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12 de abril de 2013

Como ser universitário antes de entrar na Universidade

Ir para Universidade, depois de finalizar o ensino médio, pode ser comum à maioria dos leitores dessa matéria. Mas, para muitos outros estudantes do Brasil, o ensino superior pode ser uma distante realidade ou nem mesmo fazer parte dos planos. E, mesmo para aqueles com condições financeiras e força de vontade para começar uma faculdade, a vida universitária só pode ser vivenciada depois que passam no vestibular.

Para dar uma forcinha aos alunos e desmistificar o conceito que conseguir uma vaga na universidade pública é coisa de outro mundo, um programa lançado em maio de 2011, pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), providencia, antecipadamente, o autêntico clima universitário.

O Universitário por Um Dia (1Dia), desde seu lançamento, traz ao IFSC, de segunda a sexta-feira, alunos de escolas de ensino médio ou técnicas, públicas ou particulares, de todo estado de São Paulo. “Esse projeto começou em nosso CEPID [Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão] * em 2003 e tinha o objetivo de trazer escolas ao IFSC para que os alunos tivessem maior chance de se integrar à Universidade”, conta o docente e idealizador do projeto, Antonio Carlos Hernandes.

Em princípio, restrita a um número limitado de alunos, já que não se tinha espaço ou material para atender a todos os interessados, devido ao sucesso e resposta positiva dos participantes, Hernandes, ao ser eleito diretor do IFSC, decidiu estender a iniciativa. “Nessa ‘segunda fase’ do programa, mantivemos a mesma visão e objetivos gerais, mas a infraestrutura e disponibilidade de meios tornou-se muito maior”, conta.

Grade básica para toda vida

Com a “fórmula do sucesso” em mãos, mas agora com uma infraestrutura digna de receber muito mais participantes, o 1Dia contou com participação expressiva no ano de seu lançamento. A meta era dois mil alunos, mas com visitas agendadas cinco dias por semana, de maio (quando foi lançado oficialmente) a dezembro, 2.530 alunos passaram pelo Instituto. “A divulgação do programa foi feita tendo como base uma lista de professores inscritos em um curso que coordenei de formação continuada. Como eu tinha 700 professores inscritos, foi uma boa divulgação para todo estado. Depois disso, entrei em contato com o MEC, que me passou o cadastro com o contato direto dos diretores de todas as escolas dos ensinos médio e técnico do estado”, conta Herbert Alexandre João, coordenador do 1Dia.

A “Sala do Conhecimento”, localizada no prédio dos Laboratórios de Ensino de Física (LEF) tornou-se o local onde grande parte da programação é realizada. É lá que os alunos assistem ao “Show de Física” (experiências práticas relacionadas à mecânica, ondas, termodinâmica, eletricidade, magnetismo, óptica e física moderna) e onde passam a maior parte do dia. Mas, além disso, eles visitam diversas dependências do IFSC (laboratórios de pesquisa, salas de aula, biblioteca etc.) e almoçam no Restaurante Universitário do campus. “Eu chamaria a ‘Sala do Conhecimento’ de exemplar, pois fizemos diversas adaptações nela, pensando nos alunos”, afirma Herbert.

Surpresa desagradável

Com tantas visitas e tantos estudantes entusiasmados, algumas evidências da falta de familiaridade de alunos- especialmente das escolas públicas- com o ensino superior começaram a se revelar.

De acordo com Herbert, parte significativa dos alunos que passaram pelo 1Dia nunca ouviu falar de certos termos, comuns para maioria dos vestibulandos. “Para cada nível de escola que recebemos há um grau de desconhecimento, mas, principalmente, muitos alunos das escolas públicas estaduais não sabiam da existência da USP e o fato de ela ser gratuita. Outros desconhecem a existência da FUVEST, a diferença entre curso de exatas, humanas e biológicas e, ainda mais, sobre a carreira de um físico e sua área de atuação”.

Os dados são comprovados através de questionários respondidos pelos alunos, durante o 1Dia.

1Dia-2É o caso de Isabela Barbosa (15), estudante do SENAI de Americana. Embora já familiarizada com os termos relacionados aos vestibulares, nunca tinha adentrado um campus universitário. “Ouvi falar da USP, pela primeira vez, já no ensino fundamental”, relembra. A visita, ela afirma, influenciará diretamente na escolha de sua carreira. “Já vi como são algumas profissões. Nesse caso, vendo física e conhecendo melhor as matérias, minha visão já mudou. Antes de vir para cá, achava que faculdade era aquela coisa terrível, chata. Meu pensamento mudou totalmente e o programa é uma bela oportunidade para o estudante pensar em seu futuro”.

Paulo Chavari (18), também do SENAI de Americana, que já teve a oportunidade de conhecer outros campi universitários, destacou a estrutura do campus São Carlos e, em especial, a do IFSC. Sobre o programa, ele tem a mesma opinião da colega. “É fundamental! A universidade que faz isso, com certeza está ganhando um público maior, porque tendo essa oportunidade, sai aquela imagem de que entrar numa universidade pública é um bicho de sete cabeças. Vindo aqui, temos mais ânimo e motivação para tentar”.

Tais depoimentos alegram Hernandes, pois vão ao encontro com o principal intuito do professor. De acordo com o docente, a intenção do projeto, desde seu início, sempre foi mostrar ao aluno que é possível que ele estude em uma universidade pública. Mostrar, também, que a USP é uma instituição de ensino e pesquisa, é um ponto importante. “O principal objetivo é tentar forçar os estudantes a entrar numa instituição pública! Por quê? Porque elas são de pesquisa. O estudante, não importa de qual curso, terá uma formação mais apurada, o que fará com que tenhamos um melhor cidadão para o país”.

De acordo com Herbert, todos os estudantes ficam impressionados com a infraestrutura da universidade e, ter um dia de universitário genuíno, é uma experiência única. “Outro destaque do 1Dia é a parte experimental. Em sala de aula, os alunos não estão acostumados a realizar experimentos e ver os conceitos que aprendem na prática. E isso tanto nas escolas públicas, como nas particulares. Eles imaginam que os experimentos realizados aqui são feitos com equipamentos mirabolantes e caros”.

Mais do que universitários por um dia, os estudantes não são meros espectadores, mas sim participantes ativos nessa diária especial.

Dos pontos salientados por Herbert, um ganha destaque: as facilidades financeiras oferecidas pela Universidade, para dar condições aos estudantes na realização e conclusão dos cursos, impressiona a todos. Alojamento, refeição, bolsas de iniciação científica, estágios no exterior etc. são tão surpreendentes aos alunos quanto a infraestrutura das salas de aula ou dos laboratórios de pesquisa. “Quando eles questionam como poderão se manter na faculdade e eu lhes falo de todos esses programas e bolsas, isso sempre impressiona muito”.

Ansiedade pelo feedback

Por se tratar de um projeto que, há pouco tempo, abraçou um número muito maior de alunos, resultados mais palpáveis ainda não foram visualizados. Mas, o Programa já se tornou marcante aos participantes e também aos idealizadores. “Ainda hoje, encontro pessoas que passaram pelo projeto e conversam comigo, relembram sua participação. Já encontrei pais que me disseram que os filhos foram estudar na universidade pública por conta da visita ao IFSC”, relata Hernandes.

Sobre esse ponto, Herbert também se manifesta. “O reflexo desse programa não poderá ser visto hoje, pois recebemos muitos alunos de 1º e 2º colegial, então só conseguiremos ter noção de algo em, mais ou menos, dois anos. Mas, o retorno imediato nós temos através do entusiasmo dos alunos e inclusive dos professores”, afirma, exemplificando com o fato de que alguns professores voltaram mais do que uma vez ao Programa, com turmas diferentes de alunos.

Mesmo que cursos de física, no geral, não sejam muito procurados, o Universitário por Um Dia vai além: objetiva, pura e simplesmente, que os estudantes de ensino médio deem sequência aos seus estudos. No quadro caótico da educação brasileira, mais alunos formados em curso superior pode ser o passo inicial do país rumo à trajetória do efetivo desenvolvimento. “O país precisa de profissionais de todas as áreas, mas é muito importante ter pessoas de formação qualificada para pesquisa. Sem conhecimento básico consolidado é impossível trazer as mudanças que o país precisa, e o Programa é fundamental nesse ponto”, conclui Hernandes.

A meta para 2012 (entre fevereiro e novembro) é receber cinco mil alunos. E, embora, só seja reiniciado no final de fevereiro, 54 escolas já agendaram sua participação no 1Dia. Tais números e referências servem para reforçar, mais uma vez, a importância da educação e como ela, definitivamente, é o caminho certo para o futuro do país.

Para agendamentos ou informações adicionais sobre o programa, acesse http://www.lef.ifsc.usp.br/salaConhece/

*Centro Multidisciplinar para Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos

Assessoria de Comunicação

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28 de fevereiro de 2012

Como ser universitário antes de entrar na Universidade

Ir para Universidade, depois de finalizar o ensino médio, pode ser comum à maioria dos leitores dessa matéria. Mas, para muitos outros estudantes do Brasil, o ensino superior pode ser uma distante realidade ou nem mesmo fazer parte dos planos. E, mesmo para aqueles com condições financeiras e força de vontade para começar uma faculdade, a vida universitária só pode ser vivenciada depois que passam no vestibular.

Para dar uma forcinha aos alunos e desmistificar o conceito que conseguir uma vaga na universidade pública é coisa de outro mundo, um programa lançado em maio de 2011, pelo Instituto de Física de São Carlos (IFSC/USP), providencia, antecipadamente, o autêntico clima universitário.

O Universitário por Um Dia (1Dia), desde seu lançamento, traz ao IFSC, de segunda a sexta-feira, alunos de escolas de ensino médio ou técnicas, públicas ou particulares, de todo estado de São Paulo. “Esse projeto começou em nosso CEPID [Centro de Pesquisa, Inovação e Difusão] * em 2003 e tinha o objetivo de trazer escolas ao IFSC para que os alunos tivessem maior chance de se integrar à Universidade”, conta o docente e idealizador do projeto, Antonio Carlos Hernandes.

Em princípio, restrita a um número limitado de alunos, já que não se tinha espaço ou material para atender a todos os interessados, devido ao sucesso e resposta positiva dos participantes, Hernandes, ao ser eleito diretor do IFSC, decidiu estender a iniciativa. “Nessa ‘segunda fase’ do programa, mantivemos a mesma visão e objetivos gerais, mas a infraestrutura e disponibilidade de meios tornou-se muito maior”, conta.

Grade básica para toda vida

Com a “fórmula do sucesso” em mãos, mas agora com uma infraestrutura digna de receber muito mais participantes, o 1Dia contou com participação expressiva no ano de seu lançamento. A meta era dois mil alunos, mas com visitas agendadas cinco dias por semana, de maio (quando foi lançado oficialmente) a dezembro, 2.530 alunos passaram pelo Instituto. “A divulgação do programa foi feita tendo como base uma lista de professores inscritos em um curso que coordenei de formação continuada. Como eu tinha 700 professores inscritos, foi uma boa divulgação para todo estado. Depois disso, entrei em contato com o MEC, que me passou o cadastro com o contato direto dos diretores de todas as escolas dos ensinos médio e técnico do estado”, conta Herbert Alexandre João, coordenador do 1Dia.

A “Sala do Conhecimento”, localizada no prédio dos Laboratórios de Ensino de Física (LEF) tornou-se o local onde grande parte da programação é realizada. É lá que os alunos assistem ao “Show de Física” (experiências práticas relacionadas à mecânica, ondas, termodinâmica, eletricidade, magnetismo, óptica e física moderna) e onde passam a maior parte do dia. Mas, além disso, eles visitam diversas dependências do IFSC (laboratórios de pesquisa, salas de aula, biblioteca etc.) e almoçam no Restaurante Universitário do campus. “Eu chamaria a ‘Sala do Conhecimento’ de exemplar, pois fizemos diversas adaptações nela, pensando nos alunos”, afirma Herbert.

Surpresa desagradável

1Dia-2Com tantas visitas e tantos estudantes entusiasmados, algumas evidências da falta de familiaridade de alunos- especialmente das escolas públicas- com o ensino superior começaram a se revelar.

De acordo com Herbert, parte significativa dos alunos que passaram pelo 1Dia nunca ouviu falar de certos termos, comuns para maioria dos vestibulandos. “Para cada nível de escola que recebemos há um grau de desconhecimento, mas, principalmente, muitos alunos das escolas públicas estaduais não sabiam da existência da USP e o fato de ela ser gratuita. Outros desconhecem a existência da FUVEST, a diferença entre curso de exatas, humanas e biológicas e, ainda mais, sobre a carreira de um físico e sua área de atuação”.

Os dados são comprovados através de questionários respondidos pelos alunos, durante o 1Dia.

É o caso de Isabela Barbosa (15), estudante do SENAI de Americana. Embora já familiarizada com os termos relacionados aos vestibulares, nunca tinha adentrado um campus universitário. “Ouvi falar da USP, pela primeira vez, já no ensino fundamental”, relembra. A visita, ela afirma, influenciará diretamente na escolha de sua carreira. “Já vi como são algumas profissões. Nesse caso, vendo física e conhecendo melhor as matérias, minha visão já mudou. Antes de vir para cá, achava que faculdade era aquela coisa terrível, chata. Meu pensamento mudou totalmente e o programa é uma bela oportunidade para o estudante pensar em seu futuro”.

Paulo Chavari (18), também do SENAI de Americana, que já teve a oportunidade de conhecer outros campi universitários, destacou a estrutura do campus São Carlos e, em especial, a do IFSC. Sobre o programa, ele tem a mesma opinião da colega. “É fundamental! A universidade que faz isso, com certeza está ganhando um público maior, porque tendo essa oportunidade, sai aquela imagem de que entrar numa universidade pública é um bicho de sete cabeças. Vindo aqui, temos mais ânimo e motivação para tentar”.

Tais depoimentos alegram Hernandes, pois vão ao encontro com o principal intuito do professor. De acordo com o docente, a intenção do projeto, desde seu início, sempre foi mostrar ao aluno que é possível que ele estude em uma universidade pública. Mostrar, também, que a USP é uma instituição de ensino e pesquisa, é um ponto importante. “O principal objetivo é tentar forçar os estudantes a entrar numa instituição pública! Por quê? Porque elas são de pesquisa. O estudante, não importa de qual curso, terá uma formação mais apurada, o que fará com que tenhamos um melhor cidadão para o país”.

1Dia-1De acordo com Herbert, todos os estudantes ficam impressionados com a infraestrutura da universidade e, ter um dia de universitário genuíno, é uma experiência única. “Outro destaque do 1Dia é a parte experimental. Em sala de aula, os alunos não estão acostumados a realizar experimentos e ver os conceitos que aprendem na prática. E isso tanto nas escolas públicas, como nas particulares. Eles imaginam que os experimentos realizados aqui são feitos com equipamentos mirabolantes e caros”.

Mais do que universitários por um dia, os estudantes não são meros espectadores, mas sim participantes ativos nessa diária especial.

Dos pontos salientados por Herbert, um ganha destaque: as facilidades financeiras oferecidas pela Universidade, para dar condições aos estudantes na realização e conclusão dos cursos, impressiona a todos. Alojamento, refeição, bolsas de iniciação científica, estágios no exterior etc. são tão surpreendentes aos alunos quanto a infraestrutura das salas de aula ou dos laboratórios de pesquisa. “Quando eles questionam como poderão se manter na faculdade e eu lhes falo de todos esses programas e bolsas, isso sempre impressiona muito”.

Ansiedade pelo feedback

Por se tratar de um projeto que, há pouco tempo, abraçou um número muito maior de alunos, resultados mais palpáveis ainda não foram visualizados. Mas, o Programa já se tornou marcante aos participantes e também aos idealizadores. “Ainda hoje, encontro pessoas que passaram pelo projeto e conversam comigo, relembram sua participação. Já encontrei pais que me disseram que os filhos foram estudar na universidade pública por conta da visita ao IFSC”, relata Hernandes.

Sobre esse ponto, Herbert também se manifesta. “O reflexo desse programa não poderá ser visto hoje, pois recebemos muitos alunos de 1º e 2º colegial, então só conseguiremos ter noção de algo em, mais ou menos, dois anos. Mas, o retorno imediato nós temos através do entusiasmo dos alunos e inclusive dos professores”, afirma, exemplificando com o fato de que alguns professores voltaram mais do que uma vez ao Programa, com turmas diferentes de alunos.

Mesmo que cursos de física, no geral, não sejam muito procurados, o Universitário por Um Dia vai além: objetiva, pura e simplesmente, que os estudantes de ensino médio deem sequência aos seus estudos. No quadro caótico da educação brasileira, mais alunos formados em curso superior pode ser o passo inicial do país rumo à trajetória do efetivo desenvolvimento. “O país precisa de profissionais de todas as áreas, mas é muito importante ter pessoas de formação qualificada para pesquisa. Sem conhecimento básico consolidado é impossível trazer as mudanças que o país precisa, e o Programa é fundamental nesse ponto”, conclui Hernandes.

A meta para 2012 (entre fevereiro e novembro) é receber cinco mil alunos. E, embora, só seja reiniciado no final de fevereiro, 54 escolas já agendaram sua participação no 1Dia. Tais números e referências servem para reforçar, mais uma vez, a importância da educação e como ela, definitivamente, é o caminho certo para o futuro do país.

Para agendamentos ou informações adicionais sobre o programa, acesse http://www.lef.ifsc.usp.br/salaConhece/

*Centro Multidisciplinar para Desenvolvimento de Materiais Cerâmicos

Assessoria de Comunicação

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