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16 de março de 2015

XXII SNEF discutirá problemas e desafios do ensino da Física

O Instituto de Física de São Carlos (IFSC), em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e o apoio da Sociedade Brasileira de Física (SBF), sediará entre os dias 22 a 27 de janeiro de 2017 o XXII Simpósio Nacional de Ensino de Física (XXII SNEF), cujo tema principal será: Novas tecnologias aplicadas ao ensino de física: Problemas fisica200e desafios. O evento ocorre a cada dois anos, congregando essencialmente alunos e professores dos diversos níveis de ensino, que debatem questões relacionadas ao ensino e aprendizagem da Física, à pesquisa realizada no campo de investigação do ensino de Física e à formação de profissionais que atuarão nesse campo, sejam como docentes ou como pesquisadores.

Para possibilitar o intercâmbio de ideias, os participantes do XXII SNEF poderão apresentar mini-cursos, sessões de comunicações orais e de pôsteres, oficinas, mesas-redondas, palestras, mostras e conferências. Nesta edição, serão discutidos os seguintes temas: Didática da Física: Materiais, Métodos, Estratégias e Avaliação; O Ensino da Física para a Graduação; Formação Inicial e Continuada do Professor em todos os Níveis de Escolaridade; Educação Científica e Formação Profissional; História, Filosofia e Sociologia da Ciência e o Ensino de Física; Tecnologias da Informação e Comunicação no Ensino Teórico e Experimental de Física; Física Moderna e Contemporânea e Atualização Curricular; Interdisciplinaridade e Ensino de Física; Arte, Cultura e Educação Científica; Alfabetização Científica e Tecnológica e Ensino de Física; Divulgação Científica e Comunicação no Ensino de Física; Ensino de Física e Estratégias para Portadores de Necessidades Especiais; Políticas Públicas e Questões Institucionais para o Ensino de Ciência e de Tecnologia.

O Prof. Dr. Marcelo Alves Barros DSCN8216(IFSC/USP) que, a convite da SBF, coordenará o XXII SNEF, diz que a expectativa do evento é atrair aproximadamente dois mil participantes de todo o Brasil, incluindo convidados internacionais. Eu espero que a temática do ensino da Física seja discutida localmente e nacionalmente. A expectativa é positiva, principalmente porque o evento será realizado em São Carlos, uma cidade reconhecida pelas universidades e indústrias que sedia e também por ser um pólo tecnológico.

Segundo o docente, o XXII SNEF deverá focar na inovação curricular e acadêmica, mostrando que os profissionais brasileiros são capazes de atualizar seus currículos e metodologias de ensino, se adaptando às novas tecnologias de comunicação e informação, a fim de ensinar uma Física para cidadãos do século XXI: Um dos vários problemas que posso apontar é a defasagem curricular. A Física ensinada no ensino médio das escolas é uma Física do século XVII, na melhor das hipóteses, do século XVIII. Então, ela é uma Física que tem, no mínimo, 150 ou 200 anos de defasagem em relação às inovações científicas contemporâneas, afirma.

Além disso, Marcelo Barros destaca que no Brasil apenas 25% dos docentes que atuam no ensino de Física, na Educação Básica, são graduados em Física, enquanto que os demais 75% são engenheiros, matemáticos, químicos, biólogos etc. De acordo com o Censo da Educação Superior de 2012, os cursos de Licenciatura em Física possuíam apenas 30,9 mil estudantes matriculados, enquanto cursos como Administração com 833 mil estudantes, Direito com 737,3 mil e Pedagogia com 603 mil. Para tornar este quadro ainda mais alarmante, o número daqueles que entram nos cursos de Licenciatura em Física é superior aos que se formam, considerando também o aumento de vagas. Em 2012, a Física tinha 11,8 mil calouros e 2,6 mil formados, sendo que no país faltam 170 mil docentes na rede pública, nas áreas de Física, Matemática e Química, segundo dados do Ministério da Educação.

Para o Prof. Marcelo Barros, esses desafios são difíceis de serem ultrapassados, mas o ponto-chave na superação desses obstáculos está na formação de professores, a partir do oferecimento de cursos de formação inicial e continuada, para que esses docentes vivenciem novas metodologias e conteúdos curriculares. Hoje, o currículo de Física no Estado de São Paulo já tem como conteúdo programático e obrigatório tópicos de Física Moderna e Contemporânea, tais como: Física de Partículas, Mecânica Quântica e Relatividade, mas, na opinião do docente, esses professores ainda não sabem Barros350como trabalhar tais conteúdos, adequadamente. O SNEF vem ao encontro dessa demanda, porque será estruturado em termos de oficinas, mini-cursos, encontros e palestras, que abordarão essas questões.

Esse formato permitirá que os participantes vivenciem novas tecnologias, metodologias e novos conteúdos, para que possam aplicá-los em sala de aula. O Prof. Marcelo diz que é preciso superar, também, o paradigma de que a Física é uma disciplina que só existe para se passar no vestibular, tendo em vista que essa área tem um papel essencial na formação de cidadãos do século XXI, que vivenciam o avanço tecnológico.

Enquanto a pesquisa científica avançou significativamente, o ensino passou por poucas transformações. De modo geral, as aulas de Física ainda são tradicionais e expositivas, ou seja, o professor é um mero transmissor de informação. O SNEF não tem pretensão de mudar a sala de aula de forma radical e imediata, mas, sim, de contribuir para a melhoria do ensino. Mas, essa tarefa cabe ao professor. Ele quem precisa mudar internamente e essa é uma mudança difícil de acontecer, afirma Marcelo Barros. Ainda para o docente, os estudantes de Licenciatura em Ciências Exatas, por exemplo, têm baixa autoestima devido à falta de prestígio e reconhecimento que a profissão docente sofre em nosso país.

Embora participar da organização de um evento tão abrangente, tal como o SNEF, seja um grande desafio, Marcelo Barros diz que está bastante convencido de que esta edição será realizada com sucesso, uma vez que há todo o apoio do IFSC, da UFSCar e da SBF.

Além do Prof. Marcelo Barros, que coordenará o XXII SNEF, integrarão a comissão organizativa os seguintes professores e educadores: Profª. Ducinei Garcia (UFSCAr), Prof. Nelson Studart (UFSCAr), Prof. Valter Luiz Líbero (IFSC/USP), Prof. Adilson Ap. J. Oliveira (UFSCAr), Profª. Alice Pierson (UFSCAr), Profª. Josimeire Meneses Julio (UFSCAr), Profª. Carolina de Souza (UFSCAr), Prof. Márlon Pessanha (UFSCAr), Prof. Gustavo Rojas (UFSCAr), Prof. Tomas Catunda (IFSC/USP), Prof. Sérgio R. Muniz (IFSC/USP), Profª. Nelma Bossolan (IFSC/USP), Prof. João Renato Muniz (IFSC/USP), Educador Herbert Alexandre João (IFSC/USP), Prof. Mauricio Pietrocola (FEUSP), Profª. Lucia Helena Sasseron (FEUSP), Prof. Nilson Marcos Dias Garcia (UFTPR), Prof. Euclydes Marega Junior (IFSC/USP), Profª. Yvonne Primerano Mascarenhas (IFSC/USP), Prof. José Messias Borges (USP), Prof. Helio Dias (IFUSP), Prof. Vanderlei Salvador Bagnato (IFSC/USP) e Profª. Anna Maria Pessoa de Carvalho (FEUSP).

Assessoria de Comunicação

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