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6 de julho de 2012

Glaucius Oliva fala sobre futuro da ciência brasileira

Quais são os maiores desafios e oportunidades para o futuro da ciência brasileira?

Esta foi a principal pergunta que o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e docente do Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), Glaucius Oliva, tentou responder à numerosa plateia que esteve presente no último Colloquium diei, que decorreu na última sexta-feira, 29 de junho, no auditório do IFSC “Prof. Sérgio Mascarenhas”.science

Durante os 90 minutos em que palestrou, Oliva discorreu sobre vários tópicos e, num primeiro momento, descreveu, brevemente, seu histórico acadêmico no IFSC.

Após a breve retrospectiva acadêmica, Glaucius passou a fazer comparações numéricas no que se refere à ciência no Brasil há mais de seis décadas e o patamar em que se encontra, hoje. Nos anos 50, de acordo com o docente, havia poucos cientistas no Brasil, o ambiente de pesquisa dentro das Universidades era quase inexistente e a cultura de inovação nas empresas não era sequer cogitado.

Trinta anos depois, o cenário já era outro, fato justificado pelas diversas estatísticas exibidas por Glaucius, que mostraram que a produção científica no país e a formação de mestres e doutores têm aumentado gradativamente.

Números registrados pelo CNPq revelaram que, em 2010, já havia no Brasil 27.523 grupos de pesquisa das mais diversas áreas do conhecimento; publicações científicas crescem a uma velocidade de 11,3% ao ano, isso fora o aumento de cursos de mestrado e doutorado oferecidos por instituições de ensino superior. “Observamos que a pós-graduação é o motor para o crescimento da pesquisa brasileira”, afirmou o presidente do CNPq.

Através de diversos dados colhidos, tanto pelo CNPq como pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Glaucius falou sobre o aumento no número de indivíduos com diploma de nível superior, mas apontou uma falha: a partir dos 14/15 anos de idade, há uma queda brutal no número de jovens que apenas estudam. “Isso acontece, em grande parte, devido às falhas no ensino básico”, lamentou o pesquisador, que completou: “O ensino básico brasileiro, a meu ver, é o maior desafio para uma melhoria da qualidade da educação, pois só através disso será possível reter os estudantes nas escolas até o final”.

Em um segundo momento, Glaucius passou a falar mais especificamente sobre as diversas ações do CNPq, como o fomento à inovação, formação de recursos humanos e fomento básico, entre outros tópicos. Mas, o destaque foi para o Ciência sem Fronteiras, programa lançado pelo governo em 2011, que busca promover a consolidação, expansão e internacionalização da ciência e tecnologia brasileiras, enviando estudantes ao exterior com todas as despesas pagas, bem como trazendo jovens de outros países para estudar em universidades brasileiras.IMG_0457

O Ciência sem Fronteiras irá fornecer cerca de 100 mil bolsas de estudo. Melhor do que isso, diversas empresas brasileiras estão, também, financiando bolsas de estudo, entre elas a Petrobrás, Eletrobrás, Vale do Rio Doce etc. Glaucius conta que já há empresas internacionais interessadas em participar do programa, através do financiamento de bolsas de estudo, e uma delas, a British Gas, na ocasião da Rio+20, já firmou um acordo com o governo brasileiro para tal propósito. “Outros países têm abraçado o programa de maneira fantástica”, comemorou Oliva.

Depois de enumerar muitos pontos positivos no que se refere à ciência no Brasil, Glaucius também comentou as falhas cometidas no decorrer dos anos e até o presente momento, em relação ao mesmo assunto. De acordo com dados coletados, novamente pela CAPES, o número de patentes brasileiras, quando comparado a outros países do globo, é baixíssimo. E prosseguiu: o número de pesquisadores, por milhões de habitantes, no país, fica muito aquém da média mundial. Suíça, Alemanha, Canadá e EUA formam muito mais doutores do que o Brasil. “É claro que estamos falando de países muito mais desenvolvidos do que o nosso”, ressalva, “mas é com esses países que queremos competir”.

Outro dado alarmante (e desanimador) é o que se refere à ciência aplicada. Apenas 5% dos doutores brasileiros em pesquisa trabalham em empresas, no Brasil. Já nos EUA, o percentual de pesquisadores que trabalha em empresas sobe para 40%. Para alterar esse quadro, algumas empresas do governo brasileiro inauguraram centros de pesquisa dentro das universidades. Isso já foi feito pela Embraer, Petrobrás e Embrapa.

Mas, Oliva não mostrou somente números. No final do colóquio, falou sobre possíveis soluções e alguns desafios que se colocam à ciência e tecnologia no Brasil. Pesquisadores devem preocupar-se mais com a qualidade, impacto e relevância dos artigos científicos publicados. O foco das pesquisas deve ser voltado aos problemas nacionais e a melhora na comunicação com a sociedade é um ponto que deve ser atentamente analisado.

A sustentabilidade, inovação e patentes e a internacionalização também foram tópicos discutidos e, em cada um deles, o Brasil ainda precisa apresentar melhoras expressivas. Mas, Glaucius é otimista e acredita no potencial tanto do país como da população brasileira. E afirma: “Estamos atingindo um ponto de maturidade na ciência brasileira, uma vez que estamos buscando melhorar a qualidade de tudo o que está sendo produzido aqui”, conclui.

Assessoria de Comunicação

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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