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14 de abril de 2011

Docente do IFSC desenvolve pesquisa em nanomateriais com parceria francesa

Na nova era tecnológica, já se tornou comum o uso do neologismo “nanotecnologia” e, consequentemente, pesquisas relacionadas ao novo termo.

No entanto, o conhecimento sobre o que seria nano, e qual o diferencial que essa tecnologia oferece em relação a outras já existentes, ainda não é claro para a população, em geral.

No Instituto de Física de São Carlos (IFSC), o grupo Crescimento de Cristais e Materiais Cerâmicos (CCMC), coordenado pelo docente Valmor Roberto Mastelaro, não somente faz pesquisas relacionadas à nanotecnologia, mas também desenvolve uma parceria com o Instituto de Materiais Eletrônicos e Nanociências de Provence (Universidade Paul Cézanne, Marseille, França), para a produção de nanomateriais, que podem vir a ser utilizados como sensores de gás e células solares.

Conhecimento primário

Mesmo inserido no cotidiano de muitos estudiosos, o consumidor da tecnologia moderna pouco entende sobre seu funcionamento. Por analogia, a compreensão fica mais clara: no século XX, eram comuns materiais produzidos na escala micrométrica (10-6m), mas, no novo século, o popular é a escala nano.

“A nanotecnologia seria a aplicação de materiais nanométricos, com tamanho na ordem do nanômetro [10-9m]”, esclarece Valmor. “Mas, os nanomateriais não são novos, são apenas materiais antigos, que agora são produzidos em uma escala bem menor. Egípcios e chineses já utilizavam esses materiais na pintura de vasos, por exemplo. Com o estudo mais aprofundado, foi possível melhorar seu uso, graças ao desenvolvimento de novas técnicas de síntese, o que, por fim, alterou ou evidenciou a propriedade dos nanomateriais. Muitas vezes, só de alterar-se a forma de um material nanoestruturado, ele pode ter suas propriedades alteradas”.

Por exemplo, a síntese do oxido de titânio (TiO2), em escala nanométrica, levou a sua utilização como aditivo em produtos cosméticos e farmacêuticos, com destaque para a aplicação em cremes solares na absorção dos  raios ultra-violeta. “Mais recentemente, descobriu-se também que o óxido de titânio, dependendo da morfologia das nanopartículas, tem suas propriedades evidenciadas e assim sendo possível utilizá-lo de maneira otimizada”, explica Valmor. “Esse mesmo efeito foi observado no estudo de nanotubos de carbono, o que ampliou a aplicação deste material como, por exemplo, na área biomédica”.

Parceria com a França

O grupo de Valmor não só estuda as propriedades físicas de nanomaterias, como também é responsável por produzi-los. Após essas duas etapas (estudo e produção), os materiais são enviados ao grupo de pesquisa francês para testes.

Essa colaboração com os pesquisadores franceses ocorre, atualmente, através de um projeto CAPES-COFECUB, do qual também participam pesquisadores do Grupo de Fotônica do IFSC.

“Juntamos a competência dos dois grupos- brasileiro e francês- e a ideia é que façamos a produção dos materiais, caracterizemos as propriedades básicas para, na França, serem feitos testes desses materiais nos sensores de gás e células solares”, conta o docente.

O projeto, que completa seu segundo ano, é promissor. Em maio deste ano, Valmor levará até a França a primeira mostra de nanomateriais, produzida por seu grupo. “Agora poderemos ver os primeiros resultados, porque são materiais novos. Os primeiros testes serão feitos para os sensores de gás”.

Sensores mais eficientes

Os sensores de gás são dispositivos utilizados para detectar a quantidade de gases em um ambiente. No caso de um vazamento de gases tóxicos, esses sensores poderiam acusar tal vazão, evitando grandes acidentes.

Nos carros mais modernos, já existe um sensorde oxigênio, conhecido também por sonda lambda. O sensor faz parte do sistema de controle de emissões, e envia dados para o computador de gerenciamento do motor. O objetivo é ajudar o motor a funcionar da forma mais eficiente possível e produzir o mínimo de emissões. “Esse tipo de sensor já existe e já é comercializado há muitos anos, mas o que se busca são sensores mais sensíveis e rápidos, que possam detectar, de uma maneira mais eficiente, a presença destes gases”, explica Valmor. “O que desenvolvemos aqui será comparado com o que já se tem no mercado, para verificarmos se nosso material atende às melhores condições de rapidez e sensibilidade exigidas”, conclui o docente.

Tatiana G. Zanon/ Assessoria de Comunicação

Data: 14 de abril

 

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Instituto de Física de São Carlos - IFSC Universidade de São Paulo - USP
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