamento e em parceria com pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento, incluindo o físico Leonardo Maia (IFSC/USP) e, novamente, Marília Pisani e Deborah Antunes. Outra frente, mais prática, já se concretiza e é reforçada pela consultoria formalizada com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD/ONU), uma colaboração chancelada pela SGPR, em consonância com tratados internacionais, para a orientação e proposição de aplicação destes experimentos e entendimentos na difusão e coleta de informações (e bens) para usufruto da sociedade, com especial atenção à gerência do Estado pela Sociedade, junto à própria Presidência. “Tudo está disponibilizado em tecnologias abertas, livres, para que a própria sociedade possa gerir o Estado, com maior entrega das possibilidades, incluindo transparência”, conclui o pesquisador.

Assessoria de Comunicação

Imprimir artigo
Compartilhe!
Share On Facebook
Share On Twitter
Share On Google Plus
Fale conosco
Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
Obrigado pela mensagem! Assim que possível entraremos em contato..